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Índice de Tecnologia do WEF – World Economic Forum

1 PADRÕES DE COMÉRCIO E HIATOS TECNOLÓGICOS

1.4 Principais Índices de Mensuração da Capacidade Tecnológica em Nível País

1.4.5 Índice de Tecnologia do WEF – World Economic Forum

O índice apresentado pelo World Economic Forum (WEF) possui uma grande quantidade de dados, com sofisticação estatística, e mais importante ainda, os dados são anualmente atualizados desde 2001, de acordos com os relatórios WEF de 2001 a 2007 (WEF, 2001, 2007), representando uma ferramenta de grande valia para o acompanhamento da evolução dos esforços tecnológicos dos países e no apontamento de suas vantagens e fragilidades, vale dizer, permite localizar o grau do hiato tecnológico existente.

O Índice de Tecnologia WEF engloba em sua mensuração um total de 12222 países, envolvendo dois principais índices de competitividade e desenvolvimento econômico. O primeiro índice, o Índice de Competitividade de Crescimento (GCI) dedica-se a captar potencialidade de médio prazo, e, o segundo, o Índice de Competitividade Atual (CCI) dedica-se ao curto prazo. O GCI é sustentado por uma série de variáveis agrupadas em três componentes: 1) nível de tecnologia 2) qualidade de políticas públicas, e 3) condições do ambiente macroeconômico. O segundo índice, o CCI considera variáveis de aspectos microeconômicos, como o ambiente empresarial e as estratégias e organização dentro de uma firma. De acordo com os propósitos deste trabalho, focaremos na composição do primeiro índice do GCI, o Índice de Tecnologia WEF.

O Índice de Tecnologia WEF é calculado através de três principais categorias de tecnologia: a) capacidade inovadora; b) difusão de tecnologia; e c) transferência de tecnologia. Essas três categorias são calculadas através de nove indicadores individuais:

a1) Patentes – calculado pelo número de patentes de utilidades concedidas nos Estados Unidos (USPTO) por milhão de habitantes. É considerado o principal indicador da capacidade inovadora de um país, funcionando como parâmetro para agregação dos países em dois grupos de acordo com o nível de tecnologia, países centrais e periféricos, e através desta divisão são distribuídos os pesos dos indicadores.

a2) Relação de matrículas do ensino superior – mensura a capacidade inovadora embutida nas habilidades humanas.

a3) Dados de pesquisas – proporciona o caráter qualitativo da categoria.

b1) Internet – expresso por quantidades de usuários de internet por 100 habitantes. A internet é considerada atualmente o principal meio de comunicação e de difusão de conhecimentos.

b2) Linhas de telefones e celulares – indicador importante de comunicação.

b3) Computadores pessoais – representa a porcentagem da população que possui computador próprio. Além do caráter de facilitação da transferência de conhecimento, junto com o indicador telefone, representa uma infra-estrutura para o avanço da internet.

b4) Dados de pesquisa - proporciona o caráter qualitativo da categoria.

c1) Exportações de produtos não-primários – calculado em relação ao PIB, informa quanto o país, com destaque para os menos desenvolvidos, consegue utilizar a tecnologia, processar e ser mais competitivo.

A fórmula utilizada para comparação dos indicadores, com parâmetro 1-7, sendo 7 o melhor índice de tecnologia, é dada por:

(

)

(

)

1

6

+

=

j j j ji

MinV

MaxV

MinV

V

l ji

(1.11)

Onde

l

jié o valor do índice j para o país i, ji

V

é o valor do indicador j para o país i.

O peso das categorias e dos índices é distribuído diferentemente entre dois grupos de países que são agrupados em centrais e periféricos, de acordo com o número de patentes registradas. Para os países centrais, ou seja, os que apresentam maiores capacidades tecnológicas, a síntese do índice é composta apenas pelos indicadores de capacidade inovadora (a) e pelos indicadores de difusão de tecnologia (b), cada um com peso de 1/2. A fórmula para este grupo pode ser expressa a seguir:

(

)

2 i i i b a ITC= + (1.12) Onde,

ITCi é o índice de tecnologia central para o país i, i

a

= (3/8 ai1 + 3/8 ai2+ 1/4 ai3); i

b

= (4/15 bi1+ 4/15 bi2 + 2/15 bi3 + 1/3 bi4).

Já para a mensuração dos índices para os países não centrais, as três categorias são consideradas, embora o peso da categoria (a) de capacidade tecnológica seja apenas de 1/8; o peso para a categoria (b) de difusão de tecnologia seja de 1/2; e à categoria (c) de transferência de tecnologia é atribuído um peso de 3/8. A fórmula deste segundo grupo é:

(

i i i

)

i

a

b

c

ITP=

81

+

21

+

83 (1.13)

Onde ITCi é o índice de tecnologia periférico para o país i,

i

a

= (3/8 ai1 + 3/8 ai2+ 1/4 ai3); i

i

c

= (1/2 ci1 + 1/2 ci2)

O aporte teórico para essa diferenciação é baseado na suposição que os países em desenvolvimento (periféricos) possuem competências do uso de tecnologia através de imitação maior do que por produção e inovação, resultando em índices de capacidade inovadora, principalmente patentes, subestimados (Lall, 2001).

Os índices acima apresentados constituem uma importante ferramenta para comparação do nível de tecnológico entre os países e, mais importante para o escopo desta dissertação, representam referências necessárias para a composição das séries que serão utilizadas nos próximos capítulos para verificar a evolução do hiato tecnológico dos BRIC.

Neste primeiro capítulo foi demonstrado como a tecnologia constitui-se num fator decisivo para o desenvolvimento econômico dos países, constituindo-se no meio através do qual as economias em desenvolvimento podem diminuir sua dependência e melhorar sua inserção externa num ambiente cada vez mais competitivo.

Também foi apresentado que a difusão tecnológica, muitas vezes defendida como fluxo natural por intermédio do processo globalizante, se esbarra em várias limitações, com destaque para os interesses das economias que se posicionam na fronteira em se manter na liderança do processo inovativo e poder usufruir dos benefícios que esta posição lhes proporciona. Além disso, é destacada a importância das políticas domésticas dos países em desenvolvimento, principalmente as políticas macroeconômicas e industriais, que incentivem o desenvolvimento de uma infra-estrutura e um ambiente que possibilite o aprimoramento das capacitações tecnológicas nacionais no sentido de amenizar seus hiatos tecnológicos.

No próximo capítulo serão apresentados os aspectos macroeconômicos, os processos de liberalização comercial e institucional, bem como as políticas que levaram a um aumento da inserção externa dos quatro países que compõem o BRIC, considerando suas especificidades. Também será feita uma análise da evolução do crescimento, dos

hiatos tecnológicos e da pauta de exportação para as economias dos BRIC, tendo como referência a survey da literatura apresentada no capítulo precedente.