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Para verificar o nível de concorrência no transporte ferroviário, foi calculado o índice de concentração de mercado de Hirschman-Herfindahl (HHI) para cada malha de acordo com a produção de sua concessionária e a produção proveniente das demais firmas operando naquela malha via de tráfego mútuo ou direito de passagem. Estes foram estabelecidos no contrato de concessão, o qual previa regras que garantissem a existência de concorrentes nas malhas e/ou permitissem o direito de passagem a outros operadores de transporte ferroviário.

Ao se analisar a concentração de mercado, nota-se duas características fundamentais: um baixo número de concorrentes e uma grande participação da concessionária no fluxo total da malha, que resultam num alto índice de concentração de mercado de Hirschman-Herfindahl (HHI). Isto deriva da demora do Governo Federal em regular as normas e regras para o tráfego mútuo e o direito de passagem. Em 2000, todas as malhas operaram como monopólios, ou seja, um único operador em cada malha e um HHI de 10.000.

Esta situação só começou a mudar após a criação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) através da Lei n° 10.233 de 5 de junho de 2001. Com a Resolução n° 44 da ANTT de julho de 2002, regulamentou-se o tráfego mútuo e o direito de passagem. Em 2004, uma nova resolução da ANTT, a de n° 433, detalhou melhor as operações, os procedimentos e estabeleceu obrigações e direitos relativos ao tráfego mútuo e o direito de passagem (ANTT, 2011a).

Mesmo com estas medidas, em muitas malhas a competição ficou a restrita a concessionária e mais uma ou duas concorrentes (ver Tabela 8). A malha Teresa Cristina teve um monopólio, ou seja, somente a própria concessionária, a FTC, operou nesta malha. Na malha Nordeste, somente em 2003 e 2004 observou-se um concorrente, a FCA, para a concessionária desta malha, a CFN. Nos demais anos, a malha Nordeste foi um monopólio. Já na malha Ferroeste, entre 2001 e 2006 houve somente a competição entre a ALL e a concessionária, a FERROPAR. A partir de 2007, dois novos concorrentes começaram a operar nesta malha, a FERROBAN e a NOVOESTE. Na malha Carajás, entre 2001 e 2005, houve a competição entre três firmas: a EFC (concessionária), a Ferrovia Norte-Sul Tramo Norte (FNSTN) e a CFN. A partir de então, apenas duas firmas concorreram entre si. Também houve três firmas competindo na malha Norte durante o período analisado: a FERRONORTE (concessionária), a FERROBAN e a MRS.

Tabela 8 – Número de concorrentes por malha ferroviária, 2001-2008, Brasil Malha 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Sul 6 5 4 4 4 5 5 5 Nordeste 1 1 2 2 1 1 1 1 Carajás 3 3 3 3 3 2 2 2 Vitória a Minas 4 4 4 4 4 6 4 3 Centro-Leste 4 4 4 4 4 4 4 4 Oeste 3 3 3 3 4 3 3 4 Ferroeste 2 2 2 2 2 2 4 4 Paulista 6 6 6 6 6 6 5 5 Norte 3 3 3 3 3 3 3 3 Sudeste 6 7 7 7 7 6 6 4 Teresa Cristina 1 1 1 1 1 1 1 1

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do AETT 2005-2009.

Nas malhas Oeste, Centro-Leste e Vitória-Minas, a competição já foi um pouco maior (ver Tabela 8). Na malha Oeste, o número de firmas atuantes variou entre três e quatro, com a NOVOESTE (concessionária), a FERROBAN e a MRS atuando em todos os anos, enquanto que a ALL atuou somente em 2005 e 2008. Na malha Centro-Leste, quatro firmas foram atuantes: a FCA (concessionária), a MRS, a EFVM e a FERROBAN. Já na malha Vitória-Minas, a concorrência foi em sua maior parte entre quatro firmas: a EFVM (concessionária), a FCA, a FERROBAN e a MRS. Somente em dois anos esse número variou: em 2006 para seis concorrentes, com a entrada da ALL e da NOVOESTE; em 2008 para três concorrentes, com a saída da FERROBAN.

As malhas com maior número de concorrentes foram as malhas Sul, Sudeste e Paulista (ver Tabela 8). A explicação para isso é que as malhas Sul e Sudeste caracterizam o acesso aos dois maiores portos do Brasil, Paranaguá e Santos, enquanto que a Malha Paulista serve como interligação para diversas malhas. Na malha Sul, a concorrência variou entre quatro e seis firmas entre 2001 e 2008. Já na malha Sudeste atuaram entre quatro e sete firmas durante o mesmo período. Na malha Paulista, a competição ficou entre cinco e seis firmas.

Estes números são referentes às firmas, mas se levar-se em consideração os grupos formados após o processo de consolidação iniciado em 2002, o número de concorrentes é ainda menor. Considerando estas consolidações, o máximo de grupos concorrentes numa mesma malha em 2008 passou a ser três nas malhas Sul, Sudeste e Centro-Leste e 2 nas malhas Paulista, Oeste, Norte, Vitória a Minas e Ferroeste (ver Tabela 9). Na malha Sul, os concorrentes passam a ser a ALL, a FERROPAR e a MRS, enquanto que nas malhas Sudeste e Centro-Leste, os concorrentes são a MRS, a ALL e as ferrovias da VALE. Já nas malhas Paulista, Oeste e Norte, a concorrência é entre a ALL e a MRS. Na malha Vitória a Minas os grupos atuantes são a MRS e as ferrovias da VALE. E na malha Ferroeste, operam a FERROPAR e a ALL.

Tabela 9 – Número de concorrentes por malha ferroviária após consolidação por grupo. 2001-2008, Brasil Malha 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Sul 6 4 4 4 4 3 3 3 Nordeste 1 1 2 2 1 1 1 1 Carajás 3 3 3 3 3 2 1 2 Vitória a Minas 4 4 3 3 3 4 3 2 Centro-Leste 4 4 3 3 3 3 3 3 Oeste 3 2 2 2 3 2 2 2 Ferroeste 2 2 2 2 2 2 2 2 Paulista 6 4 4 4 4 3 2 2 Norte 3 2 2 2 2 2 2 2 Sudeste 6 5 5 5 5 3 3 3 Teresa Cristina 1 1 1 1 1 1 1 1

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do AETT 2005-2009

Além do baixo número de concorrentes, outro fator importante para se levar em conta no nível de competição no serviço de transporte ferroviário é a alta participação da concessionária no total movimentado dentro da malha (ver Tabela 10). Na malha Teresa Cristina, a concessionária FTC movimentou 100% do total de TKU movimentados entre 2000 e 2008. Na malha Nordeste, durante esse período, a

concessionária CFN só não movimentou 100% do total de TKU em 2003, quando movimentou 98%, e 2004, quando movimentou 99,8%. A EFC, concessionária da malha Carajás, também teve participação entre 98,5% e 100% do total movimentado em sua área de concessão. A MRS também manteve uma participação entre 93,5% e 98,6% do total de TKU transportado em sua área de concessão, a malha Sudeste, entre 2001 e 2008. Outra malha a manter uma participação acima dos 90% do total de TKU transportado em sua malha foi a EFVM, concessionária da malha Vitória a Minas, com participação entre 91,8% e 98,7%.

Tabela 10 – Participação da concessionária no total de TKU transportado em sua própria malha ferroviária. 2001-2008, Brasil

Concessionária Malha 2001 2002 2003 2004 2005

ALL Sul 84,5% 86,8% 89,0% 89,2% 88,2%

CFN Nordeste 100,0% 100,0% 98,0% 99,8% 100,0%

EFC Carajás 98,7% 98,6% 98,5% 99,2% 99,0%

EFVM Vitória a Minas 94,2% 93,3% 93,5% 91,8% 90,9% FCA Centro-Leste 77,5% 81,2% 80,7% 82,6% 89,1% NOVOESTE Oeste 75,8% 76,8% 73,4% 78,8% 96,4% FERROPAR Ferroeste 80,3% 77,5% 68,7% 49,8% 59,5% FERROBAN Paulista 35,9% 33,4% 25,4% 26,8% 60,3% FERRONORTE Norte 96,2% 86,9% 82,7% 80,4% 36,0% MRS Sudeste 93,5% 95,2% 95,5% 95,4% 96,0% FTC Teresa Cristina 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Concessionária Malha 2006 2007 2008 ALL Sul 97,80% 98,50% 98,20% CFN Nordeste 100,00% 100,00% 100,00% EFC Carajás 99,60% 99,70% 100,00%

EFVM Vitória a Minas 95,50% 97,10% 98,70% FCA Centro-Leste 71,60% 63,60% 63,90% NOVOESTE Oeste 91,50% 92,50% 92,10% FERROPAR Ferroeste 36,00% 34,30% 30,30% FERROBAN Paulista 79,80% 78,80% 79,20% FERRONORTE Norte 34,30% 34,60% 33,90% MRS Sudeste 98,60% 98,30% 98,00% FTC Teresa Cristina 100,00% 100,00% 100,00% Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do AETT 2005-2009

Outras concessionárias que mantiveram uma participação maior que 50% do total transportado em suas malhas foram a ALL, a FCA e a NOVOESTE (ver Tabela 10). Entre 2001 e 2008, a ALL manteve uma participação entre 84,5% e 98,5% do total de TKU transportado em sua área de concessão, a malha Sul. No mesmo período, a FCA teve uma participação entre 63,6% e 89,1% do total de TKU transportado na malha Centro-Leste, sua área de concessão. Já a NOVOESTE

transportou, entre 2001 e 2008, entre 75,8% e 96,4% do total de TKU transportado em sua área de concessão, a malha Oeste.

Somente em três concessões, a concessionária não foi a firma que dominou o mercado entre 2001 e 2008: a malha Ferroeste, a malha Paulista e a Malha Norte (ver Tabela 10). Na malha Ferroeste, a concessionária FERROPAR entre 2001 e 2003, teve participação entre 68,7% e 80,3% do total de TKU transportado pela malha, e a partir de 2004 foi superada pela ALL, que chegou a ser responsável por 69,2% do total transportado pela malha Ferroeste em 2008. Já na malha Paulista, a concessionária FERROBAN foi superada pela FERRONORTE entre 2002 e 2004, mas reassumiu a liderança do total transportado na malha em 2005 e, em 2008, foi responsável por transportar 79,2% do total de TKU movimentado na malha Paulista. Já na malha Norte aconteceu o inverso: a concessionária FERRONORTE foi líder no transporte de cargas até 2004, quando foi superada pela FERROBAN que foi responsável por transportar 64,6% do total de TKU transportado na malha Norte em 2008.

Ao se consolidar as informações das concessionárias sob um mesmo grupo, percebe-se que somente na malha Ferroeste, a concessionária não é a que mais movimenta mais TKU (ver Tabela 11). É possível notar que três malhas, Teresa Cristina, Carajás e Nordeste, tiveram um monopólio na movimentação de cargas em 2007 e 2008. Além disso, em outras seis malhas, Sul, Vitória a Minas, Oeste, Paulista, Norte e Sudeste, a participação do grupo que controla a concessionária é maior que 98% do total de TKU transportado naquela malha. Na malha Centro- Leste, a participação do grupo controlador da concessionária é de 90,2% em 2007 e 92,1% em 2008. Só na malha Ferroeste, o grupo controlador da concessionária não tem a liderança na participação de mercado, tendo uma participação de 34,3% em 2007 e 30,3% em 2008, enquanto que o grupo ALL teve uma participação de 65,7% em 2007 e de 69,7% em 2008.

Tabela 11 – Participação do grupo controlador da concessionária no total de TKU transportado em sua própria malha ferroviária. 2007-2008, Brasil

Grupo Malha 2007 2008

ALL Sul 99.0% 98.9%

CFN Nordeste 100.0% 100.0%

VALE Carajás 100.0% 100.0%

VALE Vitória a Minas 99.8% 99.7%

VALE Centro-Leste 90.2% 92.1% ALL Oeste 99.7% 99.3% FERROPAR Ferroeste 34.3% 30.3% ALL Paulista 97.9% 98.4% ALL Norte 98.6% 98.5% MRS Sudeste 98.3% 98.0% FTC Teresa Cristina 100.0% 100.0%

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do AETT 2005-2009

A existência de poucos competidores e uma elevada participação de um deles, da concessionária, resulta em altos índices de concentração (HHI) (ver Tabela 12). A malha Teresa Cristina, por ser um monopólio, possui o índice de concentração máximo 10.000 entre 2001 e 2008. A malha do Nordeste também teve um índice de 10.000 em seis dos oito anos entre 2001 e 2008. A malha de Carajás também teve um índice de concentração muito alto, acima de 9.700, durante o mesmo período.

Tabela 12 – Índice Hirschman-Herfindahl de concentração de mercado de transporte ferroviário. 2001-2008, Brasil Malha 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Sul 7.267 7.632 7.984 8.031 7.850 9.568 9.694 9.646 Nordeste 10.000 10.000 9.603 9.953 10.000 10.000 10.000 10.000 Carajás 9.752 9.730 9.714 9.847 9.804 9.921 9.935 9.997 Vitória a Minas 8.909 8.746 8.785 8.488 8.345 9.132 9.438 9.740 Centro-Leste 6.223 6.762 6.693 6.968 7.993 5.423 4.804 4.915 Oeste 6.288 6.421 6.067 6.643 9.308 8.437 8.600 8.526 Ferroeste 6.838 6.517 5.701 5.000 5.181 5.391 5.428 5.710 Paulista 2.713 2.930 3.080 2.960 4.332 6.548 6.420 6.470 Norte 9.258 7.637 6.995 6.663 5.290 5.335 5.294 5.319 Sudeste 8.766 9.072 9.122 9.114 9.227 9.723 9.673 9.606 Teresa Cristina 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 Fonte: Elaborado pelo autor

As malhas Sul, Vitória a Minas, Oeste e Sudeste, embora muito concentradas em 2001, aumentaram ainda mais a concentração em 2008 (ver Tabela 12). O HHI da malha Sul subiu 2.379 pontos, de 7.267 em 2001 para 9.646 em 2008. Já na malha Vitória a Minas, o HHI foi de 8.909 em 2001 para 9.740 em 2008, ou seja, um

crescimento de 830 pontos. Na malha Oeste, o HHI cresceu 2.238 pontos: foi de 6.288 em 2001 para 8.526 em 2008. E na malha Sudeste, o HHI foi de 8.766 em 2001 para 9.606 em 2008, um crescimento de 840 pontos.

Já nas malhas Centro-Leste, Ferroeste e Norte houve uma diminuição na concentração, embora elas permanecessem ainda muito concentradas (ver Tabela 12). Na malha-Centro-Leste, o HHI caiu de 6.223 em 2001 para 4.915 em 2008, uma queda de 1.308 pontos. O HHI da malha Ferroeste caiu 1.128 pontos: de 6.838 em 2001 para 5.710 em 2008. Já a malha Norte foi a que obteve a maior queda: de 3.939 pontos (de 9.258 em 2001 para 5.319 em 2008).

A malha Paulista, que era a menos concentrada em 2001, foi a que apresentou maior aumento no índice de concentração (ver Tabela 12). Em 2001, ela apresentava um HHI de 2.713. Já em 2008, este índice havia crescido para 6.470, ou seja, um crescimento de 3.757 pontos.

Ao se considerar a consolidação das firmas do setor de transporte ferroviário, obtêm-se índices de concentração ainda maiores, sendo que em 2008, somente em duas malhas o HHI fica abaixo de 9.500 (Ver Tabela 13). Uma dessas malhas é a malha Ferroeste, cujo HHI fica em 5.773 (a única a ter uma redução do HHI em relação a 2001, com uma queda de 1.065 pontos). A outra é a malha Centro-Leste cujo HHI de 8.521 em 2008 representa um aumento 2.298 pontos em relação a 2001.

Tabela 13 –Índice Hirschman-Herfindahl de concentração de mercado de transporte ferroviário após consolidação por grupo. 2001-2008, Brasil

Malha 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Sul 7.267 7.632 7.984 8.031 7.850 9.637 9.805 9.773 Nordeste 10.000 10.000 9.603 9.953 10.000 10.000 10.000 10.000 .Carajás 9.752 9.730 9.714 9.847 9.804 9.921 10.000 9.997 Vitória a Minas 8.909 8.746 9.895 9.874 9.925 9.952 9.958 9.949 Centro-Leste 6.223 6.762 8.260 8.315 9.116 7.266 8.187 8.521 Oeste 6.288 9.953 9.903 9.900 9.888 9.883 9.939 9.868 Ferroeste 6.838 6.517 5.701 5.000 5.181 5.391 5.494 5.773 Paulista 2.713 5.839 5.759 5.600 8.837 9.520 9.592 9.693 Norte 9.258 8.940 8.506 8.379 9.842 9.756 9.722 9.697 Sudeste 8.766 9.072 9.122 9.115 9.234 9.723 9.673 9.606 Teresa Cristina 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 Fonte: Elaborado pelo autor

A fusão entre a Brasil Ferrovias, controladora da FERRONORTE e da NOVOESTE, com a FERROBAN em 2002 aumentou a concentração nas malhas

Paulista e Oeste (ver Tabela 13). Após a fusão, o HHI da malha Paulista subiu 3.126 pontos (de 2.713 em 2001 para 5.839 em 2002). Já o HHI da malha Oeste subiu 3.666 pontos (de 6.288 em 2001 para 9.953 em 2002).

Já a desincorporação de trechos da malha Paulista em 2005 teve o efeito de aumentar a concentração em 2.237 pontos: de 5.600 pontos em 2004 para 8.837 em 2005. A malha Paulista foi reduzida em 2.207 quilômetros, de 4.236 quilômetros para 2.029 quilômetros. Um trecho de 321 quilômetros entre Bauru e Mairinque foi repassado para a malha Oeste. Para a malha Centro-Leste foi repassado um trecho de 1.013 quilômetros entre Araguari e Boa Vista Nova, o ramal de Aguaí até Poços de Caldas, o ramal de Evangelina até Itaú de Minas e o ramal de Ribeirão Preto até Passagem. E foram adicionados 873 quilômetros para malha Sul, os trechos de Pinhalzinho a Iperó, o ramal de Itaboã a Apiaí, o trecho de Ourinhos até Presidente Epitácio e o trecho de Ourinhos até Rubião Júnior (ver Figura 13) (ANTT, 2010).

Figura 13 – Desincorporações da malha Paulista

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de mapa da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT

A justificativa da ANTT para estas mudanças era integrar operacionalmente as ferrovias e reconstituir corredores para otimizar recursos operacionais visando reduzir os custos de transporte e aumentar a captação de carga (ANTT, 2010). Essa transferência de trechos diminui o estímulo à competição entre as operadoras, pois

estes trechos passam a ser operados pela firma que mais transporta em determinada região. Além disso, ao justificar a transferência de trechos como forma de otimizar os recursos operacionais, a ANTT assume que o modelo de direito de passagem e de tráfego mútuo não é o mais eficiente.

Em 2006, após a fusão entre Brasil Ferrovias, então controlador da FERROBAN, FERRONORTE e NOVOESTE, com a ALL, houve um aumento na concentração nas malhas Sul e Paulista (ver Tabela 13). O HHI da malha Sul aumentou em 1.787 pontos, de 7.850 em 2005 para 9.637 em 2006. Já a malha Paulista teve um aumento de 683 pontos em seu HHI, de 8.837 em 2005 para 9.520 em 2006.

Já a incorporação da FCA pela VALE em 2003 aumentou os HHI das malhas Vitória a Minas e Centro-Leste (ver Tabela 13). O aumento do HHI na malha Vitória a Minas foi de 1.149 pontos, de 8.746 em 2002 para 9.895 em 2003. Já na malha Centro-Leste, o HHI subiu 1.498 pontos, de 6.762 em 2002 para 8.260 em 2003.