Os óleos de origem vegetal no geral são formados majoritariamente por
ácidos graxos, isto é, possuem composição química muito similar. São
empregados para vários fins, como a produção de margarinas, plastificantes,
lubrificantes, material para higiene e também em polímeros. Os derivados de
óleos e seus ácidos graxos também podem ser utilizados como matéria-prima
na indústria química, farmacêutica e de alimentos (ALMEIDA, 2010). Existem
diferentes tipos de óleos vegetais tais como: óleo de soja, palma, canola, girassol,
milho, algodão, amendoim, coco, entre outros.
O óleo de coco é extraído do coco (Cocos nucifera Linn: Arecaceae), o
fruto de uma árvore cultivada principalmente em regiões tropicais e subtropicais,
que além do seu valor nutricional possui também diversas propriedades
interessantes para a indústria como ser antibacteriano, antifúngico, antiviral,
antiparasitário e antioxidante (LIMA et al., 2015).
Em relação a sua composição lipídica, que são considerados
hidrofóbicos, o óleo de coco é formado por cerca de 92% de ácidos graxos
saturados (AGS), sendo o maior conteúdo de ácido láurico (C12:0, classificação
segundo o comprimento e número de duplas ligações da cadeia carbônica),
embora outros estejam presentes em menores proporções, como os ácidos
caproico (C6:0), caprílico (C8:0) e cáprico (C10:0), mirístico (C14:0) e esteárico
(C18:0). Também fazem parte da sua composição os ácidos graxos
monoinsaturados (AGMI) na proporção de 6,2% e polí-insaturados (AGPI) nas
concentrações de 1,6% (ORSAVOVA et al., 2015), proporções menores de
mono- e di-glicerídeo, apresentando também um teor de glicerol (13,5% a 15,0%)
(MOHANAN, SUKUMARAPILLAI E SUKUMARAN, 2015). A estrutura química
de cada constituinte está disponível no Anexo A.
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Tabela 3 - Composição de ácidos graxos do óleo de coco
.
Ácido graxo Porcentagem (%) Tipo de gordura
Ácido láurico 45 - 52 Saturada
Ácido mirístico 16 - 20 Saturada
Ácido caprilico 5 - 10 Saturada
Ácido cáprico 4 - 8 Saturada
Ácido caproico 0,5 - 1 Saturada
Ácido palmítico 7 - 10 Saturada
Ácido oleico 5 - 8 Monoinsaturada
Ácido palmitoleico Em traços Saturada
Ácido linoleico 1 - 3 Poli-insaturada
Ácido linolênico Acima de 0,2 Insaturada
Ácido esteárico 2 - 4 Saturada
Adaptado (MOHANAN, SUKUMARAPILLAI E SUKUMARAN, 2015)
O óleo de coco normalmente apresenta concentração de ácido láurico
superior a 40%, como pode ser visto na Tabela 3. As gorduras láuricas, como é
o caso do óleo de coco, são resistentes a oxidação não enzimática e apresenta
a vantagem de possuir baixa temperatura de fusão, bem definida entre 24 e 25°C.
Devido as suas propriedades físicas e resistência à oxidação, essas
gorduras são muito empregadas na indústria de cosméticos e alimentícia
(MACHADO, CHAVES e ANTONIASSI, 2006). O óleo de coco também vem
sendo utilizado em outras áreas, como por exemplo, atuando como plastificante
de borracha natural e PVC (ISLEY e GOTT, 2007; RAJU, NANDANA e KUTTY,
2007)
Em virtude do caráter hidrofóbico dos ácidos graxos presentes no óleo
de coco, este vem sendo estudado como aditivo no amido, apresentando como
vantagem, em relação ao glicerol, a redução da permeabilidade ao vapor de
água e melhorias no desempenho mecânico dos filmes de amido. Tais vantagens
estão associadas a formação de estrutura complexa de amido-lipídios
(FANGFANG ET AL., 2020; GUTIÉRREZ ET AL., 2014).
Lipídios polares, como monoglicerídeos e ácidos graxos formam um
complexo de inclusão entre a cadeia de hidrocarboneto do lipídio e a hélice da
amilose. A molécula de amilose forma uma hélice simples ao redor da cadeia
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hidrocarbonada do lipídio polar, sendo que a porção hidrofóbica do lipídio fica
inserida no interior da hélice, enquanto os grupos hidroxilas estão localizados
fora da hélice, como pode ser visualizado na Figura 29 (GARCIA, 2013). No óleo
de coco, é possível que exista a formação de complexo principalmente com o
ácido láurico e mirístico, que são os principais constituintes do óleo de coco com
46,58 e 17,98% em massa, respectivamente (CHANG et al, 2014).
Figura 11: Formação de um complexo de amilose-lipídios