3.4 Nanocompósitos poliméricos 3.5.2 Nanocompósitos de amido termoplástico e argila Inúmeros estudos vêm sendo realizados utilizando argilas como carga de reforço em materiais nanocompósitos a base de amido termoplástico. Mbey, Hoppe e Thomas (2012) avaliaram a influência do teor de argila caulinita em uma matriz de TPS a base de amido de mandioca sobre as temperaturas de transição vítrea e de decomposição, absorção de água, transparência e bloqueio de luz UV-vis. Para a obtenção dos compósitos foram preparados filmes (30% em massa de glicerol) com várias proporções de amido e argila (pura ou intercalada com dimetilsulfóxido, DMSO). Por meio da análise térmica dinâmico-mecânica (DTMA), os autores constataram que o conteúdo de argila, até uma proporção de 10% em relação ao amido, diminui a temperatura de transição vítrea (Tg). A argila ainda funcionou como um plastificante através de uma redução das interações intermoleculares, o que promove a sua mobilidade. Além disso, ocorreu uma redução mais acentuada da Tg com o de caulinita intercalada com DMSO. Foi observado também que a adição de até 10% em massa de argila elevou a temperatura de degradação térmica da matriz de amido. Nos testes de absorção de água, a argila mostrou-se eficaz, causando um efeito de barreira para baixas umidades relativas. Pirsa, Mohtarami e Kalantari (2020) prepararam e estudaram as propriedades mecânicas e físico-químicas de compósitos biodegradável de amido de trigo, goma de tragacanto e nanoargilas. Foram preparados filmes pela técnica de casting utilizando 40% de glicerol como plastificante sendo a goma de tragacanto adicionada em dois níveis (0,2 e 0,5 em massa) e as nanopartículas de argila em três níveis (0,1; 0,5 e 3% em massa). Foi investigada a espessura, solubilidade em água, teor de umidade e permeabilidade a vapor de água (PVA), resistência a tração e alongamento dos filmes. Dentre os resultados obtidos, foi observado que a adição de nanoargilas reduziu a permeabilidade ao vapor de água e a solubilidade, fato atribuído a localização das nanopartiulas de argila nos espaços vazios entre as cadeias poliméricas do amido, e aumentou a espessuras do filme. Além disso, a nanoargila aumentou a resistência a tração 27 e reduziu o alongamento na ruptura, isso ocorreu devido a criação de interações eletrostáticas da nanoargila com as cadeias de amido aumentando a coesão da rede polimérica. Por fim, os autores concluíram que a adição de nanoargila melhora as propriedades físicas e mecânicas do filme de amido. Khairuddin et al. (2019) estudaram a propriedade de resistência ao vapor de água de revestimentos à base de amido de mandioca e argila bentonita. Foram utilizadas seis proporções de argila e os compósitos foram preparados pela técnica de casting. Os autores observaram que a adição de argila melhorou as propriedades de barreira ao vapor de água, sendo que, a melhoria mais acentuada foi encontrada com a concentração de 10% em massa de argila. Os resultados da difração de raios X mostraram que as cadeias poliméricas do amido entraram na galeria de argila formando uma estrutura bicamada intercalada, fato que justifica a redução da permeabilidade ao vapor de água do compósito. López-Chavez et al. (2017) prepararam nanocompósitos de amido e argila e caracterizaram os filmes por espetroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e ensaio de tração. Os filmes foram preparados por meio da técnica de casting utilizando glicerol como plastificante nas proporções de 25 e 30% em massa. Foram utilizados dois tipos de argila montmorilonita sendo uma organofilica e outra natural nas proporções de 5, 10 e 15% em massa que inicialmente foram dispersas em água. Por meio do DRX e FTIR os autores constataram que as macromoléculas do amido e do glicerol foram intercaladas nas galerias da argila. Também foi observado uma boa dispersão dos componentes na mistura por meio da microscopia eletrônica de varredura. Observou-se ainda que a permeabilidade a umidade dos filmes foi reduzida de forma considerável com a presença da argila. Além disso, foi observado que os nanocompósitos com menor quantidade de argila foram os que apresentaram menor módulo de elasticidade. Mansour et al. (2020) investigaram os efeitos da concentração do glicerol e de argila montmorilonita na estrutura e nas propriedades mecânicas de nanocompósitos a base de amido de milho. Os filmes foram preparados pelo método de casting sendo a argila inicialmente esfoliada em um solvente 28 variando as concentrações de glicerol e argila (uma sódica e outra comercial). Foi observado que tais concentrações afetam significativamente as propriedades dos filmes. As melhores propriedades mecânicas foram observadas na utilização de 20 e 30% em massa de glicerol e 10 e 15% em massa de argila. A argila sódica apresentou melhores propriedades quando comparado com a comercial. Nanocompósitos de amido-argila também foram investigados por Tang, Alavi e Herald (2008) usando processamento por extrusão. Foi utilizado amido de diversas fontes botânicas (milho nativo e ceroso, trigo e batata) juntamente com dois tipos de argila montimorilonita, a natural e a organofílica. Foi avaliado o efeito da natureza da origem botânica, concentração de argila e teor de amilose de amido nas propriedades de barreira e propriedades mecânicas de filmes nanocompósitos. Uma extrusora dupla rosca foi usada para processar compósitos de amido e argila e filmes foram obtidos pela fusão dos pellets extrudados. Os filmes com argila MMT natural apresentaram propriedades mecânicas e de permeabilidade ao vapor de água maiores do que filmes contendo MMT modificada. Além disso, aumentando o teor de argila, os filmes apresentaram maior resistência à tração e menor PVA. Também foi verificado por meio da microscopia eletrônica de transmissão (MET) que para concentrações baixas de glicerol produziram nanocompósitos esfoliados, enquanto que para concentrações maiores (acima de 10% em massa) ela encontra-se intercalada as macromoléculas do amido. Embora a origem botânica de matrizes de amido não tenha afetado as propriedades finais dos nanocompósitos, a relação amilose/amilopectina influenciou o desempenho dos filmes. Schlemmer, Angélica e Sales(2010) estudaram nanocompósitos a base de amido acetilado e argila montmorilonita natural plastificado com óleo de Pequi. Os filmes foram preparados com diferentes proporções de amido acetilado e MMT pela técnica de casting. Dependendo da concentração de MMT, nanocompósitos esfoliados ou intercalados foram obtidos. A esfoliação predominou para baixa concentração de argila, enquanto que para as concentrações maiores que 5% em massa a intercalação foi observada. Os resultados derivados demonstraram que compósitos esfoliados apresentam melhores propriedades térmicas e termomecânicas do que compósitos intercalados. O óleo de pequi mostrou-se efetivo na ação plastificante do amido. 29 No documento DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EFEITO DO ÓLEO DE COCO E DA NANOARGILA NO PROCESSAMENTO E NAS PROPRIEDADES DE AMIDO TERMOPLÁSTICO (páginas 43-46)