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4. NECESSIDADE DO ADVOGADO NOS JUIZADOS ESPECIAIS

4.2 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

4.2.1 Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.127

A ADI mais pertinente no assunto é a de número 1.127, que foi apresentada ao STF em 1994, indo contra alguns dispositivos da Lei 8.906/94, que é o atual Estatuto da Advocacia, foi proposta pelo Conselho Federal da OAB, sendo questionada dessa assistência jurídica facultativa por advogado, onde julgou parcialmente procedente, porém, tem sofrido forte oposição por parte dos doutrinadores, por embater com o art. 133 da CF e com os incisos I e II, do art. 98, da CF que tratam sobre os Juizados Especiais, tendo como embasamento a indispensabilidade do advogado como evolução da justiça.

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - Lei 8.906/94. Suspensão da eficácia de dispositivos que especifica. LIMINAR. AÇÃO DIRETA. Distribuição por prevenção de competência e ilegitimidade ativa da autora. QUESTÕES DE ORDEM. Rejeição. MEDIDA LIMINAR. Interpretação conforme e suspensão da eficácia até final decisão dos dispositivos impugnados, nos termos seguintes: Art. 1º, inciso I -

postulações judiciais privativa de advogado perante os juizados especiais. Inaplicabilidade aos Juizados de Pequenas Causas, à Justiça do Trabalho e à Justiça de Paz. Art. 7º, §§ 2º e 3º - suspensão da

eficácia da expressão "ou desacato" e interpretação de conformidade a não abranger a hipótese de crime de desacato à autoridade judiciária. Art. 7º, § 4º - salas especiais para advogados perante os órgãos judiciários, delegacias de polícia e presídios. Suspensão da expressão "controle" assegurado à OAB. Art. 7º, inciso II - inviolabilidade do escritório ou local de trabalho do advogado. Suspensão da expressão "e acompanhada de representante da OAB" no que diz respeito à busca e apreensão determinada por magistrado. Art. 7º, inciso IV - suspensão da expressão "ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para a lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade". Art. 7º, inciso v - suspensão da expressão "assim reconhecida pela OAB", no que diz respeito às instalações e comodidades condignas da sala de Estado Maior, em que deve ser recolhido preso o advogado, antes de sentença transitada em julgado. Art. 20, inciso II - incompatibilidade da advocacia com membros de órgãos do Poder Judiciário. Interpretação de conformidade a afastar da sua abrangência os membros da Justiça Eleitoral e os juizes suplentes não remunerados. Art. 50 - requisição de cópias de peças e documentos pelo Presidente do Conselho da OAB e das Subseções. Suspensão da expressão "Tribunal, Magistrado, Cartório e". Art. 1º, § 2º - contratos constitutivos de pessoas jurídicas. Obrigatoriedade de serem visados por advogado. Falta de pertinência temática. Argüição, nessa parte, não conhecida. Art. 2º, § 3º - inviolabilidade do advogado por seus atos e manifestação, no exercício da profissão. Liminar indeferida. Art. 7º, inciso IX - sustentação oral, pelo advogado da parte, após o voto do relator. Pedido prejudicado tendo em vista a sua suspensão na ADIn 1.105. Razoabilidade na concessão da liminar. (BRASIL, 2006) (grifo do autor).

Para os doutrinadores contra ADI, a necessidade de advogado com conhecimentos técnicos superiores aos juízes da causa seria ilógica. Um doutrinador que vai fortemente contra é Henrique Soares, relatando em sua obra “Sem o advogado a construção da decisão judicial se constitui do ato ilegítimo pela falta de suporte constitucional, conforme estabelece o art. 133 e o art. 1º da CF/88, que determina a opção do Estado Brasileiro pelo paradigma democrático de direito” (2004, pag. 147).

Assim, os magistrados queriam a declaração de inconstitucionalidade deste dispositivo, a fim de tornar prescindível a representação por advogado nos juizados especiais, e assim a ADI suspendeu a eficácia do art. 1º, inciso primeiro do Estatuto da OAB, tendo o Ministro Marco Aurélio criticado à dispensabilidade do advogado, já que foi voto vencido na questão,

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Fico a imaginar, por exemplo, o subscritor da inicial desta ação direta de inconstitucionalidade – Dr. Sergio Bermudes – prestando assistência a uma grande empresa e, do lado contrário a defender-se um autor de ação concernente a uma causa de pequeno valor, sem a representação processual por advogado, acionando, portanto, a capacidade postulatória direta. O massacre técnico seria fatal. É um engodo pensar-se que o afastamento do advogado por si só implica na celeridade almejada dos procedimentos judiciais. Se a Justiça é morosa, há outras pessoas também responsáveis por essa morosidade. Nunca tive, com a participação dos advogados, um entrave ao bom andamento dos processos nos quais atuei. (ADI nº 1.127-8/DF, 2006, p. 266).

O Ministro Marco Aurélio julgava improcedente o pedido com a vinculação do termo “qualquer” por ter em seu entendimento que o art. 133 da CF não contemplava exceção à indispensabilidade do advogado. Então a divergência foi aberta pelo Ministro Ricardo Lewandowski, que ressalvou “não é possível proibir a presença de advogado, ou seja, a indispensabilidade do advogado não pode ser restringida por lei” (ADI nº 1.127-8/DF, 2006, p. 351).

O STF julgou procedente o pedido formulado pela expressão “qualquer” e, ainda julgou parcialmente procedente a ação para estabelecer que, embora o advogado seja indispensável à administração pública segundo o art. 133 da CF, sua presença pode ser dispensada em certos atos jurisdicionais.

Como o exposto no trecho extraído da ADI 1.127,

Examinando o inciso I do art. 1º da Lei nº 8.906, de 4.7.94, por maioria de votos, deferir, em parte, o pedido de medida liminar, para suspender a eficácia do dispositivo, no que não disser respeito aos Juizados Especiais, previstos no inciso I do art. 98 da Constituição Federal, excluindo, portanto, a aplicação do dispositivo, até a decisão final da ação, em relação aos Juizados de Pequenas Causas, à Justiça do Trabalho e à Justiça de Paz, vencidos, em parte, os Ministros: SEPULVEDA PERTENCE, SYDNEY SANCHES e MOREIRA ALVES, que interpretavam o dispositivo no sentido de suspender a execução apenas no tocante ao Juizado de Pequenas Causas, e o Ministro MARCO AURÉLIO, que indeferia o pedido de medida liminar”2. A ementa, de nº 2037-2, saiu com a seguinte redação: “Art. 1º, inciso I – postulações judiciais privativas de advogado perante os juizados especiais. Inaplicabilidade aos Juizados de Pequenas Causas, à Justiça do Trabalho e à Justiça de Paz. (ADI nº 1.127-8/DF, 2006, p. 265)

Analisando a ADI, podemos dizer que ela tornou dispensável a presença de advogado somente aos Juizados de pequenas causas, na Justiça do Trabalho e a da Justiça de Paz, e não declarou a dispensabilidade nos Juizados Especial Criminal, sendo que os Juizados Especiais têm grande importância pois lidam com a liberdade do cidadão, e por algum descuido da parte sem advogado, pode lhe custar sua liberdade que é um direito primordial para o cidadão.

Já nas vias recursais há a obrigatoriedade de se estar representado por advogado, visto que nesse sentido, o advogado é essencial nos Juizados Especiais

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Criminais, como referência se tem os arts. 9º e 41, § 2º, da Lei 9099/95, mas o pensamento do legislador fica controverso pois no começo não tem a necessidade de advogado e no final é preciso.

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