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3. A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO

3.3 NOS JUIZADOS ESPECIAIS

Analisando friamente a letra da lei, a postulação de ações sem a presença de um advogado é facultativa nas causas de até vinte salários mínimos nos juizados especiais, que tem embasamento no art. 13 da CF, no art. 9º da lei 9099/95 e no art. 10 da lei 10.259/2001.

Mas, tal mandamento é procedente frente à busca do acesso a justiça, uma vez que várias pessoas não defendem seus direitos pela falta de condições financeiras e pelas despesas com o advogado.

O advogado por ter uma formação jurídica, com uma grande aptidão jurisdicional e com opiniões construtivas, sempre emprega sua formação como elemento para a postulação de suas ações, utilizando como instrumento de trabalho seus conhecimentos para ajudar seu cliente.

O papel do advogado é imprescindível no campo jurídico, assim como demonstrado na CF, que preserva a importância deste profissional na vida judiciária em defesa do Estado Democrático de Direito.

Assim Alberto Rollo, demonstra em sua obra que sem advogado não há justiça,

Sem o advogado não se faz justiça, como acertadamente se diz; com ele, impulsionado e permeado por sua combatividade, por sua retórica, por sua elaboração intelectual, por sua peculiar visão de mundo, exercita o Judiciário sua jurisdição, de tal sorte que a prestação jurisdicional a final

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oferecida aos particulares invariavelmente apresenta-se influenciada pela atuação dos advogados da causa. (2003, pag. 16)

Mas segundo o art. 9º, em seu § 1º da lei 9099/95, que diz, “Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local” (BRASIL, 1995), se uma das partes estiver acompanhada por advogado e a outra não, a que não estiver, se quiser, poderá contar com assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao juizado.

E ainda em seu § 2º, “O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar” (BRASIL, 1995), estabelece que o juiz sempre deixará a parte ciente sobre a conveniência de ter um advogado representando-a. Por esse ponto vê-se que a parte que não possui advogado já começa a ação lesada juridicamente, devido ao fato de não ter a assistência jurídica da qual necessita, principalmente quando houver tentativas de conciliação, nas quais o que está lesado nem sempre sai satisfeito ao fim do processo, pois no decorrer da audiência é convencido ou se vê obrigado a aceitar um acordo defendido com coerência e visto como “justo” seja por ele, pela parte adversa, pelo conciliador ou até mesmo pelo magistrado.

Assim Marcos Catalan, em sua obra vê como as partes devem ser alertadas sobre a conveniência de ter um advogado,

É deveras importante o alerta para a situação surgida quando comparecem ambas as partes sem assistência ou quando apenas uma delas encontra-se com assistida, devendo o magistrado agir com atenção redobrada, saindo do pedestal em que muitas vezes se coloca face a incontáveis razões de ordem subjetiva, agindo de maneira mais ativa, no interesse do processo.(2003, pag. 81)

Os litigantes mesmo que desacompanhados de advogados dificilmente são assistidos por advogados após o ingresso em juízo, mesmo que se encontrem lesados pela presença do advogado pela parte contraria.

Segundo o art. 41, § 2º da lei 9099/95, o advogado é obrigatoriamente indispensável se a parte fizer a realização de recurso no juizado especial, assim deve a parte ao interpor recurso estar acompanhada de advogado.

Marcos Catalan, novamente elucida está ideia em sua obra,

Frise-se que em sede de recurso, é imprescindível a presença do advogado, sendo os atos praticados sem o patrocínio profissional devem ser tidos como nulos de pleno iure, sendo que tal interpretação nos leva a

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crer que nestes casos impera a necessidade de técnica jurídica para peticionar e até mesmo para eventual sustentação oral do recurso perante as Turmas Recursais. (2003, pag. 78)

A imposição de advogado na fase recursal, se faz controversa, pois para postular a demanda a parte não precisa estar assistida por advogado, mas para recorrer tem essa obrigatoriedade, visto que a causa antes era vista como simples ou sem complicação, e agora não há motivos para ser enxergada tal mudança, caso houvesse de ser declarada complexa desde sua petição inicial.

Previamente, de acordo com o ordenamento jurídico, se a parte se faz capacitada de postular em juízo sua demanda, sendo apta para sustentar todos seus argumentos ao seu favor, dispensando totalmente a presença de um advogado, não existem razões para que na fase recursal seja necessário um profissional habilitado.

Caso então que, se o entendimento de que na fase recursal a complexidade da causa aumente exponencialmente, há ponte de que se exija a presença de um advogado nos juizados especiais, o próprio juizado não é mais competente para ali julgar tal recurso, dado que a competência dos juizados se limita somente a causas de baixas complexidades, sendo que está claro na lei, ficando então a solução de que os juizados não julguem os recursos decorrentes de demandas ali oferecidas, ou então que se desde o princípio da ação na sua propositura, fosse necessário o acompanhamento do advogado, neste caso, seria mais plausível de que a ação seria proposta e se por acaso houvesse a necessidade de recurso seria ali mesmo julgada e a lide solucionada por completo.

Acerca do tema, nossos tribunais superiores foram instaurados a decidir, porém, se limitou a tratar somente acerca do JEC. Desta forma, no próximo capítulo, será abordado o posicionamento doutrinário e jurisprudencial acerca do tema central de nosso estudo.

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