• Nenhum resultado encontrado

Ação rescisória

No documento Coisa julgada inconstitucional (páginas 66-74)

3 O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA COMO PARADIGMA PARA A

4.2 INSTRUMENTOS PROCESSUAIS DE IMPUGNAÇÃO À COISA JULGADA

4.2.1 Ação rescisória

Na lição de José Edvaldo Albuquerque de Lima (2004, p. 3), o arcabouço jurídico nomeia dois caminhos aptos para combater os pronunciamentos judiciais: o primeiro são os recursos, cabíveis contra sentenças definitivas e terminativas nas quais não haja operado a força da coisa julgada. O segundo são as denominadas ações autônomas impugnativas que visam romper uma decisão de mérito já transitada em julgado.

É no bojo dessa última hipótese que se encontra a ação rescisória. Visa esse remédio processual, por meio de um elenco taxativo, vulnerar a coisa julgada quando maculada por vícios que afrontem a ordem pública (DINAMARCO, 2004, p. 27).

Nesse ínterim, como o próprio nomen iuris está a indicar, a ação rescisória remete a natureza jurídica de ação (desconstitutiva ou constitutiva negativa), e, como tal, para que ocorra seu processamento de maneira válida e regular, mister que se subordine a determinadas condições e pressupostos processuais (COSTAS, 1981, p. 18).

Como requisito para proporcionar ao jurisdicionado uma decisão de mérito, as condições da ação abrangem a legitimidade ad causam, interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido (FREIRE; SILVA, 2006, p. 76).

Com relação à legitimidade, poderão propor a mencionada ação qualquer daqueles que tenham sido parte no processo em que se prolatou a sentença rescindenda, o terceiro juridicamente interessado e o representante do Ministério Público, nos termos do art. 487 do Código de Processo Civil.

Quanto à necessidade de se recorrer ao judiciário para obtenção de determinado resultado (interesse de agir), Márcia Conceição Alves Dinamarco (2004, p. 34) lista como condição que tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença rescindenda, sem a qual a rescisão se tornará despicienda. Dessa forma, a prova do trânsito em julgado da decisão definitiva é requisito de admissibilidade para a propositura da ação rescisória (LIMA, 2004, p. 9).

A terceira e última condição é a “existência e previsão da providência pleiteada pela parte no ordenamento jurídico”, consistente na possibilidade jurídica do pedido (FREIRE; SILVA, 2006, p. 78). Assim, para que a pretensão formulada seja possível no âmbito da ação rescisória, deverá ocorrer o fenômeno da subsunção do fato à norma, ou seja, a parte interessada deverá coadunar seu caso fático a uma das hipóteses taxativas do art. 485 do Código de Processo Civil (DINAMARCO, 2004, p. 34).

Essas hipóteses de cabimento são condições de admissibilidade para a ação rescisória e devem ser interpretadas restritivamente. Isso porque, consoante esclarece Bruno

Freire e Silva (2006, p. 65), o rol do art. 485 do Código de Processo Civil, constitui numerus clausus, não sendo admitida demanda rescisória fora dos casos legais.

Ademais, por se tratar de ação excepcionalíssima que visa desconstituir uma decisão de mérito já transitada em julgado, quebrando a certeza e a segurança impostas pela autoridade da coisa julgada, além das condições da ação, Arnaldo Esteves Lima (2001, p. 4), traz como pressupostos a observância do prazo de 2 anos para a sua propositura e o depósito do art. 488, II, do Código de Processo Civil.

No que tange ao termo a quo para a contagem do prazo para a propositura da ação, o Código de Processo Civil, em seu art. 495 estabelece que o direito de propor a ação rescisória se extingue em 2 anos, contados do trânsito em julgado da decisão.

Além disso, no momento do ajuizamento da ação, com vistas a evitar abusos no uso do mecanismo rescisório, reza o art. 488, II, do Código de Processo Civil, que deverá ser comprovado o depósito de 5% sobre o valor da causa a título de multa. Segundo Bruno Freire e Silva (2006, p. 86), na hipótese da “demanda não ser admitida ou julgada improcedente, o depósito será revertido em favor da parte ré, ou caso contrário deverá ser restituído ao autor.”

A par de tudo isso, e, desde que observados os requisitos legais, disporá o autor da demanda do direito de cumular o pedido de rescisão da sentença transitada em julgado com o julgamento da nova causa (COSTA, 1981, p. 18). Trata-se daquilo que Márcia Conceição Alves Dinamarco (2004, p. 34) cunhou denominar de “julgamento de mérito duplo”, sendo que somente poderá ser julgado o segundo pedido se procedente o primeiro.

Por último, ressalte-se que cumpridos todas as condições e pressupostos acima listados, a ação rescisória será processada perante um tribunal (sendo sentença de 1º grau, a competência será do tribunal hierarquicamente superior e se o julgamento a ser rescindido for de tribunal, competirá a ele próprio o julgamento, conforme art. 102, I, j, art. 105, I, e, e art. 108, b, da Constituição Federal).

Isso posto, e em razão do legislador brasileiro ter consagrado a ação rescisória como exceção à coisa julgada diante de uma ilegalidade, cumpre analisar se ela também se enquadra como instrumento hábil para impugnar sentença transitada em julgado na qual se operou a coisa julgada inconstitucional.

Advogando pela impossibilidade da aplicação da ação rescisória, o doutrinador Luiz Guilherme Marinoni (2008, p. 102) esclarece que a interpretação do Supremo Tribunal Federal não deve se impor sobre “interpretações judiciárias pretéritas, operando a destruição ou a nulificação de decisões já transitadas em julgado”.

Corroborando com esse primeiro argumento, Ovídio A. Baptista da Silva (2004, p. 213-225) aduz que a retroatividade do pronunciamento da corte constitucional não teria a aptidão de desconstruir a coisa julgada, uma vez que essa é imprescindível a tutela da segurança jurídica.

Dessa forma, a “decisão, mesmo que fundada em lei posteriormente declarada inconstitucional, é manifestação legítima do Poder Judiciário” (MARINONI, 2008, p. 102), o que induz, portanto, que o primeiro argumento doutrinário para excluir a ação rescisória se firma basicamente em desconsiderar a existência da coisa julgada inconstitucional, eis que a declaração de inconstitucionalidade do Supremo Tribunal Federal não teria forças para viciar o pronunciamento já transitado em julgado.

Por outra linha de raciocínio, a impossibilidade da incidência da ação rescisória também se encontra arraigada na interpretação do texto sumular n. 343 do Supremo Tribunal Federal.

Isso porque, é cediço que uma das hipóteses para o ajuizamento da ação rescisória se fundamenta na interpretação genérica do art. 485, V, do Código de Processo Civil, que permite a rescisão do julgado quando a decisão “violar literal disposição de lei.”

Em razão dessa lacuna interpretativa, e, em virtude da incontestável necessidade de se ressalvar a coisa julgada, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula n. 343 com a seguinte redação: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”.

Segundo a análise semântica de Aldo Ferreira da Silva Junior (2009, p. 129) a súmula indica a hipótese da lei ensejar mais de uma interpretação pelos tribunais e após um período o seu conteúdo se tornar pacífico e de entendimento uníssono.

Logo, a questão cinge em deduzir se tal divergência constitui fundamento para o jurisdicionado posteriormente ajuizar a ação rescisória. Na posição da Ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie (2009) na AR 1409/SC a corte já assinalou o descabimento da incidência da súmula quando em jogo “interpretação de matéria de cunho constitucional”. Destacou ainda, o precedente da 2ª turma (RE 328.812 – AgR, rel Ministro Gilmar Mendes, unânime, DJ de 11. 04. 2003)

Tenha-se presente, portanto, que o teor da súmula ao restringir a demanda rescisória está encapsulado pela tentativa vã de proteger o sofista discurso da intangibilidade da coisa julgada.

Outrossim, ainda que as decisões anteriores tenham interpretações incorretas tecidas às avessas do contido na lei, não serão passíveis de rescisão:

A súmula 343 não diz o que é violação literal de lei, mas deixa claro que a decisão que se funda em lei de interpretação controvertida nos tribunais não pode ser objeto de ação rescisória. Isto por uma razão compreensível: é que, se os tribunais divergiam sobre a interpretação da norma, a decisão que adotou uma das interpretações legitimamente encampadas pela jurisdição não poder ser vista como uma decisão que cometeu “violação literal de lei” e que, por isto, é suscetível de ser desconstituída por ação rescisória. (MARINONI, 2008, p. 94).

O entendimento do doutrinador Bruno Noura de Moraes Rêgo (2001, p. 94) também se sustenta por essa interpretação:

Parece, à primeira vista, que tal hipótese legislativa atenta contra a Constituição e contra a própria natureza da rescisória. Se a Constituição, no seu artigo 5º, protege a coisa julgada é porque a rescisão deve ser vista como exceção e, não como regra. Admitir a rescisória contra a interpretação divergente seja constitucional, seja legal, corresponde a ampliar por demais o espectro da ação rescisória. Em suma tornaria a ação rescisória de meio extraordinário de ataque às decisões judiciais em meio ordinário.

Nessa tessitura, se for possível a rescisão da decisão com base na controvérsia jurisprudencial, a sentença transitada em julgado se revestirá de caráter precário e provisório, discurso contrário aos adeptos da ideia de que o direito deve proporcionar a certeza pelo instrumento do caso julgado (RÊGO, 2001, p. 96).

Outro argumento desfavorável ao ajuizamento da ação rescisória diz respeito à existência de um vício (será examinado no tópico referente às ações declaratórias) que permeia o âmago da coisa julgada inconstitucional, a se tratar de um lado ou de uma nulidade ou de inexistência:

Se a sentença inconstitucional é nula, contra ela não cabe rescisória por incabível lançar-se mão dos recursos previstos na legislação processual. Na espécie, pode-se valer, sem observância do lapso temporal, da ação declaratória de nulidade da sentença, tendo presente que ela não perfaz a relação processual, em face de grave vício que a contaminou, inviabilizando, assim, seu trânsito em julgado. (NASCIMENTO, 2005, p. 166).

Dessa feita, improfícuo será o ajuizamento da ação rescisória, pois, como recorda Humberto Theodoro Júnior (apud WAMBIER, 2003, p. 8) “o que é nulo, nenhum efeito pode produzir e, por isso mesmo, não exige rescisão alguma.”

Além da concepção da coisa julgada inconstitucional como uma viciosidade arraigada de nulidade, outros doutrinadores consideram o defeito como inexistência, o que repele de antemão o viés da ação rescisória:

Portanto, segundo o que nos parece, seria rigorosamente desnecessária a propositura da ação rescisória, já que a decisão que seria alvo de impugnação seria juridicamente inexistente, pois baseada em “lei” que não é lei (“lei inexistente”). Portanto, em nosso entender, a parte interessada deveria, sem necessidade de se submeter ao prazo do art. 495 do CPC, intentar ação de natureza declaratória, com o único objetivo de gerar maior grau de segurança à sua situação. (WAMBIER; MEDINA, 2003, p. 43).

Assim, imperioso reconhecer a existência de sintomática e marcante verossimilhança entre a linha teórica como um vício de nulidade ou inexistência, eis que ambas as digressões afastam a rescisória e sugerem o ajuizamento da ação declaratória.

Ademais, não se pode obtemperar que a ação rescisória não é o meio concebido para obter declaração de nulidade e/ou de inexistência, mas serve para romper sentença válida nas hipóteses previstas no art. 485 do Código de Processo Civil. Por essa razão é que os doutrinadores defendem não ser cabível a propositura da ação rescisória, por entenderem que a impugnação da coisa julgada inconstitucional se dá por intermédio da ação de natureza meramente declaratória (BRANCO, 2009, p. 142).

Por último, outro argumento que embora não impeça o cabimento da ação rescisória, mas de alguma forma surge como um empecilho a restringir a sua propositura, é edificado por Aldo Ferreira da Silva Junior (2009, p. 121) que diz respeito ao limite temporal, já que a declaração de inconstitucionalidade que cria o interesse de agir poderá surgir somente após o prazo bienal para a propositura da ação recisória.

O professor Nelson Nery Junior (apud SILVA JUNIOR, 2009, p. 128) ressalva que decorrido o prazo de dois anos para o seu exercício, não se poderá mais questionar a decisão transitada em julgado, ainda que afronte a Constituição Federal, pois nesse caso se operou a coisa soberanamente julgada.

Diante disso, Humberto Theodoro Júnior e Juliana Cordeiro de Farias (2002, p. 152) aconselham o ajuizamento de rescisória ainda que fora do prazo de dois anos, pois o vício de inconstitucionalidade acarreta a nulidade do ato, o qual não se sujeita a prazos para o seu reconhecimento.

Todavia, em que pese tais argumentos desfavoráveis ao ajuizamento da ação rescisória, a força doutrinária e jurisprudencial se encontram ao lado da tese que admite a possibilidade de sua utilização.

Desenvolvendo raciocínio favorável ao manejo da ação rescisória como remédio apto a desconsiderar a coisa julgada inconstitucional, o escólio do doutrinador Sérgio Gilberto Porto (2003, p. 12):

[...] em qualquer das hipóteses levantadas a demanda rescisória é – ordinariamente – o instrumento hábil para a revisão de decisões que adquirem autoridade da coisa julgada, sob pena de promover-se o verdadeiro caos na ordem jurídica, gerado pela consequente ausência de estabilidade jurídica nas relações sociais.

No mesmo sentido, o professor Cândido Rangel Dinamarco (2002, p. 27):

Na nova ordem de relativização da coisa julgada material, contudo, é imperioso abrir os espíritos para interpretação dos incisos do art. 485 do CPC, de modo a permitir a censura das sentenças ou acórdãos pelo prisma da constitucionalidade das decisões que contêm – ou seja, impõe-se a relativa e prudente flexibilização das hipóteses de admissibilidade da AR, para que ela sirva de remédio contra os males de decisões flagrantemente inconstitucionais [...]

Nesse âmbito, o argumento inicial se encontra na interpretação extensiva do entendimento do art. 485, V, do Código de Processo Civil, mais precisamente na expressão “violar literal disposição de lei”.

Isso porque a referida locução é interpretada em seu sentido lato, de modo a abranger, nos dizeres de Aldo Ferreira da Silva Junior (2009, p. 126), “não só seu aspecto formal, mas também material, seja lei em todos os seus níveis (federal, municipal, ou distrital)”.

É com fulcro na ampliação do conceito do inciso V do art. 485 do CPC, que tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Superior Tribunal de Justiça entendem ser possível o cabimento da ação rescisória.

O pleno do Supremo Tribunal decidiu no interior do acórdão RE 89.108-60, Relator Ministro Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto, j. 28.08.1980, que uma lei inconstitucional não produz efeito, nem gera direito, desde o seu início, assim sendo, perfeitamente comportável a ação rescisória. (BRASIL, 1980). Na mesma esteira o julgamento do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, V, CPC. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DE PRECEITO LEGAL NO QUAL SE LOUVARA O ACÓRDÃO RESCINDENDO.

Cabível a desconstituição, pela via rescisória, de decisão com trânsito em julgado que “deixa de aplicar uma lei por considerá-la inconstitucional ou a aplica por tê-la como de acordo com a Carta Magna.” (BRASIL, 2000).

Dessa forma, o termo “lei”, alcança verbi gratia, a Constituição Federal e, por isso, quando houver violação da disposição constitucional, ensejará o ajuizamento da ação rescisória, com fundamento no alastramento interpretativo do art. 485, V, do Código de Processo Civil.

Não obstante, a ação rescisória também seria possível ante o afastamento da aplicação da Súmula n. 343 do Supremo Tribunal Federal, quando a divergência referir-se à constitucionalidade de uma lei, ou se tratar de matéria constitucional.

Fredie Diddier Junior e Leonardo José Carneiro da Cunha (2007, p. 329) defendem a não incidência da súmula sob a ótica constitucional:

A exemplo do que sucede com o enunciado n. 400, o de n. 343, também da súmula do STF, não tem aplicação quando a norma violada for de índole constitucional. É que a violação a uma norma constitucional é bem mais grave do que a ofensa a um dispositivo de lei infraconstitucional; violar a Constituição equivale a atentar contra a base do sistema normativo. Cumpre, diante disso, preservar a supremacia da Constituição e, de resto, garantir a autoridade das decisões do Supremo Tribunal Federal, enquanto guardião do texto constitucional.

O Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal José Carlos Moreira Alves já consignou em voto que a Súmula 343 não tem aplicação pela singela razão de que o enunciado se situa exclusivamente no plano da interpretação da legislação infraconstitucional. (BRASIL, 2001). Logo, ao prevalecer “o entendimento de inaplicabilidade da mencionada súmula, toda decisão em matéria constitucional, se divergente da decisão do STF, enseja a admissão de ação rescisória.” (RÊGO, 2001, p. 97).

Nesse norte, abstraído o teor da Súmula n. 343 do Supremo Tribunal Federal, e, interpretando-se que o vocábulo lei do art. 485, V, alcança a Constituição Federal, infere-se a possibilidade do ajuizamento da ação rescisória para a impugnação das sentenças de mérito que, embora tenham transitado em julgado, apresentam-se contrárias ao texto constitucional.

Superada a primeira parte da explanação acerca da viabilidade da ação rescisória, a celeuma quando ao cabimento desse instrumento persiste tendo em vista que esse meio se submete ao prazo de 2 anos para a sua propositura.

Dessa maneira, convém entender se o vício de inconstitucionalidade que inquina o julgado após o interregno de dois anos estaria convalidado, ou, se ainda assim, a propositura da ação rescisória seria o remédio processual cabível.

Para Angelo Miguel de Souza Vargas (2005, p. 223) o ajuizamento da ação rescisória com o escopo de expurgar a coisa julgada inconstitucional estaria adstrita somente

quando ocorresse a observância do prazo de 2 anos, uma vez que após esse tempo ocorreria a coisa soberanamente julgada.

Em sentido contrário, Francisco Barro Dias (apud GONÇALVES, 2006, p. 28), defende a não imposição do prazo em razão da lei violada apresentar caráter inconstitucional. Em consonância, Humberto Theodoro Júnior e Juliana Cordeiro de Farias (2002, p. 152) dissertam que a coisa julgada inconstitucional é nula e como tal não se sujeita a prazos para sua eliminação.

Reflita-se, assim, que dentro do prazo de 2 anos a doutrina e jurisprudência suavizam os rigores do cabimento do mecanismo rescisório e advogam pela incidência desse instituto. Entretanto, como bem alerta Alexandre Zamprogno (2003, p. 98), qualquer desconstituição de uma decisão judicial deve observar os meios e os ritos processuais previstos na legislação, razão pela qual a aplicação da ação rescisória fora do prazo subverte o instituto e caminha em descompasso com um processo fruto de Estado de Direito, respeitador dos instrumentos processuais que cria.

No documento Coisa julgada inconstitucional (páginas 66-74)