• Nenhum resultado encontrado

AÇÕES QUE COSTUMAM SER DESENVOLVIDAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO, NO ÂMBITO DO TRABALHO DOCENTE DE PROFESSORES

SUMÁRIO

FORMAS E/OU INSTRUMENTOS AVALIATIVOS UTILIZADOS POR PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE EPEM DE SANTA MARIA/RS

6.5 AÇÕES QUE COSTUMAM SER DESENVOLVIDAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO, NO ÂMBITO DO TRABALHO DOCENTE DE PROFESSORES

DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Com esta questão de pesquisa, pretendíamos alcançar as ações realizadas pela escola em que o professor participa, e também as ações realizadas pelo professor, para além do que já foi descrito até o momento neste capítulo.

Todos os professores entrevistados (P1, P2, P3, P4, P5 e P6) não tem procurado cursos de formação na área da Educação Física escolar e sinalizam que participam, principalmente, dos cursos de formação promovidos pela própria escola.

Quando o professor tenta buscar algum curso de formação para atualização, encontra dificuldades para encontrar cursos que sejam direcionados para a prática escola, como pode ser evidenciado na seguinte fala:

[...] faz tempo que não vejo curso pra Educação Física escolar. Acho que foi o ano passado ou esse ano que teve aquele, aquele grande de Educação Física que tem e eu olhei os cursos. É musculação, é ginástica, jump, é não sei o quê, e pra área escolar não tem, então eu não faço. [...] então eu acabo fazendo só o da escola. (P1)

A professora P2, que é supervisora do PIBID “Educação Física – Ensino Médio” na escola em que atua, salienta que tem participado principalmente de palestras, encontros, seminários e as formações oferecidas pelo PIBID. Além das formações facilitadas pela participação da professora como supervisora do PIBID, ela tem feito cursos de gestão para atender a demanda do cargo de vice-direção que também possui.

Dentro do calendário letivo da escola estão previstos cursos de formação promovidos pelo governo e realizados, geralmente, duas vezes por ano. São desses cursos que a professora P3 afirma participar sempre. E salienta que é bastante difícil participar de atividades formativas fora da escola uma vez que o professor não é

dispensado da escola para atualizar-se, ou seja, “ou tu faz no final de semana, ou tu

faz de noite, ou tu faz nas férias, porque não tem essa proposta de dispensa pra ti fazer o curso” (P3).

Além das atividades formativas, os professores indicam participar e/ou realizar atividades extracurriculares, como por exemplo, gincanas, interhorários, mostras pedagógicas, festa junina, festa gaudéria, festival de jogos, aulas temáticas, etc.

Devido à greve da categoria docente no segundo semestre do ano de 2017 e o atraso na entrega da quadra coberta, a professora P1 indica que foi um ano letivo bem atípico, pois não conseguiram desenvolver algumas atividades que desenvolvem todos os anos. A professora P2, que trabalha na mesma escola da professora P1, exemplifica que umas das atividades que seria desenvolvida na escola e foi planejada por todas as professoras de Educação Física era um Festival de Jogos, previsto para acontecer no dia seguinte à entrevista.

A professora P2 ilustrou, com sua fala, como seria esse dia de festival de jogos, que pode ser ratificado com o trecho a seguir:

[...] primeiro que os times são mistos [...] E não tem campeão, não tem pontuação, não tem nada. São só jogos! A gente vai disponibilizar jogos de modalidades, futsal, handebol, voleibol, basquete, nos três turnos da escola. E ali eles vão ter 10 minutos pra jogar contra outra equipe. E antes do jogo a gente vai estabelecer que as equipes escolham as regras que vão valer, por exemplo, vai jogar o time A contra o time B no vôlei, hã. O mediador, que a gente nem chama de árbitro, vai lá e vai perguntar: vocês querem que a gente cobre bandeja ou não? As equipes vão definir. Então pode ser que num jogo pode ser cobrada, no outro não. A gente vai dar autonomia pros alunos decidirem, sabe? Nesse sentido. E não vai ter aquela arbitragem, digamos, mais punitiva, mais que tu errou agora tu não vai mais, a gente vai fazer uma

abordagem mais educativa. Ah, no futsal ali tu errou, cobrou a lateral com a bola dentro da quadra, não, peraí, retorna e cobra de novo que a lateral é cobrada com a bola em cima da linha ou um pouquinho fora da quadra. Então a gente vai fazer uma coisa mais educativa, do que uma cobrança pra tá parando o jogo toda hora e tudo mais. E vamos utilizar os alunos no momento de cada jogo pra eles organizarem as regras que vão valer ou não. Então, eu acho que isso é muito importante também porque já entra na forma como a gente trabalha né, nas turmas. (P2)

A intencionalidade de um festival de jogos nesse formato apresentado pela P2, e que é resultado do planejamento conjunto também com a P1, é de mostrar aos alunos uma visão menos competitiva e excludente do esporte, bem como instigar os alunos a criarem uma cultura esportiva e levarem isso para a vida deles. Isso não quer dizer que as professoras P1 e P2 sejam contrarias à competição.

Levando em consideração a competição, P2 ressalta que a escola também tem equipes que participam de atividades como o JERGS (Jogos Escolares do Rio Grande do Sul) e o JESMA (Jogos Escolares de Santa Maria). Todavia, há aulas específicas para as equipes, com vistas no rendimento. Então, como ressalta P2,

[...] na hora de preparar as equipes, de jogar, a gente trabalha mais essa questão da competição, mais a questão de que a gente tem que ter né, uma motivação, um lado competitivo maior, separado das aulas de Educação Física em si. A gente deixa isso bem claro pra eles, que é uma coisa totalmente diferente da outra. (P2)

Em relação às competições escolares, P3 também evidenciou que participava do JESMA com equipes de vôlei, basquete, futsal, futebol de campo e bocha, porém, quando se aposentou de uma matrícula de 20 horas, passou essa parte para outro professor da escola.

Interessante ressaltar aqui ainda que essas atividades extracurriculares envolvem essencialmente professores de Educação Física para a sua organização e que o seu desenvolvimento pode, também, ter o auxílio dos professores de outras disciplinas. No início da atuação docente de P1, as atividades eram organizadas e desenvolvidas exclusivamente pelos professores de Educação Física, entretanto, com o passar do tempo, essa prática foi se modificando e, atualmente, todos professores tem um papel no desenvolvimentos dessas atividades. Nas palavras de P1:

E aí, vim montando a gincana há bastante tempo, mas daí depois quando entrei pra coordenação, aí as gurias entraram também na coordenação, e a gente começou a trabalhar de uma maneira diferente, não começou a dividir/setorizar né, nós começamos a nos envolver todos. Como é que vai ser a gincana, daí todo mundo trabalha junto na gincana, não é um que tem que pegar e montar e dizer a gincana tem assim, assim e assim, só

sobrecarregar, todo mundo trabalha junto, se envolve, nos jogos também todos se envolvem agora. A gente conseguiu, nisso a gente conseguiu pegar e juntar todos professores, né, e fazerem se envolver. Então, eu acho que melhorou, não ficou assim porque tudo que vinha de prático jogavam na professora de Educação Física, né. Multifuncional. [...] É atividade prática, vamos deixar o de Educação Física, ele se vira, ele sabe de tudo, né, e ele consegue! Ele faz! (P1)

Concordando com a afirmação anterior, entendemos que essas atividades podem contar com a contribuição de todos os professores das turmas e, ouso dizer que pode ser uma boa oportunidade para a tentativa de um trabalho em conjunto englobando as mais variadas disciplinas.