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O COMPONENTE CURRICULAR “EDUCAÇÃO FÍSICA” NO ENSINO MÉDIO

SUMÁRIO

3 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

3.5 O COMPONENTE CURRICULAR “EDUCAÇÃO FÍSICA” NO ENSINO MÉDIO

Na etapa de escolaridade do Ensino Médio, busca-se o desenvolvimento de jovens e adultos, a partir do aprofundamento e sistematização dos conhecimentos. Desse modo, “a Educação Física deve se justificar e se legitimar no contexto educacional, a partir de uma intervenção consciente dos seus profissionais, agindo para além das imposições legais, mas ao encontro dos compromissos epistemológicos e pedagógicos” (CORREIA, 2009, p.53).

Na pesquisa que configurou a tese de doutorado de Correia (2009), o foco esteve representado pela seguinte questão: “se não tivéssemos Educação Física no Ensino Médio, que diferença faria?” (p.185). A partir disso, Correia (2009) tentou estabelecer uma argumentação que justificasse a presença desta disciplina no Ensino Médio, uma vez que, entende que a Educação Física tem um papel como prática educativa no processo de escolarização, que vai além das exigências legais e formais das atuais políticas educacionais. No parágrafo que se segue, apresentamos alguns desses argumentos, nas palavras do autor.

Se não tivéssemos Educação Física no Ensino Médio restringiríamos as possibilidades de colocarmos aos jovens e adultos que se inserem nesse contexto da educação formal, a experiência de analisarem criticamente, por meio de conhecimentos sistematizados e aprofundados, as múltiplas representações e significados atribuídos às diferentes manifestações corporais de movimento presentes na sociedade contemporânea. [...]. Nessa mesma perspectiva, se não tivéssemos a participação desse componente curricular, poderíamos, provavelmente, reduzir as oportunidades de reavaliar sistematicamente as próprias concepções de corpo e movimento que o educando interiorizou ao longo da sua experiência individual e coletiva. Para tanto, é imperiosa a disponibilização de conhecimentos teóricos e práticos que destaquem que as práticas corporais e de movimento são portadoras de dimensões econômicas, políticas, socioculturais, históricas, filosóficas, ecológicas, psicológicas, biológicas e outras, sinalizando ao corpo/cidadão adolescente, jovem e adulto, a complexidade inerente ao universo da cultura corporal de movimento. (CORREIA, 2009, p.185-186).

Uma pesquisa realizada em 2013 por Dias e Correia, apontam para um número reduzido de artigos produzidos que remetem-se ao universo da Educação Física no Ensino Médio (em torno de 10,80% da produção total no campo da Educação Física escolar). E, este número representaria, na produção total, uma percentagem de 1,06% de artigos referentes à temática da Educação Física no Ensino Médio (DIAS; CORREIA, 2013, p.282).

Ou seja, aparentemente, há um investimento restrito para o desenvolvimento da produção de conhecimento acadêmico-científico no campo da Educação Física no Ensino Médio. E considerando o fato de o Ensino Médio ser o ciclo de encerramento da Educação Básica, que compreende a educação de adolescentes que em breve iniciarão a vida adulta, acreditamos que o Ensino Médio mereceria uma investigação mais ampla, quantitativa e qualitativamente falando. (DIAS; CORREIA, 2013, p.283).

Segundo um estudo de revisão de literatura realizada por Matos et al (2013, p.131), em periódicos acadêmico científicos, sobre os conteúdos de ensino da Educação Física, embora haja uma leitura sobre a necessidade da ampliação do debate sobre conteúdos de ensino, o Esporte continua sendo privilegiado pelos autores. Isto quer dizer que, de acordo com esta pesquisa, a maioria dos trabalhos, trata dos esportes.

Acerca disso, podemos evidenciar os achados de Pereira e Silva (2004, p.70), em sua pesquisa sobre os conteúdos de Educação Física desenvolvidos e registrados no Ensino Médio da rede de ensino do Rio Grande do Sul (RS), identificaram que o esporte era hegemônico, pois, 76,1% dos registros em diários de classe compreenderam conteúdos esportivos, recreativos e competitivos. Dentre estes se destacam o futsal, o voleibol, o handebol, o basquete, o atletismo e a ginástica artística, nesta ordem de registro, do maior para o menor.

Nesta mesma pesquisa, ficou evidente que a ginástica raramente era desenvolvida durante as aulas de Educação Física. E quando a ginástica era registrada nos diários de classe tinha pequena duração, pois esta era reduzida a períodos de aquecimento e alongamento, isto é, como atividade preparatória para a prática esportiva. Já a recreação compreendia geralmente esportes de quadra, nos denominados “dias livres”. Todavia, embora apareçam elementos da ginástica e de recreação, os conteúdos esportivos, principalmente o futsal e o voleibol, são os conteúdos mais registrados, independentemente da realidade educacional.

Sobre as avaliações, a pesquisa de Pereira e Silva (2004, p.71) assinala que, houve poucos registros nos diários de classe e que, em torno de 70% dos professores, das três redes de ensino, registraram, durante todo o ano letivo, a ocorrência de apenas uma ou nenhuma avaliação.

4 CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICO-CIENTÍFICA SOBRE ATUAÇÃO DOCENTE EM EDUCAÇÃO FÍSICA VEICULADAS EM PAC NACIONAIS/BRASILEIROS

Este capítulo tem o intuito de apresentar um panorama acerca da produção científica sobre a atuação dos professores de Educação Física. André (2009, p.43) declara que estudos que fazem uma análise da produção acadêmica de uma determinada área e em determinado período, tem se mostrado muito produtivo para revelar temáticas e metodologias priorizadas pelos pesquisadores, fornecendo bons elementos para aperfeiçoar a pesquisa em um determinado campo do saber.

Este panorama foi feito por meio de um Estudo de Revisão de Literatura Especializada - ERLE, com base na produção acadêmico-científica veiculada em periódicos acadêmico-científicos (PAC) nacionais/brasileiros com estrato A1, segundo a Classificação de Periódicos do Quadriênio 2013-2016, disponível na plataforma Sucupira nas áreas de avaliação de Educação, Ensino e Educação Física.

Catani, em 1996, já evidenciava que:

De fato, as revistas especializadas em educação, no Brasil e em outros países, de modo geral, constituem uma instância privilegiada para a apreensão dos modos de funcionamento do campo educacional enquanto fazem circular informações sobre o trabalho pedagógico e o aperfeiçoamento das práticas docentes, o ensino específico das disciplinas, a organização dos sistemas, as reivindicações da categoria do magistério e outros temas que emergem do espaço profissional. (CATANI, 1996, p.117).

Concordamos com a autora acima que estudos de revisão de literatura podem contribuir para a descrição da produção acadêmico-científica de um determinado assunto, e o periódico constitui-se como uma fonte privilegiada para tal. Por este motivo utilizou-se como fonte para coleta de informações, para este estudo, periódicos acadêmico-científicos. A seguir, apresentamos um detalhamento dos procedimentos utilizados para a realização deste ERLE sobre atuação docente em Educação Física.

4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS UTILIZADOS PARA A REALIZAÇÃO DO