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A ênfase no valor da Música

PRESIDENTE PRUDENTE

3.3 A ênfase no valor da Música

A música na IPIC ocupa espaço de proeminência. A música é tida como instrumento de valor no que tange ao ato cúltico à divindade, como ao ensino das crenças religiosas aos seus adeptos. Tal afirmação é postulada por sua liderança pastoral da seguinte forma23:

―CANTEM AO SENHOR UM NOVO CÂNTICO, CANTEM AO SENHOR TODOS OS POVOS‖ Salmos capítulo 96:1. Fomos criados para louvar a Deus e em todos os dias de nossa vida, adorá-lo com toda a nossa Força. Esta é a razão de nossa existência e o grande propósito de nossa vida: a glória de Deus. Podemos cumprir este propósito de muitas maneiras e Formas. Sem dúvida a música está entre os meios mais utilizados para expressar o louvor, a glória e exaltação ao Senhor. O povo de Deus é um povo que canta para adorá-lo. A igreja de Cristo canta para reconhecer a majestade de seu Senhor. Sendo a música parte integrante do culto cristão, queremos então, através deste livro de cânticos, facilitar o louvor e exaltação em nossas reuniões. Queremos cantar mais e melhor para Deus e assim expressar com alegria e simplicidade nossa atitude de adoradores. Foram selecionadas várias canções de muitos estilos e épocas, para que as células tenham liberdade na escolha e execução das músicas. Colocamos este livro à disposição de todos os que desejam adorar e louvar. Crianças e adultos, jovens e anciãos. Louvor e adoração... Fomos criados para isto! (Equipe Pastoral)

3.3.1 A eclesiologia musical

Quanto à captação da eclesiologia, vida religiosa musical na IPIC para a elaboração deste trabalho, esta foi realizada de acordo com o delineamento da pesquisa, tendo sido utilizado de entrevistas, questionários, fotografias, boletins, site, compêndios confessionais da IPIC e observações participantes.

A captação dos dados referentes à musicalidade deu-se no período do mês de dezembro do ano de 2015 ao mês de novembro do ano de 2016 com a autorização do pastor líder geral da igreja, e, consequentemente com o apoio obtido

23 Disponível em:< http://www.ipicprudente.org.br > Acesso em 15 Set. 2016

pelo autor, junto ao pastor responsável pela área da música, e, consequentemente dos músicos, de outros membros em geral (não músicos), e da secretária da igreja.

A captação realizada nas visitas, observações, entrevistas e questionários, seguiu roteiro exigido de trabalho cientifico que deve ser baseado em uma metodologia, conforme defendido por Greschat (2005, p. 80):

O elemento ―personalização‖ da Ciência da Religião trata-se de uma atitude que atinge tanto o objeto pesquisado quanto o sujeito pesquisador, fazendo com que ―nós‖ nos aproximemos ―deles‖ com um espírito pessoal, superando, dessa forma, as limitações de um estudo impessoal e frio. O estudo da religião é um estudo de pessoas. Nosso conhecimento sobre religiões alheias é enriquecido pelo encontro vivo com seus adeptos.

Os sujeitos da pesquisa formam a população estudada, que é definida por Vergara (1997, p. 48) como sendo "o conjunto de elementos que possuem as características que definem o objeto de estudo". Portanto, da população total da IPIC Presidente Prudente, extraiu-se a amostra que segundo o autor uma parte do universo (população) escolhido foi segundo o critério de representatividade.

Vergara (1997, p. 48) afirma que existem dois tipos de amostra, a probabilística que é a baseada em procedimentos estatísticos, e a não-probabilística. Neste caso, trata-se de uma amostra não-probabilística, selecionada por tipicidade. Esta forma de seleção da amostra definida por Vergara (1997, p. 49) como sendo "constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos da população-alvo, o que requer profundo conhecimento dessa população". O mesmo autor (VERGARA, 1997), diz que os sujeitos da pesquisa são as pessoas que fornecem os dados de que o pesquisador necessita. Sendo assim, dentre os trinta e cinco músicos da IPIC, a amostra selecionada foi de onze para a realização de entrevistas e questionários — trinta e um por cento da população de músicos.

Dentre os cinco líderes de grupos musicais existentes na igreja, foram escolhidos quatro para serem os participantes do projeto, oitenta por cento da

população de músicos. Visto que desta liderança, um é o pastor líder geral, e quatro são líderes dos quatro grupos musicais mais atuantes nas reuniões cúlticas da IPIC.

Dentre a população num total de seiscentos e cinquenta foram contatados cento e quarenta e oito sujeitos (não músicos) para serem participantes do projeto, dos quais foram selecionados sessenta e cinco diante do feedback dos questionários enviados – quarenta e três por cento da população contatada, superando a média calculada por Marconi e Lakatos (1999) que dizem que os questionários geralmente alcançam vinte e cinco por cento de devolução. Portanto, nesta pesquisa a quantidade de questionários devolvidos alcançou as estimativas do pesquisador.

Se o pesquisador estiver convencido de que o processo de coleta de materiais ganhará em profundidade, extensão e credibilidade na medida em que participar ativamente do cotidiano que marca a realidade investigada, essa pratica caracterizará uma observação participante.

As imagens fotográficas a seguir mostram em tempo real e em dias e horários diferentes as reuniões cúlticas da IPIC ocorrendo no templo - local de maior concentração da igreja; no salão de festas - espaço com reuniões especifica para os adolescentes e jovens, e nas residências dos participantes de grupos em células, bem como as entrevistas realizadas com músicos e líderes, ora nas dependências do prédio da IPIC ora nas residências de alguns dos entrevistados.

Segundo Barthes (1984), em sua obra literária A Câmara Clara, ao postular sobre a busca do significado da fotografia, seus segredos e efeitos no espectador, afirma sobre: ―a essência da imagem e o Punctum, aquilo que atinge e nos comove em uma fotografia‖. O mesmo autor (BARTHES, 1984, p.49-51), acredita também que ―a fotografia é uma mensagem codificada e que fornece de imediato detalhe que constituem o próprio material do saber etnológico‖. Sendo assim, sob tal postulação Barthesiana o pesquisador decide inserir registros fotográficos na presente pesquisa, uma vez que as mesmas poderiam revelar questões relacionadas à própria característica do sujeito visado. Para conhecer a eclesiologia no momento em que se usa a música na IPIC, e o comportamento social como um todo, adotamos também as imagens como instrumento teórico que orientariam o olhar durante o trabalho. Assim, somariam com os relatos das entrevistas e questionários, os comportamentos, gestos, atos e, em especial, a relação que os sujeitos da IPIC estabelecem com a música. A documentação visual, nesse caso, é fundamental e necessária para analisar seus elementos. Portanto, a importância do trabalho fotográfico ao longo da pesquisa sobre a música e sua influência na IPIC, deve-se ao fato de extrair delas as hipóteses e argumentos construídos a respeito da influência musical nos sujeitos. Sendo assim, vale ressaltar a presença do pesquisador nas fotografias, legitimando sua vivência ―in loco‖ no objeto de estudo junto aos seus sujeitos.

FOTOGRAFIA 2: Grupo de louvor da IPIC, 2016

Um dos Grupos de louvor que atuam nas reuniões cúlticas da IPIC, com os instrumentos musicais (bateria, contrabaixo, guitarra, violão, teclado) e vocais.

As imagens fotográficas a seguir com numeração de 3 a 6 mostram a reunião cúltica que acontece com maior frequência aos domingos ás 19h00, voltada a todas as idades.

Todas as letras das músicas cantadas em todas as reuniões cúlticas, bem como as cifras musicais com suas tonalidades, foram captadas mediante observações ―in loco‖ do autor, bem como pelo do auxilio dos líderes musicais que solicitamente forneceram as cifras que posteriormente foram conferidas no Caderno de Cânticos da IPIC. Vale ressaltar que foi realizada a análise das crenças e tonalidades musicais implícitas e explícitas na musicalidade da IPIC de Presidente Prudente, conforme registrado mais a frente neste capítulo.

FOTOGRAFIA 3: Reunião Cúltica no domingo à noite no Templo da IPIC, 2016

FOTOGRAFIA 4: Reunião Cúltica no domingo à noite no Templo da IPIC, 2016

FOTOGRAFIA 5: Reunião Cúltica no domingo à noite no Templo da IPIC, 2016

FOTOGRAFIA 6: Reunião Cúltica no domingo à noite no Templo da IPIC, 2016

Na reunião cultica conforme registros fotográficos de número 3 a 6, que ocorre aos domingos às 19h00, foi constada a presença de um público aproximado de quatrocentos e cinquenta pessoas. Grupo musical composto por cinco pessoas, fazendo uso dos instrumentos musicais (violão, guitarra, contrabaixo e bateria).

Vocal composto por dois músicos. O dirigente líder do grupo musical realizou oração na passagem de um cântico para outro; falava frases curtas ligadas a letra do cântico. O tempo utilizado para a música foi de vinte e cinco minutos. A prédica (mensagem bíblica) realizada pelo pastor teve o tempo de trinta e cinco minutos.

Quanto às expressões gestuais (levantar de mãos, fechar de olhos, abaixar e levantar de cabeça), captadas nas imagens fotográficas produzidas pelo autor, ocorrem no período das músicas, segundo o ―ethos‖ já postulado em capítulos anteriores, revelando seu poder de influência que é estereotipado por parte dos sujeitos. Há de se ressaltar na tabela abaixo a relação do tempo (em minutos) com as atividades da reunião cúltica, que se divide em música, prédica (mensagem bíblica), e outros (orações, avisos, apresentação dos visitantes):

TABELA 1: Relação das atividades por minutos na reunião cúltica que ocorre domingo à noite: