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O uso da música na Reforma Protestante

FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA TEOLÓGICA

2.2 O uso da música na Reforma Protestante

A abordagem da música no processo da Reforma Protestante tem como objeto maior mostrar sua presença e importância no percorrer da história eclesiástica segundo algumas postulações de alguns reformadores.

Segundo Wanderley (1980, p.7), ocorreu ―no século II a supressão do cântico congregacional do serviço religioso cristão oficial, pelas ―constituições apostólicas, vindo a excluir a participação leiga no cantar das músicas no serviço cúltico, quando apenas o clero exercia o cântico em sua totalidade‖. Com o movimento da Reforma (WANDERLEY, 1980, p. 17), fala do duplo reflexo na sociedade da época, quando:

[...] ocorreu não só o retorno da música, cântico congregacional nos serviços religiosos cristãos oficiais, mas também o levar a música a ocupar espaço, lugar de grande influência a partir deste período (séc.

XVI), quando a música foi instrumento de grande influência em todo o processo da Reforma, sendo utilizada pelos seus grandes articuladores Lutero, Calvino e outros. E em seguida pelos vários movimentos (pietista na Alemanha, o avivamento wesleyano, de Finney, campanhas de Moody).

Hustad (1991, p. 126,127) diz que ―coube aos reformadores do século XVI restabelecer a participação congregacional como fundamento da adoração litúrgica oficial. Os objetivos de Lutero e Calvino eram totalmente de cunho pedagógico, em seus hinos‖.

2.2.1 Estilos Musicais Religiosos na Igreja do Século XVI

Segundo Faustini (1981, p. 11), a participação musical da congregação dos fiéis no culto aconteceu com a reforma do século XVI. ―Momento este, em que ganham espaço na comunidade religiosa cristã‖. O mesmo autor (1981, p. 12) menciona alguns tipos de músicas:

(a) a Música Gregoriana, tida como o tipo mais puro de música na Igreja. (b) O Moteto Polifônico, música erudita. (c) O Coral Alemão, músicas simples, contendo estrofes surgem do esforço de Lutero a fim de que o povo tenha facilidade no cantar. (d) Salmos metrificados, semelhante aos corais; surgem do esforço de Calvino em Genebra para os crentes terem facilidade de cantar os Salmos da Bíblia em poesia métrica, (e) Música Anglicana, desenvolvida na Inglaterra. (f) Música Religiosa Russa, caracterizada pelos baixos, muito graves. (g) Música ou canção evangelística que é a mais popular de todas […], de fácil aprendizado e apreciada pelo povo, com letra mais pessoal, emotiva.

Ewing (1956, p. 13–16), dentre esses tantos estilos musicais, menciona seus articuladores e sua utilização estimulada pelos reformadores protestantes, destacando alguns, como: meio dos seus hinos. Teve como propósito traduzir os salmos, cânticos para a língua do povo (alemão) a fim de participarem do culto - serviço religioso (cantando) congregacionalmente. O mesmo autor (EWING, 1956), refere-se a Lutero a autoria em 1528 do famoso hino, que nasce em meio a efervescência da Reforma:

―Castelo forte é nosso Deus‖, baseado no salmo 46, o reformador atribui a ideia e ensino de que a divindade pertence todo o poder de proteção aos seus fiéis. Este hino passa a ser cantado pelo povo, tornando-se um marco em toda a Alemanha. Suas composições não param, e atingem a publicação de 21 hinários, estes, com músicas de fácil acesso ao povo.

Wanderley (1980, p. 8) fala da força da música de Lutero, que realizou mais pela nova Comunidade Religiosa – Igreja que se seus próprios escritos e sermões.

O reformador cuidou do canto congregacional e incentivou novos compositores a ter apreço pela evolução nas técnicas musicais. O mesmo autor (1980, p. 7), fala de toda essa atuação de Lutero, que veio contra as constituições apostólicas do século II, em que foi suprimido o canto congregacional. Dessa forma, a congregação de fiéis volta a ter participação musical no Culto – serviço religioso cristão na Igreja, ao mesmo tempo em que Lutero luta pela tradução das Escrituras para o alemão e também cantar em alemão em lugar do latim, com melodia, músicas mais acessíveis ao povo.

Keith (1960, p. 58) afirmou que Lutero:

[...] deu ao povo alemão não somente a Bíblia na sua própria língua, mas o hinário também [...] Ele cria que a música era uma dádiva boa e benévola de Deus e não hesitou em usar qualquer melodia ou cântico digno nos seus cultos.

2.2.1.2 João Calvino

Segundo Labruine (1990, p. 221) afirma que: ―João Calvino foi outro grande influente reformador do século XVI. Este é, entre os presbiterianos, considerado como o mais significativo representante da Reforma‖. O mesmo autor (1990, p.223), refere-se a Calvino como alguém que acreditou e confiou à música o seu lugar na história, reconhecendo seu poder de influenciar o ser humano, ao dizer:

Na verdade conhecemos por experiência que o canto tem grande força e vigor de comover e inflamar o coração dos homens […]. É própria para recrear o homem e transmitir-lhe volúpia, (ainda volúpia artística), a música é, ou a primeira, ou uma das principais; e precisamos entendê-la como um dom de Deus, destinado a esse uso.

Conforme Labruine (1990, p. 233-225) o hinário ―Saltério‖ (psautier em francês), utilizado já nos início de suas atividades pastorais em Genebra, meados de 1536, por vez fora grande ferramenta usada pelos reformadores e pela igreja para conversão de milhares de pessoas (hinário de João Calvino). Este hinário era composto de Salmos bíblicos em língua francesa. Calvino propôs, juntamente com Farel, aos conselhos de Genebra que autorizassem o cântico pela congregação dos fiéis. Entre as grandes influências deste hinário, mencionamos seu uso como bandeira empunhada pelos mártires huguenotes e pelos milhares que morreram queimados. O mesmo autor (1990, p. 225), fala da influência musical nas comunidades religiosas protestantes históricas da Europa, ressaltando ―a emoção vivenciada por muitas pessoas que visitavam a Catedral de ―Saint Pierre‖, paróquia genebrina pastoreada por Calvino, com o intuito de ouvir e entoar os cânticos dos salmos, contidos no Hinário de Calvino‖.

Os reformadores Calvino e Zwinglio, diferente de Lutero, não primavam pela estética musical, mas sim pela simplicidade. Deram grande importância aos Salmos (SCHAEF, 1964, p. 19).

Um grande diferencial existente entre o culto protestante histórico e o culto das igrejas romanas foi a presença de cânticos nas congregações protestantes.

Prática esta, desde o início, estimulada pelos reformadores protestantes. O estabelecimento das missões protestantes fora acompanhada de hinos e a música sacra.