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A música Sacra Europeia na Igreja evangélica brasileira

FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA TEOLÓGICA

2.4 A música Sacra Europeia na Igreja evangélica brasileira

A abordagem neste tópico será de sínteses específicas quanto à música que acompanha a inserção do Protestantismo no Brasil, como base de relatos históricos, em especial, a música no Brasil e sua importância nas reuniões cúlticas nas comunidades religiosas.

Entendem-se aqui por igrejas evangélicas, igrejas que tiveram suas raízes na Reforma Protestante, impulsionada por Martinho Lutero, na Alemanha em1517.

Em solo brasileiro a musica também se apresenta com forte influência a divulgação dos dogmas, crenças religiosas dos protestantes e católicos em tempo de colonização.

Braga (1961, p. 49 – 50), relata a ação dos Holandeses no século XVII, em atividade evangelística, quando da divulgação de suas crenças religiosas, desenvolve-se em Pernambuco, seu primeiro Culto – serviço religioso à divindade, que conforme o uso da Igreja Reformada ―constou de prédicas, hinos e orações. Foi entoado o hino, Salmos 140, antes e depois da prédica (sermão). Sua música foi trabalhada pelo grande músico renascentista francês, Claudio Goudimel‖. O mesmo autor (1961, p. 58 – 64) menciona que:

―Desde o século XVII passa-se a desenvolver o gosto pela música entre os pernambucanos no Brasil, chegando a importar órgãos eletrônicos para as comunidades religiosas – igrejas protestantes no Brasil‖. A música sacra protestante passa a fazer parte do meio religioso cristão em terras brasileiras. Com a restauração do governo português, no século XVII, os Holandeses são obrigados a retornarem para à Europa; os templos de Olinda e Recife foram transformados em igrejas católicas romanas; interrompendo-se assim aquele período de música sacra-protestante no Brasil. Neste mesmo período, inicia-se a fabricação de órgãos (instrumento musical) em Olinda, através das instalações de Oficinas, visando servir as comunidades religiosas – igrejas protestantes, tanto as locais quanto da Bahia, e mais adiante, as fabricações de instrumentos de sopro e cordas.

O estabelecimento de Igrejas Protestantes no Brasil dá início à produção de Hinários com o uso de Salmos em seus Cultos, (BRAGA, 1961). Decorrendo daí o desenrolar da permanência da música sacra protestante, no canto congregacional.

O mesmo autor (1961, p. 294-295) salienta que:

Logo iniciariam as traduções, adaptações e trabalhos de compositores evangélicos nacionais. Com tudo isto ocorrendo, paralelamente, a busca pelo aperfeiçoamento musical é algo que passa a fazer parte dos cultos, reuniões religiosas congregacionais, momento em que surgem os dirigentes da música; papel desempenhado por pessoas especialmente preparadas em música sacra.

Monteiro (1991, p. 27-30), discorre sobre os vários hinos dos religiosos protestantes que surgem no Brasil, com base nos cânticos evangélicos (séc. XIX), com vários nomes, entre eles: ―Salmos e Hinos (1861, Psalmos e Hymnos), Cantor Cristão, Hinário Luterano, Episcopal, do povo [...] destacando o Hinário Presbiteriano: Novo Cântico, editado em 1981, pela Igreja Presbiteriana do Brasil, com seus 400 cânticos, oriundos dos hinários mais conhecidos entre os evangélicos‖.

Segundo Braga (1961, p. 298-300), a influência da música nas comunidades religiosas protestantes alcançam outras esferas como a da Educação, promovendo assim o ensino, além de atingir também a área social. ―A música passa a fazer parte das Escolas Dominicais, Institutos Bíblicos, Seminários Teológicos, Colégios, Lares de menores, Hospitais e Escolas de Enfermagem‖. Tudo isto, visando facilitar a assimilação de textos que foram musicalizados, bem como utilizados para o refrigério do ser humano, trazendo dignidade às pessoas assistidas nas casas, lares.

A mesma autora (1961, p. 304-306), menciona ―o surgimento no decorrer dos anos, de escolas de Educação musical evangélica pertencente às comunidades religiosas protestantes, e as suas Associações de Corais‖.

Os Salmos e Hinos foram organizados pelo casal Robert e Sara Kaley, quando estes chegam ao Brasil (1859), enviados pela Board of Missions da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, para auxiliarem no trabalho missionário através de seus conhecimentos musicais (BRAGA, 1961), concretizando o trabalho

missionário desenvolvido pelos presbiterianos, que fora ricamente auxiliado, acompanhado de músicas nos cultos. Hoje os Salmos e Hinos (traduções, composições), uma mistura de Presbiterianos, Metodistas, Batistas e outros, serviram como base para os protestantes em seu trabalho missionário.

A teologia dos avivamentos religiosos do século XIX, fora um verdadeiro ecletismo, no seu desenrolar por vários temas religiosos. Em seu livro A crise Protestante no Brasil, Mendonça (1985, p. 29), faz uma análise teológica de alguns hinos e cânticos, cantados no decorrer da história da comunidade religiosa - Igreja, no qual o mesmo fala que:

Como os avivamentos religiosos, quase sempre são produtos de épocas de crise de todos os tipos, a teologia dos hinos reflete uma profunda descrença na capacidade humana para criar uma sociedade feliz, preferindo projetar o Reino de Deus para um futuro a-histórico.

Quanto à fé explícita nos cânticos, (MENDONÇA, 1995) em seu livro O Celeste porvir, analisa os Salmos e Hinos, e chega à conclusão que existem ênfases em vários cânticos que apontam para um individualismo; no qual os cânticos, na sua maioria são dispostos na primeira pessoa do singular; consequentemente não se trabalha a visão do coletivo, o sentido de povo como predominante.

E passa a classificá-los em cada um de seus movimentos, dentre os quais:

2.4.1 O Pietismo

Com características individualistas no cultivo da vida religiosa, o mesmo autor (1995, p. 226) fala da ênfase na experiência pessoal com a divindade, sendo esta, ainda tratada como teocêntrica. Compreende-se no meio religioso protestante que tem a pessoa de Cristo como seu messias, o elevado número de cânticos com ênfase no seu sofrimento vicário, exaltado com grane emoção. Como demonstra o cântico abaixo:

Por MEUS delitos expirou Cristo, a vida e luz O MEU castigo ele esgotou

Na ensanguentada cruz.

O mesmo autor (1995, p. 226), trata o Pietismo como propício para uma vida religiosa de clausura, particularizada, na busca da comunhão com o Cristo, que o leva à negação do mundo e ao desprezo dos prazeres da vida. Vide o cântico abaixo.

Quem está ao lado do bom Salvador, Pronto a dedicar-se hoje ao seu Senhor?

TUDO abandonando pra Jesus seguir […].

2.4.2 Protestantismo Peregrino

Com ênfase embasada em sua expectativa da vida no céu, o porvir, negando assim, expectativa de vida na terra (MENDONÇA, 1995, p. 229).

Como demonstra a letra abaixo:

Pacientes podemos penar, Se sofremos por nosso Jesus ---x---

Da linda pátria estou bem longe;

Cansado estou.

Eu tenho de Jesus saudade;

Oh! Quando é que vou!

2.4.3 Protestantismo Guerreiro

Segundo Mendonça (1995, p. 232), há ênfase no triunfalismo, incentivados pelo Exército da Salvação, em plena efervescência das ―missões cristãs‖ (1878).

―Cânticos em ritmos populares à semelhança dos avivamentos refletem o espírito de guerra; uma visão salvacionista‖. Ideologia guerreira do protestantismo. Como demonstra o exemplo abaixo:

Avante! Avante! Ó Crentes Soldados de Jesus!

Erguei seu estandarte, Lutai por sua cruz!

---x--- Moços, declarai guerra contra o mal

Exaltai a cruz do Salvador;

Embora o protestante comum não expressa enfaticamente o seu espírito polêmico nos cultos como nos seus cânticos, intelectualmente, o anticatolicismo cria esta autoidentificação.

2.4.4 Protestantismo Milenarista

Neste ponto, o mesmo autor (1995, p. 238), menciona a ênfase no fatalismo, um misto de esperança e de nostalgia por um estado perdido. Uma alegria tristonha:

Cantaremos no belo país, Melodias de Santo ardor;

---x--- Tenho lido dos belos palácios Que Jesus foi no céu preparar

A pretensão desta análise é para que se percebam tipos de cânticos presentes e cantados nos cultos das comunidades religiosas protestantes brasileiras, e compreender qual o seu lugar na Igreja Presbiteriana Independente em Presidente Prudente, após a percepção do espírito destes em seu conjunto. Sendo que no capítulo da fundamentação contextual são mostradas as músicas cantadas na IPIC de Presidente Prudente e consequentemente suas crenças.