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A Escola Agrícola através das práticas agroecológicas desenvolvidas no espaço escolar propõe a formação técnica e humana de jovens camponeses que estão optando por permanecer em suas comunidades sem perder suas raízes culturais e com uma formação que lhes permite o bem viver campo. De acordo com Souza (2015, p.40):

A proposta de convivência apresenta-se como um percurso a ser trilhado pelas comunidades rurais, no sentido de dar a elas a oportunidade de se ‘reapro- priarem’ dos bens da natureza semiárida como garantia de sustentabilidade socioeconômica e de vida. A convivência traz em si a ideia de integrar os saberes construídos historicamente e de forma empírica àqueles advindos da contemporaneidade. Ao fazer essa integração a "convivência"incorpora e redi- mensiona os sentidos e significados do que seja a natureza semiárida, proporci- onando o desenvolvimento de um projeto (re)orientado pelo conhecimento das especificidades, fragilidades e potencialidades do semiárido.

Segundo Jesus (2007) este modelo de escola tem um projeto voltado especificamente para as populações campesinas e consolidou-se por acreditar "no homem do campo e na possi- bilidade de promover uma educação diferente que resgata o valor da terra, que une formação técnica profissional à formação humanista e que torna o agricultor familiar auto – sustentável." A EFA Dom Fragoso objetiva promover uma formação integral e contextualizada dos jovens camponeses propondo seu protagonismo a partir de tecnologias apropriadas para a convivência com o semiárido almejando o bem viver no sertão cearense. Compreende-se como um desafio encontrar novos caminhos para a agricultura, sobretudo se este conjugar uma relação íntima com o meio, a escola do campo tem buscado uma agricultura sustentável através de práticas que possuem suas bases na Agroecologia que de acordo com Altieri (2004, p.23):

Fornece uma estrutura metodológica de trabalho para a compreensão mais profunda tanto da natureza dos agroecossistemas como dos princípios segundo os quais eles funcionam. Trata-se de uma nova abordagem que integra os prin- cípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo. Ela utiliza os agroecossistemas como unidade de estudo, ultrapassando a visão unidimensional – genética, agronomia, edafologia – incluindo dimensões ecológicas, sociais e culturais.

Hecht (1999) ao discorrer sobre a evolução do pensamento agroecológico afirma que o surgimento do termo agroecologia data da década de 1970, contudo os princípios agroecoló- gicos são tanto antigos como o surgimento da agricultura. A agricultura para ser sustentável envolve muito mais recursos que somente o próprio cultivo. Esses sistemas de produção foram desenvolvidos para diminuir os riscos ambientais e econômicos e manter a base produtiva da agricultura através do tempo.

A herança agrícola ao longo do tempo teve pouca importância para as ciências agronômicas formais, reflexo do preconceito que alguns investigadores estão querendo eliminar. Hecht (1999) aponta três processos históricos contribuíram para tornar inferior o conhecimento agroecológico desenvolvido por grupos étnicos locais: 1) a destruição dos meios de codificação, regulação e transmissão das práticas agrícolas. 2) A dramática transformação de muitas socieda- des indígenas no ocidente e os sistemas de produção em que se baseavam como resultado de um colapso demográfico, da escravidão e do colonialismo e dos processos de mercado. 3) O surgimento da ciência positivista.

Historicamente o manejo da agricultura incluía sistemas ricos em rituais e símbolos que com frequência serviam para regular as práticas de uso da terra e para codificar o conhe- cimento agrário dos povos analfabetos. Muitos desses cultos sofreram perseguição católica alegando serem estes cultos de bruxaria. Este processo juntamente com a escravidão e as doenças levadas pelos colonizadores serviu para dizimar os povos nativos e suas culturas, assim como os rituais de cultivo da terra.

Finalmente quando os exploradores falaram positivamente do uso da terra pelos nativos foi difícil traduzir para uma visão não folclórica e socialmente aceitável. A ciência positivista que eclodiu no século XVIII juntamente com o pensamento iluminista, que se pautava na razão e na racionalidade técnica, alterou a discussão sobre o mundo natural. Essa visão mudou a perspectiva sobre a natureza que passou a ser vista como uma máquina.

Desta forma, como a agroecologia consegui emergir? Hecht (1999) afirma que ela surgiu como resultado dos cientistas que queria estudar o que os camponeses já sabiam

sobre a natureza. Em alguns casos esses só queria validar e explicitar, contudo não pensaram em melhorar as técnicas que já haviam sendo desenvolvidas há algum tempo. As tecnologias preexistentes têm uma importância crítica na compreensão da natureza.

A agricultura para ser sustentável precisa assemelhar-se o quanto mais possível ao ecossistema original em estrutura e função. "O objetivo é trabalhar e alimentar sistemas agrícolas complexos onde as interações ecológicas e sinergismos entre os componentes biológicos criem, eles próprios, a fertilidade do solo, a produtividade e a proteção das culturas."Altieri (2004, p.23) Uma grande influência para o pensamento agroecológico é a que procede dos esforços da investigação de antropólogos e geógrafos dedicados a descrever e analisar as práticas agrícolas e a lógica dos povos nativos e campesinos. Esses estudos se preocupavam com o uso dos recursos naturais e manejo do solo da área agrícola, com base na agricultura de subsistência, esses trabalhos se concentravam em investigar como os povos nativos explicavam a agricultura de subsistência e em como as mudanças sociais e econômicas afetam os sistemas de produção. Esta análise cientifica do conhecimento local tem sido uma importante ferramenta para reavaliar pressupostos dos modelos de conhecimento colonial de desenvolvimento. Hecht (1999) afirma que os trabalhos desenvolvidos por Richards (1939) e Conkin (1956) vieram para quebrar o paradigma de que a agricultura nativa é de inferior qualidade e desordenada. Já que esses trabalhos apresentaram modelos de povos nativos que desenvolviam práticas agrícolas complexas de policultivo com base agroecológica. Assim compreende-se que o estudo de sistemas agrícolas nativos tem proporcionado através de pesquisas alternativas para o desenvolvimento de hipótese e sistemas de produção para a agroecologia. Desta forma o estudo de sistemas nativos tem se tornado fundamental para o desenvolvimento do pensamento agroecológico.

A agroecologia para Hecht (1999) embora venha a significar várias coisas, esta frequentemente incorpora ideias sobre a agricultura ligada ao meio ambiente e que traz uma relação com questões sociais. A agroecologia não está centrada somente na produção agrícola, mas também na sustentabilidade ecológica dos sistemas de produção. Num sentido mais restrito a agroecologia seria o estudo dos fenômenos ecológicos dentro do campo de cultivo.

De acordo Altieri (2004) a produção sustentável em um ecossistema agrícola deriva do equilíbrio entre os organismos coexistentes na natureza como plantas, solos, nutrientes, luz solar, umidade e outros. O agroecossistema é produtivo e saudável quando essas condições de crescimento ricas e equilibradas prevalecem, e quando as plantas permanecem resiliente de modo

a tolerar estresses e adversidades. Na agroecologia, a preservação e ampliação da biodiversidade é o primeiro princípio utilizado para a auto-regulação e sustentabilidade.

Em Pedagogia da Terra Gadotti (2009) traz a importante reflexão de que não há nenhuma possibilidade de um desenvolvimento sustentável numa sociedade capitalista. O autor afirma que o sonho do capitalismo ecológico é insustentável.

Gadotti (2005, p.20) afirma que a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação."Sem uma educação sustentável, a Terra continuará apenas sendo considerada como espaço de nosso sustento e dedomínio técnico-tecnológico, objeto de nossas pesquisas, ensaios, e, algumas vezes,de nossa contemplação."

Altieri (1999) afirma que o processo educacional é primordial para a mudança da agricultura convencional para a agricultura de base ecológica. O movimento de educação do campo tem pensado num modelo de educação que traga as raízes do pensamento agroecológico a partir da agricultura nativa, permitindo o desenvolvimento local com práticas agroecológicas que valorize o saber popular aprimorado com técnicas científicas.

Passamos do modo de produção para o modo de destruição, Era do extremismo. Para alcançamos o que desejamos sobre a natureza é necessário compreendermos que é preciso ecologizar a economia, a pedagogia, a educação, a cultura e a ciência.

É importante ressaltar que os problemas ambientais existentes em nossa era não são consequência da ação da natureza, na verdade é uma consequência eminente de um modelo de desenvolvimento que visa o lucro de uma maioria, de forma imediata, em detrimento de uma minoria que sofre com a exploração de sua força de trabalho. "O capitalismo aumentou mais a capacidade de destruição da humanidade do que o seu bem-estar e a sua prosperidade. As realizações concretas do socialismo seguiram na mesma esteira destrutiva, colocando em risco não apenas a vida do ser humano mas de todas as formas de vida existentes sobre a Terra. "(Gadotti, 2009)

Não devemos desistir da sociedade embora, que mesmo nessa crise ecológica não consigamos vislumbrar um modelo de sociedade que se sobressaia ao capitalismo. "A causa- consequência ecológica talvez possa talvez possa representar esse pontapé de um novo projeto (paradigma) de sociedade que indique a direção e forneça a força necessária para a construção de um mundo menos feio, mais justo e mais humano."(Gadotti, 2009)

seu significado, desta forma tenta ressignificá-lo: ser sustentável vai além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade de um desenvolvimento sem agressão. Este implica em um equilíbrio do ser humano consigo mesmo e com a natureza. Desta forma é necessário fazermos uma reflexão sobre o conceito:

O tema da sustentabilidade originou-se na economia (“desenvolvimento sustentável”) e na ecologia, para inserir-se definitivamente no campo da educação, sintetizada no lema “uma educação sustentável para a sobrevivência do planeta”, difundido pelo Movimento pela Carta da Terra na Perspectiva da Educação e pela Ecopedagogia.

O que seria uma cultura da sustentabilidade? Esse tema deverá dominar muitos debates educativos das próximas décadas. O que estamos estudando nas escolas? Não estaremos construindo uma ciência e uma cultura que servem para a degradação e deterioração do planeta? O conceito de sustentabilidade foi ampliado. Ele permite a todas as instâncias da vida e da sociedade. Para além da sustentabilidade econômica podemos falar de uma sustentabilidade ambiental, social política, educacional e curricular. O conceito é visto aqui muito mais a partir dos seus pressupostos éticos do que econômico. (Gadotti 2009, p.35)

O verdadeiro papel da globalização seria encurtar a relação entre países pobres e ricos. E ao contrario disso se criou uma rede global de exploração tanto da natureza quanto do ser humano. Milton Santos (2006) em sua obra intitulada "Por uma outra Globalização"nos faz refletir sobre esse processos de exploração e nos apresenta a globalização como perversidade, como abandono social tudo em nome de um projeto de reprodução do capital.

O autor nos apresenta a obra em três etapas: como fábula: o mundo tal como nos fazem vê-lo; como perversidade: mundo tal como ele é e como possibilidade o mundo como ele pode ser.

A globalização como fábula nos apresenta o processo de alienação imposto, sobre- tudo pelos meios de comunicação. Estes procuram enfatizar o planeta em que vivemos como um amplo espaço e que podemos sim explorá-lo com o consumo: "agro é pop!". Nos apresenta também a homogeneização cultural, onde as pessoas são estimuladas a terem os mesmos hábitos, costumes e a consumirem os mesmos produtos perdendo sua identidade e identificação cultural. E com o advento da internet nos fez presos em uma gigante aldeia global com a falsa ideia de que esta nos aproxima e de que temos o mundo em nossa casa.

O papel do estado nesse processo fica bem afastado das classes populares, pois este "precisa"abrir concessões as grandes corporações e empresas multinacionais fazendo com que

estas detenham um enorme poder sobre o Estado. Desta maneira percebemos que vivemos em uma sociedade que está claramente voltada a atender as demandas das grandes empresas em detrimento da grande massa.

Globalização como perversidade: o mundo como ele realmente é nos oferece desi- gualdades sociais e a expansão da pobreza que se apresenta como fome, desemprego, desabrigo, analfabetismo, doenças venéreas dentre outros. Ou seja, temos problemas sociais bastante sérios que se mostram quase sem solução no atual sistema econômico em que vivemos. Como consequência tem-se um aumento vertiginoso da pobreza e a classe está perdendo sua qualidade de vida. Surgem novas enfermidades e as doenças consideradas já extintas retornam com força total.

Assim conclui-se que esta perversidade está na raiz desta evolução desenfreada e negativa da humanidade que usa de forma irresponsável os recursos naturais, além de ser um pro- cesso desumano caracterizado pela concentração de renda, exploração do trabalhador e trabalho escravo, sendo que estes processos estão diretamente ligados ao processo de globalização.

Outra globalização - o mundo como pode ser: podemos pensar na construção de uma sociedade, uma globalização, que volte seus olhares ás questões sociais e ambientais, que aproxime as pessoas ao invés de afastá-las, que proporcione uma sociedade sustentável que não esteja centrada somente na produção agrícola/ecológica, mas também na sustentabilidade ecológica dos sistemas de produção que esteja relacionada ao direito à Terra, respeito ao ser humano e ao trabalhador, relações dignas de trabalho e respeito às diferenças,ou seja, um processo globalizado mais humano. Que em vez de apoiar sempre o grande capital internacional e aos grandes latifundiários que possam servir a outros interesses sociais e políticos e não apenas econômicos.

Para mudarmos essa concepção da realidade precisamos da Educação, mas uma educação voltada para a solidariedade e cidadania,ou seja, precisamos de uma escola cidadã. Gadotti (2009) afirma que a escola cidadã e a ecopedagogia nasceram juntas exatamente na última década do milênio e mantém uma estreita relação. Hoje as escolas em geral baseiam-se na competição sem solidariedade, o sistema de notas e prêmios é uma clara evidência de uma concepção de educação baseada na lógica da competitividade:

Mesmo as escolas que metodologicamente instituíram a democracia na escola neces- sariamente não forma seus alunos para a solidariedade a democracia na escola é insuficiente.

previsto, mas pode ser inventada a escola cidadã e a ecopedagogia são projeto histórico nascido na rica tradição latino-americana da educação popular e apontam para o novo professor um novo aluno uma nova escola um novo sistema e um novo currículo. Gadotti, 2009, p.45

A escola cidadã pede o professor pesquisador que media o conhecimento que orienta o acesso ao conhecimento, organiza os conteúdos e atua mais como um facilitador do aprendizado. Assim de acordo com Alarcão (2011) temos três atores sociais nesse processo que contribuindo das seguintes maneiras para se ter uma escola cidadã: Alunos, Professores e a Escola.

O aluno tem que se assumir como um ser que observa o mundo e se observa a si, se questiona e procura atribuir sentido aos objetos aos acontecimentos e as interações.

O Professor deve criar estruturar e dinamizar situações de aprendizagem e estimular a aprendizagem e a autoconfiança nas capacidades individuais para aprender são competências que o professor de hoje tem que desenvolver. Os professores são estruturadores e animadores das aprendizagens e não apenas estruturadores dos ensinos.

E a escola que não deve ser telecomandada do exterior deve ser uma escola reflexiva e autogerida, ter seu próprio projeto construído com a colaboração de seus membros, saber para onde quer ir e avaliar-se permanentemente na sua caminhada.

Na era da informação e da comunicação a escola não tem mais a função de polo do saber. O professor não é o único transmissor de saber e tem que aceitar situar-se nas novas circunstâncias que por sinal são bem mais exigentes. O aluno também já não é mais o receptáculo a deixar rechear se de conteúdos. Para tanto a escola também tem que ser outra a escola como organização tem que ser um sistema aberto, pensante e flexível sistema aberto sobre si mesmo e aberta à comunidade em que se insere.

A interdisciplinaridade seria exatamente a superação das fronteiras entre as ciências. Considera importante aprender a religar e não aprender a separar como aponta o currículo tradicional. É preciso problematizar a realidade posta. Portanto um caráter interdisciplinar se faz necessário para fazer uma análise holística do contexto do campo brasileiro. De acordo com Moraes (2005, p.39) a interdisciplinaridade é definida como:

uma abordagem epistemológica que nos permite ultrapassar as fronteiras dis- ciplinares e nos possibilita tratar, de maneira integrada, os tópicos comuns às diversas áreas. O intuito da interdisciplinaridade é superar a excessiva frag- mentação e linearidade no currículo. Mediante o estudo de temas comuns, estabelece-se um diálogo entre disciplinas, embora sempre considerando a especificidade de cada área, com seu saber acumulado que deriva do olhar espe- cializado. A excessiva disciplinaridade e linearidade colocam o conhecimento numa camisa-de-força e não levam em conta o fato de que aprendemos estabe- lecendo relações entre assuntos, entre situações vividas ou imaginadas, entre

coisas lidas e ouvidas, emoções, sensações tácteis, auditivas, visuais, gustativas, olfativas, elementos estes que não se submetem à tirania do tempo ou do espaço físico da sala de aula, das fronteiras arbitrárias das disciplinas ou das unidades de um livro.

A EFA Dom Fragoso está localizada no Sertão dos Inhamuns, Estado do Ceará. Esta é uma das regiões mais atingidas pelos impactos das secas periódicas, com suas consequências sobre a produção e sobre a qualidade de vida do sertanejo. Essa região do semiárido também se caracterizapela ocorrência do bioma da caatinga.

A caatinga que em tupi guarani tupi-guarani, CAA= mata e TINGA= branca, mata branca, o que caracteriza a paisagem no período de estiagem quando a vegetação perde as folhas e fica com um aspecto seco e sem vida. De acordo com Alves (2007) antigamente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Esse pensamento sempre produziu a falsa ideia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil.

O domínio morfoclimático da caatinga é caracterizado por uma vegetação encontrada na região do semiárido cearense e engloba também partes dos territórios pertencentes aos estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais. Esse domínio ocupa uma área de cerca de 850.000 Km2 sob as latitudes subequatoriais compreendidas entre 2o45’ e 17o21’ Latitude Sul. Com uma área que corresponde a 54% da Região Nordeste e a 11% do território brasileiro e constitui o chamado Polígono das Secas.

Na maior parte desse domínio, chove menos de 750 mm anuais, concentrados e distribuídos irregularmente em três meses consecutivos no período de novembro a junho (verão ou verão-outono). As vertentes a barlavento das serras e chapadas, especialmente das situadas próximas da costa, recebem maior precipitação devido às chuvas de convecção forçada, que causam as chamadas chuvas orográficas ou de relevo. A média anual de temperatura varia pouco, em torno de 26oC, mas diminui nas altitudes acima de 500 m das serras e chapadas.

A região se caracteriza por apresentar terrenos cristalinos praticamente impermeáveis e terrenos sedimentares que se apresentam com boa reserva de água subterrânea. Os solos, com raras exceções, são pouco desenvolvidos, mineralmente ricos, pedregosos e pouco espessos e com fraca capacidade de retenção da água, fator limitante a produção primária nessa região.

Escudo Nordestino aplainado e seu núcleo arqueado e falhado - a Borborema - com restos de cobertura sedimentar; pelas bacias sedimentares Paleo-mesozóicas do Piauí-Maranhão com os alinhamentos de cuestas da Serra Grande-Ibiapaba e Chapadas do Sudeste do Piauí; a dorsal Baiana com a cobertura sedimentar da Chapada da Diamantina; as bacias mesozóicas do Araripe, Apodi, Jatobá, Tucano, Recôncavo e outras; e os Tabuleiros elaborados nos sedimentos Plio- pleistocênicos da Formação Barreiras, em suas grandes linhas.

A cobertura vegetal é representada por formações xerófilas - as caatingas - muito diversificadas por razões climáticas, edáficas, topográficas, e antrópicas. Ao lado destas for- mações vegetais dominantes, ocorrem também às florestas dos relevos (florestas perenifólias e

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