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Ainda de acordo com Prado (2003) no momento nenhuma geada foi registrada para as Caatingas, e as temperaturas mais baixas dentro da região (4oC) e ocorrem como um efeito da altitude em algumas serras. As médias absolutas máximas são raramente superiores a 40oC e ainda são restritas a regiões mais secas (baixo São Francisco e o vale do rio Jequitinhonha em Minas Gerais), enquanto que nas áreas mais úmidas fora das Caatingas, tais como os estados do Pará ou Goiás, temperaturas maiores do que 40 ou 42oC são muito mais frequentes.

Os solos da caatinga são solos poucos profundos e pedregosos, contudo são solos férteis. Segundo Alves, Araújo e Nascimento (2009) geologicamente, a região é composta de vários tipos diferentes de rochas. Nas áreas de planície as rochas prevalecentes têm origem na era Cenozóica às quais se encontram cobertas por uma camada de solo bastante profunda e com afloramentos rochosos ocasionais, em particular nas áreas mais altas que bordejam a Serra do Tombador, tais solos (latossolos) são solos argilosos e minerais, com boa porosidade e rico em nutrientes. Afloramentos de rochas calcárias de coloração acinzentada ocorrem a oeste, sendo habitados por algumas espécies endêmicas e raras, como coroa-de-frade (Melocactusazureus).

Os solos gerados a partir da decomposição do arenito são extremamente pobres em nutrientes e altamente ácidos, formando depósitos arenosos ou pedregosos rasos, que se tornam mais profundos onde a topografia permite; afloramentos rochosos é uma característica comum das áreas mais altas.

Estes afloramentos rochosos e os solos pouco profundos formam as condições ideais para os cactos, e muitas espécies crescem nas rochas, em fissuras ou depressões da rocha onde a acumulação de areia, pedregulhos e outros detritos, juntamente com o húmus gerado pela decomposição de restos vegetais, sustentam o sistema radicular. Embora não tenha potencial madeireiro, exceto pela extração secular de lenha, a região é rica em recursos genéticos em função da sua alta biodiversidade.

A salinização do solo é, hoje, uma realidade. Especialmente na região onde os solos são rasos e a evaporação da água ocorre rapidamente devido ao calor. Para Prado (2003) os fatores morfogenéticos que dão origem aos solos atuais das Caatingas foram explicados acima com relação ao material de origem (rochas pré-cambrianas cristalinas e setores sedimentares localizados).

As superfícies das rochas, que devem gerar os solos subsequentes sob ação do clima, são alcalinas, mas a chuva produz uma dissolução das bases que são lixiviadas e então um microambiente ácido é criado. A formação de argilas inicia-se em rochas que sofrem ação do clima, mas o PH principal (devido à presença ou ausência de bases) irá determinar a sua natureza; em meios ácidos a caolinita é formada, enquanto montmorilonita irá predominar se as chuvas forem insuficientes para lixiviar os sais.

Para Prado (2009) a vegetação das caatingas podem ser caracterizadas como florestas arbóreas ou arbustivas, compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas.

De acordo com Alves, Araújo e Nascimento(2009) a vegetação do bioma é extrema- mente diversificada, incluindo, além das caatingas, vários ambientes associados (enclaves). Há uma grande diversidade de espécies vegetais, muita das quais endêmicas ao bioma. Estima-se que pelo menos 932 espécies já foram registradas para a região, sendo 380 endêmicas. A caatinga é um tipo de formação vegetal com características bem definidas: árvores baixas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na estação seca (espécies caducifólias), além de muitas cactáceas.

A caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o herbáceo (abaixo de 2 metros). Algumas poucas espécies não perdem as folhas na época seca, entre essas se destaca o juazeiro (Zizyphusjoazeiro), uma das plantas mais típicas desse ecossistema.

As espécies vegetais que habitam essa área são em geral dotadas de folhas pequenas, uma adaptação para reduzir a transpiração. Além de cactáceas, como Cereus (mandacaru e facheiro) e Pilocereus (xiquexique), a caatinga também apresenta muitas leguminosas (mimosa, acácia, etc.). No meio de tanta aridez, a caatinga surpreende com suas “ilhas de umidade” e solos férteis (enclaves).

São os chamados brejos, que quebram a monotonia das condições ecogeográficas dos sertões. Nesses enclaves, é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos. Por fim, a flora dos sertões é constituída por espécies com longa história de adaptação ao calor e à seca, é incapaz de reestruturar-se naturalmente se maquinas forem usadas para alterar o solo. A degradação, portanto, é praticamente irreversível na caatinga.

O domínio da caatinga é um dos mais negligenciados dos biomas brasileiros, nos mais diversos aspectos, embora sempre tenha sido um dos mais ameaçados devido às centenas de anos de uso inadequado e insustentável dos solos e recursos naturais.Para Souza (2015) este

bioma ao longo da história tem sido o menos contemplado pelas políticas de preservação do meio ambiente já que pela história da política ambiental do Brasil, sendo atendido como objeto de área de proteção ambiental somente a partir de 1965 com a criação do Código Florestal (Lei 4.771).

Figura 5 – Mapas hídrico e de solo do bioma da Caatinga

Fonte: macamp.com.br (2016)

O uso inadequado do solo (que se deu desde a colonização) tem causado sérios danos ambientais e acelerado a desertificação que atualmente ameaça mais de 15% da região. A degradação através do pastoreio, agricultura, retirada de madeira e queimadas provocam modificações florísticas e fisionômicas e tem acelerado a degradação ambiental em larga escala. Além disso, a rica e diversificada biota da caatinga está protegida de forma deficiente: somente 11 reservas (<1% da região) são áreas de proteção integral.

As alterações climáticas somadas à forma de desenvolvimento econômico do país que explorava uma região, sem tampouco cuidar para evitar os riscos de sua degradação, foram pano de fundo para a construção de uma visão hostil e de estranheza sobre o semiárido, apresentando-o como espaço monótono, acinzentado pela ausência de folhas das plantas e pela tristeza das pessoas que dele faziam parte.Souza (2015, p. 30)

A partir do exposto percebe-se tanto o desinteresse do Estado no que se refere à preservação e conservação da caatinga quanto como se criou uma "cultura"de que o nordestino é um sobrevivente, um resistente as durezas do clima semiárido. Compreende-se que são necessárias políticas públicas que trabalhem alternativas de se conviver com o semiárido sem degradá-lo, desta forma preservando o ambiente e permitindo que o camponês continue no campo, vivendo em harmonia com a natureza.

A escola contextualizada do semiárido cearense se destaca como um modelo de educação que dá voz aos camponeses, que valoriza o modo de vida e a relação dos jovens do campo com seu meio, além de desconstruir a visão de que o semiárido é lugar do abandono e do atraso.

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