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4 A TEORIA DA ATIVIDADE

5.3. A Análise Comparativa Qualitativa

Nesta fase da pesquisa, o desenvolvimento é de uma análise comparativa qualitativa. Prodanov & Freitas (2013) explicam que a pesquisa qualitativa é aquela em que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito; com um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que dificilmente é traduzida através dados numéricos. Esta abordagem, geralmente, é a mais utilizada na pesquisa social. Assim, os autores explicam que a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas em seus processos, onde: o ambiente natural e o objeto de estudo em questão são as fontes diretas para coleta de dados; o pesquisador é o instrumento-chave no processo; o processo e seu significado são os focos principais da abordagem; o pesquisador tende a analisar os dados indutivamente. Esta abordagem permite identificar características essenciais dos fenômenos e do objeto de estudo de forma a melhor representar suas relações socioculturais, neste caso, das Redes Sociais Educacionais com seus Sistemas de Atividades e todos seus elementos. A execução da análise foi executada nas seguintes etapas: (1) estabelecimento de categorias analíticas; (2) observação do objeto de estudo; (3) interpretação dos dados coletados. São descritas nas subseções a seguir.

5.3.1. O Estabelecimento das Categorias Analíticas

A categorização consiste na organização dos dados para que o pesquisador possa tomar e tirar conclusões na pesquisa, requerendo a construção de um conjunto de categorias analíticas (PRODANOV & FREITAS, 2013). Estes autores explicam que para seu estabelecimento adequado é conveniente a realização de estudos exploratórios ou estudos dirigidos à construção de instrumentos para registro de dados; além disso, elas podem ser fundamentadas no referencial teórico da pesquisa. Nas pesquisas qualitativas, geralmente, o seu conjunto inicial estabelecido é “reexaminado e modificado sucessivamente, com vistas a obter ideais mais abrangentes e significativos” (PRODANOV & FREITAS, 2013, p. 114). Na pesquisa, foi possível estabelecer uma relação de tudo aquilo que era relevante para ser estudado após o experimento exploratório. Desta forma, algumas categorias analíticas foram traçadas previamente a partir dos objetivos da pesquisa. No processo de

mapeamento e coleta de dados, as categorias foram sendo modificadas e redefinidas até que se tornassem abrangentes o suficiente para o que se pretendia na pesquisa. As categorias analíticas utilizadas para a comparação das Redes Sociais Educacionais selecionadas foram efetuadas através do embasamento no quadro teórico da Teoria da Atividade. O intuito desta categorização é facilitar, didaticamente, o desenvolvimento do estudo e proporcionar um meio para efetuar esta comparação do ponto do Design da Informação. As categorias foram definidas, a saber: (1) Sistema de Atividades: identificar os elementos dos Sistemas de Atividades (sujeito, ferramenta, objeto, comunidade, regras e divisão do trabalho); (2) Hierarquia de Funcionamento: identificar a lógica de funcionamento e hierarquia da informação destas plataformas; (3) Principais Ferramentas: identificar os principais tipos de ferramenta (funcionalidades) disponíveis nas suas interfaces; (4) Objetos de Aprendizagem: identificar quais são os objetos de aprendizagem, seus formatos e sua forma de veiculação; e (5) Níveis da Atividade: identificar quais são as atividades, suas ações e operações. Nota-se que a categoria 1 diz respeito ao modelo do Sistema de Atividades proposto por Engeström, que trabalha em cima das relações dos sujeitos com seus objetos, as quais são mediadas pelas ferramentas; dentro de um contexto sociocultural específico. Já as categorias 2, 3 e 4 tratam especificamente das ferramentas mediadoras, buscando entender quais são os recursos disponíveis em cada plataforma, como a informação é nelas hierarquizada e que materiais de aprendizagem são oferecidos. A última categoria procura mapear a tríade Atividade- Ação-Operação proposta por Leontiev, buscando identificar os processos de fluxos e de troca de informações através da interface destas plataformas.

5.3.2. A Observação do Objeto de Estudo

A observação constitui um elemento fundamental nas pesquisas desde a coleta e a análise até a interpretação dos dados obtidos (GIL, 1989): “desempenha papel importante nos processos observacionais, no contexto da descoberta e obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade” (MARCONI & LAKATOS, 2003, p. 191). Trata-se do ponto de partida da investigação social. Marconi & Lakatos (1991) explicam a vantagem de aplicação deste método: (a) possibilita meio diretos e satisfatórios para estudar uma ampla variedade de fenômenos; (b) exige menos do observador do que outras técnicas; (c) permite coleta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais típicas; (d) depende menos da introspecção e da reflexão; e (e) permite a evidência de dados não constantes em roteiros de entrevistas e/ou questionários.

Entendendo a técnica, sua classificação pode ser: (1) quanto à participação do pesquisador: participante ou não-participante; (2) quanto à sistematização na busca das informações: sistemática ou não-sistemática; e (3) quanto às condições do ambiente: na vida real ou em laboratório. Na primeira classificação, a adoção nesta pesquisa é da observação

participante, onde o pesquisador faz parte da comunidade ou do grupo, incorporando-se e

confundindo-se a eles: “fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste” (MARCONI & LAKATOS, 2003, p. 194). A importância da participação se deve à necessidade de ser membro da plataforma e fazer parte de suas comunidades para ter acesso a elas. Além disso, é preciso utilizá-las, conhecê-las a fundo, interagir com seus membros e participar de suas atividades de forma regular para coletar dados fundamentais na execução da pesquisa. Em relação à segunda classificação, trata-se de uma observação sistemática, onde o pesquisador sabe quais aspectos da comunidade ou grupo que são significativos para alcançar os objetivos traçados e elabora previamente um plano de observação. Assim, implica-se em estabelecer categorias necessárias para análise da situação (GIL, 1989). Esta observação acontece em campo, ou seja, na vida real – [neste caso, virtual]. A observação foi utilizada de forma conjugada com outros instrumentos, como o caso das categorias analíticas traçadas.

5.3.3. A Interpretação dos Dados Coletados

Nas análises qualitativas, o pesquisador faz uma abstração além dos dados obtidos: busca possíveis explicações (implícitas nos discursos ou documentos) para estabelecer configurações e fluxos de causa e efeito. Isso irá exigir constante retomada às anotações de campo, ao campo, à literatura e até mesmo à coleta de dados adicionais (PRODANOV & FREITAS, 2013). Em geral, a forma de representação das interpretações da coleta de dados nas pesquisas qualitativas são nos formatos de textos narrativos, descritivos, esquemas, matrizes, diagramas, entre outros. Na pesquisa, os dados coletados foram analisados em cima das categorias analíticas traçadas, utilizando os pressupostos teóricos e as ferramentas analíticas da Teoria da Atividade para realização da discussão e comparação das RSEs.