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A análise de conteúdo, a análise documental e a análise de

3 METODOLOGIA

3.3 A análise de conteúdo, a análise documental e a análise de

O campo da análise de conteúdo vem se tornando cada vez mais vasto, tendo a administração (de empresas e pública) sido inserta em seu rol. Henry e Moscovici apud Bardin (2010, p. 34) contextualizaram: “tudo o que é dito ou escrito é suscetível de ser submetido a uma análise de conteúdo”. Lasswell e Pool apud Bardin (2010, p. 15) “contentanalysisshoud Begin where tradicional modesofresearchend”, traduzindo: afirmam que “a análise de conteúdo deve começar onde os modos tradicionais de investigação acabam” (OLIVEIRA et al., 2003, p. 3).

Em sendo a análise de conteúdo “um conjunto de técnicas de análises das comunicações” que visa, por meio de “procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”, apresentar indicadores quantitativos e/ou qualitativos que tragam resultados em decorrência dos dados conhecidos (BARDIN, 2010, p. 44), é lícito inferir que ela busca a partir de “um conjunto de técnicas parciais, mas complementares, explicar e sistematizar o

conteúdo da mensagem e o significado desse conteúdo”, o fazendo “por meio de deduções lógicas e justificadas, tendo como referência sua origem”, ou seja, de “quem o emitiu”, bem como “o contexto da mensagem ou os efeitos dessa” (OLIVEIRA et al., 2003, p. 3-4).

Oliveira et al (2003, p. 4) complementam enfatizando que se faz necessário no processo “considerar a totalidade de um ‘texto’, passando-o pelo crivo da classificação” de acordo com o que se “procura que se espera encontrar”, uma vez que o interesse do pesquisar não estará simplesmente na “descrição dos conteúdos, mesmo que esta seja a primeira etapa necessária” para que possa “chegar à interpretação, mas em como os dados poderão contribuir para a construção do conhecimento após serem tratados”.

Assim, uma vez que o interesse inserto no presente trabalho é, conforme se pode inferir do subitem 1.1:a) identificar os pontos frágeis das normas internas que regulam o processo administrativo para celebração das parcerias e propor as alterações pertinentes com vistas a sua modernização; b) identificar e propor alterações ao trâmite processual para celebração das parcerias que forem verificadas como pertinentes com a finalidade precípua de incrementar a eficiência da burocracia e o consequente abandono de processos em trâmite em decorrência da procrastinação processual; e c) apresentar uma proposta de modelo de gestão de parcerias em que se possa acompanhar sistemicamente a execução das parcerias com vistas a manter viva a perseguição do interesse público em todas as suas fases.

A metodologia da análise de conteúdo é aplicável ao tema, visto que se enquadra no pontuado por Freitas, Cunha e Moscarola, citados por Mozzato e Grzybovski (2011), uma vez que o autor do trabalho buscou traduzir com a maior exatidão possível, fazendo uma descrição densa e uma análise de contexto a partir da análise documental, da história da gestão de parcerias na

Universidade Federal de Lavras no período de 2004 a 2012. Assim pontuaram os autores citados:

para uma análise de conteúdo ter valor, existem alguns pré-requisitos, como: qualidade da elaboração conceitual feita a priori pelo pesquisador, da exatidão com que ela será traduzida em variáveis, do esquema de análise ou das categorias e, em definitivo, da concordância entre a realidade e estas categorias.

(FREITAS, CUNHA e MOSCAROLA, apud MOZZATO,

GRZYBOVSKI, 2011, p. 740),

3.3.1 A análise documental

Bardin (2010, p. 47) entende que as “técnicas documentais” possuem um desenvolvimento “discreto, permanecendo muito desconhecida no campo científico, carecedora de um estudo mais profícuo por parte dos especialistas”. J Chaumier apud Bardin (2010, p. 47) define a análise de conteúdo como sendo “uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob a forma diferente da original, a fim de facilitar, num estado ulterior, a sua consulta e referenciação”.

Ao se tratar com informações contidas nos documentos juntados durante a pesquisa deve ser utilizada a análise documental, com o propósito de conseguir “atingir o armazenamento” que consiga trazer “a facilitação do acesso ao observador, de tal forma que este obtenha o máximo de informação (aspecto quantitativo), com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo)” (BARDIN, 2010, p. 47).

A análise documental, segundo Bardin (2010, pp. 47), “tem por objecto dar forma conveniente e representar de outro modo essa informação, por intermédio de procedimentos de transformação”. Portanto, a análise documental constitui-se, segundo o autor, em “uma fase preliminar da

constituição de um serviço de documentação ou de um banco de dados” (BARDIN, 2010, p. 47).

A referida técnica, segundo Bardin (2010, pp. 47-8), permite ao pesquisador, ao analisar seu material de pesquisa, “passar de um documento primário (em bruto) para um documento secundário (representação do primeiro)”. Ao realizar a classificação dos documentos, o pesquisador chegará às “classes” que lhe permitirão “dividir a informação”. Tal divisão, segundo C. Guinhat e M. Menou (apud Bardin, 2010, p. 48), constitui “categorias de uma classificação, na qual estão agrupados os documentos que apresentam alguns critérios comuns, ou que possuem analogias no seu conteúdo”.

Nesta pesquisa foi feito um levantamento dentro do arcabouço normativo da Universidade Federal de Lavras das normas que influenciaram e/ou influenciam na celebração de parcerias, carecendo de ser analisado não somente seu objetivo explícito, que é regular uma determinada matéria ou ordenar como e/ou quem executará determinado ato, mas também o sentido implícito, que é adotar procedimentos de gestão administrativa buscando a eficiência no serviço público.

Após o levantamento de todos os instrumentos legais celebrados pela Universidade Federal de Lavras, esses foram classificados por finalidade e separado o que foi considerado como parceria do que não foi, sendo esses contratos administrativos ou contratos da administração, bem como outros instrumentos que, apesar de não terem como objeto suprir a Administração de bens ou serviços, não podem ser considerados como parcerias.

O objectivo da análise documental é a representação condensada da informação, para consulta e armazenamento; o da análise de conteúdo é a manipulação de mensagens (conteúdo e expressão desse conteúdo) para evidenciar os indicadores que permitem inferir sobre uma outra realidade que não a da mensagem.

Após a realização dos trabalhos acima passou-se da análise do documento para a análise de suas mensagens, com o intuito de se fazer o estudo necessário à obtenção do conteúdo nelas implícito.

3.3.2 A análise de contexto

Triviños apud Mozzato e Grzybovski (2011, p. 739) afirma “que a análise de conteúdo, além de método de análise único”, serve também, quando necessário, para auxiliar outras pesquisas “fazendo parte de uma visão mais ampla”. Para que o método a ser aplicado realmente atinja uma boa envergadura, “faz-se necessário considerar o conteúdo das análises”, sendo imperativo que não se atenha o pesquisador “apenas aos fatos superficiais e/ou manifestos dos dados coletados”.

Nesse sentido, Thompson (1995) aponta a importância do contexto e da história nas análises científicas. De forma semelhante, Bateson (2000) salienta a ideia do contexto, afirmando que considerar conteúdo sem o contexto, qualquer análise torna-se falha; por isso, há a necessidade de olhar o sistema como um todo, contrapondo-se à fragmentação da ciência. Também Chase (2008) confia na investigação com visão interdisciplinar, defendendo o estudo dos indivíduos em seus próprios contextos social e histórico.

(MOZZATO, GRZYBOVSKI, 2011, p. 739)

Mozzato e Grzybovski(2011, p. 739) afirmam que os “aspectos de uma investigação podem se manifestar por meio de formas simbólicas, as quais necessitam de macrointerpretação”. No caso da presente pesquisa, tal fato é de suma importância, uma vez que nenhum ato praticado pela Administração da UFLA, no que concerne à gestão de parcerias, pode ser analisado de forma isolada, tem de o ser dentro do contexto histórico e social (no caso com base

na finalidade dos atos administrativos normativos ou ordenadores e das parcerias).