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2.2 PARTICULARIZANDO A POLÍTICA NACIONAL DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS

2.2.2 A atual realidade das unidades de transplante de natureza pública

Atualmente, no Brasil, os transplantes podem ser realizados em estabelecimentos de saúde pública ou privada, por equipes médico-cirúrgicas de remoção e transplante, desde que autorizado previamente pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1997). Para a realização do transplante é necessária à realização de testes de triagem para diagnósticos de infecções e infestações, no doador, como parte das exigências das normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde.

No que se refere à disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano vivo para fins de tratamento ou transplante, o art. 9º da Lei nº 9.434/1997 preconiza que pessoas juridicamente capazes podem dispor seus tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo para cônjuge ou parentes de até o quarto grau, inclusive a qualquer outra pessoa, desde que obtenha autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea (BRASIL, 1997).

A doação de órgãos só é permitida quando se trata de órgãos duplos, partes de órgãos ou do corpo desde que não impeça do doador de continuar vivendo de forma integra e não represente grave comprometimento de suas aptidões físicas e mentais, bem como não cause mutilação ou deformação inaceitável, correspondendo a necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à

a política de doação-transplante, visando a confiabilidade do sistema e à assistência de qualidade ao cidadão brasileiro (ANDREGHETTO et al. 2015, p. 57).

pessoa receptora. A doação deve ser autorizada pelo doador, por escrito diante de duas testemunhas e pode ser revogada a qualquer momento antes da sua concretização (BRASIL, 1997).

Quanto a doador falecido, é necessária a comprovação do diagnóstico de morte encefálica constatada e registrada por dois médicos que não fazem parte da equipe de remoção e transplante, utilizando critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. A autorização da doação é dada por cônjuge ou parente, maior de idade, obedecendo à linha sucessória reta ou colateral, até o segundo grau, mediante firmação de documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.

São vedadas as remoções de órgãos, partes ou tecidos feitas em pessoas não identificadas, mulheres grávidas e/ou pessoas juridicamente incapazes, sendo permitido aos dois últimos a doação de medula óssea desde que autorizado por seus responsáveis legais. Não são permitidas publicações/divulgações de apelo público no sentido de doação para determinada pessoa, para arrecadação de financiamento em benefícios particulares, ou publicidades de estabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos. (BRASIL, 1997).

De acordo com os dados registrados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos – ABTO (2019) através do RBT20

, no primeiro semestre de 2019 o Brasil alcançou um crescimento de 2,7% na taxa de potenciais doadores, passando de 5.319 para 5.460, foram 1.765 doadores efetivos de órgãos e 13.263 transplantes realizados este ano, sendo 67 de pâncreas rim, 19 de pâncreas, 203 do coração, 2.946 de rim, 1.069 de fígado, 49 de pulmão, 1.780 de medula óssea e 7.112 de córnea. Em agosto de 2019, 44.689 pacientes estão em fila de espera por transplante, sendo o rim o órgão mais esperado com 29.837 pacientes aguardando enquanto o intestino e multivisceral tem apenas 3 pacientes em fila de espera. Os transplantes realizados no Brasil, quase em sua totalidade são feitos pelo SUS, o equivalente a uma média de 91% contra 9% realizado em rede particular.

O Brasil é o segundo país que mais realiza transplante no mundo, ficando atrás apenas dos EUA e sendo referencia mundial no transplante de órgão, tendo em vista possuir o maior Sistema de Transplante Público do Mundo. Este sistema é composto atualmente por 27 Centrais Estaduais de Transplante, 624 Centros de

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Registro Brasileiro de Transplante é o veículo Oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.

Transplantes, 1.299 Equipes de Transplantes, 942 serviços habilitados, 72 Organizações de Procura por Órgãos (OPOs), 63 Bancos de tecidos, 574 Comissões Intra-Hospitalares de Doação e Transplantes e 13 Câmeras Técnicas Nacional.

O sistema conta também com acordo de Cooperação técnica entre as empresas aéreas brasileiras e o SUS, que exerce o trabalho de transportar órgãos e tecidos e/ou equipes de retirada e transplantes. As aeronave es que executam esse trabalho recebem prioridade para pouso e decolagem. No primeiro semestre de 2019 foram realizados 696 transportes aéreos, sendo 626 por Companhias de Aviação Civil e 70 pela Força Aérea Brasileira – FAB.

Dentre os desafios que o país enfrenta está o alcance da diminuição da taxa de recusa de familiares à doação de órgãos. É importante a realização de campanhas que incentivem o diálogo familiar acerca do desejo de ser um doador de órgãos. A sensibilização das famílias contribui de forma significante para que o sistema de transplantes alcance êxito, enquanto a recusa inviabiliza que mais usuários(as) sejam salvos(as) ou alcancem melhor qualidade de vida. Pensando nisso o Ministério da Saúde criou a Campanha Nacional de incentivo à doação de órgãos 2019. O slogan: “A vida continua. Doe órgãos. Converse com sua família.“ objetiva mostrar a história de famílias que disseram sim para a doação de órgãos no momento mais sensível e difícil de suas vidas, quando perderam entes queridos. A campanha tem sua divulgação expressa através dos principais meios de comunicação e conta com a participação de influenciadores digitais.

Um quesito importante a ser pontuado por este tema, diz respeito a conjuntura em que está inserido o país. Fatores sociais e econômicos influenciam diretamente na evolução e/ou no retrocesso da efetivação do programa de transplante. são questões que englobam as condições de trabalho das equipes que compõem o programa, as condições estruturais em que as unidades de saúde se encontram, condições econômicas individuais e coletivas da sociedade, agravantes epidemiológicos, condições de vida e saúde de usuários(as) e profissionais, dentre outros fatores que contribuem para o aumento ou diminuição dos índices.

3 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE: a atuação de assistentes sociais nas