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Esta pesquisa é fruto do interesse desenvolvido no período de Estágio Curricular Obrigatório que ocorreu na Unidade de Transplante Renal do HUOL, onde se identificou a necessidade de elaborar um estudo que aprofundasse os conhecimentos acerca da temática sobre o “Serviço Social nas Unidades de Transplante de natureza pública”. O estudo propôs, como objetivo geral, contribuir para a visibilidade da ação profissional do(a) Assistente Social nestes espaços sócio ocupacionais.

Foi enunciada a inserção do Serviço Social nas unidades de transplante através da média e alta complexidade em saúde, sendo este o setor que mais absorve, atualmente, assistentes sociais, tendo em vista as demandas postas por estes níveis de complexidade.

Destaca-se a importância da intervenção profissional durante todos os processos do transplante, estando o(a) assistente social inserido nos vários segmentos dessa política, onde atua desde a doação e captação até a efetivação do transplante, contribuindo para a efetivação dos direitos dos(as) usuários(as) que necessitam dessa política para sobreviver e/ou ter melhor condição de vida.

Sabe-se que a atuação dos assistentes sociais esta voltada para a mediação da viabilização do acesso dos(as) usuários(as) aos seus direitos. Contudo, sua intervenção depende das condições em que se insere o(a) profissional e o(a) usuário(a), sejam estas de caráter estrutural/conjuntural ou de gestão/hierárquica. É importante problematizar os limites, as dificuldades e as contribuições contidas na execução do trabalho do(a) assistente social nestas unidades, tendo em vista que sua atuação não depende apenas da qualificação profissional.

Os desafios mais comuns a serem enfrentados por assistentes sociais que atuam na saúde está voltado para a dificuldade que outras categorias tem em entender sobre as competências e atribuições privativas dos(as) assistentes sociais, bem como muitos profissionais da própria categoria não identificam a importância que tem sua atuação dentro das equipes multiprofissionais, o que acaba contribuindo com a execução de serviços fragmentados.

Para isso, é primordial identificar os instrumentais técnico-operativos utilizados pela categoria nesses espaços, sendo estes de fundamental importância

para o embasamento da intervenção profissional. Logo, compete ao assistente social conhecer sobre os aparatos normativos da profissão na saúde, as políticas voltadas para o setor de transplante e doenças crônicas, políticas sociais e previdenciárias, benefícios assistenciais, bem como estar inteirado da atual conjuntura e das atualizações normativas que ocorrem de acordo com as mudanças (ou permanência) de governo.

Sendo assim, foi necessário contextualizar as particularidades da atuação dos assistentes sociais em unidades de transplante, sendo estes o únicos profissionais capacitados para enxergar o(a) usuário(a) para além das suas condições clinicas, podendo investigar as condições sociais que determinam a saúde de cada usuário, de modo que seja possível identificar se há, quais são e a melhor maneira de intervir na condição de vida do(a) usuário(a) para que este tenha acesso aos serviços de que necessita, sendo estes seus direitos e não um mero favor ou beneficio do setor.

Cabe ao(a) assistente social lotado em unidade de transplante realizar o acolhimento do(a) usuário(a) e seus familiares, realizar Entrevista Social onde irá identificar fatores importantes para o transplante e também para o pós-transplante, tendo em vista que é um tratamento cuja responsabilidade é atribuída mutuamente a profissionais, usuário(a) e familiares no intuito de obter êxito na recuperação. É por meio dessa entrevista que se torna possível compreender a realidade em que o(a) futuro transplantado se insere e suas condições, assim como quais as intervenções necessárias e possíveis a serem feitas para viabilizar o acesso deste(a) aos serviços e direitos dos quais necessita.

Durante a produção desta monografia foi possível verificar a insuficiência de produções literárias sobre a inserção e atuação de assistentes sociais nestes espaços sócio ocupacionais. As poucas obras encontradas abordavam o assunto de forma superficial ou “genérica”, havendo ainda alguns relatos mais específicos de determinado órgão, o que restringe muito o desenvolvimento do estudo.

Os resultados aqui apresentados revelam a importância de aprofundar estudos e pesquisas sobre a temática para que as considerações advindas desta produção possibilitem que acadêmicos e profissionais possam despertar o interesse por aprofundar seu conhecimento sobre essa discussão pouco abordada pela categoria, o que contribuirá não só para o desenvolvimento de trabalhos, como também para nortear atuação de futuros profissionais que tenham ou adquiram interesse na área.

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