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Os aparatos normativos que contribuem para atuação de assistentes sociais nas unidades de transplante de natureza pública

3 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE: a atuação de assistentes sociais nas unidades de transplante

3.2 AS ESPECIFICIDADES DA ATUAÇÃO DE ASSISTENTES SOCIAIS NAS UNIDADES DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS DE NATUREZA

3.2.1 Os aparatos normativos que contribuem para atuação de assistentes sociais nas unidades de transplante de natureza pública

A atuação do Serviço Social na saúde tem seus princípios norteados pelo Projeto Ético-Político, baseando-se na Lei que regulamenta a profissão (8.662/93), as Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996) e o Código de Ética (1993), além dos Parâmetros de Atuação de Assistentes Sociais, que determinam quais as atribuições da categoria como parte da equipe multiprofissional em que está inserido.

No que se refere aos direitos do(a) assistente social o CFESS (2010) garante em seu Artigo 2º do Código de Ética:

a) garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, estabelecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dos princípios firmados este Código; b) livre exercício das atividades inerentes à profissão; c) participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais e na formulação e implementação de programas sociais; d) inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação, garantindo o sigilo profissional; e) desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional; f) aprimoramento profissional de forma contínua, colocando-o a serviço dos princípios deste Código; g) pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobretudo quando se tratar de assuntos de interesse da população; h) ampla autonomia no exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções; i) liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, resguardados os direitos de participação de indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos. (CFESS, 2010, p.33-34).

Quanto aos deveres profissionais, estabelece o 3º artigo do Código de Ética: desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e responsabilidade, observando a legislação em vigor; utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da profissão; abster-se no exercício da profissão, de práticas

que caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes (CFESS, 2010).

O trabalho desenvolvido pelo Serviço Social consiste na contribuição para a garantia dos direitos dos(as) usuários(as) com base nos Artigos 4 e 5 do Código de Ética do(a) Assistente Social Lei 8.662/93 que trata sobre direitos e responsabilidades gerais do(a) assistente social e sua relação com os(as) usuários(as), desse modo realiza-se abordagens individuais e/ou coletivas.

São competências do(a) assistente social, estabelecidas no Artigo 4º:

• elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto à órgãos da administração pública direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;

• elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam de âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;

• encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população;

• orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;

• planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

• planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;

• prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta, indireta, empresas privadas e outras entidades;

• prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;

• planejamento, organização e administração de serviços sociais e de Unidade de Serviço Social;

• realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto aos órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. (CFESS, 2010, p.36).

Suas atribuições privativas são apresentadas no artigo 5º, sendo essas:

• coordenar, planejar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

• planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social;

• assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades em matéria de Serviço Social;

• realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

• assumir, no magistério de Serviço Social, tanto a nível de graduação quanto pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular;

• treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social;

• dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação;

• dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social;

• elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos e outras formas de seleção para assistentes sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social; • coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social;

• fiscalizar o exercício profissional por meio dos Conselhos Federal e Regionais;

• dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas;

• ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional. (CFESS, 2010, p.36 e 37).

O Código de Ética Profissional (1993) apresenta também os princípios fundamentais para a atuação profissional no cotidiano:

• reconhecimento da liberdade como valor ético central: • defesa intransigente dos direitos humanos;

• ampliação e consolidação da cidadania, com vistas à garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras;

• defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização política e da riqueza socialmente produzida;

• posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;

• empenho na eliminação de todas as formas de preconceito;

• garantia do pluralismo, por meio do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual;

• opção por um projeto vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação/exploração de classe, etnia e gênero; • articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste código e com a luta geral dos trabalhadores; • compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; • exercício do Serviço Social sem discriminação. (CFESS, 2010, p.37 e 38). Sendo este o aparato normativo base para a inserção da categoria na área da saúde, cabe a cada profissional se aprofundar nas normativas que regem o setor de sua atuação para que tenha conhecimento acerca das leis, normas, decretos e políticas que conduzem sua ação profissional.

Aos(as) assistentes sociais que estão inseridos(as) em unidades de transplante é importante ter conhecimento sobre a Lei nº 9.434/97 que institui a legalidade sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins

de transplante e tratamento. Onde o 9º artigo permite a disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo vivo para fins terapêuticos ou para transplante em parentes consanguíneos até o quarto grau, cônjuge ou inclusive em qualquer outra pessoa desde que haja autorização judicial e que o(a) doador(a) seja juridicamente capaz. Este artigo ainda cita como desnecessária essas condições em caso de medula óssea.

A depender do tipo de transplante, o Serviço Social precisa ter conhecimento sobre as políticas destinadas ao grupo especifico, como pode-se citar: Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, instituída pela portaria nº 1168/GM, cujo objetivo é promover a qualidade de vida, educação, proteção e recuperação da saúde, prevenindo danos, protegendo e desenvolvendo a autonomia e equidade de indivíduos e coletividades, desse modo estabelece a necessidade de uma linha de cuidados de promoção, prevenção, tratamento e recuperação (BRASIL, 2004). A esse público destina-se também as Diretrizes para a existência de cuidados nas redes de atenção a saúde e nas linhas de cuidados prioritários, além da Portaria nº 389/2014 que define critérios para estes cuidados incentivando financeiramente o custeio destinado a estes(as) usuários(as).

Outras normativas que contribuem para o acesso dos(as) usuários(as) a melhores condições de vida, estão ligadas a Assistência Social e a Previdência. Os benefícios da previdência são garantidos as pessoas que contribuem, sendo este assegurado com direito a auxílio-doença, salário família, salário maternidade e aposentadoria, como também os dependentes que tem direito a pensão por morte ou auxílio-reclusão. Para requerer estes benefícios é necessário agendar consulta com o médico especialista e solicitar laudo médico composto por diagnostico, tratamento realizado e Código Internacional de Doenças – CID.

Quanto ao Benefício de Prestação Continuada – BPC, trata-se de um beneficio da assistência social que integra o Sistema Único de Assistência Social – SUAS e dele tem direito a pessoa idosa ou com deficiência, desde que tenha renda per capita de ¼ do salário mínimo vigente. Para solicitá-lo é necessário ligar para o Prevfone 135 ou através do site www.previdenciasocial.gov.br. Vale ressaltar que não é possível acumular os benefícios da assistência com o da previdência.

Existem também Projetos de Lei que garantem em vários estados e municípios do Brasil, a gratuidade do transporte público para portadores de doenças crônicas e degenerativas, bem como Passe Livre Interestadual para pessoas com

deficiência física, mental, auditiva e/ou visual, desde que comprovadamente carentes.

O(A) assistente social precisa ter conhecimento dos aparatos normativos e suas alterações para que possa orientar o(a) usuário(a) na busca por seus direitos. O não conhecimento das normativas priva o acesso, tendo em vista que limita o reconhecimento do(a) usuário(a) como sujeito de direito e não contribui para melhoria na sua qualidade de vida, tendo em vista já estar em condições que o limitam.

Um(a) profissional que não se apropria do conhecimento (teórico, ético, político) inerente a profissão torna-se suscetível a assumir competências que não podem ser executadas por outros profissionais, bem como demandas que vindas de outras categorias ou setores. É fundamental compreender que em alguns momentos de atuação, o(a) assistente social é levado a executar atribuições que não são nossas em resposta à prioridade da necessidade do usuário, contudo isso não pode ser definido como rotina. O objetivo da profissão será sempre baseado na mediação do acesso aos direitos dos(as) usuários(as).

3.2.2 A contribuição dos(as) assistentes sociais no acesso e reconhecimento