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5. Estudos de caso

6.2. As audiências públicas

6.2.1. A audiência pública de Ibirité (Ibiritermo)

A audiência pública solicitada pelo Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, realizada em 3 de outubro de 2000, no Ginásio Poliesportivo de Ibirité, transcorreu com tranqüilidade e cumpriu a programação pré-estabelecida. Após a abertura da sessão pelo Presidente da FEAM, substituindo o presidente do COPAM, os representantes da Refinaria

Gabriel Passos/PETROBRAS e da FIAT, proprietárias do Consórcio Usina Termelétrica de Ibirité, fizeram uma apresentação do projeto, destacando as características e a importância do empreendimento e, em seguida, a empresa de consultoria JAAKKO PÖYRY apresentou os principais resultados do Estudo de Impacto Ambiental. Segundo a ordem estabelecida, ocorreu a manifestação do representante do Sindipetro-MG, seguindo-se as falas de represeguindo-sentantes das associações de moradores e das pessoas preseguindo-sentes que seguindo-se inscreveram, de membros do COPAM, de parlamentares e do Prefeito do Município de Ibirité. No final os representantes do Consórcio fizeram a réplica às questões apontadas pelos manifestantes.

O representante do Sindipetro-MG destacou a geração de empregos na fase de instalação do empreendimento, mas ressaltou que a termelétrica seria implantada em local onde o uso e a ocupação do solo é misto, com áreas residenciais, comerciais e industriais, e que

“O comprometimento ambiental na região já é elevado e merecedor de atenção diferenciada. O local escolhido não apresenta as condições ambientais ideais para a implantação de um empreendimento desse porte. ” Como solução para esse problema, o representante do Sindipetro-MG recomendou que fosse elaborado um plano diretor específico para a região e que fossem adotadas medidas mais rigorosas em relação ao uso e ocupação do solo em Ibirité.

Além disso, fez uma série de críticas:

“O uso dos recursos hídricos em uma termelétrica é bastante intenso e elevado o empreendimento será instalado em uma região que já possui os recursos hídricos comprometidos por impactos diversos. (...) As emissões atmosféricas em uma termelétrica causam alterações locais e regionais e na qualidade do ar. (...) A região é carente até mesmo de tratamento de esgoto, de asfalto, e condições melhores de vida, de parques, regiões reflorestadas. (...) Existem vários impactos associados à implantação da Usina termelétrica de Ibirité, tais como a implantação de ramal do gasoduto, de linhas de transmissão, de captação de água, etc, que foram

avaliadas de forma simplificada nos estudos apresentados.”

O representante da Associação dos Moradores do Bairro Petrovale e Médico do Posto de Saúde do Bairro Petrovale, um dos bairros localizados muito próximos à Termelétrica, expôs a condição real em que o bairro se encontrava: próximo à fonte de poluição e na direção do vento vindo da Refinaria. Os agravos à saúde pública local, principalmente em crianças e idosos, decorrentes da poluição da REGAP são exemplificados com o relato abaixo:

“... tenho relatórios de atendimentos médicos de crianças no bairro Petrovale e de toda a região. Metade das crianças atendidas no posto do Petrovale são por conta de doença respiratória. Do total de atendimentos, 26% são por conta de infecções respiratórias e 24% por asma. Asma é uma doença respiratória muito relacionada com a poluição ambiental. (...) Quem mora no Bairro Petrovale sabe de onde vem o vento. Na hora que venta, é que o menino começa a chiar e que as pessoas correm para o posto de saúde. ”

Outros moradores solicitaram esclarecimentos sobre as reais conseqüências poluição atmosférica – destacada como um dos principais impactos da atividade da Usina – para a população que estaria na direção do vento e na região do entorno do empreendimento. Também foram solicitados esclarecimentos sobre a realização de ponderações das emissões atmosféricas já existentes antes da implantação do empreendimento, apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental:

“Mas gostaria de saber se nisso foram consideradas apenas as prováveis emissões da termelétrica ou se consideraram já as concentrações existentes no ar.”

O Prefeito Municipal demonstrou sua aprovação à implantação do projeto, por considerar que ele contribuiria para a melhoria da qualidade de vida em Ibirité:

“Ibirité cansa de fornecer água de graça e não

para Betim. Ibirité só consegue 1,5% do total do ICMS pago pela REGAP(...) Peço a vocês empenho, dedicação e agilidade, pois Ibirité também tem direito ao progresso e a uma vida melhor”.

A reunião transcorreu sem que houvesse manifestações acaloradas ou discussões acirradas, como esperaram os técnicos do órgão ambiental, a exemplo do que havia ocorrido em outros Estados.

A Licença Prévia foi concedida a Ibiritermo pela Câmara de Atividades de Infra-Estrutura do COPAM no dia 4 de janeiro de 2001, condicionada ao cumprimento de condicionantes. A Licença de Instalação foi concedida pelo Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ad referendum da CIF, no dia 8 de março de 2001, condicionada ao cumprimento de condicionantes e a Licença de Operação, também concedida ad referendum da CIF, foi aprovada dia 22 de março de 2002, condicionada, também, ao cumprimento de condicionantes.

É interessante destacar as seguintes condicionantes da Licença Prévia propostas pela FEAM: a elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, com medidas para a redução ou conservação dos níveis de risco, de um Plano de Ação de Emergência – PAE, para organizar ações de resposta às situações emergenciais que sejam compatíveis com os cenários acidentais e de um Plano de Comunicação de Riscos – PCR, inspirado na Community Right-to-know Act, da USEPA, explicitando a necessidade e o direito da população de ser informada sobre os riscos aos quais está exposta; a realização de um estudo de zoneamento urbano-ambiental com objetivo de garantir as condições ideais de segurança para as comunidades ali assentadas, através da definição de restrições ao uso e ocupação do solo nas áreas próximas tanto à UTE Ibirité como à REGAP, baseado no disposto na Convenção 174 da Organização Internacional do Trabalho, que trata da prevenção de acidentes industriais ampliados que envolvam substâncias perigosas e a limitação de suas conseqüências socioambientais.

6.2.2. A audiência pública de São José da Lapa Cia Cimento Portland Itaú