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4. A questão ambiental em Minas Gerais

4.4. O quadro institucional

4.4.1. O COPAM e a gestão ambiental colegiada

Como visto, a estruturação político-institucional da área ambiental em Minas Gerais ocorreu de forma diferenciada, com a criação da Comissão de Política Ambiental – COPAM, em abril de 1977, órgão colegiado com representação de vários setores da sociedade, e com poder normativo e deliberativo.

Segundo Ribeiro (2008), o modelo implantado em Minas Gerais “repousava na concepção de uma gestão pública ambiental que permitiria articular duas questões fundamentais relacionadas à constituição de uma instância de decisão política – a Comissão de Política Ambiental, com sua representação social e política – e a organização de uma instância técnica que subsidiaria, instrumentalizando-a com as informações e avaliações sobre os problemas e conflitos ambientais representados pelos interesses antagônicos que se enfrentavam no campo ambiental”.

A organização da Comissão de Política Ambiental, como citado, incluía um Plenário e cinco Câmaras Especializadas – Câmara de Poluição Industrial, Câmara de Poluição por Adubos Químicos e Defensivos Agrícolas, Câmara de Política Ambiental, Câmara de Defesa de Ecossistemas e Câmara de Mineração e Bacias Hidrográficas.

Em 1987, a Comissão foi transformada em Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, o qual, como as demais instituições integrantes da área ambiental do Estado, sofreu diversas mudanças em sua organização, especialmente em relação às Câmaras Especializadas. Até o final de 2007, sua composição contava com a Câmara de Infra-Estrutura, Câmara de Mineração, Câmara de Atividades Industriais, Câmara de Atividades Agrossilvopastoris e Câmara de Proteção à Biodiversidade, além da Câmara de Política Ambiental e do Plenário, que permaneceram.

Com a reestruturação53, o COPAM passou a ser constituído pela Presidência, pelo Plenário, pela Câmara Normativa e Recursal, pela Secretaria Executiva e pelas seguintes Câmaras Temáticas: Câmara de Energia e Mudanças Climáticas, Câmara de Indústria, Mineração e Infra-Estrutura, Câmara de Atividades Agrossilvopastoris, Câmara de Instrumentos de Gestão Ambiental e Câmara de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas e Unidades Regionais Colegiadas, em número máximo de quatorze.

A coordenação do apoio técnico e jurídico das Câmaras Temáticas e das Unidades Regionais Colegiadas do COPAM será feita pela SEMAD, cabendo aos órgãos seccionais

53 Decreto nº 44.667, de 3 de dezembro de 2007

competentes e às SUPRAM exercerem as atividades de apoio e assessoramento técnico e jurídico.

Figura 4.1 – Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA

Fonte: SEMAD (2008)

O Estado de Minas Gerais dispõe de inúmeros dispositivos legais, normas e regulamentações que tratam das questões relacionadas ao meio ambiente, editadas na forma de leis e decretos e deliberações normativas dos órgãos colegiados COPAM e CERH .

Faz-se menção ao Artigo 214 da Constituição Estadual de 1989, à Lei nº 7.772, de 8 de setembro de 1980 e o Decreto Estadual nº 39.424, de 5 de fevereiro de 1998, que dispõem sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente no Estado de Minas Gerais; à Deliberação Normativa COPAM nº 01, de 22 de março de 1990, que estabelece critérios e valores para indenização dos custos de análise de pedidos de licenciamento ambiental e trata da classificação das fontes de poluição por grau do potencial poluidor; à

Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento SEMAD

Conselho Estadual de Política Ambiental

COPAM

Unidade Regional Colegiada URC

Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento e Sustentável

SUPRAM

Instituto Mineiro de Gestão das Águas

IGAM

Instituto Estadual de Florestas IEF

Fundação Estadual do Meio Ambiente

FEAM Conselho Estadual de

Recursos Hídricos CERH

obrigatoriedade do COPAM para o exercício da atividade de lavra garimpeira; e à Deliberação Normativa COPAM nº 29, de 9 de setembro de 1998, que estabelece diretrizes para a cooperação técnica e administrativa com os órgãos municipais de meio ambiente, visando ao licenciamento e à fiscalização de atividades de impacto ambiental local.

Destaca-se a Lei nº 11.504, de 20 de junho de 1994, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos.

No âmbito estadual, a Lei Estadual nº 7.772 de 08 de setembro de 1980 e o Decreto nº 21.228 de 10 de março de 1981, alterado pelo Decreto nº 39.424 de 05 de fevereiro de 1998, regulamenta o licenciamento e o controle das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras em Minas Gerais, compatibilizados com a legislação federal. A partir de então, todos os empreendimentos potencialmente modificadores do meio ambiente que se implantam no Estado devem submeter-se previamente ao licenciamento ambiental.

As deliberações normativas e resoluções do COPAM funcionam como complemento do Decreto, normalizando as condições para o sistema de licenciamento ambiental; classificando os empreendimentos e atividades segundo o porte poluidor;

estabelecendo limites para o lançamento de substâncias poluidoras no ar, na água e no solo, de forma a garantir a qualidade do meio ambiente e definindo os procedimentos a serem adotados pelo empreendedor para a obtenção das licenças ambientais.

A Constituição Estadual de Minas Gerais, promulgada em 1989, previu uma seção para tratar dos temas relativos ao meio ambiente. O inciso 1º do art. 214 elenca uma série de atribuições incumbidas ao Estado, para assegurar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, entre eles promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e disseminar, na forma da lei, as informações necessárias à conscientização pública para a preservação do meio ambiente e assegurar, na forma da lei, o livre acesso às informações básicas sobre o meio ambiente.

Em Minas Gerais, a emissão de licenças ambientais e de Autorizações Ambientais de Funcionamento (AAF) é feita pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e regida pela Deliberação Normativa nº 74, de 9 de setembro de 2004.

Essa deliberação é considerada importante uma vez que introduziu inovações no sistema de licenciamento ambiental do Estado de Minas Gerais: definiu nova classificação para os empreendimentos através de critérios segundo o porte e potencial poluidor de

empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente, alterou os critérios de classificação, e criou a Autorização de funcionamento54.

A convocação e a realização de audiências públicas foram regulamentadas por meio da Deliberação Normativa COPAM nº 12, de 13 de dezembro de 1994, que estabelece regras para a convocação e a realização de audiências públicas.

De acordo com a referida deliberação normativa, o COPAM poderá determinar Audiências Públicas para analisar planos, programas, atividades e empreendimentos que prescindam de EIA e RIMA e que possam estar causando ou vir a causar significativa degradação ambiental e sua realização poderá ser promovida por solicitação por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por um grupo de 50 ou mais cidadãos.

54Os empreendimentos e atividades enquadrados nas classes 1 e 2, considerados de impacto ambiental não