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4. A questão ambiental em Minas Gerais

4.3. A era da Fundação Estadual do Meio Ambiente e a criação da Secretaria de

4.3.1. A criação da SEMAD e a formação do Sistema Estadual de Meio

Ao longo dos anos, o desejo da criação de uma secretaria de meio ambiente foi tornando-se crescente, vislumbrando-se a integração dos órgãos estaduais que atuavam na área de meio ambiente no Estado de Minas Gerais, sob uma coordenação centralizada e

objetiva das funções que vinham sendo exercidas pelo COPAM, pela FEAM36, pelo IEF37 e pelo Departamento de Recursos Hídricos – DRH38.

Em 6 de setembro de 1995, após vários meses de negociação entre os setores políticos e econômicos envolvidos com a questão, foi criada a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, através da Lei nº 11.90339, com a seguinte estrutura:

a) por subordinação: o Conselho de Política Ambiental – COPAM e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH;

b) por vinculação: a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM; o Instituto Estadual de Florestas – IEF; e o Departamento de Recursos Hídricos do Estado de Minas Gerais – DRH, que deu origem ao atual Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM.

A SEMAD ficou responsável pelo planejamento, organização, direção, coordenação, execução, controle e avaliação das ações setoriais relativas à proteção e à defesa do meio ambiente, ao gerenciamento dos recursos hídricos e à articulação das políticas de gestão dos recursos ambientais, tendo como fundamento de suas ações a promoção do desenvolvimento sustentável.

Coube a ela formular e coordenar a política estadual de meio ambiente a partir de então; zelar pela observância das normas de preservação, conservação, controle e desenvolvimento sustentável dos recursos ambientais; planejar, propor e coordenar a gestão ambiental integrada no Estado; garantir a execução da política ambiental e de gestão de recursos hídricos estadual; coordenar e supervisionar as atividades relativas à qualidade ambiental e ao controle da poluição; coordenar e supervisionar as atividades relativas à preservação, conservação e uso múltiplo e sustentável das florestas, da biodiversidade e dos recursos hídricos; planejar e organizar as atividades de controle e fiscalização referentes ao uso dos recursos ambientais e ao combate à poluição; definir normas e

36 A FEAM estava vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, como citado.

37 O IEF estava vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

38 O DRH estava vinculado à Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos, e sofria grande influência das políticas energéticas da CEMIG, que pressionou, juntamente com os setores agrícolas pela não inclusão do órgão – e portanto, da subordinação da portaria de outorga de uso de água – ao novo sistema de licenciamento ambiental do Estado.

39 A integração do DRH à SEMAD ocorrem em junho de 1996, através da Lei nº 167 12.188, que alterou a

procedimentos para o licenciamento ambiental; e definir índices de qualidade ambiental, nos termos do artigo 2º da Lei nº 11.903/199540.

Dentre suas funções destaca-se a de presidir o Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM – e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, seus órgãos colegiados, cabendo a ela, também, o papel de homologar e fazer cumprir as decisões do COPAM e do CERH.

O COPAM continuou a ser responsável pela formulação de normas técnicas e padrões de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente, competindo a ele (artigo 5º da Lei nº 7.772/80) exercer a ação fiscalizadora no tocante à observância das normas contidas na legislação de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente; autorizar a implantação e a operação de atividade poluidora ou potencialmente poluidora, observadas as limitações impostas por lei; aprovar instruções, normas, diretrizes e outros atos necessários à implantação do sistema estadual de licenciamento de fontes poluidoras e à proteção, conservação e melhoria do meio ambiente; exercer o poder de polícia nos casos de infração à legislação ambiental ou de inobservância das normas ou padrões estabelecidos.

Ao CERH, órgão colegiado, coube a função de gerir a política estadual de recursos hídricos, sendo responsável pelas deliberações referentes ao enquadramento dos corpos d'água, em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo COPAM, bem como pela definição de critérios e normas gerais sobre cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos e pela concessão de outorga dos direitos de uso de recursos hídricos (Art. 4º Deliberação Normativa CERH - MG nº 1/99). Ao CERH coube, ainda, estabelecer critérios e normas visando a prevenção e a mitigação dos danos provenientes da ocorrência de eventos hidrológicos adversos, bem como a regulamentação do regime de racionamento de água.

As entidades vinculadas à SEMAD foram disciplinadas e caracterizadas de acordo com sua área de atuação e identificadas pelas Agendas Ambientais. A FEAM foi identificada com a Agenda Marrom, referente ao licenciamento e ao controle das atividades potencialmente poluidoras; o IGAM, com a Agenda Azul, referente ao gerenciamento dos recursos hídricos, e o IEF, com a Agenda Verde, que inclui os aspectos relativos ao fomento florestal e à gestão da biodiversidade e dos recursos pesqueiros.

40 A SEMAD foi criada pela Lei nº. 11.903, de 6 de setembro de 1995, e organizada pela Lei Delegada nº. 62, de 29 de janeiro de 2003.

A Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM era responsável pelo controle e prevenção da degradação ambiental provocada por atividades industriais, minerárias e de infra-estrutura – saneamento, infra-estrutura urbana e infra-estrutura para geração de energia –, pela aplicação legal de instrumentos de fiscalização e licenciamento destas atividades, e pelo planejamento ambiental. A FEAM atuava diretamente nos empreendimentos de significativo impacto ambiental de âmbito regional e ainda promovia a capacitação das administrações municipais visando a descentralização do processo de licenciamento e de fiscalização das atividades de impacto ambiental local.

O Instituto Estadual de Florestas – IEF era responsável pela política de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente no que se referia à prevenção e ao controle da poluição ou da degradação ambiental provocada por atividades agrícolas, pecuárias e florestais; pelas autorizações de desmatamento, planejamento e manejo das unidades de conservação; e pela execução e desenvolvimento da política estadual para a pesca e aquicultura. O IEF atuava diretamente junto às empresas que utilizavam matéria-prima vegetal, e junto aos produtores rurais, buscando estimular o reflorestamento e a recomposição da cobertura vegetal.

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM era o órgão responsável pela concessão de outorgas dos direitos e dos usos das águas estaduais e pelo incentivo à criação e implantação dos comitês de bacias hidrográficas e suas respectivas agências.

A SEMAD, seus órgãos vinculados, juntamente com os órgãos técnico-administrativos de meio ambiente41 e os conselhos municipais de meio ambiente (CODEMA) 42,43 constituíram o Sistema Estadual do Meio Ambiente.

41 Os órgãos técnico-adminisntrativos de meio ambiente – secretarias municipais, departamento ou superintendência etc. – são responsáveis pelo controle das atividades com objetivo de proteger, conservar e melhorar a qualidade do meio ambiente e pela promoção da política ambiental municipal.

42 Os conselhos municipais de meio ambiente são o órgão responsável pelo desenvolvimento da política ambiental local, de caráter normativo, consultivo e deliberativo, compostos por representantes do poder público e por representantes da sociedade civil.

43 A Deliberação COPAM nº 029/98, que trata da municipalização da gestão ambiental, mediante o estabelecimento de um convênio com o Estado, tem como requisitos entre outros a existência do setor de