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A avaliação de desempenho das empresas e equipes na simulação

6. C ONSTRUINDO O L ABORATÓRIO D EDICADO DE E NSINO E P ESQUISA EM

6.2. O modelo estrutural do LABDAN

6.2.10. A avaliação de desempenho das empresas e equipes na simulação

Para alcançar estreita relação com os objetivos mais gerais de profissionalização do administrador, presentes na proposta curricular de formação elaborada neste estudo, o LABDAN apresenta um sistema de avaliação de desempenho da equipe/empresa e do participante, individualmente, que contempla distintos aspectos. Do ponto de vista prático, oferece dois tipos de avaliação: a qualitativa que ressalta o processo vivenciado na simulação; e a quantitativa que classifica as equipes participantes, segundo o desempenho obtido.

Como o laboratório simula a gestão empresarial com ênfase na estratégia, o sistema considera, na avaliação quantitativa, dois níveis de indicadores para construir o desempenho relativo das equipes. Baseando-se nos sistemas de avaliação do “jogo Gerencial” (SOUZA, 1983) e do “Laboratório de Decisões Estratégicas” (CARVALHO, 1984), definiram-se dois conjuntos de objetivos estratégicos de longo prazo, que são deliberados autonomamente pelas equipes competidoras. E com base em indicadores de excelência empresarial, geralmente aceitos no universo empresarial, alguns utilizados no ranking das melhores e maiores da revista Exame, selecionou-se outro grupo de indicadores com pesos iguais para todas as empresas participantes. No quadro 6.4 são apresentados os dois conjuntos de indicadores de resultados considerados para o sistema de avaliação.

Como se pode observar, os objetivos associados ao mercado e a aspectos econômicos e financeiros recebem, dentro de certas regras, pesos deliberados pelas empresas e constituem a visão de futuro que a equipe dirigente deseja construir. Tal conjunto permite verificar a capacidade de análise das condições ambientais demonstrada pela equipe, em razão

133 de algumas oportunidades e ameaças mais explicitas nas informações disponíveis no momento do planejamento. Permite também observar a consistência interna dos objetivos estabelecidos, bem como entre estes e os grandes meios eleitos para atingi-los. Finalmente, uma análise dos pesos atribuídos possibilita verificar a existência ou não de foco estratégico no planejamento realizado.

Quadro 6.4 – Sistema de avaliação de desempenho das empresas no LABDAN OBJETIVOS/INDICADORES PESO CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO

MERCADO 16 a 24

Liderança de mercado na região 1 2 a 8 Liderança de mercado na região 2 2 a 8 Liderança de mercado na região 3 2 a 8 Liderança de mercado no exterior 2 a 8

Parcelas médias de mercado, dos últimos 4 períodos simulados.

ECONÔMICOS E FINANCEIROS 16 a 24

Liderança em faturamento 2 a 8 Acumulado da receita de vendas ao longo de toda simulação.

Liderança em lucratividade das vendas 2 a 8 Lucratividade dada pela relação do lucro líquido acumulado e receita bruta de vendas acumulada.

Liderança em crescimento do

patrimônio líquido 2 a 8 A variação percentual entre o patrimôniolíquido inicial e o obtido no final da simulação, considerando os dividendos distribuídos. Liderança em retorno médio dos

investimentos 2 a 8 A média aritmética das rentabilidadestrimestrais obtidas pela relação dos lucros operacionais com os ativos totais.

SUBTOTAL OBJETIVOS 40

INDICADORES DE EXCELÊNCIA 20

Liderança em qualidade das previsões 5 Diferença acumulada entre as previsões de venda por região de mercado e as correspondentes vendas reais.

Liderança em liquidez corrente 5 Relação entre o ativo circulante e o passivo circulante, obtida no último período simulado. Liderança em valor agregado por

empregado 5 Lucros acumulados mais dividendosdistribuídos, pela somatória dos empregados utilizados, trimestralmente, ao longo da simulação.

Liderança em inovação tecnológica 5 Taxa de investimento bem-sucedido em inovação, obtida através de pesquisa de mercado e de pesquisa tecnológica.

TOTAL GERAL DE PESOS 60

Os indicadores de excelência, que complementam a avaliação com pesos iguais para todas as empresas, representam a necessidade de os dirigentes preocuparem-se com a estabilidade e a saúde financeira da empresa, no curto prazo, ao mesmo tempo em que se obrigam a considerar o longo prazo para assegurarem bom desempenho em termos, por exemplo, de taxas adequadas de inovação tecnológica.

A pontuação final surge pela somatória da ponderação dos pesos atribuídos a cada um dos objetivos/indicadores pelos pontos obtidos em razão do desempenho

correspondente. Os pontos para o desempenho em cada um dos objetivos e indicadores são obtidos pela ordem inversa do desempenho em razão do número de empresas participantes. Ou seja, numa edição com 6 empresas, o primeiro colocado em determinado objetivo recebe 6 pontos, enquanto o último, sexto colocado, recebe 1 ponto.

A utilização desses dois conjuntos de indicadores permite a autodefinição da empresa por seus diretores, estabelecendo distintas visões e prioridades, segundo distintos interesses de acionistas e dos próprios dirigentes, como também permite a comparabilidade das empresas considerando alguns índices de desempenho universalmente aceitos. Enfim, a experiência mostra que o sistema de avaliação quantitativa de desempenho tem assegurado maior estabilidade e equilíbrio, sobretudo, por estimular a formulação de estratégias e políticas que considerem horizontes de prazos distintos e, o que é mais importante, parece evitar as “estratégias de fim de jogo”, tão indesejadas nesse tipo de atividade.

Na outra dimensão, a mais importante, de caráter qualitativo, a avaliação da empresa e dos participantes ganha correspondência com o processo ao longo da simulação. A idéia fundamental nesse caso é identificar, através de um sistema automático de apoio, as possíveis inconsistências existentes no processo decisório. No plano estratégico, como já registrado, pode-se verificar, pela analise da atribuição dos pesos aos objetivos, por si só e diante das decisões meios, no caso sobre as plantas produtivas e estruturas de vendas nos diversos mercados, o grau de consistência interna e entre meios e fins. No plano tático, busca- se considerar a compreensão demonstrada em relação aos diversos subsistemas da empresa em termos da sua dinâmica de funcionamento. Aqui, busca-se considerar aspectos temporais dos fluxos físicos, econômicos e financeiros, para avaliar a consistência obtida entre eles e também deles com os elementos externos do ambiente. O timing das decisões que trazem efeitos sistêmicos é particularmente observado, como, por exemplo, as relações encontradas entre os níveis de estoque, programação da produção, oscilações da demanda de mercado e a política de preços. Outro aspecto reportado na avaliação qualitativa é sobre a noção demonstrada em relação aos diversos controles necessários para um adequado processo de decisão que se apóie em fatos e dados e não apenas em suposições, como bem observado no manual do jogo GI–EPS (KOPITTKE, 1998). Uma análise das previsões realizadas e da compra de informações, por exemplo, pode oferecer uma idéia de como a empresa está controlando as variáveis associadas à demanda do mercado e à concorrência, e subsidiando suas próprias decisões. Alguns aspectos da análise qualitativa dos resultados são

135 acompanhados de uma analise gráfica para destacar e evidenciar diferenças e eventuais inconsistências.

Uma última consideração destaca a relevância da estrutura organizacional definida no modelo do LABDAN, em face da avaliação de desempenho. Ao atribuir responsabilidades exclusivas sobre determinadas decisões às diversas diretorias, o sistema possibilita a avaliação qualitativa individual do participante. Portanto, várias das analises mencionadas anteriormente podem ser relacionadas com o tomador da decisão que acarretou o desempenho em questão e, conseqüentemente, nessa dimensão, os relatórios podem ser individualizados. Essa característica contribui para superar, pelo menos parcialmente, o problema clássico da avaliação de atividades em grupo nas quais, quase sempre, é muito difícil a individualização das responsabilidades e dos resultados.

Com este último subtópico compõe-se uma visão estrutural representativa das bases do modelo do LABDAN, como pretendido neste capítulo. No próximo capítulo, é apresentada uma descrição do processo de simulação, enfatizando a evolução do usuário participante em suas diversas etapas e destacando a interface do sistema na internet.