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6.2. O modelo estrutural do LABDAN

6.2.2. As grandes etapas da simulação

A dinâmica dentro do LABDAN desenvolve-se em duas etapas principais, o planejamento estratégico do empreendimento e a implementação da estratégia planejada, através de diversos ciclos trimestrais de decisões e resultados.

Por se tratar de uma simulação de gestão estratégica e para assegurar a consistência com os objetivos pedagógicos do laboratório, primeiramente, os participantes deverão formular um plano estratégico para o novo negócio.

Através do SAPEN – Sistema de Apoio ao Planejamento Estratégico de Negócios, um sistema assistente automático desenvolvido sob medida para o LABDAN, as equipes dirigentes da futura empresa formulam o planejamento estratégico do empreendimento. Nesta etapa, são responsáveis por realizar um diagnóstico estratégico, definir a macroestratégia e formular as estratégias e políticas funcionais. Como a equipe gerencial foi selecionada para gerenciar o novo empreendimento desde a sua implantação, o planejamento estratégico parte da premissa de que a viabilidade técnica do produto está assegurada pelo desenvolvimento da pesquisa tecnológica e é reconhecida pelos investidores

que estão aportando o capital inicial na empresa e disponibilizando o referido projeto do produto em sua versão básica, nível zero. Portanto, o processo de planejamento implicará a analise do ambiente externo e das condições internas iniciais, a definição da missão empresarial e seus objetivos estratégicos de longo prazo, e a formulação das estratégias e políticas funcionais com os respectivos impactos projetados, em longo prazo, nos fluxos físicos, econômicos e financeiros. Com auxílio do SAPEN, os participantes podem analisar a viabilidade mercadológica, existente nas diferentes áreas de mercado e calibrar a dimensão econômico-financeira do empreendimento, para cuja gestão foram contratados, do ponto de vista da adequada remuneração aos acionistas.

Com o plano nas mãos, as equipes dirigentes das empresas do LABDAN começam a segunda grande etapa da simulação. Fundamentalmente, irão implementar a estratégia planejada, através de ciclos de decisões trimestrais, buscando a máxima aproximação aos objetivos estratégicos inicialmente definidos e, concomitantemente, buscando apresentar bons resultados em alguns indicadores de excelência empresarial. Ao longo da implementação, as equipes defrontam-se com mudanças de diversas naturezas em variáveis ambientais que são sinalizadas e comunicadas por diversos meios como o jornal da indústria, artigos eventualmente publicados, comunicações do conselho de administração ou, ainda, mudanças nas políticas dos fornecedores e parceiros institucionais. Diante das mudanças, de acordo com o princípio da flexibilidade da estratégia, as equipes dirigentes poderão promover ajustes na estratégia em curso. As correções podem referir-se às políticas adotadas pela empresa, refletindo reformulações nos meios eleitos para atingimento dos objetivos, como podem, também, referir-se aos fins, ou seja, uma reconstrução da visão de futuro da empresa através da reformulação dos objetivos de longo prazo.

Para o desenvolvimento do processo de tomada de decisões característico desta fase, é incorporado no sistema de gestão da empresa, através de relatórios projetados para as diversas áreas, um sistema de apoio à decisão que permite a simulação e a análise de sensibilidade dos resultados a políticas alternativas. Um dos objetivos centrais é possibilitar a compreensão da função-controle e da sua importância para o bom desempenho dos negócios. Estão envolvidos os conceitos de fluxo econômico e fluxo financeiro com suas correspondentes peças de análise, a demonstração de resultados projetada e o fluxo de caixa projetado. Outros aspectos, como planejamento e controle de estoques, também são considerados e, também, constituem relatórios projetados para apoio à decisão. O pressuposto aqui presente, é que, ao utilizar tais instrumentos dentro da atividade de simulação, ou seja,

119 poder projetar os resultados relativos a um determinado plano de decisão e analisar a sensibilidade, a ele, dos diversos fluxos empresariais, os participantes compreendem como se dão as relações causais entre as variáveis econômicas, físicas e financeiras, e como essas relações impactam o resultado da empresa.

Geralmente, nos jogos tradicionais, vivendo a experiência que simula a implementação da estratégia planejada, as equipes são estimuladas apenas a buscar a eficiência do negócio atual. No LABDAN, para propiciar o envolvimento dos participantes com processos mais criativos de renovar a organização, particular ênfase é dada à flexibilização da estrutura do modelo para comportar uma dinâmica ambiental que expresse mudanças mais significativas. Descontinuidades podem ser consideradas verdadeiras rupturas, descompassando a maneira de operar os negócios diante das demandas emergentes. Trata-se de incorporar a possibilidade de reconfiguração de alguns dos subsistemas constitutivos do laboratório, diante de iniciativas das empresas em reagirem, adaptarem-se ou ainda anteciparem as mudanças, investindo em pesquisas e implementando, por exemplo, novas tecnologias, novos fornecedores e novos produtos. O objetivo, nesta fase, é considerar o processo de renovação estratégica, indispensável ao quadro de mudanças do ambiente. Mais do que conduzir com êxito a estratégia planejada, tarefa característica da fase anterior, aqui os participantes poderão, a partir de sinais externos de rupturas na evolução das variáveis ambientais, propor-se a pesquisar alternativas de inovação tecnológica e, eventualmente, sempre que considerarem viáveis os resultados das pesquisas realizadas, implementar as mudanças. As referidas inovações podem estar relacionadas às tecnologias de abastecimento, de armazenamento, de produto, de processo e de distribuição, atividades de valor na cadeia de valor da empresa.

Essa flexibilidade do modelo, como já registrado em capítulos anteriores, permite explorar e desenvolver nos participantes algumas das competências essenciais do profissional de administração, sobretudo, a relacionada à visão estratégica de negócios. Essa competência é aqui entendida como a capacidade de monitorar e perceber mudanças relevantes, emergentes ou em curso e que afetam o modo de operar, e ajustar o negócio inserindo-o no novo ambiente de maneira a obter os melhores resultados possíveis.