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Sequências de Ensino Investigativas O aumento da quantidade de conhecimento adquirido e desenvolvido pela

5. Caminhos trilhados para a pesquisa empírica

5.1. A coleta de dados

No início do ano de 2010 começou o contato entre a EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) em que os dados foram coletados, e a prof. Lúcia Helena Sasseron, que mais tarde encaminharia o trabalho que culminou com os dados utilizados nessa pesquisa. Esse contato surgiu no ENDIPE 2010 (Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino), quando o diretor da EMEF tomou conhecimento de algumas das pesquisas do LaPEF sobre Ensino por Investigação. Após conhecer os trabalhos realizados, o diretor da EMEF em questão propôs uma parceria entre LaPEF e a EMEF para formar as professoras do Fundamental I para o trabalho em sala de aula com o Ensino por Investigação.

A EMEF em que a coleta de dados ocorreu se chama EMEF Jardim da Conquista. Ela está localizada no distrito de Perus, zona noroeste da cidade de São Paulo. Esta escola é frequentada, sobretudo, por alunos de classe socioeconômica baixa, majoritariamente moradores da mesma região em que a escola está localizada.

A Escola Municipal em que a coleta de dados ocorreu começou a funcionar em 2008 e no ano de 2012, ano da coleta de dados, eram 540 alunos a cursar o Ensino Fundamental 1. A escola tem, em média, 30 alunos por classe. A classe em que os dados foram coletados possuía 33 alunos, sendo destes 17 meninos e 16 meninas. É

importante mencionar que embora façamos uso dos dados coletados de apenas uma sala a escola possuía, no ano de 2012, duas turmas de 3o ano e ambas professoras participaram das reuniões de formação e tiveram suas aulas gravadas.

A coleta de dados apresentados neste estudo foi realizada no segundo semestre do ano de 2012. Esses mesmos dados já foram, ou estão sendo, utilizados por outros participantes do LaPEF, em dissertações, teses e relatório de pós-doutorado.

Embora a coleta de dados tenha ocorrido no ano de 2012, a parceria teve início no segundo semestre de 2010. Os encontros formativos com as professoras nos anos de 2010 e 2011 foram mensais, variando algumas vezes para ajustar as possibilidades da formadora, para com o calendário escolar. Esses encontros ocorreram na própria escola e participavam dela professoras de sala do Ensino Fundamental 1 e a formadora, prof. Lúcia Helena Sasseron, acompanhada por mais uma integrante do LaPEF responsável por documentar os encontros.

No primeiro ano, o trabalho de formação esteve voltado para a leitura e discussão sobre os princípios norteadores do Ensino por Investigação. Paralelamente ao desenrolar das discussões, a formadora do LaPEF e as professoras discutiram as sequências didáticas de Ciências Naturais que aplicavam nos respectivos anos letivos. Esses momentos tinham como objetivo central adaptar e ajustar as sequências e os encaminhamentos para que momentos didáticos de investigação e de interação entre os alunos fossem garantidos.

A partir do ano de 2012 ampliou-se os encontros de formação, pois nesse ano algumas séries substituíram as sequências que encaminhavam, por outras elaboradas e disponibilizadas pelo LaPEF. Com essas substituições, acordou-se que manteriam os encontros formativos com toda a equipe do Fundamental I e adicionariam encontros com as duplas de trabalho de cada ano escolar. O objetivo desses novos encontros foi formar as professoras frente ao conteúdo das sequências de ensino investigativo disponibilizadas pelo LaPEF, bem como discutir e planejar encaminhamentos e intervenções coerentes com a abordagem de um ensino investigativo. Foi nesse ano que as aulas com as crianças e os encontros formativos com as parceiras de trabalho passaram a ser filmados.

É importante mencionar que nessas reuniões houve uma preocupação de construir um espaço de escuta, respeito e acolhimento, em que as professoras podiam compartilhar suas dúvidas e incômodos onde juntas e orientadas pela professora do LaPEF, buscariam soluções possíveis e condizentes com as propostas de ensino.

A Sequência de Ensino Investigativa (SEI) analisada nesse trabalho foi planejada para o terceiro ano do Ensino Fundamental 1 e está inserida dentro de um currículo programático formulado para este segmento. As crianças que cursam esse ano devem ter completado oito anos até o final de junho. Essa SEI foi adotada pela EMEF apenas no ano de 2012. A SEI selecionada para esta pesquisa já foi aplicada em outras escolas em que pesquisas distintas apontam a promoção da alfabetização científica (Sasseron, 2008; Afonso, 2011; Letta, 2014). Essa sequência de ensino é nomeada de “Navegação e Ambiente”.

A velocidade das interações verbais que ocorrem em uma proposta investigativa, associadas aos gestos e outras ações que apoiam a expressão de uma ideia, constroem um cenário complexo para captação de dados. Dessa maneira, mostra-se necessária uma coleta de dados que preserve o maior grau de fidelidade aos detalhes visuais (gestos e ações) e às interações verbais (falas, entonações, pausas, entre outros). Como proposto por Carvalho (1996), o meio de captação de dados que melhor atende a essas exigências é a gravação. Tendo isso em vista, todas as aulas da sequência de ensino investigativa foram gravadas por duas câmeras distintas, uma fixa por um tripé e outra manipulada por uma pessoa. Os dados demonstrados neste trabalho são provenientes da gravação e transcrição da primeira atividade da sequência de ensino.

Obedecendo ao termo de regimento do Comitê de Ética da Pós Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo7, os nomes dos alunos, professores e escola não serão mencionados. Com o objetivo de preservar a identidade das crianças e da professora, utilizaremos pseudônimos no lugar de seus nomes. Assim, os nomes aqui citados e apresentados nas transcrições anexadas são fictícios. Para a participação dos menores de idade, os responsáveis assinaram um termo de

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O texto dos Padrões Éticos na Pesquisa em Educação formulada pela Pós Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), pode ser visto no seguinte site http://www3.fe.usp.br/pgrad/PDF_SWF/Documento_Comite_de_Etica.pdf (visto em 06 de outubro de 2013)

consentimento livre e esclarecido autorizando a gravação das aulas e a divulgação dos dados, desde que a privacidade destes fosse respeitada. A professora da turma também assinou o termo de consentimento livre e esclarecido.

5.2. A sequência de ensino e os objetivos