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PESQUISADOR NO CAMPO DA EDUCAÇÃO

2.4 A coleta de dados: os questionários e o espaço formativo

O questionário (Apêndice B) foi organizado em dezesseis questões, distribuídas em quatro blocos distintos. Para a organização, apresentação e análise dos dados, estas questões foram reorganizadas em três unidades. O questionário foi disponibilizado em um ambiente virtual onde os colaboradores poderiam responder de modo que mantivessem seu anonimato diante dos pesquisadores. Essa ação foi importante na medida em que os colaboradores se sentiram mais à vontade para escrever o que realmente pensavam sobre o assunto.

Nosso objetivo, com essa etapa da pesquisa, foi levantar um panorama geral do modo como estes futuros professores entendem a Educação Matemática dos anos iniciais, além de fornecer subsídios para a organização do espaço formativo.

Os colaborados participaram dessa ação no primeiro semestre do ano de 2014, época em que o pesquisador teve a oportunidade de acompanhar os encontros semanais do Estágio Supervisionado. Nessas oportunidades, os colaboradores traziam questões referentes à docência realizada, além de outras inquietudes que são oriundas e comuns do ambiente escolar.

Esse momento dos encontros semanais do estágio, embora não faça parte desse estudo, foi importante para compreender o modo como os colaboradores estavam vivenciando a docência, já que, para alguns deles, foi o primeiro momento em que, efetivamente, estavam vivenciando o ser professor. Esses momentos foram importantes também para a aprendizagem docente do próprio pesquisador que, nesse movimento, se colocou à disposição para auxiliar no planejamento das ações e atuar nas discussões acerca dos relatos que envolviam as atividades que os professores estagiários desenvolviam em sala de aula.

A partir do questionário respondido pelos colaboradores, foi organizado um espaço formativo, onde se buscava discutir questões relativas à formação inicial e ao modo como esses entendiam os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Nesse espaço formativo, buscamos discutir o movimento lógico-histórico do conceito de número, o Sistema de Numeração Decimal e suas operações, além de discutirmos Atividades Orientadoras de Ensino que foram desenvolvidas no Clube de Matemática sobre esses conceitos. O objetivo de partir de atividades desenvolvidas com alunos dos anos iniciais centrava-se em dois pontos: o primeiro, referente ao modo como os colaboradores entendiam a Matemática nesse contexto e o segundo, referente ao modo como essas atividades eram organizadas.

Os encontros foram realizados no segundo semestre de 2014 e gravados em áudio e vídeo, originando os episódios. O Quadro 01 apresenta as ações que foram desenvolvidas nesse período.

Data Tema desenvolvido

05/09 Apresentação da proposta do curso 12/09 Leitura individual

19/09 A construção do Conceito de Número 26/09 Leitura individual

03/10 O Sistema de Numeração Decimal 10/10 Leitura individual

17/10 Operações matemáticas fundamentais 24/10 Leitura individual

31/10 Medidas e frações 07/11 Encerramento

Quadro 1 – Organização dos encontros formativos.

Fonte: Organização do autor.

Em dias destinados para leitura individual, não havia encontro presencial, pois cada um deveria ler o texto indicado como subsídio para a discussão presencial e também pensar em sugestões de como esse texto poderia ser abordado em uma aula de Matemática. Tais textos procuravam relatar o processo lógico-histórico do desenvolvimento do conceito de números, das bases e operações, coerentes com os estudo que apresentamos no capítulo III.

A seguir, descreveremos, resumidamente, como ocorreu cada um dos encontros planejados.

1º encontro: Neste dia, contamos com a presença da professora Anemari Roesler Luersen

Vieira Lopes que fez a abertura do espaço de formação, contribuindo com a discussão sobre o modo como a Matemática vem se configurando no decorrer do próprio desenvolvimento humano, servindo ela como uma resposta a uma necessidade do homem. Nesse encontro também foi traçado um cronograma das próximas atividades a serem realizadas.

2º encontro: Este dia foi reservado para discussão sobre como o conceito de número foi sendo

construído pelo homem, além das diferentes formas de escrita que cada civilização criou para sanar sua necessidade de controlar quantidades. Nesse encontro, também foi apresentada e discutida uma atividade de ensino, desenvolvida na perspectiva da AOE14que objetivava trabalhar com o conceito de correspondência um-a-um.

3º encontro: O Sistema de Numeração Decimal foi o tema proposto para esse encontro. A

discussão girou em torno de um artigo que relatava as diferentes formas que as antigas civilizações desenvolveram para representar o seu sistema de numeração. No encontro desse dia, contamos com a presença da professora Vanessa Zuge15 que contribuiu com a discussão sobre essa temática, além de desenvolver a atividade ―A carta Caitité‖16

.

4º encontro: O encontro desse dia objetivou discutir o conceito das quatro operações

fundamentais, além de discutirmos algumas técnicas usadas por antigas civilizações no decorrer do seu processo de desenvolvimento. Também foram apresentadas atividades de ensino referentes às quatros operações fundamentais.

5º encontro:Entendimento da importância da relação entre o discreto e o contínuo na

constituição do conceito de número, medidas e frações foi a pauta do encontro desse dia. Para

14

Esta atividade, assim como as demais que foram discutidas no espaço formativo, foram desenvolvidas pelo núcleo de Santa Maria no contexto do projeto do Observatório de Educação e aplicada no Clube de Matemática.

15 A colaboradora desse estudo, Vanessa Zuge, é professora da Rede Estadual do Rio Grande do Sul e mestranda

do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria e membro do GEPEMat.

16 A carta Caitité foi elaborada a partir de uma Atividade de Ensino que buscava trabalhar com o sistema de

numeração. O texto desta carta pode ser encontrado em ROSA, Josélia Euzébio da; MORAES, Silvia Pereira Gonzaga de; CEDRO, Wellington Lima. A formação do pensamento teórico em uma Atividade de Ensino de Matemática. In: MOURA, Manoel Oriosvaldo de (Org.). A atividade pedagógica na teoria histórico- cultural. Brasília: Liber livro, 2010.

isso, contamos com a presença da professora Simone Pozebon17 que contribui com a discussão, além de desenvolver uma atividade de Ensino que visava a trabalhar com esses conceitos.

O cronograma inicial previa que os encontros fossem realizados a cada quinze dias. No entanto, o fato do comprometimentos dos colaboradores em atividades nas suas escolas de estágio e a mudança no horário das aulas acarretaram uma mudança no cronograma de encontros.