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Estágio Supervisionado: elo entre teoria e prática Formação reflexiva e desenvolvimento profissional no Estágio Supervisionado

SUMÁRIO

O QUE DIZEM OS FUTUROS PROFESSORES 117 4.1 O que os futuros professores pensam sobre a matemática e seu ensino nos

VI. Estágio Supervisionado: elo entre teoria e prática Formação reflexiva e desenvolvimento profissional no Estágio Supervisionado

No último eixo destacado desse estudo, voltamos nosso olhar para trabalhos que apontam para a necessidade de compreensão do desenvolvimento profissional, para a formação reflexiva no Estágio Supervisionado e para o estágio como elo entre teoria e prática. Nesse eixo, destacamos seis trabalhos.

Pozzobon (2012) aponta, em seu estudo, a necessidade de compreender como os licenciados, de uma instituição especifica, constituem-se profissionais ao vivenciarem o estágio.

No trabalho, Azevedo, Prates e Paez (2010) buscam contribuir com reflexões sobre o Estágio e apontam a importância

[...] do estágio ser efetivamente supervisionado durante a formação inicial de professores e que é possível haver uma aproximação significativa entre a escola

pública e a universidade para que os (as) estagiários(as) tenham a oportunidade de ampliarem suas visões sobre o que devem saber para ingressar com sucesso na profissão como professores e professoras de Matemática (AZEVEDO, PRATES e PAEZ, 2010, p. 8).

No trabalho de Magalhães (2012), notamos a preocupação em desvendar se o Estágio Supervisionado tem provocado a prática reflexiva nos licenciados. Para a redação de sua pesquisa, ele discute o Estágio Supervisionado na perspectiva reflexiva, além do projeto pedagógico de curso e os planos de curso, apontando para o fato de que:

Entendo que esta pesquisa possibilitou a compreensão no sentido de que, para se formar um profissional da Educação Matemática com autonomia intelectual, de modo que atenda às novas demandas profissionais, é necessária uma formação ancorada nos princípios da prática pedagógica crítico-reflexiva (MAGALHÃES, 2012, p. 18).

Zuffi (2007) intitula sua escrita de ―O estágio supervisionado e o enfrentamento de uma realidade escolar como espaço de aproximação entre teoria e prática‖ e colabora na medida em que busca uma aproximação com as práticas de alguns professores a fim de contribuir com a formação de novos professores.

Com o objetivo de promover reflexões sobre os saberes docentes pelos e para os futuros professores, Cavalcante (2010) realiza uma pesquisa etnográfica do tipo estudo de caso. Seus resultados, mesmos que preliminares, elencam alguns saberes movimentados durante a aula.

O último trabalho deste eixo, de autoria de Teixeira e Cyrino (2010), investiga a elaboração do Relatório de Estágio Supervisionado como auxiliar no desenvolvimento profissional e um instrumento de análise e avaliação da prática. Os autores enceram sua escrita, destacando que:

Ações como a elaboração do relatório que promova avaliações acerca da própria pratica podem contribuir para que o futuro professor desde sua formação inicial adquira uma postura investigativa em relação a sua prática, algo importante para o seu desenvolvimento profissional [...] (TEIXEIRA e CYRINO, 2010, p. 10).

O estudo destes trabalhos encerra-se com a discussão acerca do modo como o Estágio Supervisionado está se configurando como momento de formação para os futuros professores, uma vez que esse abre a possibilidade de aliar a teoria à prática, criando um ambiente propício para a aprendizagem docente. A seguir, buscamos tecer algumas considerações sobre o levantamento bibliográfico que realizamos nesse estudo.

Algumas considerações sobre os eixos

Ao iniciarmos um projeto de pesquisa, faz-se necessário conhecer as investigações que já foram realizadas com temáticas próximas ao nosso interesse de pesquisa. Essa ação se mostra relevante em dois níveis diferentes. Em primeiro lugar, possibilita-nos conhecer os avanços que já foram realizados por outros pesquisadores, sendo que seus resultados podem lançar novos olhares sobre o modo como a nossa investigação será desenvolvida. A segunda contribuição dessa ação pauta-se no modo como as pesquisas são desenvolvidas, ou seja, ao estudarmos a produção de outros pesquisadores, não só nos apropriamos do conteúdo, mas também da forma como essa foi organizada.

O estudo realizado a partir dos eixos organizados com as publicações identificadas nos quatro eventos em nível nacional contribuiu para que possamos compreender como pesquisas com diferentes focos e preocupações de investigações consideram o Estágio Supervisionado como espaço de formação inicial. Entendemos que a nossa limitação levou-nos a trazer apenas uma amostra das investigações que são desenvolvidas por diferentes instituições e pesquisadores. No entanto, acreditamos que essa ação nos permitiu uma visão geral sobre o assunto em questão.

Assim, esta etapa de nossa pesquisa permitiu-nos, em especial, compreender a relevância do estágio na formação inicial dos futuros professores de Matemática a partir da visão de diferentes investigadores. Isso nos leva a justificar a importância de, ao buscarmos entender o modo como os acadêmicos do curso de licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM - compreendem a Matemática que é estudada nos anos iniciais do Ensino Fundamental, fazermos a pesquisa junto a estudantes que estão em fase de desenvolvimento do Estágio Supervisionado.

Concluída esta primeira parte do estudo, no subcapítulo seguinte, iremos apresentar as bases teóricas que permitiram a organização, desenvolvimento e análise dos dados coletados durante essa pesquisa.

1.3 A formação do professor que ensina Matemática na perspectiva da humanização: as bases teóricas da pesquisa

A pesquisa sempre busca atualizar, elaborar ou reelaborar os conhecimentos que possuímos acerca de uma temática. Na área da Educação, isso não é diferente, pois todo conhecimento, ao ser produzido, necessita ter uma base teórica que orienta e contribuí para a validação desses novos conhecimentos.

Neste sentido, a presente investigação tem como base de sustentação a Teoria Histórico-Cultural, a Teoria da Atividade e a Atividade Orientadora de Ensino - AOE como princípios norteadores, essas teorias apontam o papel fundamental que a escola tem no desenvolvimento do ser humano e nos permitem compreender o papel da Matemática como um instrumento cultural, além de reconhecerem o professor como um mediador entre os conhecimentos acumulados historicamente pelo homem e os alunos.

Nesse contexto, defendemos que:

A educação é entendida, na perspectiva teórica que assumimos, como uma via para o desenvolvimento psíquico e principalmente humano, e não como mera aquisição de conteúdo ou habilidades específicas. E é com base nesse posicionamento que afirmamos a necessidade da presença da educação sistematizada em todas as fases do desenvolvimento, dado que ela permite uma organização consciente dos processos de formação dos indivíduos, via organização intencional de um ensino que permita aos sujeitos a apropriação de conhecimentos, de habilidades e de formas de comportamentos produzidos pela humanidade, nesse sentido, a escola é instituição privilegiada no que diz respeito às possibilidades de humanização do homem (RIGON, ASBAHR e MORETTI, 2010, p. 28).

Nosso objetivo, nesse capitulo, é discutir alguns pontos centrais dentro dessas teorias, com a perspectiva de refletirmos sobre uma formação de professores para uma educação voltada à humanização. Posteriormente, isso nos permitirá compreender os rumos que essa pesquisa tomou, bem como toda a coleta de informações que foi realizada durante o desenvolvimento do estudo.

Ao nos reportamos a Teoria Histórico-Cultural, encontramos em Vygotsky um dos seus maiores representantes. Esse, juntamente com Luria, Leontiev e seus seguidores formaram uma vasta gama de conhecimentos que permitiram compreender melhor o desenvolvimento humano.

Apoiados nesses referencias, defendemos que:

En calidad de función del cerebro humano el pensamiento constituye en sí un proceso natural, pelo el pensamiento no existe fuera de la sociedad, fuera de los

conocimientos acumulados por la sociedad y de los medios elaborados por ella en la actividad del pensamiento […]. En otras palabras, el pensamiento de las personas, así como su percepción, pasen una naturaleza socio-histórico (LEONTIEV, 1975, p. 29).

Tomaremos essa premissa como ponto inicial para os demais elementos que irão compor essa escrita. O texto que segue está destinado a apresentar os principais elementos que compõem a Teoria Histórico-Cultural, bem como o modo como esses se fazem presentes no desenvolvimento desse estudo.

1.3.1 A escola: um lugar para humanizar-se

Ao nascer, o homem é a espécie mais dependente de seus semelhantes, pois sua sobrevivência depende exclusivamente dos cuidados exercidos pelos outros. Essa dependência reside no fato de que suas funções biológicas ainda se encontram em condições prematuras. No entanto, ―o fato de não estarem totalmente prontas no momento do nascimento possibilita que elas sofram profundas transformações sob a ação da cultura do próprio meio‖ (PINO, 2005, p. 46).

Sabemos que nossa formação humana é constituída a partir das relações sociais que estabelecemos e da possibilidade de nos apropriarmos do legado cultural humano. Essa é uma das características que nos diferencia dos demais animais, já que somos a única espécie que se apropria dos conhecimentos que nossos antepassados construíram, permitindo, desse modo, avançar sobre essa base de saberes deixada como herança cultural. O Esquema 03 ilustra a relação existente entre o meio social e o biológico na formação humana.

Esquema 3 – Constituição do homem

Fonte: Esquematização do autor.

A relação do homem com o meio nunca é direta, mas mediada através de seus semelhantes, dos instrumentos e signos. Por instrumentos, entende-se todo material concreto criado ou transformado pelo homem para a satisfação de uma necessidade, já os signos são entendidos como representações sociais desses instrumentos.

O homem é a única espécie capaz de construir, adaptar e conservar os instrumentos que satisfazem a uma necessidade, diferente dos demais animais que precisam recorrer a natureza toda vez que se deparam com alguma situação que precisa ser mediada através desses. Essa conservação dos instrumentos é um elemento que permite a espécie humana avançar nos conhecimentos que possui, pois, ao conservar um instrumento, não estamos apenas permanecendo com ele, mas carregando junto uma vasta gama de conhecimentos que desenvolvemos sobre eles. Esses conhecimentos passam a fazer parte da cultura humana e se perpetuam como tal quando passados para as gerações seguintes.

Ao pensarmos nos alicerces que sustentam essa pesquisa, fica evidente a necessidade de discutirmos o papel da escola na formação do sujeito. Entendemos a escola como o lugar socialmente instituído para a que as novas gerações possam se apropriar dos conhecimentos historicamente elaborados pelo homem sem a necessidade de reinventá-los. Nesse sentido, entendemos que ―a educação é o processo de transmissão e assimilação da cultura produzida historicamente, sendo por meio dela que os indivíduos humanizam-se, herdam a cultura da humanidade‖ (RIGON, ASBAHR, MORETTI, 2010, p. 27).

Constituição do