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2.1 A Companhia Mogiana de Est radas de Ferro no Triângulo Mineiro

A chegada dos trilhos no Triângu lo Mine iro acompanhou o trajeto dos antigos caminhos, desbravados pelos bandeirantes, que vinham à procura do ouro no Bras il Centra l, ou seja, em pleno sertão. Conforme Raviero (1997, p.54), “ a insta lação da Mogiana no Triângu lo Mine iro pode ser considerada como um dos fatos econômicos mais importantes de sua história, princ ipa lmente por vincula r as produções mato-grossenses e goianas ao entreposto natural em que o transformou”. Ainda, nos dizeres de Lourenço (2007, p.145), “ a chegada da refe rida Companhia, ace le rou o tempo dos deslocamentos e transportes”.

A estação de Ja guara, no município de Sac ramento, conforme observado na Figura 5, fo i construída pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, sendo a prime ira est ação dessa companhia em Minas Gera is . Ta l estação faz ia parte

da linha Catalão16, que chegou a Uberaba em 1889, a Uberabinha (hoje

Uberlândia) em 1895 e a Ara guari em 1896. Guimarã es (2004, p.9) diz que:

[...] Os motivos que levaram a ferrovia no sentido específico da estaç ão de Ja guara provavelmente tem uma expl icaç ão muito simples, ou sej a, é que naquele loca l e xis tia uma ponte, construída na década de 1850, por onde transitava parte das mercadorias entre Minas Gera is e São Paulo (antiga es trada de São Paulo). E a Companhia Mogi ana não só se aproveitou

16 “Co ntinu ação da li nha do Rio Grand e a p artir da estaç ão de J agu ara , às m arg ens do rio

Grand e e já e m territó rio mineiro , a i déia da Mo gi ana atra vés de co nce ssão , era al can çar Catalão em Go iás, (daí o no me) e dali segu ir para Belém do Pará, co isa qu e nu nca aco ntec eu ”. Entre vista co nc edid a e m 2 8 /1 1 /2 00 7 , po r Apa reci da da Gló ria C ampo s Vi eira, histo riado ra e arqu ivista do Ar qu ivo Pú blico de Ar agu ari.

desse fato, como também fe z a lguns reparos na respectiva ponte e avançou pelo território mineiro, buscando garantir o direito de exploração de promissoras áreas.

Figura 5 - Es tação de Jaguara no município de Sacramento (MG), 2006. Fonte: R alph M. Giesbrecht, 2006.

Em 5 de março de 1888, fo i inaugurada a Estação de Jaguara, braço da seqüência da ferro via vinda de São Paulo rumo ao Bras il Centra l, t ranspondo o rio Grande, marcando-se assim a che gada da fe rrovia no Triângu lo M ine iro. A Figura 6 mostra a ponte sobre o rio G rande, que fo i submersa depois da construção da represa de Jagua ra.

Mas é re le vante ressa ltar que os trilhos da Mogiana não chega ram até o perímetro urbano de Sacramento, ficando distante da cidade. Esse fato levou a população loca l a se mobiliza r no sentido de resolver o problema, po is os habitantes da loca lidade deseja vam via jar de t rem, as merc adorias prec isavam ser transportadas, queriam as novidades da modernidade, enfim, queriam desfrutar de ma ior conforto e se gurança ao desloca rem-se para outras re giões.

[...] A relação comerc ial do Triângulo Mine iro com São Paulo tornou-se mais intensa e dec isiva a part ir de 1888, quando a Mo giana transpôs o rio Grande, chegando a Jaguara, tra zendo grande contingente de im igrant es, para ocuparem as fazendas de café, aumentando consideravelmente a sua produção nessa região. (C ERC HI, 1991, p.29).

Figura 6 - Ponte sobre o rio Grande, divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais, s/d.

Fonte: Acervo do Museu da CP, em Jundiaí-SP.

O que dificu ltou de fato a chegada da ferrovia até a zona urbana de Sacramento foram os obstáculos com o rele vo e a a lt itude. Dessa maneira, as lideranças loca is começaram a articu lar a possibilidade de a cidade possuir bondes que fizessem a liga ção entre a estação de Jaguara e a cidade de Sacramento. Várias empresas foram consultadas sobre a insta lação dos

bondes. A empresa alemã Bromberg & Co.17 assinou um acordo com a Câmara

de Sacramento, em 1910, para viabiliz ar a insta laç ão dos bondes. O fato dos bondes circula rem com facilidade em rele vo que apresenta obstáculos foi decis ivos para a concret ização do projeto de implantação. Podemos observar na Figura 7, a má conservação da estaç ão Cipó, às margens do rio G rande. A Figura 8 mostra o trajeto percorrido pela Estrada de Ferro Mogiana até chegar a Sacramento e posteriormente até Uberaba. A ligaç ão da cidade de Sacramento por bonde até a estação Cipó da Ferrovia Mogiana também, pode ser observada.

17 Essa empr esa er a a re pres enta nte br asileira da firma alemã Siem en s-Shu ckert . A lo cação

da no v a ferro via , a s er feita pela Co mp an hia Mo gian a d e Estrad as d e Ferro , fo i apro va da pelo Mi nistério d a Vi ação em março de 1 9 1 1 , o pro jeto o riginal pre via qu e su a bito la seria métrica e ela teria 1 9 km de e xtens ão , des de Co nqu ista (M G), até a se de do mu nicípio de Sacr ame nto (MG) . To do o equ ipa mento el étrico fo rneci do era de o rigem alem ã.

Figura 7 - Es tação de Sacramento: C ipó, 2004. Fonte: Hermes Y. Hinuy, 2004.

Segundo Olegário Hercu lano de Aquino e Castro18, o motivo do percurso da

Estrada de Ferro Mogiana passar primeiro por Jaguara e somente depois chegar à Uberaba , estava pautado na questão de que por esse trajeto um maior número de localidades seria benefic iado, e que naquele momento não traria prejuízo para Uberaba, ao contrário, a c idade co lheria vanta gens.