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A Ube raba do século XIX era passagem obrigatória do gado que seria comercia lizado nas províncias viz inhas de Goiás e Mato Grosso. Lourenço (2007, p.141) nos lembra que, “ a primaz ia de Uberaba se devia, em parte , à sua posição, a jusante da rede de estradas vindas dos sertões oeste e norte, e a montante do porto da Ponte Alta , no rio Grande, e da est rada de São Pau lo”.

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Para Rezende (1991, p.50), fica evidente que “ a consolidação de Uberaba, como centro urbano, ocorreu no momento em que a cidade se transformou em entreposto e/ou centro comercia l, princ ipa lmente de sal. Produto muito importante para a at ividade agropastoril”.

Como as estradas eram muito precá rias, o comérc io era re a lizado atra vés do rio G rande e de lá vinha em carros de boi até che gar a Ube raba. O cresc imento econômico de Uberaba, na se gunda metade do século XIX, estimulou a parce la da população da cidade, que tinha como atividade econômica o comércio, a aspirar pe la presença de uma ferrovia, o que sign ificaria a expansão dessa atividade, acompanhando a modernidade que as estradas de fe rro representavam naquela época.

Para as empresas ferroviárias, a questão não se resolveria apenas com o transporte do café, uma vez que os trens iam cheios até o Porto de Santos e de lá vo lta vam vaz ios, não sendo aproveitados para o transporte de outros produtos.

É importante ressa ltar que Ube raba, naquela época, ofe rec ia uma nova modalidade de produtos a serem transportados pela fe rrovia , a saber: o gado e todos os insumos consumidos por esses anima is, a lém de novos produtos que seriam transportados para aquela que era denominada “ Princesa do Sertão”. Silva (2006, p.37) nos diz que “ era, portanto, uma terra de oportunidades, para trabalha r e fazer a vida . Sem fala r nas terras fért e is que atraíram muitos fazendeiros para a região” . E Nabut (2001, p.14) re lata que “ a c idade funcionava como estação de chegada e morada definit iva, para as famílias libanesas que trafega vam por Santa Ju liana”. No Anexo 1, pode-se observar o

paine l da Princesa do Sertão - mulher ostentando coroa, simboliz a Uberaba19.

As duas últimas décadas do século X IX representaram o auge do desenvolvimento socia l e econômico, com a fundação de diversas indústrias. Como nos diz Rezende (1991, p.62), “ aqui se fundaram diversas indústrias a partir de 1880: Fábrica de Tec idos do Cassú, Engenho Central de Açúcar, Fábric a de Chapéus, três Fábricas de Cervejas , Fábrica de Queijos, Fábric a de

Vinhos e Cerâmica. Uberaba se tornou grande centro comercia l, fornecedor de mercadorias pa ra M inas Gera is , Mato G rosso e Goiás.”

No iníc io da década de 1880, a ferrovia aproxima va-se , tornando o sonho concreto, quando a Assemblé ia Le gis lat iva da Provínc ia de M inas Gera is , em 1º de outubro de 1881, promulgou a Lei nº 2791, que garant ia juros a módicos 5% para a empresa ferro viária que desejasse construir uma linha férrea que atravessasse o rio Grande e chegasse até o rio Pa ranaíba. A construção da estrada só seria rentáve l se partisse de Jundiaí (SP), que ligaria o interior até os centros econômicos mais importantes do país. A Figura 9 mostra os operários que estavam assentando os últimos trilhos da Estrada de Ferro Mogiana, que se aprox imava da c idade de Uberaba.

Figura 9 - Operários na construção da Estrada de Ferro Mogiana, 1889. Fonte: Arquivo Público de Uberaba.

Uberaba era zona rica e muito d isputada tanto pela Companhia Mogiana de Estrada de F erro quanto pela Pau lista, pois ambas esta vam em condições de atravessar o rio Grande. Em 10 de março de 1888, a Locomotiva M inas Gera is atravessou o rio Grande, inaugurando uma nova perspectiva de organizaç ão territoria l para o Triângu lo M ine iro.

Antes de chegar a Uberaba os trilhos da Mogiana chegaram a Jaguara , saindo de Ribeirão Preto e passando por Franca, em território paulista. Porque na

verdade, como o capital da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro era, basicamente, vindo da produção do café, é certo que o traçado da ferrovia atendesse, em prime iro luga r, às zonas produtoras de café, como Ribeirão Preto, Franca e Batata is. A Companhia Mogiana explora va também a navegaç ão, e , com a chegada dos trilhos às margens do rio G rande, houve uma intensificação dessa modalidade de transporte, que era mant ida por dois vapores, o “ Sapucaí-Mirim” e o Santa Rit a, interligando assim os dois modais explorados pela empresa. Na tarde de 4 de abril de 1889, cerc a de mil pessoas aglomeraram-se na estação da Mogiana em Ube raba, a guardando o trem que se aproximava, conforme mostra a F igura 10.

Figura 10 - Inauguração da Estaç ão da Mogiana de Uberaba, 1889. Fonte: Arquivo Público de Uberaba.

As dinâmicas at ividades comercia is e industria is do final do século XIX, em Uberaba, foram fundamentais para que a Campanhia Mogiana de Estradas de Ferro se interessasse em expandir os trilhos até a c idade. Rez ende (1991, p.84) a inda nos diz que “ com a implantação da ferrovia em Uberaba, o comércio a vo lumou-se e tornou-se o ponto chave de ligação entre o mundo capita lista e as re giões interioranas”. É prec iso considera r também, a chegada da mão-de-obra imigrante no final do século XIX, que possibilitou a abertura de novas fábricas e a ampliação das at ividades comerc ia is, uma vez que a

estrada de ferro trouxe para a cidade produtos sofisticados. Dessa forma, transformou os hábitos da sociedade loca l, tornando-a mais exigente, portanto, diferente das sociedades interioranas da época, uma vez que a presença da ferrovia possib ilitava o consumo de mercadorias que circu lavam em São Paulo e na Corte.

Embora Uberaba não fosse produtora de café, o prolongamento dos trilhos do trem de fe rro justificou-se pe lo dinâmico comérc io loca l. Rezende (1991, p.80) e videncia que:

[...] A estrada de ferro marcou o apogeu do comércio, deixando traços profundos na vida econômica da c idade. Como se trat ava de uma companhia paulista a dependência da cidade de Uberaba a São Paulo tornou-se evidente. A Mo giana foi o ponto de confirmação das relações comerciais entre Minas Gerais e São Paulo.

Mesmo por um curto período (fina l do sécu lo XIX e iníc io do século XX ), o comércio da c idade usufruiu de uma grande expansão, o que projetou Uberaba como o núcleo urbano mais importante da re gião.