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Aragua ri, c idade do Triângu lo M ineiro, fe z parte, no fina l do século XIX, da expansão ferroviá ria nac ional com a instalação, em 1896, da Companhia Mogiana no recém criado município, possibilitou à loca lidade mineira e ao viz inho Estado de Goiás, a ligação ferro viária com a economia cafee ira , com os grandes centros urbanos e com a re gião portuária.

Com a chegada da ferrovia , a c idade transformou-se economicamente, impuls ionada pelo novo ordenamento do traçado da cidade, elaborado pelo engenheiro M iller, contratado pela Companhia Mogiana.

A estação mostrada na Figura 12 não é a primeira estaç ão ferro viária da Companhia Mogiana, que foi demolida.

Figura 12 - Esta ção da Companhia Mogiana em Araguari, 1942, ponto final da linha tronco da Mogiana (trat a-se da segunda).

Fonte: Acervo do Arquivo Público Munic ipal.

A seguir pode ser observado no Mapa 3, o percurso da estrada de ferro explorada pela Companhia Mogiana, a part ir de Campinas até chega r em Aragua ri, no Triângu lo M ine iro. É prec iso considerar, também, que a Mogiana é o prolongamento de duas importantes ferrovias, a Estrada de Ferro Santos- Jundiaí, inaugurada em 1867, e da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, tornando-se possível a ligação do Triângu lo com o Porto de Santos. Brasile iro (2001, p.169) diz que: “ a ferrovia ligando o litora l ao plana lto da à companhia inglesa , que a construiu, o monopólio do eixo Santos-São Paulo, de modo a qualquer ferrovia que se construísse no interior t ivesse que a utilizar pa ra acessar o porto de Santos”. Por outro lado, ao chegar a Ara guari, pode-se observar a continuidade da ferrovia até o estado de Goiás, por meio da Estrada de Fe rro Go iás.

Aragua ri assume um lugar de destaque, dentre as cidades do Triângu lo Mine iro, no final do século XIX , porque nela est ava o ponto final da Companhia Mogiana e o início da Estrada de F erro Go iás. A posiç ão geográfica da c idade propic iou uma intensa movimentação de cargas, por ser ponto de parada ou partida obrigatórias. Isto impuls ionou o povoamento do luga r, devido ao intenso tráfego e ao grande inte rcâmbio comerc ia l, proporcionado pelas estradas de ferro entre M inas Gera is e Go iás.

O funcionamento da Companhia Mogiana em Araguari inspirou a abertura de caminhos, por meio de trilhos, até o Estado de Goiás. Fo i a Est rada de Ferro Alto Tocant ins, posteriormente denominada Estrada de Ferro Go iás, que em

Aragua ri insta lou sua sede20, que estabeleceu entroncamento que ligaria

Goiás, pe la Estrada de Ferro Goiás , e São Paulo, por meio da Companhia Mogiana at ingindo o objetivo de liga r o interior do país às cidades de Santos e Rio de Jane iro.

Outra estação ferroviá ria fo i construída em Araguari a part ir de 1911 e sua inauguraç ão ocorreu em 1928. O que possibilitou a insta laç ão da Estrada de Ferro Go iás, F igura 13, fo i a ex istência da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, desde 1896 na c idade.

[...] Através da Estrada de Ferro Goiás, vinham cereais e também o gado, com destino a Campinas (SP) e, posteriormente, ao porto de Santos (SP). De São Paulo chegavam os manufaturados. Para que as mercadorias fossem transportadas até o seu destino, eram reali zadas baldea ções. Os vagões transitavam de uma estação para a outra (da Goiás para a Mogiana ou vice-versa). (Entrevista concedida por Aparecida da Glória Campos Vie ira, em 28 nov.2007).

O complexo ferroviário da Estrada de Ferro Go iás era formado por vários prédios de serviços, como almoxarifado, armazéns de cargas 21, ofic ina

20 De aco rdo co m Campo s Jú nio r (19 98 , p.1 ), “dentro de u m pro ces so , apó s div ergê ncia s

po líticas, fo i deter mina do pelo Decr eto nº 5 .3 9 4 de 1 8/10 /19 04 , qu e o po nto inicial daqu ela qu e viria a s er então a Estrada d e Ferro Go iás, seria na cida de de Ara gu ari e o seu terminal na ca pital d e Go iás” .

21 [...] Ali no s fo ram p resta das i nfo rmaçõ es i nteress ant es e mu ito valio sas p elo zelo so

ferro viário , Sr . Cirilo Reis qu e ex erce as ele vad as fu n çõ es d e C hefe da Estaç ão de Ara gu ari. No mo me nto de no ssa vi sita o s arm azé ns qu e ac hav am a barro ta do s de merca do rias, po ssu íam cerc a d e 1 0 mil sacas d e arro z, além de o u tro s cereais e

elét rica , locomoção e tipografia . As ofic inas prestavam serviços de consertos e produção de vagões, locomotivas, máquinas e mobiliário, fac ilitando o funcionamento da ferrovia .

Figura 13 - Esta ção da Estrada de Ferro Goiás, 2005. Fonte: Secretaria Munic ipal de Cultura de Ara guari.

[...] Gradativamente a Es trada de Ferro Goiás tornou-se a mola propulsora de grandes transformações ocorridas na cidade. Essa companhia propiciou o desenvolvimento do comércio, por intermédio dos funcionários que aqui gastavam seus proventos e por pessoas que vinham de outras regiões do país; al guns para investir seu capital no crescimento da cidade, outros para procurar emprego. (Entrevista concedida por Aparecida da Glória C ampos Vieira, em 28 nov. 2007).

merca do rias v árias , pro vi nda s d e Go iás e qu e estão á esp era de va gõ es d a Mo gi an a. Ha via aind a n as im edia çõ es do arma zém cer ca de 1 0 v agõ es carre ga do s, e dis se-no s o Sr. Reis, qu e esper ava m na qu ele dia ain da mais do is trens de car ga. D e tu do qu anto vimo s e o u vimo s co m a maio r ho nestidade, po is qu e fala m o s nú mero s, che gamo s a co nclu são de qu e a so lu ção do pro blem a do tra ns po rte da s m erca do rias go ia nas não de pen de exclu siva me nte da Estrad a de Ferro Go iás , m as t amb ém da Mo gi ana . V erifica-s e qu e a Go iás atu alment e tem maio r po ssi bilida de de tr ação do qu e a Mo gia na na p arte qu e se refere ao ram al U bera ba - Ar agu ari, po is e sta f erro via não co nse gu irá, e m hipó tese algu ma, dar esco am ento às car gas tran spo rtad as atu alm ente pel a Go iás. Esse des equ ilíbrio é mo tivado pelo fato da Mo gian a não co lo car à dispo sição da Go iás o s vagõ es nec essário s, o brigan do a qu e esta ten ha seu s arma zé ns ab arro tado s e várias co m po siçõ es de v agõ es to talmente car reg ado s n a esta ção lo cal e a gu arda ndo b ald eaçõ es . Para a Go iás e pa ra a Mo gian a, o qu e interessa va são as rend as, e qu a nto mais transpo rtes fizer, ta nto maio res são elas. (JORN AL G AZE TA DO TR IÂNGU LO , 3 1 ago .1 9 4 1 , p.1 ).

Com a extensão dos trilhos em direção ao território goiano, a part ir de 1911, Aragua ri perde parte do domínio comercia l para as c idades do sudeste goiano. A estrada de ferro surgiu como alternat iva para romper o isolamento da economia goiana quanto à sua demanda por um meio de transporte que viesse a atender às nec essidades de escoamento da produção.

De acordo com Campos Júnior (1998, p.2), “ o nascimento da Estrada de Ferro Goiás serviu aos interesses e desejos de mineiros e goianos que tiveram, nessa ferrovia, um dos alicerces para seus processos de cresc imento”. Posteriormente, serviu como ponto de discórdia pela d isputa do controle das atividades econômicas re gionais entre as duas cidades, Ara guari e Go iânia.

[...] Esse fa to é confirmado quando, a partir de 1954, Ara guari perde para Goiânia a Primeira Divisão (matri z) e pass a a ser a Segunda Divisão da Es trada de Ferro Goiás. Esse acontecimento refle te dire tamente na economia loca l, porque muitos trabalhadores, cerca de quinhentas famílias, são transferidos para Goiânia, além de todas as atividades desenvolvidas pela EFG na c idade. Com isso o desenvolvimento econômico da cidade entra em dec línio. Além desse fato, o conservadorismo político também representou um entrave ao desenvolvimento. Ainda, é preciso considerar que, no final da década de 1950, a implantaç ão de rodovias na região foi um fator decisivo que contribuiu para a decadência da ferrovia em Ara guari. (Entrevis ta concedida por Aparecida da Glória Campos Vie ira, em 28 nov.2007).

Com a expansão rodoviária motivada pe la construção da Capital Fede ra l, a partir da se gunda metade da década de 1950, o não reapare lhamento da malha ferro viária , o não saneamento da crise financeira e a cria ção da Rede Ferroviá ria Federa l S/A (RFFSA ) em 1957, ext inguem de vez a Estrada de Ferro Goiás, na forma origina l, sendo incorporada por essa nova empresa que acabara de se r c riada pe lo Gove rno Federa l.

A modalidade ferroviária ao ser inserida nos planos de modernização dos meios de transportes no Bras il, promoveu alterações nas re lações de t raba lho, socia is, de produção, comercia lização e, por fim, de circu lação e mobilidade, ou seja, produziu uma nova geografia re gional, que, nos dizeres de Santos (1997, p.6) se materia liza como as “ infra-estruturas representadas pelo

trabalho humano materia liz ado e geogra fizado na forma de casas, plantações, caminhos, etc.”

As transformações socioeconômicas provocaram alterações nas relações de trabalho no Triângu lo M ine iro, tornando-o uma região capaz de at ra ir invest imentos por meio da produção de riquezas e a circulação destas pelo território. Dessa forma, possib ilitou o ingresso da região no circu ito econômico nacional.