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1.2 O surgimento das ferrovias como dinamizadoras do desenvolviment o econômico

O modo de produção capitalist a, baseado na livre concorrência , na obtenção de lucros e na propriedade privada dos bens e dos meios de produção, exige uma dinâmica ma ior na economia, que foi constatada desde as primeiras fases da Revolução Industria l, a part ir do artesanato e da manufatura, concretiz ando-se com a implantação da maquinofatura. O advento da industria lização no século XVIII definiu a concorrência por meio da le i da oferta e da procura, e com isso mostrou o quanto o capital na forma de invest imentos, é importante e á gil.

Ao abordar a evolução do sistema de transportes, percebe-se que a modalidade fe rroviá ria fo i suporte para a fase pós-Revolução Industria l, que além de provocar uma modifica ção econômica, trouxe em seu bojo uma transformação na sociedade, que antes era, predominantemente, rural e com a

evolução da indústria passa a ser urbana2. Nessa época, a população começa a

usufruir de uma me lhoria no seu padrão de vida. Se a c idade se transformou, o campo também partic ipou dos acontecimentos em torno da vida urbana, sendo benefic iado pe las máquinas que começaram a chegar à zona rura l, aumentando assim a produção de a limentos.

O papel dos transportes, nessa época, foi essencia l. As pessoas não paravam de chegar às c idades. Elas prec isa vam se a limentar e se locomover, e , nesse sentido, o trem representou, dentro do contexto da Revolução Industria l, uma nova revo lução para a soc iedade e para a economia. Assim, podemos

2 “O melho r exe mplo da u rb aniz ação fo i s em dú vid a, o da In glaterra , primeiro es pa ço de

considerar um primeiro momento, no qual a expansão marítima, a abertura de canais e as rodovias rudimentares pouco atendiam às crescentes necess idades da indústria, e j á, em um segundo momento, percebe-se a utiliz ação da mecânica, de té cnic as ma is desenvolvidas, tornando esse momento mais dinâmico. Dessa forma, surgem as ferro vias, a nave gação fluvia l e o vapor marítimo. A lém de que é necessário considerar a produção industria l que precisa va ser t ransportada.

[...] O surgimento da máquina a vapor (James Watt - 1782) e sua aplicação aos transportes complementou e passou a substituir os transportes primitivos, insuficientes para promoverem a expansão dos produtos europeus e a capitação de matérias-primas nas colônias. Isso só poderia ser fei to por um meio de transporte mais rápido e efici ente. A m áquina a vapor, adaptada a um chassi ou a um barco, deu origem à ferrovia e à navegação a vapor, transformando radicalmente os transportes, que passaram a atender compulsivamente o capita lismo industrial. (SILVEI RA, 2003, p.64).

Atendendo então aos interesses meramente cap ita listas de acordo com S ilve ira (2003, p.66), “ surgem na Inglate rra as est radas de ferro, fac ilitando o desdobramento dos transportes e permit indo ao país realiza r uma acumulação extensiva , sa indo em busca de novos mercados”.

É necessário e videncia r que as estradas de ferro não partic ipa ram da fase revo luc ionária da industria liz ação, dessa forma, verifica-se que nos primeiros vinte anos do século XIX, elas não representavam mais que 100 km de linhas férreas. Elas surgiram da necess idade de tornar a economia mais d inâmica e o território ma is fluído.

A prime ira locomotiva fo i concebida em 1804, por R ichard Treevith ic k, conforme pode-se observar na Figura 1. Já a prime ira grande linha especia liz ada no transporte de passageiros e mercadorias fo i inaugurado em 1830, num percurso de 58 km, que separavam Live rpool de Manchester, marcando assim o desenvolvimento das fe rrovias no mundo.

Figura 1 - Locomotiva de Treevithick, 1804.

Fonte: Disponível em: <www.geocites.com/baj a>. Acesso em: 2007.

A locomotion foi um grande in vento que trouxe mudanças significat ivas, mesmo que a princípio fiz esse um trajeto restrito, dando mostras de que a sociedade moderna passaria a usufruir dos benéficos da construção desses meios de transportes, que até a li e ram re voluc ionários.

Na Figura 2, podemos observar o avanço das locomotivas, sobretudo em re lação à primeira, de 1804.

Figura 2 - Locomotion, 1825.

Outras máquinas foram construídas da combinação de inovações e invenções, a exemplo da locomotiva Rocket, como mostra a Figura 3, que favoreceram o desenvolvimento do transporte a vapor sobre os trilhos.

Figura 3 - Locomotiva Rocket, 1830.

Fonte: Disponível em: <www.storiadimilano.it>. Acesso em: 2007.

[...] Em 1829, Robert Stephenson, filho de George Stephenson, fabrica a mais famosa das locomotivas, a “The Rocket” ou o “foguet e”, que transportava at é 36 pessoas e tinha uma velocidade média de 40 Km/h. A locomotiva “o foguete” percorreu, nesse mesmo ano, uma distância de 15 Km entre Liverpool e Manchester. (SILVEI RA, 2003, p.67-68).

Os países que realiza ram sua própria Re volução Industria l, após a Revo lução Cláss ica, ocorrida em meados do século XVIII, na Inglate rra, foram benefic iados com um sistema de transporte ma is e fic iente.

A principa l conseqüência da introdução do uso da máquina, prime iramente na Inglaterra, fo i o surgimento do capita lismo industria l, onde havia o predomínio da produção, por meio da indústria sobre a c ircu laç ão e as finanças, aqui representadas pe los bancos.

A Segunda Revolução Industria l, ocorrida no século XIX , fo i marc ada por um conjunto de novas transformações no processo de industria liza ção. Entre as novas invenções, que provocaram mudanças na sociedade e na economia, tem- se o processo de transformação do minério de ferro em aço, que possibilitou a sua produção em grande escala, transformando-o no elemento básico dessa nova fase do processo de industrialização. O dínamo que substituiu o vapor (que até então era obtido por meio de força mecânica) como força motriz da

maquinaria industria l pela e letric idade3, e a inda o motor de combustão

interna, que abriu caminho para a utiliza ção do petróleo em larga esca la, sendo o recurso energét ico propulsor da fase da industria liz ação.

A expansão das ferrovias está int imamente ligada à prime ira expansão da indústria , uma ve z que o território passa a ser reorgan izado a part ir dos meados do século XVIII, em função das fábricas que eram construídas, os transportes que iam sendo aperfeiçoados e implantados, e enfim as redes que se formaram nos países de industria liz ação c láss ica , ut ilizando os canais, as prime iras estradas pavimentadas e as fe rrovias.