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A Condenação ao Inde

No documento UM DESTINO SEGUINDO CRISTO (páginas 114-119)

A OBRA PERANTE A IGREJA 1) Autoridade e Liberdade

2) A Condenação ao Inde

Quisemos anteriormente observar a fundo o problema da autoridade. Podemos agora compreender melhor o significado do caso de que estamos tratando. Falando dele anteriormente, colocamos os dois termos um em frente ao outro: de um lado, a Igreja, como organização e poder, provida de autoridade; do outro o indivíduo isolado, obrigado à obediência Podemos, assim, ver implantado, segundo os princípios expostos, o problema da autoridade neste caso particular. Referimo-nos à condenação ao Index. Eis que nasce o choque entre os dois termos. A autoridade sente-se lesada e condena. É justo. Trata-se de um ato de legítima defesa das próprias posições terrenas, baseado sobre princípios teóricos. À autoridade pareceu que aqueles escritos a ameaçavam. Tais situações são fatos positivos e não admitem discussões. Mas elas se baseiam sobre premissas espirituais, que, portanto, não devem ser discutidas para não abalar a solidez das posições que delas dependem. Obrigação, assim, de fé cega e de aceitação incondicional daqueles princípios, mesmo para quem tem necessidade de conhecimento para evoluir e não pode cristalizar-se na imobilidade. Eis que, neste caso, o indivíduo se encontra impedido no seu progresso espiritual por aquela autoridade, cuja exata função deveria ser encorajado nessa direção. Mas, dados os princípios acima expostos, com o tipo normal humano dominante, isto é natural. Podemos agora estabelecer. a posição entre os dois termos: compreender o seu comportamento e fazer a análise do caso sob exame.

A posição desses dois termos é a seguinte: a autoridade, pelas razões mencionadas, sente-se no direito de proibir a pesquisa que ponha em discussão aqueles princípios. Mas é exatamente o trabalho dessa pesquisa que conduz ao desenvolvimento espiritual do escritor condenado. Ora, proibindo a autoridade a pesquisa, paralisa tal desenvolvimento, que representa o objetivo da instituição que ela defende e que consiste na realização de suas finalidades espirituais, lançando a culpa sobre um sincero investigador da verdade. Com isso ela comete o pecado de sufocar a espiritualidade, contradizendo-se e renegando o seu fim maior.

Observemos agora o termo oposto. Perante unia autoridade que procede assim, tem o indivíduo o dever de obedecer? Surge subitamente o problema de consciência. Ele apela para Deus. Mas vimos o apelo não ser aceito pela autoridade, porque não pode admitir que outro tribunal superior decida sem ela, servindo-se de outros intermediários para transmitir sentenças que podem, inclusive, ser contra suas normas. Diante do perigo e da ameaça, nasce a legítima defesa. A autoridade não proíbe só a pesquisa para o desenvolvimento espiritual, mas é contrária aos contatos diretos e livres da alma com Deus. Então, em sã consciência, deve-se ainda obedecer? O indivíduo sente-se paralisado no campo espiritual, próprio daquela autoridade, que, segundo os princípios que lhe são específicos, deveria, ao contrário, encorajá-lo a trabalhar naquele sentido. Pode ele, colocado contra a sua vontade nestas condições, renunciar à sua vida espiritual tão criadora, sacrificando-se neste ponto fundamental do seu ser, para prestar obediência a uma autoridade fazendo o oposto do que deveria fazer, e que, para não ser incomodada, procura deter em vez de encorajar os crentes no caminho da espiritualidade? O problema pode ser colocado em outras

bases: o que vale é o princípio de legítima propriedade, segundo o qual cada um é senhor na sua própria casa. A Igreja tem pleno direito de expulsar da sua casa quem aí entra sem se lhe submeter, reconhecendo-a como dona. Assim, tudo é justo. Mas, então, adeus espiritualidade! Não se tem mais direito de falar dela, que permanece, apenas, como uma forma de hipocrisia.

No desenrolar concatenado dos referidos momentos do problema. chegamos ao ponto onde a autoridade fez o que mais lhe convinha. levando em conta os seus interesses e não os do seu subordinado; este se vê forçado à necessidade de escolher entre ela e a espiritualidade, entre o dever formal e a consciência, entre o tribunal dos homens e o de Deus. Em última análise, tomada a sua posição, que é de resistência, a autoridade fecha-se atrás da barreira das suas proibições, que detêm a entrada do invasor no seu terreno. Isto prova que o objetivo é apenas a sua defesa. Uma vez alcançado, ela não tem mais nada a fazer. E não faz coisa alguma. Quem tem muito que executar, preso como está pela ânsia da ascensão, é o nosso personagem. O seu comportamento está nos antípodas do precedente. A Igreja apenas proíbe; o seu único movimento é de defesa da sua imobilidade; a sua atitude é passiva. Ela fica na defensiva, negando uma afirmação oposta. Ele, ao contrário, é dinâmico, ativo afirmativo. Se a autoridade tivesse seguido este caminho, teria respondido com uma verdade mais comprovadora e convincente, de maneira a poder impô-la ao erro, depois de tê-lo demonstrado. No entanto, a autoridade limitou-se a retirar-se em silêncio às suas posições. A iniciativa de escolha, portanto, ficava nas mãos do outro termo. É a própria atitude tomada para cada uma das partes que automaticamente conduz a este resultado. Então, querendo o nosso personagem avançar, porque encontrava pronta a impulsioná-lo para a frente a corrente da evolução, era obediente à Lei; mas ficara abandonado pela autoridade, espiritualmente ausente de seu caso. Assim ele se precipitava na estrada da ascensão espiritual, por sua conta, mesmo que ela o condenasse. Veremos agora as conseqüências de tal atitude.

Chegado a este ponto, pode nascer uma dúvida: todo este raciocínio se baseia num mal- entendido. Ao homem normal, de tipo comum, que constitui a maioria, os problemas espirituais, a pesquisa da verdade, a necessidade de se avizinhar de Deus, não para pedir graças, mas para lhe sentir a presença, são coisas que de fato não interessam. A religião, em geral, é outra coisa e é usada sobretudo para satisfazer o desejo egoístico da própria salvação pessoal. A espiritualidade é entendida no sentido utilitário. O problema mais evidente para esse tipo biológico é o estômago e o sexo. Satisfeitos estes seus instintos, ele só deseja gozar a vida no ócio e engordar. Ora, a Igreja, para poder cumprir a sua função, deve ser adequada a tal tipo que constitui a massa. E, de fato, o é, porque aquele é o seu rebanho. Nem isto é difícil, porque o tipo biológico dominante é o mesmo de ambos os lados: nem se pode pretender que seja de outra maneira. É natural, portanto, que, quando a Igreja se encontre perante tipos fora de série, nasça um conflito de incompreensão, porque a religião, necessariamente modelo, foi feita para satisfazer a maioria, não se adaptando à exceção. Esta é destinada a andar sozinha com Deus.

Ora, tudo isto não suprime o caso de que estamos tratando, ainda que o relegue para fora das regras normais. Mas, se ele permanece, devemos examiná-lo para compreendê-lo. Se não se encaixar na normalidade, dele não se deve descurar, já que representa uma tentativa de emersão evolutiva do nível animal em que a normalidade repousa feliz, tendo-se o cuidado de não fazer tais tentativas para sair dela. Vejamos, pois, o que sucede no referido caso. Se era legítima a defesa que a autoridade fazia dos seus interesses contingentes, também o era a do indivíduo quanto às suas pretensões espirituais. De um lado, havia uma autoridade que não queria ser incomodada; do outro, alguém que desejava trabalhar com a mente para resolver os seus problemas do espírito, base da sua vida, mesmo que isso pouco importasse àquela. Que da parte dela tal fosse a ordem de idéias determinantes, provava-o o fato de que, com a condenação do índex, a liquidação tinha sido sumaria, sem nenhuma explicação no ato, que não demonstrava qualquer interesse paternal pela sorte espiritual do condenado. (O documentário dessa condenação, publicado no "Osservatore Romano", Roma, 15 de novembro de 1939, é reproduzido na íntegra no lº volume da 2ª Obra: Comentários). Vê-se que o objetivo era afastar um perturbador e não iluminar um espírito ansioso de verdades. A medida era friamente administrativa e burocrática. À ovelha extraviada só se transmitia a condenação. Mas estava-se no ano de 1939. Hoje a mesma autoridade compreendeu como tais métodos, no seu próprio interesse, são contraproducentes.

Concílio Vaticano II. A Congregação do Santo Ofício mudou de nome, tornando-se uma entidade com muitas funções e setores, um dos quais destinado à censura dos livros, funcionando na prática o menos possível e existindo apenas em teoria. Atualmente, nem todos concordam com a utilidade de tais condenações; tendem até para uma reforma geral de censura religiosa. De fato, de algum tempo para cá, o Index condena cada vez menos. Depois da edição de 1948, apareceu só um folheto suplementar, em 1964, com 14 nomes. Eis uma função que, em silêncio, sem ser notada, vai-se apagando3.

Hoje, encontrando-se num período de escassez em matéria de fé, para não perder os fiéis, a Igreja mudou de tática e se tornou generosa. Ao método dos anátemas substituiu o "do diálogo", que boje parece o melhor meio de defesa, dada a atual crise e fé, de que falaremos mais adiante. A mudança é imposta pela nova forma mental dominante, crítica e analítica, sensível ao raciocínio que convence e indiferente aos anátemas, que não assustam mais ninguém E a Igreja que, inspirada por Deus, deveria antecipar a evolução, eis que chega, penosamente, em último lugar, rebocada pelo progresso do mundo. O que evoluiu foi a vida, que vai toda em direção a Deus, e, nessa trajetória, tudo o que ela contém, incluindo as nossas instituições, que a seguem.

Ora, mudar de rota, dizendo que é para atualizar-se, pode parecer fácil, embora não o seja, mesmo que oportuno e necessário. Aqui se trata de uma instituição em que se incorporou uma serie de idéias, outrora eficientes, porque úteis à vida, situada então em outras fases que a evolução hoje superou. São milênios de História, de um passado imenso e diverso,o qual, mesmo que hoje incomode, em virtude do dogmatismo, não se pode mais eliminar. O problema não é só mudar conceitos que hoje não correspondem mais ao novo grau de evolução e respectiva forma mental, mas trocar hábitos seculares que os fiéis lá assimilaram, fixando-se na raça. De modo que não é fácil mudá-los. A posição deles até ontem foi tanto de obrigatoriedade, quanto de cega aceitação de verdades religiosas que lhe eram fornecidas daquela maneira, sem admitir discussão. Dominavam métodos inquisitoriais, de coação psicológica. Os crentes eram proibidos de debater os seus problemas de fé, deixados exclusivamente aos competentes "agregados aos trabalhos", teólogos que faziam e desfaziam tudo entre eles, expulsando os não especializados. Ora, com a declaração de infalibilidade, não havia outra coisa a fazer senão aceitar. Quem queria pensar por si próprio, quem duvidava e indagava para saber, pagava caro a sua atitude. Exceto poucas mentes eleitas, à grande massa, preocupada sobretudo com os seus problemas materiais, essas outras questões não interessavam de fato, custando pouco renunciar e executar um esforço mental que tinha em pouca conta. A grande maioria habituou-se voluntariamente a obedecer e, assim, a não pensar, o que no fundo correspondia à sua comodidade. Afinal, este era o caminho de menor resistência para se conseguir viver em paz. Aprendeu, portanto, educada pela Igreja, a não fazer mais perguntas e a limitar-se a observar preceitos e práticas exteriores que exigiam pouco esforço. mas que bastavam para salvar-se, objetivo final atingido a baixo preço. Isto convinha e, deste modo, era bem aceito Tal quietismo servia também para evitar sanções eclesiásticas, já suficientes para tolher ao fiel qualquer veleidade indagatória. Este foi bem educado a não levantar problemas espirituais e a resolver tudo apenas acreditando e obedecendo. Com isso se obtinha a vantagem de não se expor a operações perigosas e, ao mesmo tempo, satisfazia a sua própria preguiça mental.

O resultado de tudo isso foi a formação de um hábito, agora já inveterado: o desinteresse pelos problemas religiosos, reduzidos a ritos e práticas exteriores, uma vez que este é o caminho mais fácil, que não causa aborrecimentos, nem fadigas mentais. Fica-se em paz com a autoridade e salva-se a alma. Conseguiu-se, assim, esquecer Deus, religião, espiritualidade, num estado de feliz e inerte aquiescência. Sucede que, neste momento, quer-se inaugurar o novo estilo do diálogo, isto é, de uma livre discussão sobre temas vinculados à idéia de proibição e perigo de dano. Como anular de um golpe uma conexão tão cristalizada de idéias? Como fazer renascer hoje um interesse que se procurou apagar? Como reanimar uma fé adormecida e educar em sentido oposto ao de uma religião formal, de rito, reconstruindo no lugar dela outra de convicção e paixão? Não basta que uma nova direção convenha à autoridade para que ela resulte aplicável e eficaz. E, quando esta indiferença foi provocada por aquela mesma autoridade, como se pode pretender evadir da lei universal, em virtude da qual ninguém pode fugir às conseqüências das

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próprias ações? Se a autoridade pensa apenas na sua sobrevivência sem se preocupar com o fiel, é natural que este não se importe com os interesses daquela. Se uma e outro viveram separados nas suas finalidades, se nos crentes foi cultivado sobretudo um estado de sujeição, é natural que eles intimamente se tenham tornado dois termos vinculados apenas por uma relação de antagonismo. E que colóquio se pode realizar nestas condições?

Fizemos esta exposição para mostrar sobre que fundo e em relação a que fenômenos maiores se desenvolve o caso que estamos observando. A recente abertura do diálogo chegou demasiadamente tarde para trazer qualquer deslocamento. Um fato ocorrido no passado permanece; nem Deus pode fazer com que ele não tenha acontecido. Pode apenas ser corrigido, e assim neutralizado com impulsos opostos, mas não anulado, reduzindo um estado de existência a outro de não-existência. O autor viveu no período da condenação, e este fato permanece. A mudança atual não pode suprimi-lo. Dois volumes4 de sua Obra, primeira explosão de uma alma em direção a Deus, foram condenados ao Índex. Segundo a injunção do Santo Ofício, o fiel cristão deveria ter cessado a publicação e, sobretudo, o seu desenvolvimento, confirmando-o em novos escritos Desobedecer era pecado, mas obedecer significaria paralisia da atividade espiritual de uma alma, o congelar do seu desenvolvimento através da pesquisa necessária para chegar à solução, para ele urgente, de problemas dos quais a Igreja não lhe oferecia solução. A fim de não pecar devia cortar a cabeça para não pensar, aceitar com a inércia mental o suicídio do espírito, imposto em nome de Deus, para que os adormecidos não fossem perturbados por quem tinha a febre de conhecer e progredir.

Hoje a posição é diferente, e a autoridade segue outros métodos. O pecado foi só haver errado num dado período de tempo, porque, se ele tivesse sido cometido em outra época, não teria sido considerado pecado. Logo, a salvação ou a perdição são relativas ao tempo e dependem das mudanças das vicissitudes humanas. O erro foi o de se ter antecipado aos tempos, porque hoje as teorias condenadas encontraram apoio em vários cientistas, como no Jesuíta paleontólogo Teilhard de Chardin. Entretanto, o mesmo tribunal que condenava se está abstendo de fazê-lo. Teremos, então, de nos perguntar como se resolve o caso de condenações que até ontem mandavam para o inferno os atingidos. Um belo dia a Igreja se atualiza e tudo se cancela. Mas poderá esse cancelamento ter efeito retroativo perante um inferno eterno? E, se é eterno, aqueles que nele se fizeram cair não podem de lá sair somente porque o seu pecado hoje não é mais considerado tal. Então, ou aquelas almas deveriam sofrer para sempre, o que não é justo perante os que hoje podem cometer o mesmo pecado sem punição, ou deveriam sair do inferno, que assim não seria mais eterno. É certo que a autoridade se salvou, adaptando-se aos novos tempos; mas de salvar os réus no passado não se fala. Será justo perante Deus que eles sofram dano tão imerecido, quando hoje quem pratica e mesmo pecado não é mais culpado? Conforme a justiça, quem golpeia por uma culpa que não existe deve indenizar os danos. Mas a autoridade não tem esses deveres, porque, sendo a mais forte, tem o direito de fazer o que lhe convém. Teremos, pois, uma multidão de condenados na Idade Média que entravam no inferno para sempre que hoje não são mais considerados tais, mas que devem permanecer ali, embora sejam julgados inocentes. Eis de que contradições nasce a descrença.

No caso de nosso personagem, resta o fato de que quem em 1939 foi condenado, hoje dificilmente o seria. Qual é, portanto, a sua justa posição? Hoje, não é mais a de outrora. Antigamente, não se gozava da liberdade moderna. A proibição vinha da autoridade sem qualquer explicação. E, num indivíduo consciente e por sua natureza amante da ordem, podia surgir a dúvida de se encontrar em culpa e, portanto, a convicção de dever arrepender-se de ter querido pensar e compreender, empenhando-se em não cair mais em tal erro. Ora, não obstante isso, o autor não obedeceu. A voz da consciência foi mais forte do que a da autoridade. Chegados a este ponto, podemos perguntar: fez ele bem ou mal? Só agora que terminou a Obra se pode fazer um juízo, porque, na época da condenação, não foi possível.

Em primeiro lugar, não se pode negar que ser catalogado no Índex constituía no passado um grande meio de propaganda editorial, potente e gratuito. A ele deve a Obra o seu impulso editorial no estrangeiro, onde se pôde desenvolver definitivamente. Deste modo, o mundo se servia do Índex para os seus fins utilitários, resolvendo aqueles casos em favor dos seus objetivos.

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Mas a condenação produziu ainda outro efeito salutar. Ela obrigou o autor a aprofundar o seu pensamento, a intensificar os seus controles para assegurar-se de estar com a verdade. a potencializar a sua espiritualidade, a fim de superar os obstáculos e resistir aos ataques. Enfim, a condenação funcionou como resistência a vencer para avizinhar-se mais ainda de Cristo, também pelas vias da razão e da ciência, segundo os novos tempos.

Hoje, depois de terminado o trabalho, pode-se ver em que vazio espiritual teria ele ficado, se tivesse obedecido, deixando paralisar a sua atividade intelectual, e qual a vantagem que lhe adveio por haver desobedecido. Isto lhe prova não ter procedido mal. Agora ele está com um grande trabalho realizado, uma Obra que de outra maneira não teria sido produzida; possui, para ele e para os que dela têm necessidade, uma religião sólida, que satisfaz razão e sentimento, positiva, demonstrável até para os ateus, de acordo com a realidade dos fatos. Foi assim enunciada, desenvolvida e logicamente provada uma teoria sobre a gênese e funcionamento orgânico do nosso universo físico-dinâmico-psíquico, partindo da primeira criação de Deus da qual teve origem a existência das criaturas, até ao seu regresso a Deus depois de ter percorrido o ciclo involutivo-evolutivo ou queda-redenção. No caminho foram atravessados os mais diversos campos: científico, filosófico, religioso, teológico, místico, ético, psicológico, biológico, social, histórico, jurídico etc. A aplicação é positiva, porque é à forma mental moderna que ela se dirige, de tipo laico, racional, não fideístico, tradicional. E usada uma linguagem clara, explicando-se tudo, e por que tanta coisa acontece de determinada maneira. Linguagem translúcida, como exige a gravidade do atual momento histórico e o seu veloz precipitar-se, que não permitem que se possa perder tempo com mentiras, atenuando-se com a hipocrisia.

Sucede que hoje as questões religiosas apresentadas ainda com linguagem convencional e com a forma mental superada dos séculos adormecidos, apoiadas em pontos declarados imóveis, que hoje, simplesmente, estão colocadas de lado, fora da vida. Só apresentando o ideal cristão, de forma diversa, como se faz aqui, ele não pode ser ignorado pela ciência, pelo positivismo ateu, pela lógica materialista, porque se revela como fenômeno de evolução no qual se realiza a superior biologia do espírito. Deste modo, Cristo fica vivo no mundo e não é mais possível ignorá-Lo. A religião regressa ao seio da vida

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