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A, M Zaccaria, em Roma; professor titular de Latim e Grego da Universidade Federal de Brasí lia (N do A.).

No documento UM DESTINO SEGUINDO CRISTO (páginas 177-184)

O ULTIMO ATO, O HOMEM PERANTE A MORTE

S. A, M Zaccaria, em Roma; professor titular de Latim e Grego da Universidade Federal de Brasí lia (N do A.).

impressão de haver ressurgido, no século XX, um dos grandes profetas bíblicos. Igualá-la é difícil. Superá-la, impossível. Negá-la, absurdo. Discuti-la, loucura. Mas aceitá-la e senti-la são a prova de que em nós há uma centelha da divindade. Merece realmente ser encadernada no mesmo volume que o Novo Testamento, como coroamento das obras dos grandes e primeiros apóstolos. A força e a segurança fazem desta Grande Síntese uma continuação natural das Epístolas e do Apocalipse, nada ficando a dever a eles (....). Quanto à confirmação de sua Obra, a cada dia que passa sinto que cresce em todos os pormenores. Realmente a sua Obra é toda inspirada na espiritualidade maior, filtrando com fidelidade o pensamento crístico, que constitui a noosfera mais elevada do nosso planeta".

Permanece, no entanto, o fato de que a diminuição de produção representa um dano ao interesse coletivo, que assim obtém uma produção útil menor. O indivíduo que executa o trabalho, porque tem de realizá-lo em condições tão adversas, devendo vencer dificuldades, fortifica-se espiritualmente, o que o torna mais apto a ascender. No final da vida, termina-se a partida, e a Lei se apossa de nosso destino qual o quisemos construir. Então, já não podemos funcionar como causa determinante de acontecimentos. Devemos antes, fatalmente, continuar como conseqüência de nosso passado. Termina a hora da livre experimentação, uma vez que está exaurido o seu escopo. O passado retorna a nós, vivo, gigante, mas agora já imobilizado na forma em que foi vivido, e nele ficamos suspensos como se estivéssemos fora do ciclo da transformação. Parece que o tempo tenha parado, porque não sabe criar mais nada de novo. Inclinamo-nos sobre o passado, e ele agora pleno de outros significados recônditos, antes não suspeitados, enche a nossa vida. Vivemo-lo de novo, mas agora interiormente; não mais nas vicissitudes materiais, mas no seu significado; não mais como conquista terrena que já não nos interessa, porém como construção de personalidade. A vida assume, então, outro sentido. Fazem-se as contas do que realmente produziu o tanto que se correu. E, se não derivaram valores construtivos em sentido evolutivo, mas somente sucessos terrenos, que agora são abandonados, não resta outra coisa senão um vazio e o sentido da inutilidade de tanta fadiga. A vida só será plena e bela no seu final, se a tivermos enchido de valores substanciais, os que servem para evoluir. E será oca e triste, se a tivermos recheado de falsos valores de tipo AS, que servem para descer involutivamente. No primeiro caso, sentimos que nos dirigimos para a luz, no segundo, que caminhamos para as trevas.

No fim eis-me sozinho perante a Lei. Refugio-me nos braço S de sua justiça. Através de toda a Obra observei o funcionamento dessa Lei. Sinto-a operar à minha volta, dentro de mim. Ela me expressa o pensamento e a vontade de Deus. Estou imerso plenamente nesta atmosfera feita de vida, da qual se alimenta o respiro do universo. Os sentidos físicos se extinguem, fecham-se as portas que eles abriam para o exterior, rompem-se os contatos com o mundo da matéria, e eu continuo a sentir e a pensar. O cérebro envelhece e desaparece. Eu fico. O corpo morre. Eu vivo. A minha vida se desloca do plano físico ao espiritual e se concentra na sua parte mais alta, que não morre. O meu ser se enfraquece em um nível e se fortalece em outro, no qual sobrevivo. Quanto mais o corpo definha, tanto mais me fortaleço no espírito. Morro de um lado para ressuscitar do outro. Tenho a sensação de morrer só na parte inferior de mim mesmo. E uma separação que não dá nenhuma sensação de perda, porque vale mais a parte que se adquire. Como é belo morrer quando se viveu assim! Fica-se na parte mais profunda e vital do próprio ser!

Ao concluir o meu ciclo terrestre, depois de tanto pensar e escrever para executar o trabalho que me tinha sido confiado, volta a amiga voz interior, que agora já bem conheço, a fazer-se diretamente sentir como no início da Obra. Sinto esta voz emergir da profundidade da alma e dizer-me: "Permanece calmo. Sabe que eu sou Deus. Sou Deus dentro de ti, como dentro de todos e de todas as coisas. Quem segue a Lei não tem nada a temer. Confia no meu poder. Seja qual for o assalto do mal, Eu tenho o poder de salvar-te

Pergunto o que essas palavras significam e como aquilo que elas dizem seja possível. E ouço a explicação. A universo está em evolução, o que dá a entender que ele não é perfeito e que se move em busca de perfeição. A meta é Deus, no centro do S; a evolução é o caminho do retorno, depois de ter havido o afastamento. A imperfeição é o estado de ruína devido à queda; a evolução é o trabalho de reconstrução da perfeição perdida. O homem encontra-se situado na periferia do S; poder-se-ia dizer no seu exterior, isto é, na matéria ou forma que envolve o espírito, no plano da ilusão sensória. Várias são as imagens com que se pode expressar esta idéia. Tal periferia, que é o AS, é feita de caos, mas, no interior, no centro, no S, ficou a ordem, íntegra, indestrutível. O homem encontra-se do lado do caos, mas dentro deste existe aquela ordem que o rege e lhe guia os movimentos, dirigindo-os para a reconstrução da mesma. É por este fato que o caos, embora feito de negatividade — e, naturalmente, por isso não poderia conduzir senão à autodestruição — é animado, contra a sua vontade, de um impulso de positividade que o

leva por fim a reconstruir-se na ordem. Esta é a razão pela qual o mal, nascido como contradição, porque representa o emborcamento do bem no AS, é constrangido a continuar sempre a seguir este tipo de trajetória, isto é, a contradizer-se, pelo que no fim acaba por um instrumento de bem nas mãos de Deus. É evidente que, mesmo assumindo uma posição emborcada da revolta, ninguém pode fugir ao poder de Deus, centro e origem de tudo. Deste ponto, que permaneceu vivo e ativo também no mais íntimo do AS, deriva o impulso da evolução que leva todos a ascender.

O AS não está só. Dentro da sua casca podre reside uma alma sã e potente que o sustenta e o guia para a salvação. Ele não é senão um membro corrompido de um grande organismo que permaneceu sadio, o S, que continua a irradiar saúde para a parte doente, a fim de curá-la. O AS não se separou de Deus, fonte primeira do existir. Os raios divinos chegam também aonde a criatura quis colocar-se em posição emborcada. E tudo o que existe os recebe. A grande consolação do indivíduo condenado ao retrocesso espiritual, com ter de se encarnar no ambiente terrestre, é reencontrar esta íntima ligação sua com Deus, é rever na profundidade das trevas do AS um raio da luz divina, é ouvir a voz de Deus e sentir a Sua presença.

Vão-se embora as formas instáveis, ultrapassadas pela corrente do transformismo batido pelo ritmo do tempo, acossadas pelo contínuo movimento do relativo, à volta do absoluto, eterno, imóvel. A evolução não avança ao acaso. Dirige-lhe o desenvolvimento, regendo-a interiormente, o pensamento de Deus, fio condutor do transformismo, ao qual é dado um desenrolar-se lógico desde um ponto de partida até outro de chegada. É feliz, mesmo que esteja mergulhado na profundidade dolorosa da vida terrena, quem compreendeu que um Pai celeste nos espera no final do longo calvário da evolução redentora. É feliz quem sabe vê-lo vir ao nosso encontro com os braços abertos, incitando-nos a ascender, para reencontrar Nele a felicidade.

"Eu sou apenas uma gota num oceano e, por isso, não sou nada no oceano; no entanto, faço parte dele e, por esse motivo, sou um seu elemento constitutivo; eis de que maneira sou oceano". Isto é o que cada um de nós pode dizer, aquilo que somos perante Deus. Mas não basta sê-lo. O problema é sabê- lo e senti-lo. Ora, se Deus está dentro de tudo o que existe, sem o que nenhuma coisa poderia existir, Ele lá está de modo tanto mais evidente e perceptível, quanto mais o ser é espiritualmente evoluído, isto e, no regresso, que lhe é mais vizinho, libertando-se dos invólucros obscurecedores, produto da involução. Eis que a fundamental unidade da natureza entre criatura e criador é diversamente sentida por aquela, conforme o grau de evolução alcançado. É indiscutível que esta unidade existe e constitua uma qualidade indestrutível que ficou escondida no mais profundo do ser, capaz de resistir a qualquer erro ou revolta deste. Ela era indispensável para que se pudesse cumprir o ato da criação, com a qual Deus gerou a criatura extraindo-a de Si próprio, isto é, da Sua própria substância, dado que de outra maneira não podia fazer, porque Ele era tudo. É assim que o evoluído, espiritualizado, às vezes pode encontrar na profun- didade de si mesmo, emergindo do inconsciente em que ficou sepultado, um eco daquele pensamento divino originário de que derivou a sua existência. O fato dele não ser percebido é devido à surdez do ser, por motivo da involução e não porque a voz de Deus silencie. A involução podia mudar o que pertencia ao ser rebelde, mas não aquilo que é de Deus.

Ora, dado que tal é a estrutura do fenômeno, é evidente que ele não pode ser senão de tipo introspectivo. Eis que só podemos encontrar Deus dentro de nós, e isto em proporção ao grau de espiritualização atingido. A sensação da presença e do pensamento de Deus, centro de todas as coisas, encontra-se interiormente, na alma, na raiz do nosso ser, e não exteriormente, por meio dos sentidos. Trata-se de escavar nos estratos mais profundos do ser, onde deve ter ficado qualquer recordação das primeiras origens. Do contrário, não se explicaria como seres provenientes dos planos baixos do AS, onde não se conhece senão morte e dor, procurassem com tanta paixão a felicidade, que, de outra maneira, dever-lhes-ia ser desconhecida. Tal impulso proveniente das profundidades do inconsciente prova que ele se recorda e faz presumir que se trata de coisa conhecida. Então, que se faça uma pesquisa profunda dentro de si mesmo, mas não no inconsciente inferior ou subconsciente, que contém os produtos dos mais baixos planos evolutivos em direção ao AS, percorridos no retorno, porém além deles e mais em profundidade, isto é, no inconsciente superior ou superconsciente. Isto no sentido de ali procurar as bem longínquas reminiscências de outro tipo de existência no altíssimo nível evolutivo do S, as que este tenta fazer reaparecer em forma de pressentimento do maior futuro que nos espera. Religião e espiritualidade vêm a ser, então, um ato de profunda auto-análise psicológica que investe sobretudo no superconsciente. Assim, elas significam um trabalho de alta intelectualidade, e é neste sentido que aqui as apresentamos. Elas assumem um caráter mais racional e positivo, o que as torna mais acessíveis e aceitáveis pela ciência.

Quanto mais o ser evolui, tanto mais ele reencontra estas realidades profundas e se liberta das ilusórias do mundo. O ser humano é uma reprodução em escala microcósmica do grande modelo macrocósmico do organismo universal. O nosso espírito eterno está dentro de nosso corpo sujeito a contínuo metabolismo, como o S é imutável no íntimo do AS, submetido a transformismo constante. Depois destas explicações podemos compreender o significado daquelas palavras: "Sabe que Eu sou Deus. Sou Deus dentro de ti". E "permanece calmo" quer dizer: faze silêncio, porque a voz interior é sutil e difícil de ouvir. Isola-te, portanto, dos rumores do mundo que te percutem do exterior e aguça o ouvido para ouvir esta outra voz. O homem ainda ignora o universo interior, que é tão vasto quanto o exterior, do qual não conhece os confins.

Há outro fato que justifica e confirma aquelas palavras. E que São Paulo - Primeira Carta aos

Coríntios, 3-16 - diz: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós? E

(id. 6-19): "Não sabeis vós que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está em vós (. . . .)?" São Lucas, no seu Evangelho, acrescenta (17-21): "O reino de Deus está dentro de vós". Então, se esta é a realidade, como impedir que ela às vezes aflore e que alguém se dê conta da sua existência?

Perguntamo-nos se tudo isso pode ser entendido como o desejo de tomar uma atitude orgulhosa de superioridade. É certo que, neste caso, se trata de um crescimento, que, naturalmente, não pode deixar de abrir uma distância. Mas é um crescimento positivo de tipo S, portanto não simulado, egoísta, separatista, ou seja, antivital para os outros, mas verdadeiro, generoso, unitário, isto é, vital para todos, porque implica um amplexo para elevar juntamente consigo os próprios semelhantes. De tal crescimento a sociedade não poderá sentir senão vantagem A humanidade, toda inclinada para conquistas do mundo exterior, tem necessidade de quem se dedique à obtenção dos ilimitados continentes do espírito. O ateísmo é simples miopia mental. As construções mitológicas das religiões ameaçam não se manterem mais. Para que elas possam sobreviver é necessário saber ver com outra mente as profundas verdades que elas contêm.

O homem, como qualquer molécula do todo, traz dentro de si, impressos na sua própria natureza, os sinais do todo, isto é, a sua estrutura bipolar. Sabemos que o dualismo, que está na base da estrutura de nosso universo, é derivado da revolta que despedaçou em duas a originária unidade do S. Porque o homem se encontra em um todo bipolar, ele pode avançar por evolução e retroceder por involução; elevando-se espiritualmente, pode projetar-se em direção ao S, como, seguindo os seus baixos instintos, inclinar-se para o AS. A função da evolução é justamente levar da cisão dualista à unificação de tudo em Deus, através de progressiva reaproximação que tende a encurtar as distâncias entre criatura e criador. E, quanto mais elas diminuem, tanto mais se podem ouvir e compreender aquelas palavras: "Sabe que eu sou Deus. Sou Deus dentro de ti". A altura da evolução não é espacial. O alto é o anjo, o baixo é a besta. A ascensão se realiza transformando neste sentido a própria personalidade.

Na Terra vemos os dois pólos flanqueados em expressões paralelas. Nos velhos castelos e cidades as duas realidades encontravam-se vizinhas. Havia as muralhas, os fossos para se defenderem e fazer a guerra e a Igreja para falar com Deus. Em escala maior, temos o Estado e a Igreja, o primeiro representando a Terra, isto é, a realidade da vida, a segunda simbolizando o Céu, ou seja, o ideal. Estes são os dois pólos que, coexistindo no mesmo terreno, disputam entre si o homem.

As formas da conduta do idealista perante o mundo podem resumir-se em três fases: 1) a do jovem que, cheio de fé e de entusiasmo, crê sinceramente nas belas coisas que lhe ensinam; 2) a do homem que, colocado em contato com a realidade, descobre como, nos fatos, o mundo está longe dos princípios ideais que proclama, escandalizando-se, portanto, e reclamando contra a mentira, para que os princípios sejam vividos a sério; 3) aquela em que se compreende a inutilidade dessa boa vontade e desse esforço honesto que o mundo considera como agressividade e contra a qual reage, porque os acomodados não querem ser perturbados. Assim, resolve-se aquela boa vontade recaindo na luta geral pela vida. Então, o homem honesto termina separando-se do mundo, do destino deste e cuida de se pôr no seu caminho para ir viver em ambientes superiores, longe da Terra.

Quando se chegou a esta fase final, não se perde mais tempo em fazer o trabalho negativo de condenar o mundo, tanto mais que, se se devesse fazer o livro das acusações, não bastaria um milhão de páginas. Trabalha-se em outro sentido, para se desprender de baixo, afastando-se da Terra. No final da vida, isto é lícito, quando o trabalho a executar foi devidamente cumprido. A libertação está na superação. Quanto mais se estiver vizinho do S, tanto mais se tem a sensação com segurança de ser indestrutível e impossível uma anulação. A imortalidade com a evolução não pode levar senão para uma maior felicidade. Que se pode desejar mais? Apenas por ignorância de primitivo pode-se acreditar que cair na inconsciência seja tombar no vazio, só porque ele é nada como sensação de vida. Isto é natural para quem

confunde o existir com a percepção do existir, erro em que caem os extrovertidos, que vivem da vida dos sentidos. Para eles a inconsciência é o nada. Mas não há razão para que o existir não deva ser sujeito ao dualismo, em que tudo se encontra cindido em nosso universo. É assim que esse existir pode oscilar do estado de consciente ao de inconsciente e ao contrário, dado que estes são os seus dois pólos: positivo e negativo. E absurdo admitir, porque um fato ou fenômeno entra na sua fase negativa, que ele deva cessar de existir. Evidentemente, trata-se de um erro de percepção, que a lógica descobre e elimina.

Com este conhecimento do fenômeno vou ao encontro da morte. Não se trata de fé ou de esperança, mas de convicção racional e de segurança positiva. A voz de tudo isso que existe me grita que nada pode ser anulado como verdadeira morte. Vejo-a, assim, avizinhar-se para me abrir as portas de uma vida maior. Não a sinto como negação, porém como uma mais potente afirmação. O seu verdadeiro conteúdo é: libertação. Restituirá à Terra tudo aquilo que ela me deu, inclusive o meu corpo dentro do qual fiz tão longa viagem. O que pertence à Terra é justo que fique aí. Mas o que pensei, desejei e fiz neste trajeto é meu e o levo comigo. Como o avizinhar-se da hora suprema, aproxima-se sempre mais a figura de Cristo, que me sustentou neste longo esforço. Sei que o verei na hora da morte, ao cumprir a minha missão, chancela final do meu trabalho, para tudo confiar nas Suas mãos. Ele apareceu no começo desta Obra. Reaparecerá no fim. Com Cristo se iniciou a narração deste volume e com Ele se fechará. Há pouco falei de Deus, agora falo de Cristo. Poderiam perguntar-me como entendo estes dois conceitos e que relação vejo entre os dois, se distantes ou unificados, isto é, se creio em Cristo só como homem, ou em Cristo-Deus. Não tenho dúvida alguma sobre a divindade de Cristo, fato lógico, racionalmente sustentável quando seja entendido no seu justo significado. Perante o homem, Cristo e Deus representam a mesma meta a alcançar, a mesma direção do caminho evolutivo, o mesmo ponto final deste com a solução do ciclo involutivo-evolutivo, o S. Neste sentido unifico os dois conceitos de Cristo e Deus. Mas os distingo enquanto entendo Deus como o Pai, o Criador, que permaneceu no centro do S, e Cristo como seu derivado, como diz a própria palavra filho, a saber, a criatura que aquele Criador gerou. Mas o unifica de novo o fato de que o Filho é constituído da mesma substância do Pai, de modo que Cristo é também Deus.

Ora, se Cristo é o Filho, o fruto da criação do Pai, o conceito de Cristo coincide com o de S, porque a criação do primeiro volta a entrar na do segundo. O nosso universo é tão imperfeito que seria loucura acreditar que ele tivesse saído das mãos de Deus como Sua obra direta. Assim, a primeira criação foi espiritual e perfeita, como é Deus, feita de puros espíritos extraídos exclusivamente da Sua substância, porque, além do Todo-Deus, nada podia existir. Deste modo, nasce a terceira pessoa da Trindade, o Filho ou S, sendo a primeira o Espírito ou pensamento, a segunda o Pai ou ação, a terceira o Filho ou a obra realizada. Eis que, na lógica da estrutura da Trindade e do processo criativo, Cristo não pode estar situado senão no S. O resultado da criação foi um só, que se pode chamar Filho, Cristo, Sistema.

Tudo isso é Deus, porque construído com a divina substância do Criador e dela é constituído. O S representa a substância do Pai, transformando-se, com a criação do indiferenciado, em organismo ou unidade coletiva, composta de muitos elementos, que formam aquele organismo, o S, do qual o Pai ficou como centro, como o nosso espírito está no cerne de nosso organismo. Se se pudesse fazer uma comparação demasiado grosseira, poder-se-ia dizer que, na encarnação de Cristo na Terra, sucedeu como

No documento UM DESTINO SEGUINDO CRISTO (páginas 177-184)