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O MEU CASO PARAPSICOLÓGICO

No documento UM DESTINO SEGUINDO CRISTO (páginas 143-165)

No Capítulo "Gênese e Significado da Obra", tínhamos visto de relance que o fenômeno se encontra na base daquela gênese, concebido como um caso de comunicação telepática consciente entre uma fonte de pensamento ou centro irradiante e um correspondente instrumento humano, receptivo e colaborador. Acasalamento semelhante ao de pai-mãe, do qual nasceu um filho: a Obra, que cresceu depois com a sua colaboração. Tratamos deste caso inspirativo no final do livro O Sistema e em vários outros pontos da Obra. Mas não bastam estas referências para esgotar o assunto e mostrar-nos toda a arquitetura do fenômeno. É por isso que neste capítulo voltamos a observá-lo para dar-lhe uma completa e conclusiva interpretação, somente possível agora que estamos chegando à última fase do seu contínuo desenvolvimento, no momento em que a Obra chega ao fim e, com o seu trabalho, termina a vida do instrumento

De fato, não se trata de um fenômeno estático, porque ele se foi transformando, enriquecendo-se e aperfeiçoando-se pouco a pouco. É assim que de vários pontos da Obra foram dadas interpretações correspondentes ao grau de desenvolvimento alcançado pelo referido fenômeno, no momento em que ele era tomado em exame. A sua tendência foi tornar-se de receptivo e passivo, na sua forma inicial, em cada vez mais ativo e consciente, fato devido ao incessante contato do instrumento com a fonte, levando-o a educá-lo sempre mais para viver em estado de união dada pela completa sintonização de pensamento. Desta maneira o fenômeno teve um duplo significado: produzir a Obra e fazer evoluir o instrumento. Dois resultados agora alcançados em cerca de quarenta anos de ininterrupto funcionamento.

Observemos, portanto, o caso não só do ponto de vista espiritual, mas também à luz da moderna Psicanálise e Parapsicologia. Dado que, em nosso caso, trata-se também de um fenômeno de sublimação espiritual, comecemos por analisá-lo segundo os conceitos por nós sustentados e confirmados pelo Dr. Roberto Assagioli, do Instituto de Psicossíntese de Florença, Itália. Ele, mais do que outros especializados em Psicanálise, viu e pôs em evidência o aspecto sublimação das energias biopsíquicas, quer sexuais, quer combativas, tomando em consideração a zona superior do ser, aquela que neste caso mais nos interessa, isto é, a do inconsciente superior ou superconsciente. Esta parte do campo psicológico começa hoje a ser

objeto de pesquisas científicas (Psicologia do alto). Procura-se, assim, penetrar no mistério do inconsciente levando em conta os seus valores superiores, ou seja, a parte que, em nosso caso, é a mais importante, desenvolvendo-se o fenômeno no superconsciente; enquanto a Psicanálise corrente toma em exame sobretudo o inconsciente inferior, que constitui a parte mais baixa do ser humano

A teoria do superconsciente foi já por nós traçada no volume Ascese Mística, Cap. XIX: "O Subconsciente", e Cap. XX: "O Superconsciente". Assagioli, no seu livro A Psicossíntese (Florença, 1966), como na edição inglesa Psychosynthesis (New York, 1965), expõe a teoria mais detalhadamente, como segue.

Num esquema gráfico ele mostra que os elementos e funções da psique são constituídos por 1) uma zona mais baixa ou inconsciente inferior, comumente dito o subconsciente.

2) uma zona mediana ou inconsciente médio, que inclui no seu meio o normal campo de consciência, ou consciência individual, em cujo centro está situado o Eu consciente ou Ego.

3) uma parte mais alta ou inconsciente superior, que chamamos superconsciente, em cima da qual brilha o Eu superior.

Usaremos neste capítulo os termos subconsciente e superconsciente no sentido que lhes é dado pelo uso comum, recordando, no entanto, que eles não significam um consciente, mas um inconsciente inferior ou superior, dado que a humana zona de consciência é limitada e está situada à altura e no campo do inconsciente médio.

À volta deste organismo psíquico assim individualizado se expande a atmosfera do inconsciente coletivo ou mundo psíquico, meta individual.

A nossa concepção em 1939 foi expressa no volume Ascese Mística, com as seguintes palavras (Cap. XX, "O Superconsciente"): "A consciência humana divide-se em duas partes: o consciente e o inconsciente. O primeiro é a consciência conhecida, normal, racional, prática que todos conhecem. O segundo se compõe de duas zonas: o subconsciente, que pertence ao passado, e o superconsciente, que pertence ao futuro (. . . .). O subconsciente contém e resume todo o passado e o leva ao limiar da consciência; o superconsciente contém em embrião todo o futuro, que está à espera de desenvolvimento".

Como se vê, a visão da estrutura do organismo psíquico nos seus pontos fundamentais é a mesma. Nós havíamos antes visto no seu movimento evolutivo, que tende, através da experiência da vida, a deslocar continuamente para o Alto, isto é, para a zona do superconsciente, e a afastar sempre mais do baixo, ou seja, da zona do subconsciente, a parte média, onde está situado o campo da consciência com o centro EU consciente ou Ego.

Segundo a nossa visão, o esquema de Assagioli não é mais estático, como um edifício, mas torna-se uma cadeia de elementos em ascensão, envolvidos num transformismo evolutivo que vai do AS ao S e aponta em direção a Deus. Assagioli quis ficar, como médico, no terreno positivo-psicanalítico, com finalidades terapêuticas, não podendo, portanto, divagar em tão vasto terreno filosófico. Mas conforta-nos a confirmação, por parte de tão ilustre cientista, de nossa teoria esboçada de passagem e que foi controlada. através dos seus escritos, durante mais de quarenta anos de experiência.

Podemos, pois, ter uma distinção não só estrutural mas também dinâmica, o que nos permite traçar os três planos nos quais a personalidade humana pode funcionar e também os que ela, segundo esquema preestabelecido, deve atravessar na sua evolução. Nesta, então, o involuído encontra-se situado no primeiro grau; o tipo médio normal, no segundo; o evoluído, no terceiro. Eles mostram de fato as seguintes características: 1) o involuído, no nível subconsciente, manifesta-se no campo da matéria como corpo e sentidos; 2) o médio normal, no plano de consciência média, apresenta-se no terreno da energia como vontade e ação; 3) o evoluído, no âmbito superconsciente, é representado na extensão espírito como intelecto e pensamento.

E assim que temos as seguintes posições:

1) O involuído é instintivo, não controlado pela razão, impulsivo, emotivo, sugestionável, receptivo, registrador de impressões e experiências.

2) O médio normal não é só dirigido pelos apetites, não é automaticamente movido por atrações e repulsões em função de alegria ou dor; ele também raciocina, calcula, prevê, dirige, organiza, atua. Todavia, muitas vezes, é usado como instrumento colocado a serviço do primeiro termo do qual realiza os impulsos. Ele éo meio realizador, o da ação. Pode, excepcionalmente3 seguir os impulsos do terceiro

termo, fazendo-se dirigir pelo superconsciente em vez do subconsciente.

3) o evoluído, no ápice da escala, por visão interior dos princípios diretivos, possuindo o sentido da orientação, é levado a dominar os outros dois termos para fazê-los avançar, procurando superar o subconsciente instintivo, dirigir o consciente racional, colocando tudo em marcha no caminho da

evolução, reduzido o corpo — animal —, transformado em matéria, e a vontade — ação — em meio para chegar a um plano de existência superior. Neste terceiro nível é o anjo que se quer substituir ao animal.

Entre estes dois extremos há luta: o primeiro para eliminar o segundo, este para não se deixar destruir. O grau de evolução é assinalado pela medida em que o anjo consegue substituir o animal. É natural que o involuído gravite mais em direção ao AS, o evoluído ao S e que o conteúdo e o fim de suas vidas sejam o oposto um do outro. O primeiro vive em função da Terra, o segundo, do céu; duas concepções contrárias que vemos existir em nosso mundo e que podemos explicar.

Colocada assim a questão e explicado o papel do superconsciente, bem mais interessante no caso parapsicológico, aqui tomado em exame, é o fenômeno inspirativo, e nele concentremos a nossa atenção. O mesmo Assagioli nos adverte de que o Eu superior não é uma simples "função transcendental", mas uma realidade psico-espiritual, da qual se pode ter uma experiência consciente. Ele admite também que, entre as várias áreas ou campos, possam verificar-se — e, na realidade, continuamente acontece — passagens e trocas de "continentes psíquicos" entre si. Aceita que elementos e funções que têm sede no superconsciente possam descer no terreno da consciência, como as instituições, as inspirações, as experiências religiosas e místicas, e que tais fenômenos sejam fatos psíquicos reais, por isso susceptíveis de observação e experiência, com método científico.

Podemos, deste modo, chegar à psicanálise do super-normal, estudar como ele funciona, como fenômeno e realidade objetiva. Podemos usar a Psicanálise mesmo no campo da Parapsicologia, isto é, dos mais altos estados de consciência no nível espiritual, ou seja, podemos ter uma Psicanálise levada do terreno do subconsciente ao do superconsciente. É por essas novas vias que chegaremos à explicação do fenômeno que há tantos anos estou vivendo e ao qual devo a produção da Obra, dele me dando uma interpretação mais exata e positiva sem ser a do simples fenômeno mediúnico. enquanto permite fazer a psicanálise deste caso parapsicológico. É meu dever investigá-lo sempre mais a fundo para compreendê- lo cada vez melhor a estrutura e o seu significado.

Mas já nos orienta em nossa pesquisa, esta distinção entre consciente e superconsciente e o conceito de uma comunicação entre eles: os dois diversos planos de evolução ou níveis de consciência. Adverte-nos Assagioli de que a intuição não caminha da parte ao todo, como faz a mente racional analítica, mas abraça diretamente um todo em síntese. Isto corresponde ao meu sistema de conceber as idéias. Não o alcanço através de uma subida do particular ao universal, à força de lógica e raciocínio, mas subitamente levado ao resultado final, como rápida visão de uma verdade conclusiva que explica decisivamente afirmando, à guisa do total de uma operação já concluída, mas tendo lugar fora do consciente.

Continua Assagioli dizendo que há fatos e funções de tipo superconsciente, em geral excluídos do campo da consciência, que algumas vezes realizam urna espontânea, inesperada irrupção no campo da consciência, paralela, mas em sentido inverso à que, no mesmo terreno, emergindo do subconsciente, gera forças e impulsos emocionais ou instintivos. Ele explica que dos planos do superconsciente o material chega já confeccionado, como algo de novo, sem relação com precedentes experiências que possam tê-lo preparado. Parece que a transmissão se realiza melhor quando o consciente é tomado de improviso, de porta aberta, não defendido por poderes inibitórios ou pela tensão da espera. Parece tratar-se de energia de mais alta freqüência do que do inconsciente médio ou inferior. De outra fonte leio ter sido encontrado no ser humano duas diversas voltagens de eletricidade: uma mais baixa nos tecidos do corpo e outra mais alta no cérebro. Assim, o ato de pensar implicaria uma atividade elétrica de voltagem superior à das forças vitais.

Assagioli depois nos diz que a intuição é um meio de conhecimento superior à inteligência. A mente normal está aderente à realidade exterior, sensória. É feita para funcionar na periferia do mundo fenomênico. Para chegar aos conceitos diretores centrais, ela deve esforçadamente subir, primeiro observando o terreno por análise,. depois, levantada sobre eles, tentar hipóteses, em seguida teorias parciais, depois sempre mais vastas e sintéticas. Caminho lento, como de um cego que inspeciona a estrada. Com tal forma mental, parece que as últimas conclusões sejam inalcançáveis. Ela se destina a fazer-nos conhecer sobretudo os caracteres sensíveis da realidade com o objetivo de utilização prática, enquanto a intuição faz penetrar na íntima natureza dessa realidade. Deste modo, o método intuitivo pode alcançar até onde não vai o método racional. O primeiro funciona não por análise, mas por síntese, isto é, por rápidos lampejos que iluminam, à guisa de instantânea luz vivíssima. Uma característica das intuições é que elas são fugidias, uma vibração de luz, não obstante muito vigorosas no momento em que penetram no campo da consciência. É necessário, portanto, apressar-se a registrá-las na mente, para depois analisá-

las e submetê-las a controle experimental. No meu caso tomei nota delas sempre por escrito, porque idéias e soluções chegam nos momentos mais impensados como conclusão de um trabalho que se realiza no inconsciente, posto em movimento por uma colocação de problemas em busca de resolução. Eis que a experiência me confirma a teoria de Assagioli.

Podemos obter uma concepção do fenômeno intuitivo mais completa do que o apresentando sob o aspecto mediúnico, isto é. de recepção passiva de transmissões provenientes de uma entidade espiritual. O fenômeno é mais complexo e rico de elementos. O contato é ativo e consciente e não somente de tipo conceitual. O pensamento que nos invade em estado inspirativo é profundo, está no íntimo das coisas e dos fenômenos, não em posição estática, mas em incessante dinamismo, não só dirigindo tudo, mas também potencializando o funcionamento. Assim, aquele pensamento não aparece só como conceito, mas é sentido também como vida continuamente operante, revestido de energia e de forças em ação. Isto porque ele, ao mesmo tempo, é a idéia e a sua realização fundidas numa só. Outra das suas características fundamentais é ser positivo, de tipo S, isto é, construtivo, benéfico, saneador do mal, corretivo dos erros e desvios, sempre levado a dirigir o transformismo em sentido vital, em direção a melhores soluções. Esse pensamento é também uma força viva, protetora, que existe em nós para nos salvar e levar-nos sempre mais para o alto. Percebê-lo por intuição. no fundo, significa sentir a presença de Deus em nós mesmos e em todas as coisas. É esta presença que se pode chamar também S no AS e que, ininterruptamente, alimenta a vida (S), fazendo-a vencer contra a morte (AS), recuperando os tecidos lesados e saneando as doenças. Ela é a voz da consciência que nos aconselha o bem, é a força que faz nascer e crescer as formas e impulsiona a evolução para a frente; é a voz de Deus que nos chama para que se suba até Ele.

Então, a inspiração não é mais feita só de conceitos, mas de uma presença viva e vivificante na qual eles se personificam como emanações de um ser que se torna nosso companheiro e amigo. Sentimo- lo junto a nós, pondo-se a trabalhar conosco na Obra para realizar o melhor labor da vida. Ele se torna um fiel colaborador, o fio condutor de nosso destino, o modelo ideal a alcançar, a meta de existência. Isto é o que significa sentir a presença de Deus. Ela não é só conceito-guia, mas também força-ação. É alcançada não procurando agarrá-la para apossar-nos dela, como se usa para as coisas da Terra. Estes são os métodos invertidos do AS. Ela se atinge colocando-nos em estado de calma e confiança, sintonizando-nos para melhorarmos, em posição de humildade e bondade, requintando-nos até percebermos como um sentido interno o mundo do espírito. Estes são os métodos do S, que conduzem a Deus.

Assagioli insiste no aspecto da sublimação dos impulsos movidos pelas forças emergentes dos planos inferiores. Ora, em nosso caso, não há só o fato da recepção conceitual, mas e necessário ter em conta que esta se verifica através de uma comunicação que implica e estabelece um contato entre o inconsciente médio e o superior. Realiza-se; assim, com a repetição, uma descida habitual do superconsciente no consciente, que lhe vai absorvendo e assimilando o conteúdo, produzindo uma transformação evolutiva, uma catarse ascensional da personalidade. Como o citado autor afirma, a sublimação é um processo natural, pelo que, muitas vezes, como em nosso caso, ela é espontânea e fatal. Então, aqui mediunidade inspirativa significa também um processo de ascese espiritual. Em suma, o uso constante do estado inspirativo, como aconteceu na composição da Obra, isto é, um contínuo contato com o superconsciente, habituado a viver conscientemente naquele plano, o que não poderá deixar de transformar em sentido evolutivo a normal consciência do indivíduo, tornando-o assim apto a continuar a sua vida futura num nível mais alto. Resultado imenso no qual, como já referimos, realiza-se algo mais do que uma Obra, ou seja, um destino, de modo que os dois fatos são estreitamente conexos. Poder-se-á compreender a que conseqüências levará, quando se passa uma existência vivendo tão freqüentemente no plano do superconsciente, isto é, superior àquele em que o indivíduo teria vivido em condições normais.

Tal sublimação é possível enquanto se baseia numa fundamental propriedade das energias biológicas e psicológicas, consistente na possibilidade da sua transformação. Ela existe em todas as formas de energia. Freud diz (Weber, Psycho-analyse, Leipzig, 1910): "Os elementos do instinto sexual são caracterizados por uma capacidade de sublimação, se se troca a finalidade sexual por outra de gênero diferente e socialmente mais digna. À soma das energias ganha assim para a nossa produção psicológica devemos provavelmente os mais altos resultados de nossa cultura".

O próprio Assagioli estuda o processo de transformação e sublimação das energias sexuais, das combativas e das psíquicas. Estes são, de fato, os fundamentais impulsos do ser humano, isto no plano normal: sexo (mulher) para a reprodução, agressividade (macho) na luta pela sobrevivência; no âmbito super-normal, a espiritualidade (super-homem) para realizar a evolução. Trata-se., neste último caso, de uma transmutação em sentido vertical, isto é, evolutivo, interior substancial, de tipo biológico. Assim, o amor pode dirigir-se para seres mais altos, como Cristo e Deus mesmo, que se tornam um modelo ideal de

que nós nos podemos avizinhar sempre mais, funcionando como pólo positivo masculino, mais potente, porque mais avançado em sentido positivo na direção do S, pólo de atração com respeito ao biótipo normal, que relativamente a ele é negativo feminino, mais débil, porque mais submerso na negatividade do AS. Estes são os dois extremos de tal fenômeno de transformação.

Não se creia, no entanto, que o misticismo seja um simples sucedâneo ou derivado do sexo, a saber, que para amadurecerem tal sentido baste uma compreensão daquele instinto. As transformações biológicas não se improvisam. E, se o indivíduo não for maduro para realizar essa passagem ao nível superior, se ele não começou a despertar no superconsciente, não haverá compressão que possa despertá- lo e impulsioná-lo ao esforço de superação. Produzir-se-á, ao contrário, uma contorção do instinto, mesmo que seja coberto de pseudo-misticismo. Cada tipo de força pertence a um dado nível biológico. As energias que saem de baixo podem fornecer vitalidade e calor como matéria-prima para o desenvolvimento do fenômeno, mas não determiná-lo, porque são de outro tipo, inadaptado a construir formas de vida mais altas. O desenvolvimento interior pode utilizar estas energias, mas por si sós elas não são suficientes para realizá-lo. O agente transformador, dinamizante do fenômeno evolutivo, está no pólo superior, sempre mais em direção a ele Os impulsos que saem de baixo atraem em sentido de retrocesso, porque provêm do lado do AS. É certo que para realizar o fenômeno da sublimação há catalisadores semelhantes aos químicos, que com à sua presença favorecem o precipitar da combinação. Mas, em cada caso, o elemento básico determinante é a maturação evolutiva do indivíduo, alcançada por ter vivido e assimilado as experiências necessárias. E isto não em sentido genérico de provas iguais para todos, mas específico, isto é, segundo a natureza do indivíduo, que como tal deve aperfeiçoar-se, conservando o seu tipo de personalidade.

Quando se chegou a esta maturação, o fenômeno da sublimação verifica-se espontâneo e fatal, enquanto, quando ela falta, o subconsciente resiste por inércia para ficar no seu nível, ou reage para não se deslocar em direção a um plano mais alto, que não é o seu. É assim que, em vez da sublimação, pode- se obter a contorção no sucedâneo, reduzindo-a a um ato de orgulho como convicção de superioridade perante os outros o que não é superação, mas substituição de um baixo impulso por outro equivalente. É necessário ter em conta que não é fácil educar o subconsciente, forte de resistência e hábil nas escapatórias, fixado em posições estratificadas num longo passado. Em suma, o fenômeno da sublimação não se improvisa e, muito menos por imposição de métodos e práticas exteriores, aplicadas a qualquer pessoa do exterior, como um remédio qualquer. Para o involuído pode tratar-se de um inconcebível. As qualidades da personalidade são lentamente construídas, trabalhando na profundidade para realizar o

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