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1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.2. As Normas Legais

1.2.1. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de Outubro de 1988, diz no seu preâmbulo que: a Assembleia Nacional Constituinte se reuniu para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida. Assim sendo no artigo 6º do capítulo II, “Dos Direitos Sociais”, incluído no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais” diz que:

“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”

Percebe-se que a Constituição Federal de 198839, considera um direito social o acesso à educação e à saúde, ou seja, em relação à educação poderíamos buscar a aquisição de conhecimentos relacionados com a saúde de modo

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geral, sendo a educação escolar um ambiente favorável neste sentido. Já em relação ao direito à saúde poderíamos dizer que todo cidadão tem acesso livre aos programas de saúde pública. Além de outros aspetos que se relacionam para o desenvolvimento de uma boa saúde, como o trabalho, a alimentação, a moradia, o lazer, etc.

Já no Capítulo II, no Título VIII, “Da Ordem Social, da Seguridade Social”, na Seção II, da Saúde, no artigo 196, enfatiza que:

“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

No artigo 197,

“São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”.

E no artigo 198, sobre a Saúde:

“As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade”.

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Desta forma analisando a Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS)40 busca proporcionar o acesso aos serviços de saúde para toda a população, ou seja, todos têm o direito a usufruir no momento de uma necessidade.

Específicamente sobre a Educação no Capítulo III, “Da Educação, da Cultura e do Desporto”, na Seção I, “Da Educação”, no artigo 205 que trata dos direitos e deveres sobre a educação, e assim como “Da Saúde” que também é um dos direitos a que todos devem ter acesso, então este artigo diz que:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Um pouco diferente da saúde, a educação não é somente responsabilidade do Estado, mas a família também tem este dever e deve participar neste trajeto, contando com o auxílio da comunidade a que o educando pertence. Assim podemos entender que a educação é ampla, e que se opera em diversos ambientes da sociedade, não reduzindo o espaço da escola como o único a proporcionar a educação, mas agregando o conjunto destas instituições que irá constituir o processo educativo.

40 O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n.º

8080/90 e nº 8.142/90. Leis Orgânicas da Saúde, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. Do Sistema Único de Saúde fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais - incluindo os universitários, laboratórios, hemocentros, bancos de sangue, além de fundações e institutos de pesquisa, como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brazil. Através do Sistema Único de Saúde, todos os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas Unidades de Saúde vinculadas ao SUS da esfera municipal, estadual e federal, sejam públicas ou privadas, contratadas pelo gestor público de saúde. O SUS é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais pagos pela população e compõem os recursos do governo federal, estadual e municipal (Consult. 21 Set 2010, disponível em http://www.portal.saude.gov.br).

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Ainda no Capítulo III, porém na Seção II que regulamenta sobre a Cultura, o artigo 215 tem a afirmação:

“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.

Destacamos o Desporto nas aulas de Educação Física, sendo um direito a ser conquistado pelos alunos, estando a escola na posição de uma instituição do Estado onde os alunos podem ter o acesso a manifestações culturais. A escola, então, é um instrumento importante, e um dos meios pelo qual se pode ter o conhecimento da cultura desportiva.

Para melhor percebermos, o artigo 216 enfatiza que:

“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico- culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

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Ainda no Capítulo III, na Seção III quando trata sobre o Desporto, o artigo 21741 se refere que:

“É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional; IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional”.

Então é percebido também como dever do Estado o incentivo à prática do desporto. Além de ser um património cultural, bem como uma componente indispensável na educação e na saúde, o desporto é um direito da sociedade, pelo que neste sentido deve ser estimulado em diversos âmbitos, seja na escola ou fora dela.