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1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.2. As Normas Legais

1.3.2. Ensino fundamental

O ensino fundamental está previsto no artigo 210 da Constituição Federal de 1988, e diz que:

“Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”.

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Percebe-se que na Constituição Federal de 1988, o ensino fundamental é um dos níveis da formação básica da educação escolar brasileira que busca através da escola uma valorização da cultura do país, e ainda da cultura de cada região onde a escola se insere. Sendo primordial nesta etapa, a tentativa de se garantir, ou seja, assegurar o conhecimento e respeito acerca destes valores através dos ensinamentos no âmbito escolar.

Também está disposto na LDBEN 9.394/96, e no Título V, que trata dos “Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino”, no capítulo II, da educação básica, na seção III, do ensino fundamental, artigo 32, que aponta que:

“O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos51, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão52”.

Entende-se a formação básica, no ensino fundamental, o período ou nível de educação no qual as bases devem ser construídas, procurando uma formação e consciência da cidadania, principalmente através do acesso à leitura, à escrita, e aos conhecimentos de uma forma generalizada, das capacidades individuais e do convívio social53.

A aprendizagem da leitura neste período torna-se importante, pelo facto de ser através dela que o aluno tem acesso ao conhecimento que os livros trazem, em especial o acesso à cultura, pelo que neste sentido a leitura é essencial para a

51Antes o ensino fundamental era de 8 anos, com a alteração deste artigo na LDBEN 9.394/96, este nível de ensino

passou a ser de 9 anos.

52Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006. Mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

53Sistema Educativo Nacional de Brasil (2002). Ministério da Educação de Brasil (MEC/INEP) y Organización de

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aquisição de novos conhecimentos e pela possibilidade dada ao aluno de se expressar.

Nos PCNs do Ensino Fundamental é disposto o objetivo geral neste nível de ensino, como se lê abaixo:

“Utilizar diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica,

plástica, corporal — como meio para expressar e comunicar

suas idéias, interpretar e usufruir das produções da cultura” (Brasil, 1997, p. 48).

De acordo com Cury (2002) o material dos PCNs foi enviado pelo MEC ao Conselho Nacional de Educação. Todavia, não é um conjunto de conteúdos mínimos e obrigatórios para o ensino fundamental e também não é, direta e imediatamente, uma proposta de diretrizes. Ele é um complexo de propostas curriculares em que se mesclam diretrizes axiológicas, orientações metodológicas, conteúdos específicos de disciplinas e conteúdos a serem trabalhados de modo transversal e sem o caráter de obrigatoriedade próprio da formação básica comum.

Porém, além da leitura que é importante, as formas de comunicar e de se expressar tornam-se igualmente essenciais, visto que as linguagens expressadas de diferentes formas se tornam também uma maneira de se manifestar, seja através da fala, da escrita, dos números, da arte e ainda através do próprio corpo.

Ainda sobre a legislação e organização do sistema educativo e também sobre a nova organização do ensino fundamental de 9 anos, de acordo com orientações da LDBEN 9.394/96, o artigo 23, orienta que:

“A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na

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competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar”.

Desta maneira a nomenclatura no ensino fundamental foi constituída por dois ciclos, sendo o primeiro, os anos iniciais (do 1º ao 5º ano) para crianças a partir dos 6 até aos 10 anos de idade e o segundo ciclo, os anos finais (do 6º ao 9º ano) para alunos dos 11 até aos 14 anos de idade. Assim as crianças a partir dos 6 anos de idade já podem ingressar neste nível de ensino, de acordo com as orientações da Secretaria de Educação Básica (Brasil, 2007).

Todavia, tornou-se essencial que as escolas de ensino fundamental se organizassem54, no sentido de reestruturar as formas de gestão, os ambientes, os espaços, os tempos, os materiais, os conteúdos, as metodologias, os objetivos, o planeamento e a avaliação, para que desta forma as crianças se sintam inseridas e bem acolhidas num ambiente favorável, prazeroso e propício à aprendizagem.

“É necessário assegurar que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental ocorra da forma mais natural possível, não provocando nas crianças rupturas e impactos negativos no seu processo de escolarização” (Brasil, 2004, p. 22).

Podemos dizer que qualquer mudança gera impactos. Desta forma nestas transições de níveis de ensino, as mudanças inevitavelmente ocorrem, e são pontos cruciais para o “bom” ou “mau” prosseguimento de todo o processo educacional. Neste sentido, é necessário que se façam as adaptações gradativas, para que o aluno possa aos poucos conquistar da melhor forma os diversos estágios da educação escolar, adquirindo conhecimentos para a vida.

54 Lei nº 11.274, de 6 de Fevereiro de 2006. Art 5º - Os municípios, os estados e o Distrito Federal tiveram um

prazo até 2010 para implementar a obrigatoriedade para o ensino fundamental. O PNE – Plano Nacional Decenal de Educação e os respectivos Planos Estaduais de Educação.

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Os PCNs tomam como essência da educação, o desenvolvimento das capacidades do aluno, procedimento em que os conhecimentos e/ou conteúdos curriculares atuam não como fins em si mesmos, mas como meios para a obtenção e progresso dessas capacidades. Desta maneira, o que se busca é que o aluno consiga ser o sujeito da sua própria formação, num complexo processo interativo, em que conjuntamente o professor também se perceba como sujeito de conhecimento (Brasil, 1997).

Ainda para os PCNs o ensino desenvolve-se a partir da abordagem dos conteúdos em níveis conceituais55, procedimentais56 e atitudinais57, que envolvem valores, normas e atitudes. Sendo que os mesmos conteúdos devem de certa forma serem discutidos em diversos níveis de ensino, além da incorporação de outros, visto que a profundidade e a complexidade devem-se ir amplificando ao longo do ensino . Então:

“Os conteúdos são organizados em função da necessidade de receberem um tratamento didático que propicie um avanço contínuo na ampliação de conhecimentos, tanto em extensão quanto em profundidade, pois o processo de aprendizagem dos alunos requer que os mesmos conteúdos sejam tratados de

diferentes maneiras e em diferentes momentos da

escolaridade, de forma a serem “revisitados”, em função das possibilidades de compreensão que se alteram pela contínua construção de conhecimentos e em função da complexidade conceitual de determinados conteúdos”(Brasil, 1997, p. 53).

55 Conteúdos conceituais referem-se à construção ativa das capacidades intelectuais para operar com símbolos,

idéias, imagens e representações que permitem organizar a realidade.

56 Os procedimentos expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões e realizar uma série de ações, de

forma ordenada e não aleatória, para atingir uma meta.

57Já os conteúdos atitudinais permeiam todo o conhecimento escolar. A escola é um contexto socializador, gerador

de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, aos colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade. Por isso, é imprescindível adotar uma posição crítica em relação aos valores que a escola transmite explícita e implicitamente mediante atitudes cotidianas. Ensinar e aprender atitudes requer um posicionamento claro e consciente sobre o que e como se ensina na escola. Esse posicionamento só pode ocorrer a partir do estabelecimento das intenções do projeto educativo da escola, para que se possam adequar e selecionar conteúdos básicos, necessários e recorrentes.

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Assim Libâneo (2001) refere que neste processo educativo, a partir da LDBEN 9.394/96, uma nova estrutura educacional vem-se configurando, novas perspectivas de ensino na escola estão se desenvolvendo, e enfatiza que no ensino fundamental existe uma necessidade imperativa de proporcionar às crianças e jovens os meios cognitivos e operacionais que possam atender às necessidades pessoais, bem como às necessidades económicas e sociais da atualidade.

Desta forma neste nível de ensino demanda-se um conhecimento de diversas áreas, sendo que no final do ensino fundamental o aluno possa articular estes saberes entre eles e com a sua vida social. Assim cada área ou disciplina, estará contribuindo com os seus conteúdos específicos, no sentido maior dos objetivos gerais do ensino fundamental.