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1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.4. A educação para a saúde e a questão da obesidade

1.4.2. A Educação Física escolar no Brasil: influências n(d)a saúde

Como disciplina na escola, a Educação Física reflete e lida com uma diversidade de elementos81 motores enquanto cultura corporal do movimento humano. Neste sentido, quando se trata com a educação na Educação Física escolar, na atualidade surge a questão de como associar os conhecimentos tratados no meio escolar aos problemas da sociedade contemporânea, e como de alguma maneira a disciplina pode contribuir para que o aluno na escola adquira conhecimentos que possam vir a ser incorporados e significativos na sua vida. A Educação Física escolar e o Desporto não devem mostrar-se como algo sem sentido. Através da questão cultural o aluno poderá construir sentidos e significados destes elementos para a sua vida, podendo a partir das práticas desportivas corporais desenvolver valores próprios quanto ao seu modo de viver no mundo.

A Educação Física escolar no que diz respeito à Educação Básica (Ensino Infantil, Fundamental e Médio) , e uma vez que se faz presente no currículo da

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escola, é constantemente questionada a respeito do seu papel na educação escolar.

Para entender hoje a Educação Física no Brasil, consideramos que seja interessante perceber como as atividades desportivas foram sendo concebidas nos diversos momentos históricos no Brasil. Neste sentido, buscamos compreender sucintamente alguns períodos de como as práticas do desporto foram desenvolvidas na escola, procurando igualmente notar a relação possível com a saúde.

O Brasil-Colónia82 de acordo com Tubino (2002) foi um período onde as práticas corporais tinham um caráter utilitário, onde existiam o arco e flecha, a natação, a canoagem, as corridas, as caminhadas, a equitação, a caça e a pesca. Naquela época estas práticas corporais semelhantes às atividades desportivas estavam relacionadas diretamente com as guerras e com a própria sobrevivência dos indivíduos que as realizavam.

Arantes (2008) também comenta que entre o período de 1559 a 1759 a educação escolar nas tribos indígenas estava, na sua maioria, sob a orientação dos Jesuítas que se deslocavam para as aldeias e formavam núcleos de educação e que através da catequização das crianças desenvolviam algo educativo para estas populações. As atividades relacionadas com as práticas desportivas neste contexto foram desenvolvidas pelas experiências práticas com a peteca, o arco e flecha e as atividades recreativas.

As atividades desportivas sempre estiveram ligadas à Educação Física no Brasil, e Tubino (2002) diz que durante o Brasil-Império83 surgiu um conjunto de decretos específicos para as escolas militares84, os quais estabeleciam a

82 Período que se inicia por volta de 1530 e se estende até 1822 (Linhares, 2000).

83 Período que se inicia em 07 de Setembro de 1822 com a Independência do Brasil e vai até 1889, quando se inicia

a primeira República do Brasil (Linhares, 2000).

84 • Decreto nº 2.116, de 11/03/1858 – Incluiu a esgrima e a natação nos cursos de Infantaria e Cavalaria da Escola

Militar. No mesmo ano, a esgrima, a ginástica e a natação tornam-se obrigatórias na Escola da Marinha. • Decreto nº 3.705, de 22/09/1866 – Determinou a prática de ginástica, natação e esgrima nos cursos preparatórios à Escola

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obrigatoriedade de determinadas práticas desportivas naqueles estabelecimentos. O aumento do número dessas atividades nos estabelecimentos militares também influenciou as escolas civis oficiais, como o Colégio Pedro II85.

Assim a saúde relacionada com a Educação Física no Brasil foi constantemente valorizada, pelo que Piccoli (2005) comenta que no século XIX os primeiros vínculos estavam ligados às instituições militares86, sendo conduzidos para os caminhos higienistas87 que tinham intenções de melhoria das condições de saúde e de higiene da população brasileira, objetivando um equilíbrio orgânico, menos suscetível às doenças. Juntamente a esses pressupostos existia uma preocupação com a eugenia, pois o número de escravos negros era relativamente grande, e de acordo com o pensamento da época, poderia gerar uma exclusão da raça branca. Apesar dos pressupostos desportivos, higiénicos, eugénicos e físicos da Educação Física estarem na base do trabalho, a prática de exercícios que demandasse esforço físico possuía uma associação ao trabalho escravo. Neste sentido, houve dificuldade em tornar a disciplina obrigatória nas escolas civis.

De acordo com Soares (2004) o parecer de Rui Barbosa em 09 de Janeiro de 1882 previa a Ginástica com exercícios de corpo livre para os alunos da instituição escolar, porém com caráter facultativo. E, somente a 23 de Novembro de 1885, pela Decisão Imperial nº 71 a disciplina tornou-se

Militar. • Decreto nº 4.720, de 22/04/1871 – Baixou o regulamento da Escola da Marinha, mantendo a obrigatoriedade de prática de esgrima, da ginástica e da natação nos seus cursos. • Decreto nº 5.529 de 17/01/1874 – Baixou o regulamento da Escola Militar, incluindo a obrigatoriedade da ginástica, da esgrima, da equitação e da natação. • Decreto nº 9.251 de 16/06/1884 – Incluiu a ginástica, a natação, a equitação e a esgrima como obrigatórias na Escola Militar do Rio Grande do Sul. • Decreto nº 1.0202 de 09/03/1889 – Criou o Imperial Colégio Militar, com a obrigatoriedade do programa de natação, ginástica, tiro ao alvo e esgrima (Tubino,2002).

85 O Colégio Pedro II, fundado no Rio de Janeiro em 1837, foi alvo dos maiores cuidados do Governo, foi aberto

como modelo à iniciativa privada e provincial, e serviu como um padrão ideal de educação aos civis (Oliveira, 2003).

86 Muitas das atividades desenvolvidas na escola eram semelhantes às desenvolvidas nas instituições militares,

uma vez que os professores na escola eram os próprios militares (Soares, 2004).

87 O Higienismo foi um movimento mundial, que chegou ao Brasil nos meados do Séc. XIX e tinha como

preocupação central a saúde. A proposta consistia basicamente na defesa da Saúde Pública, na Educação e no ensino de novos hábitos, ainda também com a preocupação da raça, o Eugenismo (Soares, 1990).

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obrigatória88 para ambos os sexos, sendo adotada primeiramente nas escolas da corte, no Rio de Janeiro, para além das escolas militares onde anteriormente já era obrigatória (Betti, 1991; Piccoli, 2005).

No entanto, foi em 1851 que se iniciou este processo de a tornar uma disciplina obrigatória , e o Decreto nº 630, de 17 de Setembro, autorizava a reforma dos ensinos primários e secundário das escolas da corte. Então em 1854, o deputado e ministro do Império, Luiz Pedreira do Couto Ferraz aprova o “Regulamento da Instrução Primária e Secundária do município da Corte”, onde incluía o ensino obrigatório da ginástica (Piccoli, 2005).

Darido (2005) comenta que durante o século XIX, inicialmente, a conceção dominante tinha os seus alicerces no higienismo, e que os métodos de ginástica europeus89 sistematizados na escola, tiveram como principais influências as propostas do sueco P.H. Ling, do francês Amoros e do alemão Spiess. No modelo militarista a ginástica tinha os objetivos ligados à formação de uma geração capaz de estar à prova de combate, da luta, para enfrentar a guerra, mas para isso era preciso escolher os indivíduos “perfeitos” fisicamente, pelo que os “incapacitados” não poderiam fazer parte do processo. Porém, tanto a conceção higienista como a militarista consideravam-na como uma disciplina com características práticas, sendo que a ginástica escolar não apresentava muitas diferenças da instrução militar.

Após o fim das duas grandes guerras90 mundiais, o Brasil vive a época do fim da ditadura do Estado Novo91, época em que Getúlio Vargas92 perde o poder e

88 Rui Barbosa em seu parecer também equiparou os professores de ginástica aos das outras disciplinas,

destacando a necessidade de se ter um corpo saudável para sustentar as atividades intelectuais (Piccoli, 2005).

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Pehr Henrik Ling (1776-1839), criador da chamada Ginástica Sueca, caracterizada por finalidades corretivas, com incidência na modelagem do corpo, nas suas formas e atitudes. Francisco Amoros y Odeano (1770-1848)

influenciado pelo método Francês de ginástica cujas propostas eram baseadas em estudos de anatomia, fisiologia e mecânica do movimento. Adolph Spiess (1810-1858) cientista e professor defendia a ginástica na escola, e foi a Ginástica Alemã que idealizou, com exercícios livres e com aparelhos (Ramos, 1983).

90 1ª Guerrra Mundial de 1914 a 1918 e a 2ª Guerra Mundial de 1939 a 1945.

91 Regime político criado no Brasil por Getúlio Vargas com características de centralização do poder e baseado no

autoritarismo, tendo o seu início em 1937 e o seu final em 1945 (Garcia, 1982).

92 Presidente do Brasil de 1937 a 1945 e depois de 1951 a 1954, data em que morreu com um tiro no coração

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outro modelo de educação influencia a educação brasileira, a chamada Escola Nova, um modelo americano que teve no educador Dewey93 o seu precursor, opondo-se à escola tradicional, influenciando também a Educação Física escolar no Brasil (Betti, 1991).

O pensamento predominante na Educação Física escolar neste novo modelo, o movimento chamado “escolanovista”, passa a ser, “A Educação Física é um meio da Educação”. O pensamento naquela época era que a única forma capaz de desenvolver a denominada “Educação Integral”94

seria também através da educação do movimento, pela cultura do corpo95 (Darido, 2005).

De acordo com Palma e Vieira (2008) na Educação Integral da Escola Nova, a disciplina de Educação Física poderia não só contribuir para a melhoria da saúde da população, mas também para a formação do caráter e na preparação de uma profissão.

Os princípios deste novo modelo fizeram com que o pensamento sobre a Educação Física escolar fosse discutido, tanto sobre a sua prática, como sobre o papel dela na escola e para a sociedade, bem como a postura do professor. Esse movimento torna-se mais conhecido no início da década de 1960, e passa a ser contido a partir da instauração da política da ditadura militar96 no Brasil (Darido, 2005).

93 John Dewey (1859-1952) é geralmente reconhecido como o educador americano mais reputado do século XX.

Numa carreira prolífica que trespassou sete décadas (a sua obra completa engloba trinta e sete volumes), Dewey centrou-se num vasto leque de preocupações, sobretudo de uma forma notável, no domínio da filosofia, educação, psicologia, sociologia e política (Teitelbaum & Apple, 2001)

94 Anísio Teixeira (educador que difundiu os pressupostos da Escola Nova) acreditava que os altos índices de

evasão e de reprovação, verificados já nos anos de 1930, resultavam da inadequação do modelo tradicional de escola às necessidades dos seus alunos, sobretudo das crianças das classes populares. Por isso, ele defendia um modelo que ampliasse o tempo de permanência da criança na escola, antecipando o que hoje chamamos de educação integral, ou seja, a criança permanece o dia todo na escola, desenvolvendo atividades ligadas aos conhecimentos formais e, também atividades físicas e desportivas, artísticas e literárias, entre outras (Xavier, 2006, p. 02).

95 A cultura do corpo é assegurada pela ginástica natural, feita com o corpo nu ou, pelo menos, com o tronco nu, e

ainda pelos jogos e desportos (Alves, 2010, p. 178).

96 Regime político no Brasil de 1964 a 1985, onde os militares assumem o poder através de um golpe de estado. Na

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Com o regime militar instaurado no Brasil há uma enorme expansão do sistema educacional, pois o Governo considerava a escola como uma fonte de propagação da nova doutrina do regime político instaurado. Associado também ao sucesso do futebol brasileiro nos anos de 1958 e 1962, e chegando ao auge na Taça Copa do Mundo de Futebol de 1970, onde o Brasil se torna tricampeão, percebeu-se que o desporto se torna a razão do Estado, ou seja, o Governo começa a incentivar o desporto na escola na tentativa de tornar o Brasil uma potência económica e também olímpica através do desporto (Betti, 1991).

De um modo geral, percebe-se que as atividades desportivas nas aulas de Educação Física na escola, estiveram ligadas a determinados fins de cada tempo histórico. Podemos entender que o desenvolvimento do corpo saudável foi necessário para atender às demandas sociais de cada época, seja para o trabalho, as guerras, a eugenia, a economia, entre outras, sendo que um dos meios para se atingir os fins almejados foi o desporto.

Bento (2010) comenta que tanto por boas como por más razões, na atualidade as condições de vida impõem-nos uma renovação dos cuidados ao corpo e ao seu carácter instrumental. Mas, embora esta circunstância seja hoje muito mais nítida do que noutras épocas, na história da humanidade sempre houve e haverá uma conjuntura corporal. Esta conjuntura faz parte do processo cultural e civilizador da configuração da vida e do homem, refletindo os anseios, ideais, princípios, valores, referências e problemas vigentes em cada época.

Atualmente em relação ao corpo e à saúde, algumas características são visíveis e emergentes decorrentes de estilos e formas de vida adotados pela sociedade. Um ponto a ter em consideração é a questão da obesidade, sendo esta considerada uma epidemia global de acordo com os estudos da OMS (2004), e também estimada como um problema de saúde pública. Influenciada pelo sedentarismo, a obesidade tem crescido na atualidade, configurando-se como uma evidência na sociedade contemporânea, atingindo grande parte da

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população de diversos níveis de idade. Assim a própria Organização Mundial da Saúde estimula a população para que assuma estilos de vida mais saudáveis, e menciona a necessidade do aumento dos níveis de atividade física, sendo a prática desportiva um dos meios pelos quais se pode combater o sedentarismo e a própria obesidade, podendo desta maneira evitar e prevenir determinas doenças.

De acordo com Garcia (aceite para publicação) o sedentarismo atualmente na sociedade contemporânea é uma realidade, sendo um comportamento deformado da “natureza” humana. Nesta afirmativa, podemos entender que o ser humano foi criado para se movimentar e que o sedentarismo não combina com a essência do ser humano.

Assim, na educação brasileira, diante dos problemas sociais da atualidade e da presença das inúmeras propostas que surgiram na tentativa de justificar a disciplina de Educação Física na escola, a mesma busca hoje uma legitimidade, tentando de certa maneira conquistar um lugar de importância no cenário escolar, e num contexto mais amplo na sociedade. Também procura de certa maneira uma valorização junto dos outros componentes curriculares, e neste sentido a Educação Física como disciplina, dirige-se pela tentativa de constituir a razão da sua presença e importância na educação no âmbito da escola.

De acordo com Matos e Graça (1993) as discussões sobre o currículo da Educação Física na escola trazem à tona uma competição entre diversas perspetivas teóricas e orientações práticas, que quando se definem como alternativas, trazem uma hierarquia de valores que se reflete na seleção de objetivos, conteúdos e métodos de ensino e de aprendizagem. Recordando que os componentes da Educação Física , substancialmente, são o desporto e o exercício físico, e estes correspondem a práticas culturais dinâmicas, desta forma historicamente situadas e sujeitas à evolução humana, e em consequência à mudança.

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Assim, para Mattos e Neira (2000) a inserção justificável da Educação Física no currículo escolar , posicionada no mesmo patamar de prestígio das outras áreas do conhecimento, alicerçada com uma fundamentação teórica, uma ligação referente ao trabalho, sem improvisações e, fundamentalmente, na elaboração de um plano de ensino que busque atender às necessidades, interesses e motivação dos alunos no contexto atual.

Desta forma, na Educação Física escolar torna-se necessária uma compreensão da sua atuação, assumindo um importante papel e sendo indispensável no conjunto dos saberes escolares. Para a sua efetivação enquanto componente curricular atual, a disciplina incorporou e apropriou-se dos elementos ligados à cultura corporal do movimento, buscando um trato pedagógico do desporto, do jogo, da dança, da luta e da ginástica. Porém, o desafio não é somente o conhecimento e a execução destes componentes da cultura, e sim que o aluno procure apropriar-se destes conhecimentos para a sua vida, como parte da sua própria cultura em diversos aspetos.

A orientação dos PCNs (Brasil, 1998a) reafirma as dimensões dos saberes que irão nortear as ações pedagógicas no ensino da Educação Física, para que o educando saiba fazer, a dimensão procedimental, entenda porque fazer, a dimensão conceitual, e busque estabelecer relações dentro do fazer, a dimensão atitudinal.

Não basta o aluno saber executar determinados movimentos desportivos, indubitavelmente isto é essencial, porém a vivência deve orientar-se para um entendimento mais estruturado ao longo do tempo. Esta educação visa buscar outras compreensões, no sentido do porquê realizar, em que situações são necessárias e bem como quando devem ser empregues. Desta forma as três dimensões se entrelaçam para um entendimento mais significativo e proveitoso para o educando.

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Fortalecendo este pensamento, Freire (1999) enfatiza que saber fazer pode ser o momento inicial do processo de ensino da Educação Física, e que por isso tem o seu valor e é fundamental, ou seja, o ensino das técnicas desportivas e corporais. Mas juntamente a esta aprendizagem no transcorrer do processo de ensino educacional, é primordial que o aluno também adquira o conhecimento do quando e porquê empregar estes elementos durante as situações da sua vida.

Hoje, a Educação Física escolar deve fundamentar-se talvez em dois princípios básicos, ou seja, demandar a realidade dos problemas que emergem da sociedade contemporânea e das necessidades dos alunos através do ensino e aprendizagem das atividades desportivas, sendo desta forma o caminho para a sua legitimidade no âmbito escolar.

Nesta conceção Jesus (2010) ressalta a importância em estabelecer uma relação dos conteúdos da Educação Física com a realidade do educando, ou seja, buscar um entendimento sobre a cultura desportiva, e relacioná-la com as vivências adquiridas pelos alunos ao longo da sua existência e assim reunir com as novas competências a serem adquiridas, visando desta maneira estimular que os indivíduos sejam participativos no processo da educação na escola.

A Educação Física escolar e o desporto na sociedade do Séc. XXI tornam-se importantes, juntamente com os temas em destaque deste período, procurando assim construir valores para a vida a partir de conhecimentos adquiridos nas aulas, e neste sentido o aluno poderá tomar consciência e reconhecer a importância dos ensinamentos adquiridos na escola.

Barni e Schineider (2007) comentam que nas últimas décadas na Educação Física, em especial no Ensino Médio, novas propostas pedagógicas vêm surgindo e suscitando discussão acerca da sua relevância neste nível de ensino no meio escolar. De entre algumas tendências destacam-se a Aptidão

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Física e Saúde Renovada, sendo seus principais idealizadores Markus Vinícius Nahas e Dartagnam Pinto Guedes. Estas conceções de Educação Física em termos gerais, além das circunstâncias práticas, enfatizam também conceitos e princípios teóricos que possam proporcionar um contributo aos escolares, no sentido de tomarem as melhores decisões quanto à adoção de hábitos saudáveis relacionados com a atividade física ao longo de toda a vida. As atividades físicas vivenciadas na infância e na adolescência determinam-se como importantes influenciadores no desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na escolha de um estilo de vida fisicamente ativo na idade adulta. Portanto, o objetivo seria o de ensinar os conceitos básicos da relação entre atividade física, aptidão física e saúde.

Porém, é preciso considerar que não podemos de certa forma adotar uma conceção como verdade absoluta, uma vez que o mais sensato é perceber os pontos positivos das propostas e buscar uma melhor metodologia para que o aluno de alguma maneira adquira conhecimentos necessários para resolver as situações do dia a dia na sua vida. Mas destacamos aqui a importância de uma reflexão no ensino dirigida para os problemas de saúde da nossa sociedade e uma atenção ao tema da obesidade, no que diz respeito à importância da sua prevenção, desde os primeiros ensinamentos na escola.

Percebemos a vertente da saúde como um caminho justificável, porém junto a este enfoque enfatizamos a presença da cultura desportiva como eixo norteador da Educação Física escolar, sendo necessário fazer uma associação às questões de saúde na sociedade atual. Neste sentido, a disciplina escolar de Educação Física, juntamente com as outras disciplinas escolares, poderão construir elementos significativos para que os alunos tenham uma postura favorável, com atitudes coerentes em relação aos problemas sociais de hoje. Desta forma buscar contribuir para o desenvolvimento de uma autonomia necessária, para que os mesmos possam a vir atuar na sociedade de forma mais eficaz e benéfica para si próprios e também de forma coletiva, e assim construir ensinamentos duradouros para a vida.

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1.4.3. As aulas de Educação Física escolar e o Desporto: possibilidades