• Nenhum resultado encontrado

3.5. O AMBIENTE MÉDICO-HOSPITALAR

3.5.2. A Cor Importância e Aspectos Ergonômicos

Todas as atividades humanas e principalmente o trabalho sofrem a influência de três aspectos: físico, cognitivo e psíquico. A conjugação adequada destes fatores permite projetar produtos e ambientes seguros, confortáveis e eficientes. O estudo das cores, embora visto como secundário, torna-se fundamental para os ergonomistas à medida que contribui com a adequação de uso, não só para a segurança, ordenação e auxílio de orientação organizacional (princípio de organização pela aplicação de cor), mas também para a saúde e bem estar dos trabalhadores (devido a sua influência psicológica) (Azevedo et al., 2000).

A cor define a identidade dos espaços, das pessoas e dos objetos. É também uma ferramenta de inestimável utilidade para a indústria, o comércio, etc. (Beck et al., 2007). Pode criar uma disposição de ânimo geral e provocar uma resposta emocional no consumidor e no usuário. Assim, além de integrar as cores, a mente também as associa com certos estados emocionais, sentimentos e valores (Dias, 2009).

Deste modo, tem-se nas cores uma grande possibilidade de transformar os produtos e os ambientes dos hospitais, tornando-os mais confortáveis e agradáveis. A coloração não deve ser concebida só por características estéticas, mas deve levar em consideração as diversas funções de um espaço e a ergonomia, tanto no que se refere à usabilidade, quanto pelas exigências psicológicas do meio e do trabalhador (Azevedo et al., 2000).

A ergonomia é definida como o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação de conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia (Iida, 2005). Ela é entendida como o domínio científico e tecnológico interdisciplinar que se ocupa da otimização das condições de trabalho, bem como da interação do homem com o produto ou sistema produtivo, visando de forma integrada a saúde, a segurança, o bem estar e a eficácia do indivíduo enquanto profissional e consumidor.

Para Iida (2005), um planejamento adequado do uso das cores no ambiente de trabalho, aplicando-se cores claras em grandes superfícies, com os contrastes adequados para identificar os diversos objetos, está associado a aumentos de produtividade que chegam a 80 ou 90%. Embora pouco explorada, a psicodinâmica das cores faz parte da nova ciência da ergonomia e esta ciência é de grande importância para o ser humano, pois está presente nos ambientes, equipamentos, e no seu cotidiano (Battistela, 2003).

A ergonomia hospitalar trata do entendimento e da melhoria das condições de trabalho, de conforto e de segurança dos trabalhadores da saúde e dos pacientes. Ainda pouco difundida, ela vem apresentando progresso, pois são significativos os resultados apresentados em estudos e pesquisas da área ergonômica aplicada a equipamentos médicos e procedimentos executados neste ambiente. Battistela (2003) discute que, um dos grandes desafios da área de saúde está ligado à qualidade. Neste contexto, saúde, segurança, competitividade e produtividade são fatores determinantes. Uma vez que a psicodinâmica das cores ocupa um espaço relevante na ergonomia e pode contribuir efetivamente para o incremento destes fatores.

Em relação aos aspectos ergonômicos que envolvem os instrumentos médicos, sobretudo os cirúrgicos, as Centrais de Material Esterilizado (CME) e as salas de cirurgia são os ambientes onde a organização do trabalho, a eficiência e o controle são mais demandados. A separação, organização e identificação do instrumental são especialmente importantes.

Na sala de cirurgia, existe um sistema de organização para o instrumental. A mesa de instrumentação deve ser organizada de forma padronizada, de acordo com a ordem de utilização dos instrumentais no ato operatório, com o intuito de facilitar o acesso a eles. O Centro de Pesquisa Biológica para a Saúde, CCBS, da Universidade do Estado do Pará – UEPA indica que para a organização da mesa é necessário imaginá-la dividida em seis setores, correspondentes aos seis tempos operatórios.

Inicia-se a partir da diérese, que é representada pelos bisturis e pelas tesouras, em seguida, apresenta-se o setor de preensão , com as pinças de preensão, seguidas do setor de hemostasia , que abriga materiais como gazes, compressas e fios para ligadura, bem como as pinças hemostáticas e o setor de exposição, com os afastadores. O setor especial apresenta instrumental que varia de acordo com o tipo de cirurgia. O sexto e último setor corresponde

ao tempo de síntese, abrigando materiais como agulhas, fios e os porta-agulhas. A Figura 3.13 ilustra esta organização.

Figura 3.13. Setores de organização do instrumental na mesa de instrumentação: Diérese (1), Preensão (2), Hemostasia (3), Exposição (4), Setor especial (5) e Síntese (6)

(UEPA-CCBS).

Os princípios de organização podem ser abordados através de uma análise da Gestalt, que está ligada intrinsecamente a percepção dos objetos. A Gestalt é uma escola de psicologia experimental, e considera-se que Von Ehrenfels, filósofo vienense dos fins do século XIX, foi o precursor da filosofia da Gestalt (Gomes Filho, 2004). Ainda de acordo com este autor o movimento gestaltista atuou principalmente no campo da teoria da forma, com contribuição relevante aos estudos da percepção, linguagem, inteligência, aprendizagem, memória, motivação, conduta exploratória e dinâmica de grupos sociais. A Gestalt apresenta uma teoria sobre os fenômenos da percepção.

No campo da organização por cores, existem princípios da Gestalt de proximidade, onde elementos próximos uns dos outros tendem a ser vistos juntos e constituírem um todo, ou unidades dentro do todo. Em condições iguais, os estímulos mais próximos entre si, seja por forma, cor, tamanho, textura, brilho, peso, direção e outros terão maior tendência a serem agrupados e constituírem unidades. A proximidade e semelhança são dois fatores que muitas

vezes agem em comum e se reforçam. Em relação aos princípios de semelhança, a igualdade de cor e de forma desperta a tendência de construir unidades, isto é, de estabelecer agrupamentos de partes semelhantes (Gomes Filho, 2004).

Documentos relacionados