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3.5. O AMBIENTE MÉDICO-HOSPITALAR

3.5.3. Segurança e Esterilização

Na estrutura hospitalar brasileira, até a década de 40, todos os processos de preparo, esterilização e armazenamento de materiais eram feitos no próprio centro cirúrgico. A partir dos anos 50, com o surgimento de novos métodos de limpeza e esterilização de materiais e o advento de instrumentais especializados para cirurgias mais complexas, é que se destinou uma área própria para o preparo de materiais (GDF-SES, 2000).

O desenvolvimento tecnológico, ocorrido nas últimas décadas na área de saúde, impulsionou as atividades desenvolvidas nas Centrais de Materiais Esterilizados (CME), colocando-a como um setor de vital importância no ambiente hospitalar, dada a magnitude do trabalho ali desenvolvido (GDF-SES, 2000). Em relação à segurança hospitalar, a necessidade de limpeza e esterilização está ligada a fatores de contaminação, como no caso dos microrganismos. A sua resistência ao calor e umidade varia de acordo com os diferentes grupos, o que dificulta sua destruição.

São três, as principais razões para se desenvolver processos de controle de microrganismos: a prevenção da transmissão de doenças e infecções, a prevenção da contaminação ou crescimento de microrganismos nocivos e a prevenção da deterioração e dano de materiais por microrganismos. Muitos estudiosos pesquisaram os meios pelos quais podem ser destruídos e conseguiram estabelecer princípios e normas a serem seguidos a fim de provocar a morte dos microrganismos por calor e umidade (Cardoso, 2005). A esterilização por calor destrói todas as formas de microrganismos, incluindo vírus, bactérias, fungos e esporos (CDC, 1996).

Dentro dos hospitais, as CME são os setores responsáveis pela limpeza, desinfecção e esterilização e destinam-se, basicamente, a receber e lidar com materiais considerados sujos e contaminados, bem como o preparo de roupa limpa pela lavanderia e ao final do processo, restitui-los. Para a GDF-SES (2000) e ABNT (1999), no caso dos instrumentos cirúrgicos,

existe um procedimento para o setor que é composto por uma série de etapas para a limpeza e esterilização:

• Procedimento de pré-lavagem – Seleção, separação, enxágue, imersão em detergente enzimático, enxágue e secagem.

• Procedimento de secagem e revisão dos instrumentais cirúrgicos - Secagem, revisão, lubrificação, e encaminhamento.

• Área de preparo dos instrumentais – Separação, inspeção, substituição (quando necessário), montagem, organização e proteção.

• Empacotamento – Abrir campo duplo de algodão cru, sobrepor campo de cretone simples, colocar o instrumental, fechar segundo técnica de envelope.

• Identificação – Usar fita teste de autoclave, colocar nome do material, especialidade, setor de origem, data e assinatura. Encaminhar para a esterilização.

Quanto aos produtos de limpeza utilizados, destacam-se os seguintes grupos:

• Detergentes: são produtos que contém tensoativos em sua formulação, com a finalidade de limpar através de redução da tensão superficial, umectação, dispersão, suspensão e emulsificação da sujeira.

• Detergentes Enzimáticos: à base de enzimas e sulfactantes, não-iônicos, com pH neutro, destinados a dissolver e digerir sangue, restos mucosos, fezes, vômito e outros resíduos orgânicos de instrumental cirúrgico, endoscópios e artigos em geral.

De acordo com o Ministério da Saúde, todos os instrumentos devem ser limpos e esterilizados depois de cada uso e os métodos de esterilização recomendados são a estufa e a autoclave (MS, 2001). A esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana: bactérias, fungos, vírus e esporos mediante a aplicação de agentes físicos, químicos ou físico- químicos. Convencionalmente considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos concomitantes é menor do que 1:1.000.000.

A eleição do método de esterilização mais adequado depende do tipo de artigo a ser esterilizado. Os métodos de esterilização podem ser físicos, químicos, ou físico-químicos (MS, 2001).

Os métodos físicos são aqueles que utilizam calor em diferentes formas para esterilizar os artigos. Nas centrais de esterilização o método mais utilizado e factível é a autoclavação por vapor saturado sob pressão ou autoclavagem. Outro método que é utilizado, porém tende ao desuso, é o calor seco (estufa) (GDF-SES, 2000; MS, 2001; ABNT, 2010b).

Os métodos químicos possuem eficácia comprovada e utilizam agentes esterilizantes líquidos por imersão. Os artigos devem estar limpos e secos e dentro de um recipiente plástico tampado conforme orientação do fabricante (GDF-SES, 2000; MS, 2001). Os métodos mais conhecidos e utilizados são: esterilização por glutaraldeído a 2% e por ácido peracético.

Os métodos físico-químicos são processos realizados em equipamentos especiais, que utilizam substâncias químicas esterilizantes e baixas temperaturas. É indicado para esterilização de materiais termos sensíveis e/ou sensíveis à umidade, como a esterilização por óxido de etileno (ETO) e o plasma de peróxido de hidrogênio.

Atualmente, devido a novos padrões de qualidade e segurança e de confiança dos sistemas de saúde, novas políticas e protocolos têm surgido com o intuito de minimizar ocorrências e erros dentro dos hospitais. Em atenção a uma resolução da Assembleia Mundial da Saúde, ocorrida em maio de 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em outubro de 2004, a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente. Esta aliança tem o objetivo de despertar a consciência profissional e o comprometimento politico, para uma melhor segurança na assistência a saúde e para apoiar os estados membros da OMS no desenvolvimento de politicas publicas e na indução de boas práticas assistenciais (MS, 2009).

Dentro destes protocolos, estão incluídas diretrizes que preveem a rastreabilidade de instrumentos, produtos e equipamentos médicos para aumentar a confiança e diminuir os incidentes. Entre os dez objetivos considerados essenciais para a cirurgia segura é possível destacar três objetivos que estão relacionados diretamente a identificação e controle dos instrumentos:

• Objetivo 6 - A equipe usará de maneira sistemática, métodos conhecidos para minimizar o risco de infecção no sitio cirúrgico.

• Objetivo 7 - A equipe impedirá a retenção inadvertida de instrumentais ou compressas nas feridas cirúrgicas.

• Objetivo 8 - A equipe manterá seguros e identificará precisamente todos os espécimes cirúrgicos.

Entende-se por rastreabilidade a capacidade de recuperação do histórico, da aplicação ou da localização de uma entidade ou item por meio de identificações registradas. Dentro das necessidades de rastreabilidade dos materiais e instrumentos, a cor se torna um grande auxílio na visualização, organização e classificação dos utensílios.

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