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Mapa 6: Localização dos trabalhadores de rua em Salvador/BA

3.3 C ONCEPÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS CIRCUITOS DO TRABALHO DE RUA EM S ALVADOR

3.3.2 A correria e o rapa: conflitos e disputas

A relação entre o trabalho de rua e o espaço público gera tensionamentos entre interesses contraditórios se pensarmos apenas no antagonismo existente entre o ato de liberar os passeios para os pedestres e o de permitir a livre comercialização de mercadorias neste mesmo lugar. Vemos, de um lado, um ente que possui o poder de decisão e determinação sobre a atividade, e de outro, aqueles que se submetem às determinações daqueles, numa relação predominantemente em que uns mandam e aos outros cabe obedecer, sendo observados poucos casos onde são tentados acordos comuns entre as partes, se tivermos como referência as intervenções propostas para a atividade apresentadas no capítulo anterior, por exemplo. Essa subordinação de uns com relação aos outros, como podemos supor, nem sempre se dá de forma pacífica. Frequentemente podemos associar os conflitos e disputas que aí emergem ao rapa, termo usado pelos trabalhadores para se referir aos fiscais da prefeitura que podem apreender suas mercadorias, sobretudo daqueles que não são licenciados. Contudo, as situações evidenciadas neste eixo não serão referentes apenas às ações do poder público, mas as relações de embate e tensionamento que se revelam também em outas situações exploradas a seguir.

Olhando um pouco mais para o passado, sobretudo com a apresentação do papel das entidades de representação dos interesses dos trabalhadores de rua que tivemos, foi possível verificar que houve um momento crítico no período de 1997 à 2004, onde parecem ter ocorrido casos de violência contra o segmento. As propostas de intervenção daquela época parecem não ter sido bem aceitas nem pelas entidades, nem pelos próprios trabalhadores, porém foram impostas sem muito diálogo. Segundo os relatos que obtivemos, o confronto com o rapa naquele período era bastante frequente, assim como a presença policial nas ruas no sentido de coibi-los. Sobre este aspecto, podemos nos remeter também às narrativas anteriormente apresentadas, onde verificamos alguns exemplos dos conflitos ocorridos naquele período, como é o caso de Seu Raimundo que teve suas mercadorias jogadas na rua e que só não perdeu tudo por conhecer alguém influente.

Ao realizarmos as entrevistas do questionário de aprofundamento perguntamos aos trabalhadores sobre os momentos críticos que já vivenciaram e sobre o que eles pensam que está acontecendo hoje com relação às novas propostas de ordenamento. As respostas dos trabalhadores não revelam um consenso na aceitação das propostas, evidenciando, inclusive, dificuldades no entendimento das propostas pela linguagem que a prefeitura utiliza. Há, entre os trabalhadores, aqueles que acreditam que haverá benefícios reais com o novo projeto e aqueles que não as vêem como algo bom para ninguém. Alguns citaram que já existem problemas com o que foi implantado, como o calor que foi intensificado pela cobertura em policarbonato, apesar de agora terem alguma proteção contra a chuva (Figuras 23 e 24). Esta proteção, contudo, não é total, devido a ausência de calhas nas laterais dos telhados, o que é resolvido com diversos tipos de improvisos pelos trabalhadores.

Figura 23: Improvisos para proteger-se da chuva e do sol na Rua da Forca

Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 24: Improvisos para proteger-se da chuva e do sol na Rua Coqueiros da Piedade

É importante salientar que, apesar de termos visto na seção anterior que 73% dos trabalhadores de rua possuem licença, isso não significa que não estejam submetidos à ação do rapa. Isto ocorre porque a licença, além de ser para o ponto, é também para o tipo de mercadoria que é comercializada. A mercadoria, por sua vez, também como vimos, sofre uma variação sazonal na medida em que os interesses pelos produtos variam no tempo. Assim, por vezes determinados produtos considerados ilegais podem se tornar populares num determinado período do ano e os trabalhadores os adquirem para aumentar suas vendas, ficando desta forma também sujeitos à ação do rapa. Além disso, pudemos sentir durante a aplicação dos questionários uma forte resistência ao ordenamento da Prefeitura pelo fato de nos pontos propostos pelo planejamento as vendas serem mais fracas. Isto faz com que muitos trabalhadores, embora licenciados para pontos nas transversais, desloquem-se para seus locais de origem, localizados principalmente na Avenida Sete de Setembro, onde também podem ter sua mercadoria apreendida.

Os motivos apontados pelos trabalhadores para os casos de ter ou não ter a licença, por sua vez, revelam um pouco das tensões que existem hoje e estão presentes nos Gráficos 15 e 16. 28,6% entre os que possuem licença disseram que a tiraram porque é algo obrigatório, sem o qual não se pode trabalhar. Motivos como “porque é mais seguro”, “porque pode ficar em paz, despreocupado”, “para estar legal / ter respeito” e “para não perder mercadoria” somam 28,7% das respostas e deixam evidente a sujeição dos trabalhadores à necessidade da licença, que é tirada com o intuito de assegurar o seu direito de trabalhar. Entre os que não possuem licença, verifica-se que 38,9% já deu entrada e possui protocolo, aguarda apenas pela oficialização de sua autorização ou que ainda não deu, mas deseja dar entrada no pedido de licença, ou seja, verifica-se que há uma grande pressão para sua formalização. Há ainda 13,9% que disseram nunca ter conseguido tirar a licença ou pelo tipo de mercadoria que comercializa, ou pela indisponibilidade do local onde desejam ficar. Os que rejeitam o licenciamento seja pela falta de interesse, por vender mercadoria não autorizada, porque acham que não adianta em nada, não querem trabalhar nos becos, não tem tempo de tirar a licença e outros motivos somam 29,3% das respostas dadas.

Pesquisa sobre trabalhadores de rua em Salvador Gráfico 15: Caracterização da Mercadoria – Porque tem licença

Fonte: Pesquisa de campo da autora, realizada entre os meses de setembro e outubro de 2014.

Pesquisa sobre trabalhadores de rua em Salvador

Gráfico 16: Caracterização da Mercadoria – Porque não tem licença

Fonte: Pesquisa de campo da autora, realizada entre os meses de setembro e outubro de 2014.

No âmbito do novo ordenamento, sobre o qual não podemos nos aprofundar por estar acontecendo concomitantemente com a realização da pesquisa de campo, podemos evidenciar algumas questões relativas aos conflitos e disputas pelo espaço. Um exemplo é o caso ocorrido no bairro Dois de Julho em janeiro de 2014, conforme relatado pelo presidente da Assindivan quando entrevistado, em que ele conta ter havido a retirada de todos os trabalhadores de rua de seus pontos de trabalho independentemente da posse da licença, o que foi revertido posteriormente. Neste sentido, podemos destacar também, entre as narrativas anteriormente apresentadas, o caso de uma trabalhadora que informou se privar de ir ao

28,6% 16,1% 8,8% 8,8% 8,3% 6,9% 6,5% 6,5% 3,2% 3,2% 2,3% 0,9% 0,0% 50,0%

Porque precisa ter, é obrigatório / Senão não pode trabalhar Sem resposta

Porque ajuda a organizar / precisa ter controle Porque é mais seguro

Outros 36,1% 13,9% 9,7% 8,3% 5,6% 5,6% 4,2% 4,2% 2,8% 2,8% 2,8% 2,8% 1,4% 0,0% 20,0% 40,0%

Tem protocolo, deu entrada, está aguardando Nunca conseguiu

Outro Sem resposta

Não tem interesse Não, senão tem que ficar no beco

Vende produto que não é licenciado Perdeu a licença

Não, mas tem autorização da loja Falta tempo

Não, mas quer ter Não sabe

banheiro por medo de haver uma ação do rapa no momento que deixar sua mercadoria para alguém olhar, embora tenha protocolo e esteja aguardando sua licença chegar junto com a reforma do local para onde será relocada. Esses são casos de trabalhadores que teoricamente terão seus pontos de trabalho preservados com a entrega e completa implantação do novo projeto. No dia 24.09.2014, ao caminhar pela Avenida Sete, a pesquisadora presenciou uma ação do rapa nas proximidades do Relógio de São Pedro. Ao tentar saber dos trabalhadores o que ocorreu, foi relatado que pessoas se recusaram a deixar suas mercadorias serem apreendidas e apedrejaram o carro da fiscalização e as viaturas da guarda municipal. De acordo com notícia divulgada no site do G1 Bahia sobre o fato ocorrido neste dia, lideranças das associações informaram tratar-se de um conflito com pessoas que não possuem licença para trabalhar e que não fazem parte do reordenamento. Os registros da ação constam nas Figuras 25 e 26 a seguir.

Figura 25: Ação do rapa com presença policial em 24.09.2014 Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 26: Ação do rapa com presença policial em 24.09.2014 Fonte: Foto da autora, 2014.

Durante a reforma das transversais que viriam a abrigar os trabalhadores licenciados, houve várias situações de deslocamento dos mesmos para áreas provisórias, o que causou alguns transtornos, tanto para o segmento, pois os trabalhadores não tiveram como informar sua clientela sobre o lugar onde estariam, como para os transeuntes, pois os passeios ficaram ainda mais obstruídos. Nas Figuras 27 a 32 temos o registro dessas situações, onde podemos notar o grande volume de pessoas transitando em locais estreitados ou em reforma.

Figura 27: Reforma da rua Portão da Piedade. Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 28: Reforma da Rua do Cabeça. Fonte: Foto da autora, 2013.

Figura 29: Trabalhadores provisoriamente deslocados para a Praça da Piedade.

Fonte: Foto da autora, 2013.

Figura 30: Trabalhadores provisoriamente deslocados para Avenida Joana Angélica.

Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 31: Trabalhadores provisoriamente deslocados para a lateral do Mosteiro de São Bento.

Fonte: Foto da autora, 2013.

Figura 32: Trabalhadores provisoriamente

deslocados para canteiro central da Av. Joana Angélica

Fonte: Foto da autora, 2013.

Uma questão que nos interessou também foi o que teria sido feito daqueles que não conseguiram obter a licença? As lideranças das entidades dos trabalhadores de rua que entrevistamos informaram que esses companheiros foram encaminhados para a SEMOP, para que regularizassem sua situação legal junto à prefeitura, o que não significa que poderão continuar comercializando na região da Avenida Sete e do bairro Dois de Julho. De acordo com o coordenador de licenciamento e fiscalização da SEMOP, o critério para definir quem continuaria atuando nas novas áreas destinadas aos trabalhadores de rua na Avenida Sete, os chamados “becos”, foi estabelecido ao priorizar aqueles que já possuíam a licença nessa área e tinham mais tempo na atividade. Os trabalhadores que continuaram irregulares, por sua vez, não podem continuar na referida área, que tem sido fiscalizada todos os dias, das 8h00 às 19h00, de acordo com a prefeitura. Aqueles que foram contemplados a continuar na região da Avenida Sete foram deslocados para os becos de acordo com a proximidade destes com relação ao local

onde tinham seu ponto na Avenida Sete. No caso do bairro Dois de Julho, todos os trabalhadores de rua, com exceção do mercado das flores, serão deslocados para o novo mercado na Praça General Inocêncio Galvão, quando as obras forem concluídas.

O coordenador de licenciamento e fiscalização informou ainda que há uma média entre 980 e 1.600 trabalhadores na região da Avenida Sete, onde também realizamos nossa contagem, número que não pode ser precisado devido ao fato de cotidianamente aparecerem novas pessoas trabalhando nas ruas. O cadastramento atualizado dos trabalhadores de rua que atuam nessa área, entretanto, está sendo atualizado concomitantemente com a nova ação de ordenamento, motivo pelo qual não pudemos dispor de informações mais precisas. O principal problema enfrentado pela prefeitura na questão do trabalhador de rua, segundo o coordenador, é justamente o excesso de trabalhadores em locais indevidos. Segundo ele, a maioria das pessoas quer trabalhar nos locais mais centrais e isso dificulta o trabalho da prefeitura, pois não há como alocar todos no mesmo lugar. Para solucionar a questão está-se pensando em criar áreas fora do centro para que essas pessoas possam trabalhar. Há propostas de deslocar trabalhadores para locais como: Iguatemi, Calçada, parte baixa do Bonfim e Comércio, nas proximidades do porto que está sendo reformado.

Buscamos saber ainda o entendimento dos próprios trabalhadores entrevistados com relação aos que ficaram de fora do projeto de ordenamento. Alguns informaram que aqueles que não receberam licença não são de Salvador, “não são camelô”, segundo a fala de uma das entrevistadas, o que nos revela um conflito interno da classe e uma disputa pelo lugar, onde aqueles que são da cidade reivindicam o seu direito de permanência baseado em sua naturalidade e não na sua condição de pertencimento a uma mesma classe. Em contraponto há também aqueles que acreditam que todos devem poder trabalhar, já que não há espaço no mercado formal para todos, desde que não lidem com mercadorias ilegais. Nesse sentido podemos destacar a fala de um dos trabalhadores entrevistados: “um homem trabalhando não é problema, é solução porque ele consegue dar educação pros filhos, saúde e uma habitação melhor”. Uma outra trabalhadora também coloca que quem optou por ficar na “correria”, ou seja, submetendo-se ao risco de ter a mercadoria apreendida pelo rapa, não tira a licença porque não adianta ficar legal e não ter lucro. Ela, que está numa nova área ordenada, relata que uma colega desistiu do ponto porque “aqui não vendia nada. Tem pessoas que moram de aluguel, que tem conta pra pagar. Não dá pra ficar parado”. Tais relatos trazem à tona os conflitos entre a atividade e o uso do espaço público. Nas Figuras 33 e 34 podemos notar a permanência do exercício da atividade em diversos trechos da Avenida Sete de Setembro.

Figura 33: Trabalhadores que permanecem ao longo da Avenida Sete.

Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 34: Trabalhadores que permanecem ao longo da Avenida Sete.

Fonte: Foto da autora, 2014.

Como a relação entre o exercício da atividade e o uso do espaço público pelos transeuntes é percebida por esses trabalhadores? Para tentar responder esta questão perguntamos aos trabalhadores de rua entrevistados através do questionário de aprofundamento, o que eles pensavam com relação as seguintes afirmações veiculadas em jornais: “Comércio desordenado invade calçadas”; “Pedestre é expulso das calçadas em Salvador por todo tipo de tranqueira” e “Excesso de camelô na Calçada causa acidente e fere idosa”31. Três dos dez

trabalhadores entrevistados responderam que nunca viu pessoas se machucarem por causa da atividade e acreditam tratar-se de perseguição, pois as notícias pegam casos isolados e destacam como regra. Por outro lado, sete trabalhadores reconhecem que a situação acontece, mas discordam quanto a justificativa. Dois deles já viram pessoas caindo e se machucando, porém um acredita que isso é devido a não haver espaço para andar na calçada, e outro atribui o fato à própria execução do projeto, onde há diferença entre os níveis do piso assentado. Os cinco trabalhadores restantes se dividem entre três que acreditam que este tipo de problema é causado pelo “outro tipo de camelô”, que coloca a mercadoria exposta no chão de qualquer maneira, sem pensar no pedestre; e dois que acham que há exagero nas notícias, onde é preciso ponderar no porquê deles estarem realizando esta atividade, para muitos única opção de trabalho possível. Algumas pessoas nos falaram ainda sobre comerciantes que vêm de outros lugares da cidade para vender mercadorias utilizando automóveis. Nas Figuras 35 a 38 temos registros de vendas realizadas em automóveis nos anos de 2012 e 2014, porém não sabemos quem são aqueles comerciantes. É possível notar nessas respostas que a maioria dos trabalhadores reconhece que sua atividade interfere diretamente no uso do espaço público, porém os problemas são

31 Matérias publicadas pelo jornal Tribuna da Bahia entre os anos de 2010 e 2013, período antecedente às ações de ordenamento

colocados em outras instâncias, contrapondo os trabalhadores licenciados e antigos contra os não licenciados, novos e “outros”.

Figura 35: Comercialização de mercadorias realizada com o uso de automóveis.

Fonte: Foto da autora, 2012.

Figura 36: Comercialização de mercadorias realizada com o uso de automóveis.

Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 37: Comercialização de mercadorias realizada com o uso de automóveis.

Fonte: Foto da autora, 2014.

Figura 38: Comercialização de mercadorias realizada com o uso de automóveis.

Fonte: Foto da autora, 2014.

Podemos associar as questões levantadas com uma pergunta do questionário básico sobre a relação entre o entrevistado e os outros trabalhadores de rua, onde 95,8% dos entrevistados disse que esta relação é boa. A contradição que esse percentual de respostas coloca pode ser desfeita se considerarmos que, para eles, os outros a quem nos referíamos eram os seus semelhantes, ou seja, aqueles licenciados e antigos e não aquele “outro tipo de camelô”. Entre aqueles que disseram ter uma relação ruim, foram apontadas como justificativa a falta de união da classe e a existência de intrigas.

Buscamos também evidenciar os conflitos entre os trabalhadores de rua e os lojistas, questionando os 289 trabalhadores entrevistados sobre esta relação, onde 92% disseram ter uma relação boa e 4,5% não pode comentar sobre o assunto por trabalhar em locais onde não há lojas próximas. Assim, apenas 3,5% comentou ter uma relação ruim com os donos das lojas, o que contradiz uma ideia frequentemente propagada de que há um grande conflito entre o comércio formal e a atividade dos trabalhadores de rua nas proximidades dos estabelecimentos. Por fim, no que se refere aos conflitos e disputas, podemos destacar ainda a relação entre os trabalhadores de rua e suas entidades de representação, em que 85,5% dos entrevistados disseram não fazer parte de nenhuma associação ou sindicato, contra apenas 14,5% que disseram estar associado. Desses que disseram estar associados, observa-se no Gráfico 17, que 24,4% não souberam informar qual o nome da associação ou sindicato de que faz parte. 22% se referiu ao Sindicato de Ambulantes e Feirantes e 14,6% mencionaram a Assindivan e a Assinformal. O fato de muitos trabalhadores não saberem informar de qual associação fazem parte pode ter a ver com o fato de muitas das associações terem sido criadas recentemente e atuarem mais próximas da prefeitura do que efetivamente de sua classe. Assim, os trabalhadores podem se sentir pertencentes a essas associações, no sentido de tê-las com algum nível de referência no que se refere à sua competência de representar os direitos comuns da categoria, mas sem estar verdadeiramente associado ou fazer parte da associação.

Pesquisa sobre trabalhadores de rua em Salvador

Gráfico 17: Caracterização da Mercadoria – De qual associação/sindicato faz parte?

Fonte: Pesquisa de campo da autora, realizada entre os meses de setembro e outubro de 2014.

24,4% 22,0% 14,6% 12,2% 7,3% 4,9%4,9% 2,4%2,4%2,4%2,4% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%

30,0% Não soube especificar o sindicato ou associação

de que faz parte

Sindicato dos ambulantes Não respondeu

Assindivan

Associação dos vendedores ambulantes Associação dos moradores do Dois de Julho Associação dos feirantes

Assinformal

Associação de peixeiros Asinderp

Entre os motivos para não fazer parte das entidades destaca-se: a falta de interesse dos trabalhadores, apontada por 12,5% deles; a baixa credibilidade que há no trabalho das associações mencionadas por 11,3% dos entrevistados; e a falta de conhecimento sobre o trabalho das associações, apontada por 10,9% dos entrevistados (Gráfico 18). Podemos inferir que tanto o baixo interesse pelas associações quanto o baixo reconhecimento delas enquanto representantes dos interesses globais da categoria contribuem para fragilizar os trabalhadores de rua enquanto classe e provavelmente diminuem seu poder de barganha frente às determinações do poder público sobre seu trabalho e seus direitos.

Pesquisa sobre trabalhadores de rua em Salvador

Gráfico 18:Caracterização da Atividade – Se não faz parte de nenhuma associação, qual o motivo?

Fonte: Pesquisa de campo da autora, realizada entre os meses de setembro e outubro de 2014.

Perguntamos aos trabalhadores quais as suas três principais dificuldades com relação ao seu trabalho (Tabela 11) e verificamos que sobressai o conflito com o rapa. Surgem também questões como a precariedade dos recursos para realização do trabalho, desgaste físico e o sentimento de desvalorização. São apontadas ainda questões sobre a falta ou precariedade da infraestrutura de suporte à atividade, sobretudo no que se refere a proteção às intempéries e a inexistência de banheiros públicos. A dificuldade em seu trabalho no que se refere à organização da produção também é mencionada quando o trabalhador diz que não consegue

25,0% 12,5% 11,3% 10,9% 10,5% 6,5% 5,2% 4,8% 3,6% 3,2% 2,8% 2,0%1,6% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% Não respondeu Não se interessa

Acha que as associações são fracas / não acredita nas associações

Não conhece / não tem associação Outro

Não sabe o motivo

Ainda não procurou / não foi procurado por nenhuma entidade

Não gosta / não quer Não vê melhora / utilidade Não tem tempo

Já faz parte, mas saiu. Não sabe mais como está

É novato / não sabe se continuará na atividade Não tem dinheiro

repor a mercadoria na medida em que ela sai, porque não tem capital para produzir a mercadoria nos momentos em que tem tempo sobrando para se dedicar ao seu negócio.

Pesquisa sobre trabalhadores de rua em Salvador

Tabela 11: Questionário de aprofundamento – Quais as três coisas que gosta no trabalho / quais as três dificuldades / quais os planos para o futuro