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Conseguir visualizar onde a atividade se concentra no espaço em nossa área de estudo é um passo importante para ampliar nossa percepção sobre ela, para além da análise da legislação e dos projetos que estudamos. Porém, para avançarmos mais, é preciso também compreender quem são aqueles responsáveis pela execução da atividade. As ações do poder público podem ser concebidas, com o intuito de organizar, ordenar ou coibir os usos que não considera compatíveis com os interesses que se tem sobre o espaço público. Ainda que as permissões para que os trabalhadores possam explorar o logradouro público sejam precárias, ou seja, possam ser retiradas no momento em que este seja o interesse da prefeitura, isto não significa necessariamente que a atividade possa ser totalmente eliminada ou controlada. Assim,

podemos nos questionar até que ponto é possível que tais representações do espaço, utilizando aqui os termos de Lefebvre, são capazes de, de fato, exercer controle sobre os processos efetivos de apropriação criativa dos espaços. Desta forma, nos deteremos a seguir às práticas cotidianas presentes nos espaços de representação, ou seja, aquelas que ocorrem no âmbito do vivido, naquilo que se refere ao trabalho exercido nas ruas de Salvador.

3 O TRABALHO DE RUA EM SALVADOR: OS PROTAGONISTAS, SUAS CARACTERÍSTICAS E FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE

A atividade dos trabalhadores de rua está marcadamente presente no cotidiano da sociedade soteropolitana e interfere diretamente na dinâmica da cidade, sobretudo do centro antigo aqui em questão. No entanto, ela não se refere apenas ao espaço e as intervenções nele incidentes ou apenas aos trabalhadores em si. Além de ser necessário compreender quem eles são, é preciso buscar entender também o seu papel e o das associações e o sindicato, enquanto entes representativos dos interesses dos trabalhadores. Nesse sentido, buscamos ainda nos aproximar da visão atual da prefeitura sobre a atividade, através de uma entrevista realizada com representantes do setor responsável pela fiscalização e licenciamento. Destacamos ainda que reconhecemos a relação dos transeuntes e lojistas com a atividade, porém eles não serão abordados em nossa pesquisa.

O presente capítulo é iniciado com a apresentação dos protagonistas da atividade aqui estudada, começando pelas associações que representam os interesses dos trabalhadores de rua e posteriormente por eles próprios, sujeitos que a tornam possível. Em seguida, essas pessoas são apresentadas através de uma narrativa contendo as informações e impressões do campo. Por fim, com a finalidade de possibilitar uma percepção ampliada da atividade do trabalhador de rua em Salvador, serão apresentadas três propostas de entendimento sobre o funcionamento da atividade, que são distintos, porém intrinsecamente ligados: a subordinação, os conflitos, e o pertencimento e solidariedade.

3.1 As associações/sindicatos

Iniciamos este capítulo buscando entender o papel na atividade são as entidades que representam os interesses dos trabalhadores de rua, ou seja, o sindicato e as três associações existentes. Para tal, foram entrevistadas as quatro lideranças dessas entidades utilizando o roteiro disponível no Apêndice E. É importante salientar que o quadro dessas lideranças é composto por quatro homens casados, com idades entre 48 e 54 anos, e escolaridades entre o ensino fundamental incompleto e ensino médio completo. Três deles são naturais de outras cidades do interior da Bahia e apenas um nasceu em Salvador.

Buscamos levantar a forma como eles denominam o trabalho que realizam e verificamos que não há um consenso no que se refere à nomenclatura, ainda que a descrição do

conceito por eles elaborado muito se aproxime. Dois deles identificam a atividade como ambulante, um como trabalhador informal e outro como comerciante. Ao somarmos suas respostas, podemos chegar à descrição da atividade exercida como: “meio de sobrevivência da pessoa que não tem emprego fixo, que vende todo tipo de mercadoria que se possa vender em local aberto e conectado com a cidade, com o intuito de obter lucro”.

Neste momento, será apresentada cada uma das associações e o sindicato, destacando o tempo em que cada liderança se envolve com sua respectiva entidade, quem pode se associar, quais os critérios, quantos são os associados e quais os principais desafios e conquistas enfrentados por eles durante o seu tempo de atuação. Ressalta-se ainda que consideramos que o olhar para as questões da entidade perpassa pela pessoa que a representa, seu perfil e histórico de atuação, motivo pelo qual faremos uma breve apresentação dessas pessoas.

Começaremos a apresentar as entidades por aquela que é a mais antiga: o Sindicato dos Feirantes e Ambulantes da Cidade de Salvador (Sindifeira)21, fundado em 1966 e que conta

com 16 membros na atual chapa, os quais assumiram seus cargos após a última eleição, realizada em dezembro de 2013. As eleições para o sindicato ocorrem de 4 em 4 anos e o representante com quem conversamos é o atual presidente da entidade, Marcílio Costa Santos, que está no seu segundo mandato e autorizou o uso de sua entrevista22. Ele conta que começou a ser feirante quando ainda morava em Valença, seguindo o exemplo do pai.

Para fazer parte do Sindifeira é preciso ser feirante ou ambulante, ter os documentos básicos exigidos (CPF, RG, duas fotos 3X4 e comprovante de residência) e pagar uma taxa mensal de R$15,00. Quem não é licenciado pela prefeitura também pode fazer parte do sindicato. Para isso basta que o trabalhador prove que realiza a atividade através de fotos e testemunhas. O sindicato faz uma averiguação no local, antes de confirmar a adesão do novo membro. Marcílio estima que hoje existam mais de 26.000 associados ao Sindifeira, onde cerca de 1.200 destes são ambulantes da Avenida Sete, conforme censo realizado pela entidade entre os anos de 2012 e 2013. Nesta ocasião foi levantado também a área em que o trabalhador atua, o produto que vende e sua situação com o órgão competente, informações que ainda não se encontram sistematizadas. Apesar do grande número de associados, Marcílio conta que a inadimplência é bastante expressiva. Ele acredita que isso se deve ao grande número de

21Como podemos notar no próprio nome do sindicato em questão, sua atuação é tanto com os ambulantes, trabalhadores de

rua, quanto com os feirantes.

22 A entrevista com o presidente do Sindifeira foi realizada no dia 22 de janeiro de 2015, na Feira de São Joaquim, onde Marcílio

trabalhadores aposentados atuando na área, aos quais fica garantido pelo estatuto o direito à isenção da taxa. Além de representar os interesses coletivos do segmento, o Sindifeira oferece também orientação jurídica aos seus associados por meio de um advogado e atendimentos médicos nas áreas de clínico geral, cardiologista, dentista e ginecologista. Esses profissionais são pessoas pagas pelo sindicato e oferecem uma cota mensal de atendimento aos trabalhadores.

Assim como o sindicato, que possui maior legimitidade jurídica para negociar em prol da categoria, há também outras três associações que trabalham pelo segmento. A primeira entidade delas é a Associação Integrada de Vendedores Ambulantes e Feirantes de Salvador (Assindivan), cujo presidente é Valmir Sales Fonseca que está no ramo há 40 anos e começou a trabalhar com a família quando ainda era bem jovem23. Ele conta que, todos os dias ao sair da

escola, levava almoço para os tios e primos que trabalhavam na Baixa dos Sapateiros. Lá passava a tarde e ganhava alguns trocados no final do dia, o que o levou a pegar gosto pelo trabalho.

O presidente da Assindivan se envolve com as questões políticas de sua classe desde 1994, quando era membro de um sindicato extinto, posteriormente transformado em uma associação também extinta. Essa associação também foi desmembrada e deu origem a Assindivan no ano de 2013, com uma gestão compartilhada entre os seus dirigentes. Valmir conta que a associação nasceu com o intuito de tomar a frente da arrumação da Avenida Sete no âmbito do projeto de ordenamento da nova gestão municipal. Porém, em seu novo formato, ainda não há nenhum associado pagante. A Assindivan está funcionando com base no trabalho voluntário de seus dirigentes e só haverá inscrição de associados quando a situação das vendas para o trabalhador de rua melhorar, o que se espera que aconteça após a conclusão das obras do projeto. Valmir conta que, para se inscrever na entidade será necessário estar devidamente regularizado junto ao poder público, ou seja, estar licenciado. A Assindivan pretende ter entre seus membros, portanto, todos trabalhadores licenciados na região da Avenida Sete que voluntariamente queiram se associar.

Para Valmir o trabalho da Assindivan possui três pilares: o cidadão de Salvador, o trabalhador de rua e o poder público. Para ele o cidadão deve estar em primeiro lugar, pois reconhece que quando ele sai para qualquer outro lugar ele precisa da calçada para se deslocar. E para que o espaço da calçada seja preservado ao cidadão é preciso que haja um bom diálogo

23 A entrevista com o presidente da Assindivan foi realizada no dia 17 de novembro de 2014, no Largo do Rosário, onde

entre a prefeitura, responsável por ordenar o espaço público, e o trabalhador de rua, “que precisa ganhar o pão de cada dia”, segundo suas próprias palavras.

O momento mais dramático que Valmir já vivenciou em sua experiência de liderança foi nos anos 1992 e 1997. Naquela época foi feito um cadastro de trabalhadores existentes entre o Campo Grande a Praça Castro Alves, resultando num quantitativo de 3.300 ambulantes. Ele conta que a gestão da prefeitura daquele período foi associando essas pessoas ao mesmo tempo em que faziam o cadastro, dando-lhes a esperança de que todos teriam onde trabalhar. Porém, o projeto elaborado contemplava apenas 453 pessoas, que teriam que trabalhar em uma nova área nas proximidades da Ladeira da Montanha. Para garantir que a proposta fosse cumprida, a municipalidade proibiu que qualquer ambulante colocasse seu mobiliário na Avenida Sete utilizando a presença policial para coibir os trabalhadores que tentassem infringir a determinação no trecho em questão.

Valmir relata que ao contrário do que aconteceu no passado, quando as decisões eram tomadas de cima para baixo, agora é possível que as entidades representantes do segmento consigam negociar diretamente com a prefeitura. Porém, apesar disso, já aconteceram algumas ações consideradas como desastradas pelo presidente da Assindivan, como foi o caso da retirada aleatória de todos os trabalhadores, sem tampouco considerar os que possuíam licença, da Rua do Cabeça, no Dois de Julho, ocorrida em janeiro de 2014. A Assidinvan foi uma das associações procuradas após a ação e junto com outros movimentos conseguiu articular reuniões com o poder público que reverteram a situação e contribuíram para participação do segmento na elaboração do projeto de requalificação do bairro Dois de Julho, onde foram negociados os locais destinados e as condições para a atividade do trabalhador de rua no bairro.

Para Valmir, algumas das principais conquistas do segmento em Salvador atualmente, além das 13 áreas indicadas pela prefeitura para a realização atividade, foram a pedestrianização da Rua da Forca, que antes funcionava como retorno para os automóveis e o reconhecimento da lateral da Caixa Econômica, na Rua Clóvis Spínola, como uma área também destinada para a atividade. Ele conta que no início da atual gestão a proposta era de se criar um camelódromo atrás da Secretaria de Segurança Pública, na Piedade. Porém tal proposta, apesar de contar com um projeto para cerca de 1.200 trabalhadores, foi rechaçada pela categoria, pois não atendia às necessidades deles, já que sua implantação implicaria em uma segregação do trabalhador com a rua, distanciando-os conseqüentemente do seu público. Para ele, a prefeitura gastaria dinheiro investindo em um projeto que não daria em nada, pois, quando as vendas caíssem, as pessoas retornariam para seus locais de origem. Assim, após reuniões entre o poder

público e a categoria, chegou-se à proposta que está em execução, onde ocorre a adequação das transversais da Avenida Sete.

A terceira entidade de que falaremos é Associação dos Trabalhadores Informais de Salvador (Assinformal), uma associação um pouco mais antiga do que a Assindivan, com quatro anos de funcionamento, mas que atualmente está sendo modificada com a revisão do seu estatuto. O interlocutor com quem conversamos é o presidente da entidade, Arismário Nunes Barreto, mais conhecido como Alemão24. Ele nasceu na cidade de Santa Luz, mora em Salvador há 30 anos e há 20 anos trabalha nesta área. Apesar do pouco tempo de existência da Assinformal (14 anos), Arismário se envolve com as questões de sua classe desde 1999. Além de ser presidente da Assinformal, ele também é membro da diretoria do Sindicato de Ambulantes e Feirantes da Cidade de Salvador (Sindifeira).

Para fazer parte da Assinformal, Arismário esclarece que basta ser ambulante, ser trabalhador informal, e por enquanto também não está sendo cobrada taxa de adesão para os associados. Por ser uma entidade relativamente nova e que está passando por ajustes, não há informações sistematizadas sobre o número de membros que a compõem.

Arismário coloca que a pior fase do relacionamento entre o trabalhador de rua e o poder público foi nos anos de 1997 a 2004. Ele relata que naquela gestão houve muitos casos de violência contra os trabalhadores. Entre as propostas daquela gestão, havia a de criar um camelódromo no estacionamento São Raimundo (próximo ao Shopping Orixás Center) e na Ladeira da Montanha, conforme também relatado por Valmir da Assindivan. O presidente da Assinformal relata que a proposta de camelódromo não foi adiante e que na Ladeira da Montanha, após poucos meses, só restaram cerca de nove trabalhadores. Foi realizado então um deslocamento dos ambulantes para as transversais (becos), porém sem nenhuma estrutura e sem muita discussão.

Em contraponto à fase anteriormente citada, Arismário relata que o atual momento é o melhor na relação entre os trabalhadores de rua e a municipalidade, pois agora há diálogo com o poder público, através da Secretaria de Ordem Pública. Contudo, a permanência de pessoas trabalhando na Av. Sete foi inegociável no processo de elaboração do novo projeto de ordenamento, ainda que a associação tenha indicado a permanência de trabalhadores em alguns muros cegos de colégios e igrejas e colunas de lojas ao longo da avenida. Os trabalhadores aceitaram se deslocar para os becos, mas segundo Arismário, enfrentam grandes dificuldades

24 A entrevista com o presidente da Assinformal foi realizada no dia 29 de setembro de 2014, no Beco Maria Paz, onde

para vender nesses locais, sobretudo porque os clandestinos (pessoas sem licença) continuam vendendo ao longo da Avenida Sete, que para ele não tem sido devidamente fiscalizada. O presidente da Assinformal diz que a entidade está aguardando a conclusão das obras, a fim de verificar se o poder público vai cumprir com o que foi prometido aos trabalhadores e, enquanto isso não acontece, segue no acompanhamento das obras. Para o entrevistado, o melhor dessa nova gestão é justamente o processo de negociação mais aberto. Além disso, ele pontua também a cobertura implantada nos becos e a pedestrianização da Rua da Forca, também mencionada pelo presidente da Assindivan.

Por fim, temos ainda a Associação dos Feirantes e Vendedores Ambulantes da Cidade de Salvador e Região Metropolitana (Asfaerp), presidida por Marcos Luiz Neves de Almeida, ou Marcos Cazuza25. Ele conta que a crise do emprego entre as décadas de 1980 e 1990 o atingiu fortemente, sobretudo por ter pouco estudo, o que o levou a buscar seu sustento como trabalhador de rua. Marcos Cazuza se envolveu politicamente com as questões de sua classe praticamente desde que começou a trabalhar na categoria e é um dos fundadores da Asfaerp. Sua motivação veio da desmobilização que observou no segmento e da vontade de se organizar para ter uma vida melhor, com mais dignidade.

Para fazer parte da Asfaerp, assim como da Assindivan e da Assinformal, não é preciso pagar nenhuma taxa: basta ser trabalhador de rua. A entidade, assim com as demais, vive através dos recursos dos próprios diretores e das contribuições voluntárias dos membros que desejem contribuir. O que garante a participação do membro na associação é a vida efetiva dos companheiros no seu local de trabalho, ou “na pedra”, como eles se referem. Marcos Cazuza conta que há 2.886 trabalhadores associados à Asfaerp, número que não considera apenas os trabalhadores da Avenida Sete e a que se chegou através de um cadastro realizado pela própria associação. A Asfaerp conta também com algumas informações sobre a categoria, levantadas em um censo realizado em 2001, onde se verificou, por exemplo, o nível de escolaridade, o tempo de trabalho “na pedra” (no mesmo local) e a cidade de origem. Não foi possível, no entanto, ter acesso às informações desta pesquisa, pois elas não se encontram na posse da associação e o presidente da associação não soube nos informar onde poderíamos encontrá-la.

Para o presidente da Asfaerp o principal problema para a categoria sempre foi o confronto com o rapa26, o que foi acentuado no período de 1997 a 2004, conforme já apontando

25 A entrevista com o presidente da Asfaerp foi realizada no dia 28 de janeiro de 2015, na Estação da Lapa, próximo de onde

Marcos tem seu ponto.

26 De acordo com o disposto no dicionário Michaelis (2008) o termo “rapa” refere-se ao “carro que conduz fiscais da Prefeitura

pelas lideranças das outras entidades aqui apresentadas. O atual momento é visto por ele também como um momento de diálogo mais aberto e humano. Ele acredita que a organização é um ponto favorável para realização da atividade, que passa a ser vista de outra forma pelo cliente. Sobre esse aspecto, pensa ser fundamental a realização dos cursos que o SEBRAE ofereceu de forma complementar à ação da atual gestão da prefeitura. Os cursos ocorreram de forma gratuita e capacitaram os trabalhadores nas áreas de, por exemplo, empreendedorismo, vitrinismo e idiomas. Marcos Cazuza considera que a principal conquista do trabalhador de rua hoje é a de poder trabalhar adequadamente, garantindo o sustento da família e uma melhor educação para os filhos.

No âmbito do novo ordenamento executado pela atual gestão municipal e em decorrência das reuniões com as lideranças até então ocorridas, criou-se também um novo agente: os líderes de rua. Essa liderança surge porque, segundo o presidente da Asfaerp, há uma sobrecarga das associações, que não tem diretores suficientes para cobrir cada área da Avenida Sete. Os líderes de rua agem então como interlocutores entre as associações e os ambulantes em cada rua ordenada e entre as associações e o poder público. Foram escolhidos de acordo com o destaque e envolvimento que assumiram durante o atual processo de negociação com a prefeitura e se constituem como um primeiro agente a tentar resolver um problema estrutural nos becos quando este surge, como, por exemplo, a queima de uma lâmpada ou um furo na cobertura, levando o problema para o conhecimento da prefeitura

É importante pontuar que, como podemos notar, as transversais da Avenida Sete que hoje passam por adequações para comportar os trabalhadores de rua, já contavam com pessoas cadastradas para elas desde a gestão da prefeitura de 1997. Por esse motivo, fica claro que não foi possível criar efetivamente muitos novos pontos de trabalho. Nesse sentido, a negociação com as associações e sindicato se deu de forma a contemplar os trabalhadores licenciados na Avenida Sete, de acordo com os seguintes critérios: idade, idade no local de trabalho, deficiência e proximidade de seus antigos pontos com relação às transversais autorizadas. Segundo informações das entidades aqui entrevistadas, o número de trabalhadores licenciados e que poderão permanecer nas transversais da Avenida Sete é de 950 pessoas.

A existência dessas quatro entidades com atuação sobre o segmento pode induzir ao pensamento de que talvez ocorra uma sobreposição de interesses e de capacidade de atuação. Sobre isso, os representantes das entidades aqui mencionadas dizem haver uma ajuda mútua

veículos não matriculados.

entre eles nos processos de negociação, onde são defendidos os interesses coletivos do segmento. Podemos notar ainda que há muitas convergências naquilo que observam sobre a atividade, mas de forma semelhante, há também as divergências. Estas, contudo, serão abordadas posteriormente, quando tratarmos dos circuitos de realização da atividade. Resta-nos então, por ora, aproximarmos nosso olhar daqueles que são os agentes que dão corpo à atividade, que a fazem existir: os trabalhadores de rua.

3.2 Os trabalhadores de rua

Para nos aproximarmos sobre quem são as pessoas que tornam esta dissertação