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A credibilidade como elemento fundamental à actuação do Professor

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 91-95)

3. Contextos de um epílogo – O Estágio Profissional

3.4. Acerca do ser professor – significados e sentidos

3.4.4. A credibilidade como elemento fundamental à actuação do Professor

Tal como referi anteriormente, a credibilidade que o professor consegue introduzir no seu discurso e na sua acção, a confiança que este consegue

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incutir ao aluno são elementos fundamentais no processo ensino/aprendizagem, razão pela qual lhe dedicarei algum tempo e espaço.

Ao abordar esta matéria, não resisto à tentação de trazer aqui um ditado antigo que diz: ―À mulher de César não lhe basta ser, também tem que parecer‖. Significa isto que em muitas situações, em muitas actividades ou em muitas profissões não basta sermos bons, sérios, competentes; também temos que o parecer, dito por outras palavras, também temos que convencer os outros de que somos capazes, sérios e competentes. Considero, no entanto, que actualmente se está a valorizar muito mais o “parecer” que o “ser”, dado que, cada vez mais, as pessoas “são”, não o que efectivamente são, mas o que parecem ser. Parece, assim, haver um culto da aparência que, por si só, parece legitimar o valor que cada um encerra em si mesmo.

Não me incluo nos que valorizam mais o “parecer‖ que o ―ser‖, mas, de certa forma, concordo com o ditado. Devemos ser competentes, mas é importante que incutamos nos outros a ideia de que o somos. Se enquanto seres humanos ou enquanto cidadãos isso é importante, enquanto professor surge, ainda, como mais importante. O professor tem que inspirar confiança, quer aos seus alunos, quer à sociedade em geral. Este tem que ser credível nos seus actos, nas suas atitudes e na sua acção pedagógica. E ser credível passa exactamente pela adopção deste tipo de posturasque levam o outro, pelo nosso comportamento competente, a induzir que somos competentes, pois, por mais formação que o professor detenha, quer do ponto de vista científico, quer do ponto de vista pedagógico, se este não conseguir incutir no outro essa ideia de credibilidade terá muita dificuldade em passar a sua mensagem, seja ela qual for. Mas a falta de credibilidade na actividade do professor, como em qualquer outra, pode resultar, não de uma incapacidade intrínseca de cada um em inspirar no outro essa confiança e essa credibilidade, mas da ausência de uma matriz cultural, científica, pedagógica, comportamental e ética que confira essa credibilidade aos seus actos e à sua prática diária. Esta falta de credibilidade revela-se um elemento gravoso, na medida em que pode destruir por completo a imagem de uma classe, “deitando por terra” todos os esforços de construção de uma classe profissional digna,

positivamente influente, socialmente bem vista e tida como exemplo. A educação é a trave mestra desta construção e a sociedade e os professores são os pilares que a sustentam. Se os pilares ruírem, toda a construção vai abaixo.

Por conseguinte, recai sobre os professores uma responsabilidade imensa, sendo que não podemos deixar que o “caruncho” da falta de credibilidade ataque os professores e os corroa interiormente. E este não pode deixar de assumir uma atitude passiva, tem que ser activo. Deste modo, enquanto professores, mais especificamente enquanto futuros professores, temos que, quer individualmente, quer enquanto classe, sermos cada vez mais credíveis nas nossas atitudes, nos nossos actos, na nossa actividade. Temos que olhar para o interior de nós mesmos e questionarmo-nos constantemente: Será que fui competente no meu trabalho de hoje? Será que fui credível no que disse ou no que fiz? E, se a resposta for negativa, então devemos procurar tanto as causas imediatas como as razões mais profundas, e tentar encontrar as respostas adequadas.

Incorporar a credibilidade do professor é, assim, fundamental na construção da sua profissionalidade pedagógica. Partindo de algumas leituras, nomeadamente de António Nóvoa, tenho clara a noção de que é importante que o professor, e o futuro professor reflictam acerca da credibilidade, da sua postura para com a profissão, porquanto este é um aspecto fundamental para a sua imagem. Até porque a imagem dos profissionais da educação em geral, muito por culpa da atitude passiva do elenco dos docentes, está cada vez mais desgastada. Não é possível que, como diz Nóvoa (2007, p.17) ―os professores sejam capazes de conviver por anos com colegas em salas ao lado quando sabem que eles são irresponsáveis, medíocres e incompetentes, sem nada fazerem a esse respeito.‖

Neste concreto, penso que o ponto de viragem passa, em grande parte, pela forma como olhamos a profissão. Respeitar a profissão é, acima de tudo, ser credível connosco e com os valores que julgo serem defendidos por todos os que têm a seu encargo, dia após dia, aqueles que serão o futuro. Tal como já foi referido, o mesmo autor acrescenta ainda que nas sociedades de hoje,

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seja em que patamar for, não se pode deixar de ter uma dinâmica de abertura das profissões, uma dinâmica de transparência, de rigor, de prestação de contas. E essa dinâmica de avaliação e prestação de contas é, em primeiro lugar, uma dinâmica de prestação de contas para nós mesmos e para os nossos colegas.

Quando esta atitude de saber ser e saber estar estiver de tal forma enraizada no coração dos nossos professores, a imagem sairá lavada e reforçada como uma imagem de credibilidade, confiança, segurança e de compromisso com a qualidade do ensino. Assim, esta postura permitirá encarar todos e quaisquer assuntos que à educação digam respeito, com uma postura eficiente que contribuirá para o alcançar de resultados pautados pela excelência, não só profissional, mas também de excelência dos nossos alunos. Porém, não se pense que a credibilidade da profissão assenta apenas na credibilidade do professor e dos seus actos. A credibilidade da profissão passa também pela postura das autoridades escolares, pelas políticas educativas e pela imagem que a sociedade tem da classe.

A este propósito, importa aqui retratar uma situação que ocorreu numa actividade de Educação Física na Escola onde fiz estágio. Por incúria ou desleixo ou talvez por falta de uma estratégia eficaz, por parte dos colegas de Educação Fisica, na actividade do corta-mato escolar, a contagem de voltas, não foi de todo conseguida. A falta de empenho por parte desses colegas ou, apenas, falta de uma estratégia eficaz, redundou na falta de credibilidade no seu trabalho que influenciou a credibilidade de todos nós (Professores). A credibilidade junto aos alunos tem que ser cultivada. Só seremos credíveis, se não falharmos, se não “aldrabarmos”, se formos sérios e competentes na realização da nossa actividade e se respeitarmos o aluno, a nós próprios e a profissão que exercemos.

Ser professor, hoje, é difícil. Ser bom professor, e ser um professor credível, nesta época em que a tecnologia avança rapidamente, invadindo todas as áreas da actividade humana, substituindo o homem nas mais diversas tarefas e profissões, é ainda mais difícil. Porém, não gostaria de terminar esta reflexão sem reforçar a ideia de que um bom professor, “um professor

credível”, jamais poderá ser substituído pela tecnologia. Citando uma vez mais Nóvoa, (2007, p.18) concordo que “…Podem inventar tecnologias, serviços, programas, máquinas diversas (…) mas nada substitui um bom professor. Nada substitui o bom senso, a capacidade de incentivo e de motivação que só os bons professores conseguem despertar. Nada substitui o encontro humano, (…). É necessário que tenhamos professores reconhecidos e prestigiados; competentes, e que sejam apoiados no seu trabalho (…). São esses professores que fazem a diferença. (…) Capazes de se mobilizarem, de mobilizarem seus colegas e mobilizarem a sociedade, apesar de todas as dificuldades.

3.4.5. Os desafios / dilemas na condução do processo de ensino

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 91-95)