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A criação da Comissão Assessora da Câmara Central de Pós-Graduação (2008)

Um aspecto importante a ser destacado na trajetória histórica da PGLS na UNESP é a criação em 2008 da Comissão Assessora pela CCPG (Câmara Central de Pós-Graduação), com a finalidade de analisar as propostas de oferecimento e os relatórios finais dos cursos de especialização da universidade.

Inicialmente, na oportunidade da reformulação da Resolução UNESP n° 115 de 2005, que regulamentava na época os cursos de especialização, foi instituída pela CCPG uma comissão de trabalho para a discussão e elaboração de uma nova resolução para este setor da pós-graduação.

Como produto do trabalho desta comissão foi aprovada a Resolução UNESP n° 78 de 2007, que atualmente regulamenta os cursos de especialização na universidade. Esta nova resolução apresenta uma inovação com relação às anteriores na sua redação do item “Da

Proposta”. No seu artigo 15 lê-se que “As propostas de oferecimento de cursos de

Especialização serão analisadas por comissão especial designada pela CCPG, constituída de, no mínimo, três membros e respectivos suplentes.” (UNESP, 2007, grifos meus)

A criação desta Comissão Assessora, como grupo de trabalho responsável pela análise das propostas dos cursos de especialização a partir de 2008, é relatada pela atual Pró-Reitora de Pós-Graduação da UNESP do seguinte modo:

Desde que assumi a Pró-Reitoria [de Pós-Graduação] em 2005 a gente vem trabalhando, tentando organizar um pouco melhor o[s cursos de] lato sensu. Entre [os anos de] 2005, 2006 e 2007 nós trabalhamos, principalmente, criando alguns instrumentos para analisar aqueles projetos que vinham de nossas unidades.

Em 2008 a CCPG [Câmara Central de Pós-Graduação] criou esta Comissão [Assessora] lato sensu que faz uma análise pormenorizada de todas as propostas que vem das unidades [universitárias da UNESP]. Além disto, esta Comissão também analisa a evolução dos nossos [cursos de pós- graduação] lato sensu e o relatório final. De modo que, quando este Relatório Final chega a CCPG o parecer desta Comissão é que é analisado pela CCPG. (RUDGE, 2010a)59

Observa-se que a criação desta Comissão Assessora ocorreu num contexto mais amplo

em que se inicia, na PROPG da UNESP, um processo que pretende “organizar um pouco

melhor o[s cursos de] lato sensu”. Sua função, então, parece se constituir como fundamental devido à criação de instrumentos de análise para as propostas de oferta dos cursos de especialização na universidade, além de realizar um interessante trabalho de acompanhamento da evolução destes cursos, bem como, dos seus relatórios finais.

Com relação à composição desta Comissão Assessora, o seu Presidente destaca que se procurou

[...] de acordo com a representatividade e a abrangência, a necessidade de algumas especificações de algumas áreas. A gente tentou preservar a participação de um membro de cada grande área para que a gente pudesse ter condições de analisar muito mais, [com] profundidade, com mais critérios e, principalmente, com mais instrumentos a respeito dos cursos de especialização que estavam sendo oferecidos. (JOSÉ FILHO, 2010)60

O trabalho realizado por esta Comissão Assessora é detalhado no destaque a seguir, no qual o Presidente revela, conjuntamente com alguns dados sobre os cursos de especialização entre os anos de 2008 e 2010, a dificuldade apresentada pelos seus membros ao lidarem com uma expressiva quantidade de documentos relacionados à abertura ou ao andamento destes cursos na universidade.

Neste período do ano de 2008, 2009 e 2010, nós tivemos aqui uma demanda bem forte, bem grande [de aprovação de cursos de especialização]. Em 2008 nós tivemos [...] 16 propostas aprovadas; [em] 2009 [foram] 13 e [em] 2010 nenhuma. Porque ainda está no tempo, agora é que vem aí o calendário da proposta de novos cursos. Tivemos em 2008 uma reprovação e nenhuma restrição. E diligências [foram] 6. [Em] 2009 [foram] 9 e 3 em 2010. Veja, porque essas diligências? Justamente nós vamos ver para frente que existem algumas coisas que são fundamentais para que a Comissão [Assessora] possa fazer uma análise mais completa e aprofundada dos

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Este depoimento dentre outros que serão utilizados no decorrer deste trabalho foram coletados no I Workshop

Lato Sensu da UNESP, evento organizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, realizado na cidade de Atibaia

(SP) entre os dias 5 e 6 de maio de 2010. Optou-se em utilizar o itálico devido ao fato de que os excertos destacados foram proferidos na forma de palestras. O evento como um todo se encontra disponível em vídeo no endereço eletrônico do Portal UNESP. No final deste trabalho encontram-se anexadas quatro palestras transcritas pelo pesquisador (ANEXO B), duas da Pró-Reitora e duas do Presidente da Comissão Assessora, disponíveis no endereço: <http://www.unesp.br/propg/workshop_lato-sensu.php>. Acesso em 15 jul. 2010.

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cursos de especialização. Que depois eu vou levantar aí para vocês quais são as dificuldades.

Neste período nós tivemos uma média de 97 cursos aprovados e só para ilustrar normalmente cada curso [...] isto aqui é processo de um curso [mostra um processo administrativo de um curso qualquer]. Então foram 194 [destes], multiplica estes 97 por 2, da mais até, foram 194 calhamaços desse que a Comissão [Assessora] trabalhou. Se a gente fizer a conta que cada reunião da Comissão tinha cinco elementos, dividindo 194 por 5, dá uma média de 40, 40 vezes 200 páginas, então neste período nós tivemos aproximadamente 8.000 páginas dos processos que estão aí.

Obviamente que isso também precisa ser modificado. A gente precisa pensar numa perspectiva de online, alguma coisa, como hoje está funcionando o PIBIC [Programa Integrado de Bolsas de Iniciação Científica], já funcionando um pouco nessa linha [...]

É, significa que alguma coisa está errada, né? [pergunta de um docente no

público] [risos do Presidente da Comissão Assessora]

Então, por isso que nós estamos aqui, para pensar nestes cursos e efetivamente propor algumas mudanças. (JOSÉ FILHO, 2010)

O relato do Presidente da Comissão Assessora demonstra o reflexo do processo de expansão dos cursos de especialização sem o correspondente acompanhamento e controle da UNESP, expansão essa, como se verificou, pela indução de uma política de incentivo à PGLS a partir das existentes demandas regionais.

Apesar de existirem normas e critérios específicos por meio de regulamentos internos para a oferta dos cursos de especialização na universidade como se observou, sua expansão gerou uma excessiva quantidade de processos administrativos. A abundância documental relativa a cada curso de especialização parece ter propiciado, talvez pela ausência de acompanhamento ou controle, uma situação de colapso administrativo.

A tentativa de estabelecer um acompanhamento mais efetivo da situação descrita anteriormente, através da criação de instrumentos e mecanismos de análise dos processos administrativos pela Comissão Assessora, parece não surtir o efeito esperado como se constata no indício do relato de seu Presidente sobre o trabalho realizado:

Então, são alguns detalhes que a Comissão [Assessora] observou durante essa caminhada e para elencar isso que a gente fez a avaliação aos cursos de especialização. Indicação dos docentes do curso pelo coordenador e indicação da comissão para seleção dos candidatos: este item em inúmeros processos não foi respeitado, vamos falar assim, não foi elucidado com clareza. Aparece lá uma relação com o nome dos professores, [...], mas que oficialmente não tem nesta perspectiva o que nos foi colocado na Resolução [UNESP n°] 78 [de 2007].

Aí, a Comissão [Assessora] de posse de todos esses processos, nós

elaboramos um instrumental, que a gente chama de “Parecer dos cursos de especialização”. Primeira edição ou novas edições, conforme a Resolução

[UNESP n°] 78 [de] 2007. Então, aqui existe o preenchimento [...], da edição do curso, com quatro itens básicos: a justificativa é adequada,

inadequada ou deve ser modificada até certo ponto? Então, normalmente quando lá na justificativa do coordenador do curso tem, que a gente lê, esta justificativa a gente tenta na medida do possível classificá-las. A maioria sempre foi adequada, aliás, existem propostas muito boas, propostas que a gente vê que é altamente qualificada e que a gente precisa avançar mais um pouco, principalmente, nesta parte burocrática, vamos falar assim. Talvez aí

seja o grande desafio de nosso encontro, seria como operacionalizar esta papelada toda de uma forma que a gente não se mate. (JOSÉ FILHO,

2010, grifos meu)

Entretanto, como se observará a seguir, a criação desta Comissão Assessora compõe um primeiro movimento para o direcionamento de uma política de acompanhamento e controle das propostas de oferta e das atividades realizadas nos cursos de especialização na UNESP.

Diante da necessidade de se repensar a natureza e a expansão destes cursos na universidade, bem como, de estabelecer parâmetros mínimos de qualidade, a PGLS será incluída na formulação do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UNESP. Mas, de que forma?