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As orientações político-administrativas para os cursos de especialização

A análise realizada nesta sessão, a partir dos diversos documentos institucionais da UNESP disponíveis sobre a realidade da PGLS, possibilita neste momento a identificação das orientações político-administrativas existentes entre o período de 1980 e 2010 para os cursos de especialização na universidade.

Verificou-se que, no âmbito administrativo, as diferentes normas e regulamentos estabelecidos pela UNESP para o controle da oferta da PGLS, em especial aos cursos de especialização, tornaram-se, ao longo deste período, cada vez mais criteriosas e complexificadas.

Como uma forma de conservar o domínio exercido pelos órgãos centrais da universidade responsáveis por estes cursos, este processo de controle se caracterizou, fundamentalmente, com a finalidade de coibir a emergência de interesses conflitantes aos da administração universitária, representado especialmente pelos propositores e docentes atuantes nestes cursos.

No entanto, este processo desenvolveu-se de modo contraditório, pois apesar da existência de interesses conflitantes também se observa alguns interesses análogos a ambos os grupos, como, por exemplo, a cobrança de taxas e mensalidades, que beneficia tanto a universidade (administração universitária) quanto os propositores e docentes dos cursos de especialização.

Para dimensão política foi possível analisar que a UNESP norteou-se por duas concepções distintas para os cursos de especialização. No período de origem e desenvolvimento da PGLS na instituição, a universidade adotou uma política de “incentivo” para a expansão, principalmente, dos cursos de especialização sem o efetivo acompanhamento e avaliação das atividades realizadas.

Num segundo momento, esta política de “incentivo” sofre uma inflexão a partir da

expressiva quantidade de cursos existentes na universidade e da escassez de informações sobre esta realidade. Neste sentido, a UNESP passa a orientar-se por uma política de controle dos cursos de especialização com a tentativa de criar mecanismos de retensão da sua expansão indisciplinada, de avaliação das atividades realizadas e da transformação dos cursos de especialização (PGLS) em mestrados profissionais (PGSS).

Mas como será o processo real de interlocução entre os órgãos centrais da universidade e os propositores dos cursos de especialização, na dinâmica da oferta e acompanhamento das atividades pela CCPG? Seriam todas as normas e regulamentos sobre o funcionamento da PGLS na UNESP respeitados pelos propositores dos cursos? Como se apresentam a relação entre os interesses desses dois grupos nos processos administrativos dos cursos de especialização? Será que a análise de alguns cursos específicos poderiam revelar características comuns? Estas são algumas questões que poderão ser evidenciadas empiricamente para o caso específico dos cursos de especialização na área de Educação tratadas na sessão subsequente desta investigação.

4 A DINÂMICA DOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INVESTIGADOS (1999-2010)

A questão, inclusive já foi até mencionado o problema, e essa burocracia toda é para um curso [de especialização]! Porque, cursos já estabelecidos poderia se fazer aprovações por duas, três versões. Não ter que todo ano refazer. Como é que eu vou colocar no site do meu campus, que eu tenho um curso lato sensu se eu não sei se vai ter? E todo ano a pergunta é: “O ano

que vem vai ter?” [Eu respondo:] “Não sei!”. Todas as universidades do

mundo já têm nos seus calendários os cursos. A GV [Fundação Getúlio Vargas] vende cursos para 2015, tá certo? E a UNESP não sabe se vai ter o ano que vem. Então, a questão é: porque não se pensar cursos que já tem uma história, que já tem um resultado, que se aprove por cinco anos. Então eu posso colocar no site, turmas de 2010, 2012, 2015... A sua burocracia diminui e nós vamos ficar tranquilos, e o aluno muito mais!

Professor da UNESP do campus de Guaratinguetá Intervenção ao Presidente da Comissão Assessora no I Workshop Lato Sensu

da UNESP (2010)66.

Nesta seção será apresentada a análise dos dados da amostra selecionada nesta pesquisa correspondente aos cursos de especialização ofertados na área de Educação pela UNESP entre os anos de 1999 e 2010. Dentre os quatorzes cursos existentes nesse período, optou-se por uma amostra de quatro cursos, escolha realizada de modo a tornar a coleta de dados e a análise da amostra viáveis no prazo previsto para uma dissertação de mestrado67.

Dentre as diferentes áreas das Ciências Humanas que ofertam cursos de especialização, a Educação é a que possui maior expressão, destacando-se a distribuição em

66

Disponível em: <http://www.unesp.br/propg/workshop_lato-sensu.php>. Acesso em: 15 de jul. 2010

67

Até o ano de 2009 ofertaram-se os seguintes cursos de especialização, segundo o nome do curso, da unidade universitária e a cidade dos campi da UNESP, respectivamente: (1) Gestão Educacional (Instituto de Artes/São Paulo), (2) Educação Brasileira (Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas/São José do Rio Preto), (3) Alfabetização (Instituto de Biociências/Rio Claro), (4) Gestão Educacional (Faculdade de Ciência e Tecnologia/Presidente Prudente), (5) Educação Especial: Formação de Educadores para Potencializar a Inclusão (Faculdade de Ciência e Tecnologia /Presidente Prudente), (6) Formação de Recursos Humanos para Educação Infantil (0 a 6 anos) (Faculdade de Ciência e Tecnologia/Presidente Prudente), (7) O Ensino do Texto: Teoria e Prática na Sala de Aula (Faculdade de Ciência e Tecnologia/Presidente Prudente), (8) Formação de Professores em Educação Especial – Áreas de Deficiência Auditiva, Física, Mental e Visual (Faculdade de Filosofia e Ciências/Marília), (9) Escola Inclusiva: a construção de uma nova política educacional (Faculdade de Filosofia e Ciências/Marília), (10) Formação de Educadores Ambientais (Instituto de Biociências /Botucatu), (11) Gestão e Planejamento de Organizações Educacionais (Faculdade de Ciências e Letras/Araraquara), (12) Docência na Educação Infantil (Faculdade de Ciências e Letras /Araraquara). Contudo, salienta-se que na concepção do projeto dessa pesquisa, início de 2008, existiam apenas 7 cursos de especialização na área de Educação na universidade. Esse aspecto, apesar de ter comprometido em parte a constituição de uma amostra representativa estatisticamente, oferece a compreensão de uma das dificuldades da pesquisa, a investigação de um objeto que se encontra em plena dinamicidade e desenvolvimento na atualidade.

diversos municípios por todo o Estado de São Paulo. Ao iniciar a coleta de dados, observou- se no primeiro curso pesquisado a extensão de material existente nos processos administrativos. Portanto, não haveria condições materiais e temporais aceitáveis para realizar a coleta de dados e a análise de todos os cursos ofertados, tão pouco de um curso para cada unidade universitária da UNESP.

Entretanto, a escolha da amostra fundamentou-se em alguns critérios. Optou-se por (1) cursos com a oferta de duas ou mais edições, (2) distribuídos geograficamente pelos diferentes campi da UNESP, (3) com especialidades da área de Educação que apresentam ampla demanda de oferta (gestão educacional, educação infantil e educação especial) e, ainda, (4) com o início da 1ª edição em anos distintos. A partir destes critérios escolheram-se quatro cursos como amostra da pesquisa, sendo a coleta realizada nos processos administrativos respectivos. Selecionaram-se os seguintes cursos:

 Especialização em “Gestão Educacional”, da Faculdade de Ciência e Tecnologia

(FCT) do campus de Presidente Prudente, com quatro edições oferecidas entre os anos de 1999 e 2010, sendo que a 4ª edição encontra-se em andamento;

Especialização em “Gestão e Planejamento de Organizações Educacionais”, da

Faculdade de Ciências e Letras (FCL) do campus de Araraquara, igualmente com quatro edições ofertadas entre os anos de 2000 e 2005;

Especialização em “Docência na Educação Infantil”, também da FCL do campus de

Araraquara, com duas edições ofertadas entre os anos de 2002 e 2007;

 Especialização em “Educação Especial – áreas de deficiência auditiva, física,

mental e visual”, da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) do campus de Marília, com três edições entre os anos de 2006 e 2010, sendo que a mais recente encontra-se em andamento.

Os dados destes cursos foram coletados nas unidades universitárias da UNESP entre os meses de março e maio de 2010, através de solicitação da fotocópia de parte dos processos aos respectivos Diretores (ANEXO C). A análise procedeu-se entre os meses de abril e junho do mesmo ano.

A partir desta sumária apresentação da delimitação da amostra e dos critérios da sua escolha na pesquisa, apresentam-se as análises separadamente de cada um dos quatro cursos selecionados através da identificação dos objetivos, da justificativa de oferta, da estrutura didático-curricular, da composição do corpo docente e da Coordenação, da dinâmica do curso

e do sistema de avaliação, do orçamento financeiro e, finalmente, do balanço geral de cada experiência68.

Posteriormente, realiza-se uma aproximação das tendências, dos padrões e das relações entre os cursos de especialização na área de Educação investigados, possibilidade de que oferecerá a compreensão comum da oferta desses cursos e, possivelmente, a criação de um quadro sinóptico composto de aspectos que talvez se presenciem em outros cursos dessa área.