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A dimensão socioeconômica da RS da pobreza

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA POBREZA Aline Accorss

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 A dimensão socioeconômica da RS da pobreza

a) ‘Se compro o tênis, tem que apertar a barriga’: materialidades da pobreza

A insegurança alimentar diminuiu entre 2009 e 2013, mas ainda atinge 22,6% dos domicílios brasileiros (IPEA, 2013). Desses, 3,2% da população vive circunstâncias consideradas graves, ou seja, circunstân- cias em que há privação de alimentos e fome entre adultos e crianças. Tal problema se agrava ainda mais na medida em que essas pessoas, confor- me a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2013, são menos atendidas por serviços públicos. Apenas como exemplo, a proporção de

domicílios em insegurança alimentar grave atendidos pela rede coletora de esgoto sanitário era de 34,4%, enquanto que os com segurança ali- mentar era de 63,2%. Já em relação a outros serviços, os domicílios com segurança alimentar, 92,0% tinham lixo coletado diretamente, 87,2% contavam com a rede geral de abastecimento de água e 98,8% tinham banheiro. E, novamente, quando comparados aos que estão em inse- gurança alimentar grave, os percentuais foram 75,2%; 73,6% e 87,5%, respectivamente (IPEA, 2013).

E é justamente nesse cenário que as nossas participantes se encon- tram. Se observarmos, das 14 entrevistadas, quatro são casadas e quase todas elas têm um número expressivo de crianças (fi lhos, netos, sobri- nhos e outros) pelas quais são responsáveis. A fome e a urgência do cotidiano são facetas dessa realidade, como se pode perceber a partir do seguinte relato: “é sempre a mesma coisa, tu pensando de noite no que tu vai dá prá comer, pensando o que vai fazer no outro dia.” (L.). Estabele- cem-se, assim, diferentes sistemas de referência que marcam os modos de interpretar e gerir a vida cotidiana. Falar da pobreza, dos sentidos que lhe são atribuídos por quem nela vive, é também falar de realidades concretas, que impõem modos de vida e formas de aceitar e lidar com a situação do dia a dia.

Conhecemos, há mais de uma década, um conjunto de estratégias impulsionadas pelo governo federal brasileiro para assegurar o direito humano à renda e à alimentação adequada às pessoas com difi culdades de acesso a elas. Contudo, as marcas da privação orientam condutas e práticas sociais que podem transcender a possibilidade de acesso às polí- ticas e favorecer a produção/manutenção de outras estratégias de sobre- vivência: “Às vezes, eu saía com as crianças. Não tinha nada pra comer em casa, não sabia o que dá pra eles. Aí eu pegava e juntava garrafa com os pequenos […] Pegava o dinheiro e comprava o que faltava; no outro dia, ia de novo.” [...] “se compro o tênis, tem que apertar a barriga, não tem jeito.”(B.).

Nesse sentido, não podemos perder de vista que as representações são fenômenos sociais e precisam ser analisadas a partir dos seus con- textos de produção (Godelier, 1984) e perpetuação. Contexto deve ser aqui compreendido como o sistema econômico e social8 que imprime

um modo particular de lidar (e produzir) com a pobreza e com os cha- mados pobres.

Há um conjunto de fatores que leva à pobreza e à fome, aliás, con- forme as entrevistadas, ela “[...] é um ciclo. Tem muitas mães obrigadas a tá na rua; e tu é obrigada a deixar os fi lhos. E a maioria das mães nem sabe o que os fi lho tá fazendo […]. Às vezes, eu tinha faxina, tava trabalhando no shopping e tive que saí, abandoná; porque a meia noite, uma hora que eu tava chegando, os meus fi lhos tavam na rua; não tinha um adulto pra atendê, não tinha quem desse comida; eles são peque- nos. Às vezes um grande dá uma droga ou coisa pra fumar, eles pegam porque não tem um adulto ali responsável. A maioria das mães tem que trabalhá, se não, como é que vão comer? Não fi cá esperando uma vida inteira pelo governo, uma bolsa. Tá certo que a bolsa ajuda, mas se eu não arrumar um emprego, não vai supri roupa, calçado, leite” (Grupo). Não se pode negar que a concretude da falta, seja de comida ou de ser- viços públicos, gera também impactos subjetivos, identitários, naqueles que a vivenciam.

Falar, portanto, da materialidade da pobreza no Brasil, é falar de si- tuações que contextualizam o surgimento e a perpetuação do fenômeno, bem como das representações sociais acerca dessa situação. Na medida em que as representações sociais se efetivam por associação a valores e práticas sociais vigentes, é necessária a articulação do fenômeno da pobreza à condição feminina. A feminização da pobreza, pautada na desigualdade de gênero, compõe também a complexa e dinâmica rede de relações que se estabelece no cotidiano das entrevistadas. Esse conceito

polissêmico, a nosso ver, é potente para a análise social, pois, conforme aponta Aguilar (2011), pode-se tomá-lo enquanto processo, e não como resultado. Analisar a feminização da pobreza desse modo é olhar para um contexto amplo que considera as condições materiais de vida das mulheres, os múltiplos processos discriminatórios no trabalho e no dia a dia de modo geral, na carga de responsabilidade extra tanto no nível do cuidado dos fi lhos e da família, quanto como sendo a principal respon- sável por fazer frente à luta contra a pobreza.

b) ‘O dinheiro que vem suado é melhor’: signfi cados do trabalho

O ser humano, em uma perspectiva marxista, somente está vivo na medida em que cumpre as expectativas sociais de produção e con- sumo. Contudo, se lhe é negada essa possibilidade, se ele é apenas um ser receptivo e passivo, “ele não é nada, ele está morto” (Fromm, 1967, p. 38). Para Marx (1967, p. 90), o trabalho (e/ou a falta dele) “não cria apenas bens; ele também produz a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e, deveras, na mesma proporção em que produz bens”. É importante, portanto, atentarmos para as implicações do trabalho das entrevistadas no campo subjetivo, ou seja, na produção de si.

A atividade laboral que as entrevistadas desde a infância executam, e que seguem na vida adulta, é na sua maioria empregada/faxineira/tra- balho em casa de família. A segunda mais realizada é a de reciclagem de lixo. Ambas as atividades, embora desempenhadas de forma autônoma, revelam lugares sociais difíceis de ocupar. Como veremos mais adiante, o preconceito e a estigmatização estão associados a elas e impactam pro- fundamente na construção das representações sociais da pobreza, bem como na noção de ‘eu’ dessas mulheres.

Nos dias atuais, conforme relatam as entrevistadas, o trabalho re- munerado e fora de casa aparece como um meio de sair de um ambiente opressivo que confi gura, em geral, a vivência quase que exclusiva na e para a família. “Quando eu fui trabalhar de volta, depois de 10 anos, eu

fui pro comércio de novo. Foi a melhor coisa da minha vida, sabe? [...] Tu conhece gente diferente. Eu conheci uma colega que era vaidosa, sabe. [...] vamos fazer um passeio, vamos pro shopping. Ela fez quase eu estourar os limite dos meus cartões[...] Mas comprei bastante roupa, aí eu me pintei, fi z sobrancelha, cortei o cabelo[...] Porque eu tava o quê? Autoestima baixa. Tava acostumada com aquele pouco. E eu não era feliz com aquilo, eu me frustrava.” (T.).

Entretanto, encontrar um trabalho é quase sempre um grande de- safi o. As mulheres relatam as inúmeras exigências que os empregadores fazem, especialmente a apresentação de comprovantes, que nem sempre expressam a capacidade da pessoa para o trabalho pretendido. De algum modo, as mulheres sentem-se injustiçadas e incompreendidas em sua situação: “Hoje tu vai, tu precisa de experiência, tem que tê estudo de primeiro e segundo grau e eles não sabe a difi culdade que a gente passa. O passado da gente atrás.” (I.).

Nesse sentido, histórias de trabalho forçado e até mesmo prostitui- ção, no passado, na infância e adolescência, são situações comuns entre nossas entrevistadas: “[...] Eu não tive infância. [...] Tive que parar os estudos pra poder ajudar minha família […]” (C.). “A minha mãe foi as- sim, ela dizia pra nós que a vida dela não foi tão boa, né. Ela teve que saí de casa com 11 anos, que ela era profi ssional do sexo [...] e a madrasta dela batia nela. Ela dizia: a minha vida não foi fácil e a de vocês também não vai ser. Ela sempre falou isso pra nós. Então o que eu pude ajudar, eu ajudei. [...] Eu trabalhei do lado da minha mãe. E pra mim não foi um orgulho. Ela não teve orgulho nenhum, porque ela não queria que eu fi zesse aquilo ali.” (C.).

Alguns discursos que estão no mundo social culpabilizam o sujeito em situação de pobreza pelas circunstâncias que caracterizam sua vida. Contudo, como nos mostra o relato acima, a pobreza se mantém entre gerações. A não superação da situação de pobreza não tem relação com a falta de vontade do indivíduo. É decorrência de um complexo sistema que afi rma o lugar social do sujeito que está à margem, na esfera da exclusão.

Aliás, conforme Schwartz (2000), a pobreza é também uma forma de exclusão dos serviços de educação, saúde e da participação política.

As entrevistadas, quando indagadas se preferiam receber ajuda fi - nanceira ou trabalhar fora de casa pelo mesmo valor, afi rmaram com veemência que prefeririam a segunda opção. “Porque daí ia conhecer pessoas, [...] ia ser um dinheiro suado, ia ter mais valor […] é diferente!” (I.). Essa ideia é recorrente e revela que o trabalho ultrapassa a questão fi nanceira e ocupa um lugar socializador em suas vidas. Exerce a função de alimentar esperanças de superação e, consequentemente, transforma- ção de lugares e relações sociais.

c) ‘Xeripás’: vidas sob o signo do esquecimento e do abandono

Muitas são as histórias de estigmatização e exclusão relatadas pelas entrevistadas. Desconfi anças, preconceitos e situações de descaso social são marcas frequentes ao longo de suas vidas. Normalmente, a dor que sentem fala da importância de uns em detrimento de outros, no caso, delas mesmas. Vidas que ocupam espaços quase que invisíveis. J. relata que perdeu seu fi lho na fi la de espera por atendimento num hospital: “Xeripá, como a gente diz, né? Xeripá é aquele que não tem nada [...] Tem aqueles que tão bem arrumados, cuidados [...] e os outros tão lá, sentado num canto, com o fi lho morrendo nos braços, e vai ser o último a ser atendido.” Trata-se da invisibilidade pública construída em torno das pessoas das classes populares, no presente caso, de mulheres em si- tuação de pobreza. De modo semelhante, V. compartilha sua indignação com o sistema de ensino que não consegue lidar com seu fi lho por ele ter necessidades educacionais especiais: “Então, por que pra lá tem co- légio bom, com as professoras, e aqui não? Aqui o pessoal vive assim, ‘à moda miguelão’9, como dizem, né?” O acesso aos serviços se dá de modo

9 A expressão ‘a la miguelão’ é usada frequentemente no sul do Brasil para signifi car algo feito às pressas, de modo estabanado ou desajeitado. Seu uso por uma das mulheres en- trevistadas traduz o sentimento de desvalor provocado pela experiência cotidiana de pre- conceito e abandono.

precário, pois, na maior parte das vezes, apresentam qualidade ou opor- tunidades inferiores de acesso.

Os relatos de descasos, agora associados ao desprezo, continuam: “A gente vai no banco e vê a diferença das pessoas te olhando. Vê o jeito que olham.” (I.). Humilhações, prejulgamentos e distância parecem ser ca- minhos para a anulação do direito de viver: “[...] eles humilham a gente [...]. Hoje quando vejo uma criança na sinaleira, pedindo, eu choro [...] porque aquilo tudo eu passei. Eles tocarem garrafa, com xixi, na gente, barro, tudo aquilo eu já passei.” (C.); “[…] parece que tem doença con- tagiosa. Sei, porque tem pessoas que já diz que tem doença contagiosa.” (V.). Essas são algumas das barreiras invisíveis que perpassam a trama social e que impactam profundamente o processo identitário e o modo como se relacionam com os outros.

Poucas entrevistadas percebem que o lugar social que ocupam é parte de um todo maior: “se a gente precisa do serviço, ao mesmo tem- po, eles precisam da gente pra fazer o serviço” (L.). Essa fala afi rma a interdependência evidente entre aqueles que vendem a força de trabalho e aqueles que dela usufruem. Ilustra, também, a dialética da inclusão/ exclusão que gera processos subjetivos específi cos: desde sentir-se in- cluído até sentir-se discriminado (Sawaia, 1999). É importante lembrar que tais processos não são explicados apenas por condições econômicas. “Eu acho assim, quem é pobre não tem tanto lugar na sociedade. Tem lugar que tu é rejeitado [...]. Acham que tu é ladrão, que tu é pobre, que tu não precisa. Eles têm diferença.” (I.). Ser pobre, portanto, é vivenciar um amplo conjunto de ações e mensagens cotidianas que legitima a sua condição social, manifestando-se na identidade, na sociabilidade, na afetividade, na consciência e, mesmo, na inconsciência, como veremos nos relatos que ilustram o próximo tópico.

d) ‘Eles não acreditam em nós’: marcas da desconfi ança

Vimos que o trabalho, para algumas das entrevistadas, é motivo de orgulho, de reconhecimento da sua existência em sociedade, mas nem sempre é assim. Especialmente em atividades ligadas à faxina de resi- dências, inúmeros relatos descrevem o “teste da confi ança” empreendido pelos contratantes: “Isso aí em duas casas que eu trabalhei fi zeram [...]. Deixavam uma quantia de dinheiro e depois vinham e contavam.” (R.). Tais testes, associados às múltiplas formas de preconceito e discrimi- nação com que estão diariamente sendo impactadas, alimentam ainda mais o receio em relação ao reconhecimento do outro, como pode ser visto no seguinte depoimento: “Eu tava fazendo a faxina tranquila, lim- pando as coisas, tirando o pó, limpando direitinho. Aí quando chego ali e dou de cara com a carteira do patrão, quase desmaiei, né? [...] Eu fi quei baratinada no meio da casa; meu Deus, pego ou não pego a carteira do chão? [...] Eu peguei um guardanapinho que eu tava limpando as coi- sas. Peguei a carteira com o guardanapo, não com a minha mão, peguei e coloquei em cima de uma cristaleira muito bonita que ela tinha [...] porque eu tinha a impressão que eu ia [risos], que aquela carteira que eu tava pegando ali, sei lá, que fossem dizer que tinha faltado alguma coisa ali sem eu mexer. E tava o sinal das minha mão na carteira, era isso que eu pensava [risos]. Chorei tanto naquele dia da carteira, ai, como eu chorei. […] O homem olhou a carteira e tudo... que Deus te abençoe. [...] Eu não aguentava, meu coração parece que disparava. Eu tinha a impressão que iam me acusar que eu tinha roubado [...].” ( J.) J. tem as marcas da exclusão, dos estigmas da desconfi ança e diz não conseguir mais se relacionar com pessoas que não sejam “iguais” a ela, em um sentido socioeconômico. Algo mudou dentro de si. De fato, a exclusão é um processo multifacetado, que agrega dimensões materiais, políticas e subjetivas, entre outras.

Contudo, é interessante observar que, para que este processo exista, é necessária a sua contraposição. A exclusão somente existe em relação à inclusão. E, como se sabe, a via de acesso para estar e sentir-se incluído,

na sociedade capitalista, se dá pelo consumo. Isto também não é simples para as mulheres entrevistadas, ainda que, em alguns momentos, tenham o que, aparentemente, seria o necessário: o dinheiro. “Tu vai num merca- do, se for assim, eles não te tratam bem... assim desse jeito que eu estou [...] Eu já cansei de chegar em loja, com dinheiro, com salário, tudo, e querer um micro-ondas à vista - que eu gosto de comprar as coisas à vista, mesmo que eu me rale no fi nal do mês. E a pessoa olha pra mim, ‘ah, mas espera só um pouquinho, vou atender o outro’. Então é ruim, né, eu acho que eles deixam um pouco a pessoa também é pela roupa[...]. É muito excluída, a pessoa pobre.” (V.). Não poder entrar em shoppings, em supermercados ou em festas, sem ser alvo da desconfi ança é parte do cotidiano: “lá no Zona Sul, que é o mercado que mais vai os pobres [...] tem um lado que tá só classe média, ou classe alta. Lá onde tá a classe média, não tem nenhum segurança por perto. E onde tá a classe pobre, o segurança tá atrás. Só não jogam pra rua, porque é prejuízo pra eles [...] e como a senhora acha que a gente se sente? Ver os outros ali, comprar, escolher e chegar ali e não tem ninguém atrás deles pra vigiar o que estão fazendo. Aí vou lá, compro meu arrozinho, meu feijãozinho e o segurança atrás de mim. Vou chegar lá; eles gastaram 500 reais e eu 100 pila... a gente se sente humilhado.” ( J.). Barradas pela roupa rasga- da, pela falta de dentes, pelos cabelos sujos, pelo cheiro: aparências de mulheres merecedoras de desconfi ança, aos olhos do outro. O outro é o cidadão produtivo, com poder de consumo, atento à aparência pessoal, capaz de comprar roupas, tratar da higiene pessoal e cuidar da saúde bucal. Na medida em que denota o lado oposto da pobreza, angaria e obtém o reconhecimento e a aceitação social.

Até aqui vimos que a condição de pobreza vivida pelas entrevista- das é representada e enunciada desde uma perspectiva socioeconômica, ou seja, enquanto “falta”. Pobre é aquele que, em algum momento, está destituído tanto de bens materiais importantes para viver o cotidiano, quanto de ter acesso a serviços essenciais. Falta dinheiro, comida, traba- lho, reconhecimento, confi ança... Mas, e por que tais situações ocorrem?

Nos discursos, há uma conexão entre a realidade socioeconômica vivida e os motivos pessoais e coletivos que levam à situação de pobreza. Por exemplo: “é que as pessoas vão se desmotivando da vida... e tem muitas pessoas que gostam que as pessoas sintam pena [...] Tem que querer. Se tu fi cá parada, ‘ah, não sei fazê nada!’; ‘minha vida é uma porcaria!’; ‘ah, perdi o marido!’; ‘tô desempregada!’[...] ‘um dá uma coisa, outro dá outra, tá bom, tá bom, não tô morrendo de fome!’. Tá e aí? Nem sempre as pessoas vão tá pra te dá as coisas. Ou, então, te dão e atiram na cara.” (T.). Isto nos conduz ao próximo item, que aborda os aspectos morais e tradicionais do conhecimento sobre a pobreza.