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CAPÍTULO I: A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO CAMPO

1.5. A DITADURA

O período correspondente à ditadura civil-militar é fortemente marcado pela censura e pela política de desenvolvimento adotadas pelo

regime. Logo após o Golpe de 1964, alguns dos grandes jornais ainda apoiavam o regime – o que muda com o passar do tempo (LAURENZA, 2008). “No seu movimento pendular de apoiar e opor-se a governos, nos períodos ditatoriais brasileiros, a imprensa chegou ao momento do golpe militar de 1964, que daria inicio a 21 anos de repressão política, perseguições, torturas e mortes” (SILVEIRA, 2010, p.52).

O jornalismo brasileiro, que desde seu início teve um engajamento de importância no campo da política, deixa de ser um agente atuante por conta da censura. A partir do Golpe de 1964, a censura produz uma “drástica alteração no conteúdo dos jornais diários, uma vez que terão que abandonar gradativamente o papel de amplificadores e, muitas vezes, construtores desses enredos, afastando- se dos protagonistas e deixando de ser [...] personagens do campo político” (BARBOSA, 2007, p.175).

O papel de vigia do poder não é mais exercido pelo jornalismo nesse período. Na mesma década, surge o chamado jornalismo popular (O Dia) e a televisão continua ganhando mais espaço no mercado da informação. Os meios de comunicação, apesar da censura, ainda ocupam espaço de construtores da realidade social pelo discurso.

Dessa forma, a televisão não se reduz ao papel de indutor e formador da realidade social. Produzindo e reproduzindo significados plurais, elaborando respostas para este mesmo público, a narrativa televisual constrói réplicas significativas dentro do universo cultural do seu público. Apesar disso, não se pode retirar dos meios de comunicação seu papel de elaborador de um discurso consoante à realidade social. Ao difundir a narrativa do mundo (selecionada entre múltiplas possibilidades factuais), a mídia não é mero espelho da realidade, realizando sempre um trabalho de produção de significados, determinantes na constituição daquilo que chamamos de realidade (BARBOSA, 2007, P.178).

A televisão passa a ser um veículo difundido não só pelo seu apelo visual, mas por também não requerer a alfabetização do público.

Assim como o rádio, a TV atinge um público maior que o “letrado” – isso favorece a sua popularidade, já que o Brasil é um país de contraste entre modernização de alguns setores (como indústria e comércio) e baixas taxas de educação da população. Os impressos concorrem quando se diz respeito à informação com profundidade, já que a televisão, pelas suas características, não consegue na maioria dos formatos jornalísticos alcançar o ideal de esmiuçar os fatos.

O analfabetismo tem sido, historicamente, um dos fatores que impedem o progresso da imprensa no Brasil [...]. É fato, no entanto, que a qualidade da informação prestada pelos veículos impressos, como também a sua credibilidade, concorrem para situar o interesse da sociedade pela notícia que lhe é apresentada. Aspectos como distribuição – num país de dimensões continentais – e tiragem – considerando custos de papel – não devem ser desprezados, apesar de menos relevantes (BAHIA, 2009, p.389-390).

Por atingir um número maior da população brasileira, a televisão foi amplamente utilizada pelo Regime Militar para passar uma imagem positiva do país e ajudar na construção de um discurso ideológico de progresso. Por ela possuir um apelo visual e atingir um maior público foi, notoriamente, mais explorada na “construção de um pensamento único num regime de ausência de democracia no plano político e onde vigora o controle rigoroso da sociedade política em relação à sociedade civil” (BARBOSA, 2007, p.180). No entanto, a influência não é só da política, mas também do poder econômico: “A censura policial interferiu por perto da metade desse tempo na feitura dos jornais e, nos intervalos de liberação, os sistemas de dependência econômica operaram intensamente sobre a indústria jornalística” (LAGE, 2012, p. 37).

A influência do capital financeiro, presente na década anterior, continua grande com a expansão do mercado brasileiro. O exemplo mais conhecido é do acordo entre o grupo EUA Time-Life e Rede Globo, em 1962. O acordo, posteriormente cancelado por ser considerado ilegal pela Constituição Brasileira, dava 30% dos lucros para a empresa norte- americana. Ele não trouxe somente “um significativo aporte financeiro quanto permitir-lhe-ia um salto qualitativo na tecnologia empregada

para as transmissões, o que a transformaria, imediatamente, no principal adversário do grupo das emissoras Associadas” (HOHLFELDT, 1999, p.4).

A segunda corrente teórica do subcampo acadêmico jornalístico (chamada de técnico-editorial por MELO, 2006) emerge a partir do golpe de 1964. Devido às restrições impostas pelo golpe militar, à censura e ao processo de modernização que ocorreu nesse período, uma visão mais técnica do jornalismo se instituiu como paradigma no Brasil. Ela era focada na “melhoria dos padrões editoriais, enfim, com a modernização dos processos de captação, codificação e difusão da mensagem noticiosa” (MELO, 2006, p. 23).

A regulamentação da profissão de jornalista, que surge com o Decreto-Lei n. 972, em 17 de outubro de 1969, também ajuda a reforçar a corrente técnico-editorial. A partir desse momento, o jornalismo é legitimado como profissão e se coloca no mesmo patamar que as outras profissões que necessitavam de ensino superior (MELO, 2006). Apesar de a corrente driblar o sistema censório na maioria das vezes, certas obras foram proibidas, como algumas de José Marques de Melo.

A criação da revista Realidade teve grande importância para a imprensa brasileira naquele momento - ela foi lançada em 1966. Além de trazer a proposta de grandes reportagens (CORRÊA, 2008), a Realidade foi uma tentativa de “se publicar um veículo com caráter nacional. Realidade somava à tradição de O Cruzeiro, a perspectiva crítica e a qualidade o texto, distanciando-se do perfil populista da revista dos Associados” (HOHLFELDT, 1999, p. 13). Nessa mesma década é criado o Ministério das Comunicações, Assis Chateaubriand morre e o conglomerado da Rede Globo cresce. A revista Veja é lançada em 1968 com a proposta de ser uma publicação periódica ilustrada (CORRÊA, 2008).

A censura cria uma “aura” sobre o jornalismo produzido nessa época e, consequentemente, sobre os profissionais que desempenharam a tarefa de combatê-la. Os jornalistas que resistiam às ações do governo possuem um prestígio maior (ou seja, alcançam uma posição de destaque no campo) do que os outros que cobriam de maneira mais favorável as políticas da época – e principalmente a figura do assessor de imprensa desse período.

Há, portanto, idealização na forma como se percebe a atuação da imprensa durante períodos

de exceção. Há, também, idealização na divulgação recorrente do discurso de que a imprensa lutava bravamente - de maneira indiscriminada e genérica – contra a ação da censura. Na prática, essa luta não é tão uníssona, como também se observam acomodações. Como uma empresa que procura aferir lucros e ganhos simbólicos, a imprensa se defronta entre a construção de um discurso que a coloca num lugar heroico e a sua própria sobrevivência no mercado jornalístico e de bens simbólicos (BARBOSA, 2007, p.187).

Com o papel de informar o que se passa, o jornalismo, nessa época de censura, reforça ainda mais a ideia de defensor de interesse público. Para o governo, os meios de comunicação também cumpririam o papel de orientar a população – e era essa a justificativa para a implantação da censura no Brasil (BARBOSA, 2007). Na maioria das vezes ela era “materializada” em bilhetes ou telefonemas. A reação dos veículos e a dos jornalistas eram diferentes – alguns aceitam as ordens, outros “de fato sofrem censura prévia e há aqueles que promovem um discurso de inclusão no ato censório posteriormente a sua efetiva existência, como forma de se incluir um movimento de defesa do interesse público” (BARBOSA, 2007, p. 192). Alguns jornalistas já estão “acostumados” ao que irá ou não passar no crivo do governo, e por isso também praticam a autocensura.

Alguns jornalistas eram contrários ao Regime Militar, no entanto as empresas em que eles trabalhavam apoiavam o governo, tanto pelo fator econômico quanto por questões políticas elitistas. Apesar das represálias, que poderiam ser da perda do emprego até a violência física, aqueles que conseguiram manter a sua opinião são vistos como heróis dentro do campo.

Compreendemos que alguns jornalistas se rebelavam contra a ditadura, não simplesmente porque um estado de exceção é um atentado às liberdades da população brasileira. Faziam-no também porque o ethos constituído de sua profissão e de sua deontologia não sugeria que

estivessem alinhados a visões políticas repressoras e unilaterais, não aceitava que os anseios apenas de setores sociais privilegiados tivessem suas perspectivas da realidade valorizadas em títulos, textos e imagens jornalísticas (SILVEIRA, 2010, p.52-53).

A ideia central do jornalismo como defensor do interesse público é o cerne da luta contra regimes opressores. Além de prejudicar o jornalismo no seu exercício mais autônomo, aquele que não está ligado com as empresas jornalísticas que se aproveitaram da ditadura para lucrar, ela fere o direito básico do serviço público de informação, o qual o profissional tem como sua meta. Com essa tomada de posição, os agentes do campo jornalístico afirmam (e reafirmam com o saudosismo) um dos princípios idealistas da profissão. A delimitação do que seria próprio (e constituinte) do campo jornalístico se faz com a luta entre o princípio autônomo e o lado do jornalismo como mercadoria.

Nos anos de 1960, alguns profissionais de outras áreas − não do jornalismo e nem das relações públicas − atuavam ainda em assessorias de imprensa no Brasil (DI BELLA, 2011). No entanto, nesse mesmo período, começou a contratação mais sistemática de profissionais de jornalismo como assessores de imprensa, muitas vezes denominados de relações públicas (DUARTE, 2001). Com o Golpe de 1964, um novo desenho profissional na área jornalística começa a se delinear:

Com o aumento da pressão sobre a imprensa diária e com a intensificação das atividades da censura, cresce o número de profissionais a atuarem em novos nichos, fora das redações. Principalmente no final dos anos 1960, assessorias de imprensa e setores de comunicação bem estruturados começam a assumir a responsabilidade pela produção de jornais organizacionais. (SÓLIO, 2011, p.27).

Durante a ditadura militar, inúmeros profissionais buscavam trabalho em outros segmentos que não os meios de comunicação, por esses estarem sofrendo interferência do Estado. Apesar de a assessoria

de imprensa ser uma dessas outras esferas, aqueles que trabalhavam nessa função não eram bem vistos pelos colegas que atuavam na mídia.

O difícil relacionamento dos órgãos governamentais com os jornalistas a partir de 1968, quando foi instalada a censura à imprensa, ajudou a consolidar a imagem de que assessores de imprensa agiam como bloqueadores do fluxo de informação, como exigiam os novos donos do poder, processo similar ao que ocorreu mais fortemente com a área de relações públicas. Na maior parte do período em que o país viveu sobre o regime militar, as assessorias de imprensa tinham como principal objetivo o controle da informação, com a produção em larga escala de releases e declarações, evitando-se o acesso da imprensa à organização. Veio daí a fama da assessoria de imprensa ser porta-voz do autoritarismo ou dos grandes grupos econômicos, embora houvesse, mesmo no serviço público, jornalistas atuando com grande profissionalismo. Do lado do governo, principalmente desde a Era Vargas, existia um sistema institucionalizado de cooptação de jornalistas que tornava fácil a confusão de papéis, fruto do dualismo de trabalhar para o governo como funcionário público e cobrir o governo como repórter. Em determinado momento do regime militar, metade dos repórteres credenciados no Congresso eram funcionários da Câmara ou Senado (DUARTE, 2001, p.83). O contexto de exceção de liberdade foi um dos fatores que atribuíram ao assessor de imprensa o caráter de agente dificultador no processo de busca das informações necessárias para os jornalistas desenvolverem o seu trabalho. O problema é que o assessor de imprensa, assim como seus colegas de mídia, desempenhava uma atividade assalariada e não era nada mais do que empregado do seu empregador (assessorado). Portanto, o profissional, assim como aqueles jornalistas contrários às políticas editorias dos veículos em que atuavam, deveria cumprir a sua atividade segundo a necessidade (ou vontade) do seu assessorado. No contexto da ditadura, muitas organizações (privadas e especialmente as públicas) optavam pela política de utilizar o trabalho

do assessor de imprensa como blindagem (SÓLIO, 2011) contra os agentes externos (jornalistas). Outro fator que contribuiu para essa imagem negativa do assessor de imprensa foi o enaltecimento dos agentes do campo jornalístico que, contrários à política vigente, não se venderam à posição obediente à censura que alguns veículos adotaram e nem aos trabalhos fora da mídia. Aqueles que realmente tomaram uma posição contrária e se mantiveram em uma atuação dentro do subcampo midiático atingiram posições de grande reconhecimento no campo jornalístico brasileiro.

Paralelamente, com sua imagem de dificultador do acesso a informações, o assessor de imprensa também carrega consigo a representação de um vendedor de imagem exemplar de seu assessorado à custa de qualquer preço. Segundo Luiz Amaral (2011), nos Estados Unidos esses profissionais também carregam essa tal figura negativa. A imagem teria sido passada pelas práticas desempenhadas pelos antepassados dos assessores de imprensa, os “agentes de imprensa”. “Os agentes de imprensa, por alguns apontados como ancestrais selvagens dos modernos assessores, agindo sem lei e sem ordem, criavam, exageravam e falseavam os fatos para atrair repórteres e obter notícias nos jornais” (AMARAL, 2011, p.22).

A década de 1970 é marcada pela consolidação de movimentos sindicais, os quais utilizam o jornalismo para divulgar as suas posições, fortalecendo assim a comunicação organizacional (SÓLIO, 2011). Ainda em 1970 surge um novo movimento sindical em São Paulo, na região do ABC, que se fortifica nos anos oitenta. “Operários, intelectuais e estudantes ensaiavam novos momentos para o Brasil. Simultaneamente, as estruturas de comunicação institucional [...] ampliam sua ação de contraponto à agenda oficial, verbalizada pela imprensa tradicional” (SANT’ANNA, 2006, p. 14). As organizações comunitárias, religiosas e sindicais constituíram uma fonte de informação alternativa à imprensa tradicional. Além disso, o novo contexto político, de redemocratização, estabelece ainda mais a atividade do assessor de imprensa.

O ressurgimento da democracia, da liberdade de imprensa e o prenuncio de maior exigência quanto aos direitos sociais e dos consumidores, faz as empresas perceberem a necessidade de se comunicar diretamente com a sociedade. Elas deixam o amadorismo e começam a buscar

profissionais para estabelecer um bom relacionamento com a imprensa. E o momento que simboliza e, de certa maneira dá início a esta nova etapa, foi a greve dos jornalistas ocorrida em São Paulo, em 1979, que malsucedida, gerou a demissão de vários jornalistas. Na busca de novas opções de trabalho encontram aberto o mercado nas empresas privadas, que estavam à procura de profissionais capazes não apenas de abrir espaço para suas informações nas redações, mas também para elaborar produtos de comunicação empresarial como jornais, revistas e vídeos de qualidade profissional (DUARTE, 2001, p.83-84). Os anos 1970 também são marcados pela censura, por avanços na mídia brasileira e também pela extinção de alguns impressos. A modernização, presente de maneira forte desde a década de 50, continua com “sua inesgotável possibilidade de atualização. Sinais de modernização, pela originalidade e persistência, traduzem-se nos semanários O Pasquim e Opinião, ambos, aliás, brutalmente feridos pela censura” (BAHIA, 2009, p.384). Um dos fatores que levaram alguns jornais a desaparecerem foi o aumento no preço do papel e a competição pela renda proveniente da publicidade e da audiência com outros veículos – principalmente para a televisão.

A competição do rádio e da televisão opera num campo não especializado, para abranger praticamente o mesmo universo dos veículos impressos. Não é só com o radiojornalismo e o telejornalismo que os meios eletrônicos projetam a sua superioridade, mas por todas as formas de comunicação ao seu alcance, restando aos jornais e revistas um estreito espaço. Há, ainda, os fatores econômicos que justificam uma crescente concentração de verbas publicitárias na TV e no rádio. Os baixos custos operacionais do rádio seduzem anunciantes que não precisam de grandes investimentos para mandar sua mensagem ao ar. Na televisão, pelo contrário, os altos custos do anúncio são compensados por uma penetração previamente garantida. Os jornais e revistas estão

sujeitos a leis clássicas de mercado. Para vender mais, devem voltar-se para consumidores que estejam aptos a consumi-los, isto é, que saibam ler e possuam poder aquisitivo. Se são espasmódicas as taxas de alfabetização e de renda, seus efeitos atingem primeiramente os veículos impressos (BAHIA, 2009, p.392).

Com o abrandamento da censura, a partir de 1974, começa a se delinear a terceira corrente de pesquisa do subcampo acadêmico jornalístico brasileiro (denominada de político-ideológica por MELO 2006). A corrente político-ideológica tem como referência principal os estudos sobre a Indústria Cultural. Essa produção também tem o jornalismo como objeto de estudo, mesmo apresentando inúmeras obras com objetos de pesquisas específicos nas áreas da propaganda e do cinema. Ela confronta “uma tendência no sentido de resgatar (ou até mesmo denunciar) a trama político-ideológica que orienta e determina o processo de captação, codificação e difusão da notícia” (MELO, 2006, p.28). Cremilda Medina e Nilson Lage seguem essa linha de pensamento. Dentro do cenário de reafirmação da regulamentação da profissão, os currículos das escolas de jornalismo se modificam na busca de uma identidade para o jornalismo brasileiro.

Na quarta fase histórica do campo jornalístico brasileiro, como se vê, o contexto político teve enorme influência nos três subcampos. No campo midiático, a Ditadura Militar produziu uma polarização nos veículos existentes. Os que possuíam grande influência e apoiavam o regime tiveram incentivo econômico por parte do Estado; muitos deles se consolidaram como conglomerados influentes na formação da opinião pública e continuam a ocupar um status na sociedade brasileira. Em contrapartida, surgiram veículos de comunicação alternativos, os quais não compactuavam com a visão da política vigente na época. Eles tornaram-se importante referência dentro do campo jornalístico para seus agentes. Afinal, a visão do jornalista como defensor do interesse público, continua, ainda, sendo a maior referência de “bom jornalismo” para os pares. A idealização de muitos personagens do campo jornalístico, especialmente do subcampo midiático, se faz, de certa forma, pelo seu posicionamento contestatório na época do Regime Militar.

O subcampo da assessoria de imprensa também foi afetado pelo Regime Militar. Apesar da atuação fora dos meios de comunicação ter

sido uma “válvula de escape” para as pressões sofridas dentro das redações, aqueles que trabalharam na área naquele momento, especialmente os que atuavam para o Governo, foram rotulados como dificultadores, “chapas brancas” e “jornalistas vendidos”. Pela migração das redações para as assessorias de imprensa, o subcampo cresceu substancialmente. No entanto, a imagem negativa que o subcampo recebeu no contexto permanece, em parte, até a atualidade.

O subcampo acadêmico jornalístico sofreu interferências diretas do contexto político. Por esse motivo, as pesquisas na área do jornalismo não avançaram muito durante o período e adquiriam um caráter mais acrítico, mas houve também o surgimento da corrente crítica – denominada de político-ideológica (MELO, 2006). Contudo, ainda existem publicações que se configuram como resistência ao momento, as quais demonstram que o espaço acadêmico deve ser, antes de tudo, marcado pela resistência ao cerceamento da liberdade.