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A Escola Básica 1, JI – São João de Deus: do nascimento à

Parte II – Estudo Empírico

Capítulo 4 – Contextualização do Estudo

4.3. A Escola Básica 1, JI – São João de Deus: do nascimento à

A abertura da escola remonta ao ano de 1946, dois anos após o início da construção/ocupação, do bairro que lhe haveria de dar o nome.

Começou por ser um edifício pertencente ao “Plano dos Centenários” onde funcionavam, separadamente, dois blocos (cf. Despacho do Conselho de Ministros de 15 de Julho de 1941). Num funcionava a Escola Oficial do Sexo Masculino n.º 25A e no outro a Escola Oficial Feminina n.º 26.

Devido ao aumento substancial da população, a escola foi sofrendo remodelações, sendo também ampliada. A Escola Masculina passou a chamar- se, escola n.º 15, do Bairro São João de Deus. A Escola Feminina continuou a chamar-se Escola n.º 26.

No ano de 1966, já nos relatórios de “avaliação de ano”, os professores referiam que as condições no bairro eram muito más, “a existência de barracas no meio do monte e um fraco aproveitamento escolar devido às más condições existentes no meio” (cf. Cópia de Mapas de 1958-1970).

Segundo moradores mais antigos deste bairro, um dos factores de crescimento inicial da população, deveu-se ao facto de muitas famílias, pelo seu comportamento, serem expulsas de outros bairros. Chegavam ao bairro, construíam o seu “barraco” e acabavam por ficar. Este era também o local preferido dos “ciganos” nómadas, que aqui acampavam e por fim, se sedentarizavam. É por este motivo que este bairro tem uma população cigana muito representativa.

A população continuou a crescer e a escola ficou sem condições para receber todos os alunos que pretendiam matricular-se. Desta forma, no ano lectivo 1973/1974, e tendo em conta o Decreto-Lei n.º 38968, foi tomada a decisão de não matricular crianças que completassem 14 anos até 31 de Março com a justificação de se transformarem em elementos perturbadores da disciplina escolar. A razão apontada para tal facto era “o seu desenvolvimento físico e o meio em que se encontravam inseridas uma vez que a pobreza aumentava assustadoramente assim como a marginalidade” (relatórios de avaliação de ano)”. Nos mesmos relatórios, mencionava-se: “Começam a ser tomadas medidas para fazer face à indisciplina, apontam-se causas e possíveis soluções”.

Neste ano lectivo faz-se referência, nas várias actas de Conselho Escolar, a uma média de 40 alunos por turma e aos primeiros conflitos entre a etnia cigana e a escola. Alude-se ao elevado absentismo escolar e os hábitos manifestados pelos membros desta etnia.

Em Novembro de 1975 deu-se a unificação das duas escolas, passando a chamar-se: Escola Mista n.º 15, do Bairro São João de Deus, pertencente à 7.ª zona Escolar do Porto (cf. acta n.º 13). A acta n.º 15 de 10 de Janeiro de 1976 faz referência à “enorme dificuldade sentida pelos professores para travarem o insucesso de muitos alunos ciganos”. É de referir ainda que no livro C – Livro de Orientação Pedagógica, já se faz referência em 2 de Junho de 1977, “às dificuldades sentidas pelos professores em planificar para um meio tão difícil.” Por conseguinte, o Conselho Escolar reunido no dia 4 de Junho de 1977 faz um pedido para a não extinção de 3 lugares tendo em conta “a existência de um número elevado de alunos com bastantes dificuldades de aprendizagem” (cf. acta de Conselho Escolar de 4 Outubro de 1977).

A partir de 1977, a escola torna-se novamente insuficiente para fazer face ao elevado número de alunos que se encontram nela matriculados, agravando-se a situação com a terceira fase de ampliação do bairro, no ano de 1978.

É neste ano, que aparecem os primeiros registos relativamente à existência de bastantes alunos de etnia cigana a frequentarem a escola sem ter documentação. Descrevem ainda, o elevado absentismo escolar e os problemas comportamentais evidenciados por estes alunos (cf. acta n.º 82 de 19 de Janeiro de 1978).

Os problemas sociais foram-se agravando e a escola sentiu necessidade de criar estratégias que permitissem combater as dificuldades que iam surgindo, desta forma, os docentes sentiram necessidade de: ouvir os conselhos da Sr.ª inspectora sobre como leccionar num meio tão difícil como este; foram realizados debates sobre a forma como organizar o trabalho com este tipo de alunos e foi mencionada a necessidade de criação de um “centro de formação profissional” para ocupar os tempos livres e pôr em actividade os jovens saídos da Escola Primária (cf. acta n.º 85, de 9 de Fevereiro de 1978).

A partir de 1991, a escola passou a chamar-se Escola Básica Integrada São João de Deus, com 1.º e 2.º ciclos, sendo no ano seguinte alargada ao 3.º ciclo (que apenas funcionou um ano).

Como consequência, foi novamente remodelada em 1992, passando a exibir a estrutura que apresenta actualmente. É um prédio de três pisos, (inferior, intermédio e superior) que tem no seu conjunto, 18 salas de aula, 1 sala para o ensino especial, 1 biblioteca, 1 gabinete de apoio psicossocial, 1 sala de apoio, 1 sala para receber Encarregados de Educação, 1 sala de professores, 1 sala para o médico, 1 cantina. Apresenta ainda, 3 arrumos, 2 baterias de sanitários, 2 corredores, 1 vestíbulo, 2 alpendres e um terraço. Nas traseiras da escola existe um pré-fabricado.

No ano lectivo de 1996/97, ainda como básica integrada, associou-se à Escola Básica n.º 34 e à Escola Básica 2, 3 da Areosa.

A 1 de Setembro de 1997, tornou-se completamente independente e passou a designar-se: Escola Básica 1, 2 São João de Deus.

No ano lectivo 1999/2000 agregou pela primeira vez o ensino pré-escolar, ocupando este, uma sala no bloco destinado ao 1.º ciclo. No entanto, devido à grande afluência de alunos para este nível de escolaridade foi necessário criar outra sala, a qual passou a funcionar no meio do bairro, no rés-do-chão de um dos blocos populacionais. Actualmente encontra-se a funcionar no edifício da Escola São João de Deus, que na totalidade tem 2 salas de pré-escolar.

No dia 8 de Julho de 2003, a escola recebeu do Ministério o Despacho n.º 13313 que promulgava o agrupamento vertical de Escolas da Areosa, constituído pela EB1, JI São João de Deus e pela EB2, 3 da Areosa (escola sede), passando o 2.º ciclo a funcionar na escola sede.