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Continuamos a buscar resgatar o homem integral, a buscar práticas educativas que efetivamente corroboram para que ocorra a integração entre teoria e práxis, do saber com o conhecimento. Mas o que significa integração? Ou como que podemos materializar a integração do saber social ao conhecimento escolar?

Para início de diálogo, compreendemos integração e fragmentação como binômio (só podemos falar de uma quando nos remetemos a outra), onde integrar contém o sentido de “completude, de compreensão das partes no seu todo ou da unidade no

diverso, de tratar a educação como uma totalidade social, isto é, nas múltiplas mediações históricas que concretizam os processos educativos”, ou seja, quando tratamos da integração do saber social e conhecimento escolar nos reportamos a tratar estes como categorias inseparáveis no processo de formação humana. (CIAVATTA, 2010, p. 84).

Nesse ponto, ousamos destacar que o saber social ao ser valorizado, na formação dos trabalhadores, junto à escola possibilita a sua emancipação, no que tange a contribuir com o desenvolvimento de uma mente crítica-reflexiva. A práxis é oportunizar a esse sujeitos o conhecimento da realidade atual, assim como defende Pistrak (2011) em seu livro “A escola do trabalho”. Para ele o sujeito necessita conhecer o mundo, conhecer a realidade atual e fazer parte dela. O saber social deve, prioritariamente, para além de objetivar o fortalecimento do grupo social, fazer a formação política, reflexiva no que diz respeito à realidade em que está inserido.

É dever das representações sociais (Militantes, pais, coordenação escolar) apresentarem posicionamento político, ideológico e social, perguntando-se que sujeitos querem formar, que homens desejam constituir e se há a valorização do saber social no processo de formação desses sujeitos.

Nesse contexto, é necessário refletir sobre a escolarização, principalmente sobre quais conhecimentos científicos têm sido valorizados para constituir o currículo escolar. Integrar é admitir a posição política, ideológica e social baseada na omnilateralidade, na constituição do homem em sua completude, no seu todo, a formação em todas as suas dimensões culturais, familiares, sociais, políticas.

Omnilateralidade quer dizer “a concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento histórico.” (FRIGOTTO, 2012, p. 226).

Ou seja, a omnilateralidade pressupõe integração quando direcionada ao processo de formação humana pautada em princípios marxistas, que tem em seu centro a busca pela emancipação humana. Omnilateralidade articula o trabalho não material, o trabalho intelectual e o trabalho manual.

Portanto, a integração está muito além da escola, destacamos, é uma posição política, que exige atitude democrática, pensando coletivo, que congratula na emancipação do indivíduo, e essencialmente, na valorização do saber social do mesmo.

Sobre isso Rodrigues e Araújo (2011, p.3) corroboram a perspectiva de que a integração está além de uma questão curricular ou mesmo de posição docente, ela exige:

que a compreensão de um projeto de ensino integrador pressupõe a edificação de uma práxis revolucionária. Não é, portanto, uma questão curricular, de reestruturação dos programas e projetos de ensino, mas uma questão fundamentalmente política e filosófica. Depende muito mais do posicionamento que a instituição e o profissional da educação assumem frente à realidade do que dos procedimentos didáticos que são pautados pela organização do curso e que serão utilizados pelos docentes. Estes são necessários, mas não suficientes para que as práticas discursivas sobre uma educação crítica e transformadora passem a ser, de fato,convertidas em ações pedagógicas. (grifos nossos).

Ou seja, a integração no ensino, perpassa por alguns pressupostos que são importante para compreendermos a possibilidade à integração

a) O primeiro pressuposto está vinculado ao projeto social: onde tem-se o poder público e o corpo escolar caminhando com a proposta de formação que ultrapasse os interesses do capital.

b) O segundo pressuposto está vinculado ao projeto escolar: onde tem-se a integração entre as finalidades e os objetivos da escola à prática pedagógica, revolvendo-os efetivamente concretos (MACHADO,2010, p. 82).

Isso inclui considerar as estratégias acadêmica-cientificas (currículo e processo ensino-aprendizagem).

c) O terceiro pressuposto articulação escola e meio social: onde há a articulação entre escola e família, onde a escola deve levar em consideração a visão do aluno tem de si mesmo; também das possibilidades de inserção social e laboral que o mundo externo lhes oferece e visão das modalidades formativas oferecidas pela escola.

Como elemento aglutinador, gerador de coesão social, a escola deve se tornar um lugar de memória, de resgate de identidade, da compreensão do presente incorporado as dificuldades,, as lutas e as conquistas do passado, suas representações na forma de imagens e de documento, seus símbolos carregados de história e de significados. (CIAVATTA, 2005, p.16).

d) O quarto pressuposto condiz coma relação da formação integrada enquanto democracia participativa: a integração não ocorre sob o autoritarismo, porque deve ser uma ação coletiva, uma vez que o movimento de integração é, necessariamente, social e aprecia mais de um participante, além disso, há de se dar ao aluno horizontes de captação do mundo além das rotinas escolares, dos limites do estabelecido e do normatizado. [...],(MACHADO,2010, p. 82).

e) O quinto pressuposto condiz à estrutura da instituição escolar: é preciso considerar a infraestrutura física, recursos e material didático e corpo escolar em que exista a valorização desses, mantendo a relação democrática respeitosa.

Sobre isso Rodrigues, Araujo e Silva (2014) apontam que a proposta de integração no ensino requer antes de tudo,uma atitude diante da proposta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem, com a apropriação do conhecimento como resultante de ações didáticas em torno da unidade teoria-prática, e em que as verdades resultem da imersão dos sujeitos no trato com a realidade, compreendida em sua totalidade.

Portanto, integração quer dizer unidade, compreensão da constituição das partes no todo, é uma ação que envolve atitude transformadora, democrática e política- e nesse caso – por outro lado é integrar o saber social ao conhecimento escolar.