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Assim assumimos, no presente trabalho, a entrevista semiestruturada, por meio da qual esperamos a viabilização das categorias a serem descritas como fenômenos sociais. Mais porque, a entrevista é uma das principais técnicas de pesquisa e desempenha um importante papel, não apenas nas atividades científicas, como em muitas outras atividades. Por esta técnica de coleta de dados há interação entre pesquisador e entrevistado. (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p.33)

Desse modo, a entrevista semi-estruturada tem como característica o uso de questionários básicos que, apoiados em teorias e hipóteses, estão relacionadas à pesquisa e oferecem também amplo campo de interrogativas que podem ser fruto de novas hipóteses que vão surgindo.

Além disso, esse tipo de entrevista considera a teoria para orientar a ação do pesquisador, “elas são resultado não só da teoria, mas também de toda informação que o pesquisador recolheu sobre o fenômeno” (TRIVINOS 198, p. 146).

Para Minayo (2007), o roteiro de entrevista deve ser composto por “uma lista de temas que se desdobrem em indicadores qualitativos de uma investigação” e essa lista deve apresentar um conjunto de conceitos que constituam todas as faces do objeto de investigação.

Para alcançarmos o conhecimento da realidade pesquisada, elaboramos um roteiro para a entrevista com 12 perguntas temáticas a serem respondidas pelos alunos, professores e a coordenação do ensino médio (APÊNDICE A).

Falar com os professores configurou-se como um desafio, visto que muitos ainda estavam voltando para a escola por conta da greve que estava ocorrendo no Estado. Conseguimos entrevistar dois professores, o que possibilitou entendermos como estavam estabelecidas as (a) práticas pedagógicas, (b) a relação entre a escola e MST , (c) dificuldades para o processo de ensino-aprendizagem e (d) relação professor e Movimento. (APÊNDICE B).

Para a coordenação do Ensino Médio, nossas entrevistas seguiram: (i) contextualização histórica, política e pedagógica da escola, (ii) o trabalho, os saberes sociais e conhecimentos escolares, enquanto objetos desta pesquisa.(APÊNDICE C).

As entrevistas aconteceram na própria escola onde os alunos estudavam, em horário em que eles não estavam em aula em e dessa forma evitamos qualquer interferência no andamento das aulas.

Os dados obtidos através dos questionários foram analisados qualitativamente, de forma que fosse possível chegarmos às particularidades de cada fala. As entrevistas tiveram caráter indispensável para a realização da pesquisa.

2.4.1. Análise do Conteúdo

Baseados nos autores Deusdará e Rocha (2005) que definem análise do conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que pressupõe uma técnica precisa e objetiva que seja considerada suficiente para garantir a descoberta do verdadeiro significado.

Para Severino (2007, p 121):

É uma metodologia de tratamento de análise de informações constantes de um documento, sob forma de discurso pronunciados em diferentes linguagens: escritos, orais, imagens, gestos. Um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Trata-se de se compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das comunicações.

Envolve, portanto, a análise do conteúdo das mensagens, os enunciados dos discursos, a busca do significado das mensagens. As linguagens, a expressão verbal, os enunciados, são vistos como indicadores significativos, indispensáveis para a compreensão dos problemas ligados às práticas humanas e a seus componentes psicossociais.

A análise do conteúdo envolve técnica de cunho objetivo, sistemático e quantitativo, o qual prima pela interpretação do conteúdo coletado de forma descritiva. É a técnica que pressupõe definir as categorias e estabelecer a definição operacional de cada uma delas, também deve ser considerado a quantidade de elementos significativos na análise, além de considerar o comportamento simbólico (CARMO e FERREIRA, 1998, p.252).

Conforme Bardin (1977, p.42) o termo análise do conteúdo quer dizer:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Ou seja, trata-se de uma técnica que nos ajuda a interpretar o conteúdo coletado in lócus e, nesta pesquisa, possibilitou-nos agregar ao nosso material gerado nas entrevistas semiestruturadas com os alunos, os professores e a coordenação do Ensino Médio.

Desse modo, pautamos nesse entendimento de que a análise do conteúdo nos ajuda a conhecer aquilo que está por trás das palavras, sobre o qual temos que nos debruçar e compreender que existem significados nas mensagens que obtemos.

Em entrevista com o professor Messias, por exemplo, buscamos sistematizar o entendimento de como estava estruturado o Ensino Médio, bem como o contexto histórico da escola Crescendo na Prática, uma vez que este sujeito é integrante do MST e também estudou na escola desde o ensino fundamental, ou seja, ele é egresso da escola Crescendo na prática.

Suas palavras revelaram que a luta pelo Ensino Médio data de aproximadamente 10 anos, quando em 2005 foi disponibilizado apenas o ensino médio modular e as demais dificuldades para conseguir o Ensino Médio regula.

Foi a parti desse entendimento, que tomamos o coordenador pedagógico do Ensino Médio Messias da Silva Marques; como sujeito importante para nos orientar sobre o histórico da Escola Crescendo na Prática, sobre a proposta educacional, política, considerando que ele mesmo vem participando desse processo de conquista do Ensino Médio regular neste local.

História do Ensino Médio Proposta pedagógica Relação entre o MST e a Escola QUADRO 07:

SÍNTESE DA ENTREVISTA COM O COORDENADOR

Fonte: Elaboração do autor

A fala do coordenador nosfez compreender de que forma estava a atual situação do Ensino Médio. Nas suas palavras, identificamos que desde 2005 o ensino era modular, o que se apresentava como problema ao ensino, uma vez que os professores não eram do assentamento e, então, a relação entre escola e Movimeto ficava difícil, pois um dos princípios da educação do assentamento é que os professores sejam do assentamento e entendam enquanto prática de ensino a importância do Movimento.

Nesse sentido, o quadro 05 coloca em destaque alguns pontos importantes para a análise do conteúdo coletado, nele apresenta-se os aspectos referentes às fontes de aquisição do saber social e do conhecimento escolar.

Quadro 0817- Síntese das Categorias Snalíticas FONTES SOCIAIS DE

AQUISIÇÃO MODOS DE INTEGRAÇÃO

Saberes Sociais O trabalho, a família, a educação, a

prática social no movimento Pela história social do movimento e pela organização política, organização social, pela formação, pela prática do trabalho.

Conhecimento Escolar

A escola primária e secundária, os estudos, os ambientes de formação; Nos instrumentos, livros didáticos cadernos, PPP,

Pela formação e socialização do conhecimento nas instituições.

Pela utilização das ferramentas de trabalho, sua adaptação às tarefas.

Fonte: Elaboração do autor

Consideramos as duas Categorias de análise: Os saberes Sociais e o Conhecimento escolar: O saber social é construído nas relações sociais que são estabelecidas através da prática produtiva do homem, e se relaciona com o Conhecimento Escolar, seja no trabalho, na universidade, nas relações sociais, quando o homem aprende, compreende e constrói seus saberes.

Seus saberes são produzidos em suas relações de forma dialética, pois é no seio das relações sociais determinada pelo modo de produção da existência que o homem se faz homem, constituindo-se ao mesmo tempo como determinado e determinante dessas mesmas relações.

Como corrobora Rodrigues (2012, p.38), o saber estaria ligado ao indivíduo, apesar de resultar de relações quer com a natureza quer com outros homens, servindo-lhe para resolver problemas do cotidiano, e, portanto, em constante transformação, haja vista as diferentes necessidades vividas.