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2. A REGIÃO DO CODEMAU E SUA SUINOCULTURA

2.1 A ESTRUTURAÇÃO DA CADEIA SUINÍCOLA NA REGIÃO DO

Com a alteração dos sistemas e arranjos produtivos da cadeia suína no Brasil, houve algumas alterações importantes no sistema de cria e manejo do suíno, as quais representaram uma enorme alteração no quadro econômico social do setor.

O modelo de integração entre agroindústria e produção rural surgiu na década de cinqüenta, mas teve sua maior expansão a partir da década de setenta e auge na de oitenta. Tal modelo foi caracterizado pela transação via contrato formal, na qual a empresa integradora se situava, na maioria das vezes, a montante, fornecendo medicamentos, reprodutores de genética de ponta, ração e assistência técnica; bem como a jusante, adquirindo o suíno pronto para o abate (MIOR, 1992, P. 298).

Ainda conforme (MIOR, 1992) os produtores caracterizavam-se por possuírem pequenas propriedades com produção diversificada, mão de obra familiar, condições financeiras para obter crédito e por situarem-se em um determinado raio de distância da agroindústria. Naquele momento, este perfil chegava a ser uma exigência da integradora, pois esta compreendia que, na propriedade de produção diversificada, a suinocultura seria apenas mais uma fonte de renda. Quanto à mão de obra, a empresa acreditava que um empregado não teria os mesmos cuidados que a família na atividade de produção. De outro modo, a capacidade de endividamento do produtor reduzia a necessidade de imobilização de capital em ativos fixos por parte da empresa. Com relação e menor dispersão espacial das granjas, a empresa buscava eficiência logística diminuindo os custos com o transporte de insumos e animais.

Com o passar do tempo a integração foi saturando seu modelo de contratos com os pequenos produtores familiares, tendo como causa, principalmente os seguintes fatores:

a) evolução tecnológica – levando mudanças constantes nas instalações e equipamentos, impossível de serem acompanhadas pelo pequeno produtor;

b) aumento dos custos de transporte – pois um número grande de produtores recebendo pequenas quantidades de ração e fornecendo pouca quantidade de matéria-prima para a agroindústria trazia ineficiência para o sistema;

c) o gerenciamento do grande número de integrados – oferecendo assistência técnica, e gerenciando centenas de diferentes contratos, elevando, com certeza, os custos de transação;

d) a poluição do meio ambiente – principalmente pela contaminação das águas, porque as pequenas propriedades já não possuíam área disponível para a utilização racional dos dejetos.

O fluxograma da cadeia suinícola, ilustrada na Figura abaixo, assim como as demais cadeias que a compõem, representam os encadeamentos entre as diversas fases por onde passa

um produto, procurando abranger não somente as atividades ligadas diretamente à produção da carne suína, mas também à aquelas que produzem os insumos, componentes e equipamentos necessários à consecução da atividade em si, que estão tecnologicamente ligadas.

FIGURA 4 - Fluxograma da Cadeia Suinícola

Figura 3: Cadeia Suinícola. Fonte: Adaptada Haddad, 1999.

Essas relações interdependentes de uma cadeia auxiliam no fortalecimento do setor suinícola localmente. Dessa forma, emergem novas fontes propulsoras de crescimento, calcadas na estreita ligação entre os agentes, centrando-se, especialmente, em programas de incentivo à ascensão e consolidação dos clusters agroindustriais.

Tendo como elemento central a cadeia produtiva, o cluster proporciona e difunde a competitividade do setor. Para isso, procura dar suporte aos ganhos locais de eficiência, através do reconhecimento da importância sociocultural, do fortalecimento das ações entre os agentes, do maior comprometimento dos órgãos públicos e engajamento das diversas associações e instituições em prol da geração e difusão de melhorias para o setor suinícola. Sob essa óptica, constata-se que a valorização da aglomeração local assume papel primordial para a ascensão de um cluster agroindustrial. Essa valorização do local está presente na atividade suinícola, que apresenta um elevado grau de concentração geográfica, já que algumas regiões brasileiras respondem por parcelas importantes da produção doméstica.

Nesse sentido, Krugman (1995) salienta a importância da proximidade geográfica dos agentes pertencentes a uma mesma cadeia produtiva para o desenvolvimento e manutenção de suas vantagens competitivas. Tais vantagens podem ser alcançadas através da obtenção de economias de aglomeração e externalidades positivas, que se refletem na especialização da mão de obra e no acesso aos insumos necessários à produção na própria localidade, conseguindo, desta forma, retornos crescentes, fortalecendo o setor. No que diz respeito ao fator espacial, tem-se que este é condição essencial para a excelência da atividade suinícola em Toledo, pois a suinocultura necessita de grandes montantes de capital para sua concretização e expansão. Sendo assim, estando os agentes proximamente localizados, ocorre grande redução dos custos para a produção de suínos.

Por tudo isso, na década de noventa passou a ocorrer uma realocação espacial dos sistemas de integração, sem, no entanto, serem abandonadas as regiões onde se deu origem o sistema no Brasil. Surge então a estratégia de expansão para regiões que permitissem maior economia de escala, sem a ocorrência dos velhos problemas que levaram a saturação do modelo anterior.

Para (HELFAND E REZENDE, 1998, P. 30-31) quando uma grande agroindústria de suínos instala-se em uma determinada região, esta escolha não se deve somente a vantagens como o preço de insumos básicos. Pois, segundo os mesmos autores, parte desta vantagem seria perdida devido aos custos de transporte, tanto para o grande mercado da região Sudeste, como para a exportação, por isso, poder-se-ia se afirmar que alguns outros fatores deveriam condicionar a tomada de decisão.

Para vários autores a realocação dessas agroindústrias vai depender, também, de outros importantes fatores (vantagens). Tais como:

• infraestrutura, disponibilidade de carne bovina (para embutidos que necessitam deste tipo de carne),

• condições climáticas favoráveis, tanto para a criação, como para a produção de grãos (Favareto Filho e Paula, 1998, p. 125),

• incentivos fiscais (Helfand e Rezende, 1998, p. 32),

• a questão ambiental é favorecida, pois grandes áreas permitem a distribuição benéfica dos dejetos,

• economia de escala, logística (Helfand e Rezende, 1998, p. 32-33), • programas de desenvolvimento regional,

• adoção de novas tecnologias,

• novas formas de organização da produção, diminuição dos custos de transação através da reorganização das instituições de integração,

• expectativas sobre preços de grãos no futuro devido ao crescimento da produção,

• redução futura dos custos de transporte, (Helfand e Rezende, 1993, p. 32-33); • a capacidade de investimento e reinvestimento do produtor.